Voltando ao tema do tópico, lendo um post sobre a questão da falta de pilotos para a força aérea de Taiwan, escrevi alguns apontamentos que dizem respeito, também, a nossa realidade aqui no Brasil quanto à nossa capacidade de suportar as operações dos Gripen E\F de forma proficiente. Não é o caso de quantidade de pilotos, mas sim de horas de voo ano, tendo em vista que a FAB vem diminuindo ano a ano a quantidade de tempo que os pilotos caça passam no ar, chegando a parcas 80 horas-ano segundo a última informação que tive sobre o assunto.
É de se pensar que a manter-se tal quantitativo, talvez nos vejamos na incoerente situação de termos um caça superlativo em tudo, e pilotos incapazes de usufruir de tudo o Gripen E dispõe por pura e simples falta de experiência. Como comentei, é possível que o Gripen F possa ser uma solução, ou parte dela, no sentido de prover mais horas de voo aos pilotos nos esquadrões, mas temos aqui um outro problema, que é a pequena quantidade de caças, apenas 8 até o momento.
No processo colombiano de compra de caças alegou-se que os Gripen E tem custo de hora de voo em torno de 7 a 8 mil dólares. Se levamos isso para a realidade da FAB hoje, significa que cada avião dispenderia um orçamento anual de 560 a 640 mil dólares por ano. Para manter os 36 caças voando a mesma quantidade de horas disponível seriam demandados coisa de 20 a 23 milhões de dólares por ano ao GDA. Meras 80 horas ano de voo para cada piloto.
A OTAN tem como padrão um mínimo de 180 horas de voo ano por piloto de caça. Aplicada à realidade do GDA e seus 36 Gripen E\F, a FAB teria que dispor de 45 a 51 milhões de dólares por ano a fim de manter aquela quantidade de horas de voo. Claro, supondo que houvesse um único piloto para cada avião do grupo de caça, mas esta não é a realidade. Conquanto, nos serve como estimativa aproximada.
A frota da FAB será composta por 28 E + 8 F no atual contrato. Este pode ser acrescido, como já o foi, por até 9 unidades adicionais, com 4 sendo convertidas em compras firmes autorizadas pelo governo anterior, e penso, devem ser mantidas pelo atual. Não se sabe, e a FAB também não informa, se os 4 caças adicionais serão mono ou biplace. De qualquer forma, ainda há um saldo de 5 caças como opção do lote inicial, que podem ser ou não convertidos em Gripen F. A montagem dos modelo F será transferida para a Suécia, por enquanto.
Imagino que aumentar a quantidade de modelos Gripen F seria algo vantajoso para a FAB, e para a Embraer e BID, caso fossem montados aqui mesmo no Brasil, o que poderia até favorecer futuras exportações, mas para isso, acredito seria necessário que a relação custo x benefício nos fosse favorável, que parece, não é o caso atualmente com apenas 8 unidades a serem produzidas. Em todo caso, como ainda temos 9 opções de compra do lote inicial, seria conveniente tratar todos como Gripen F para a FAB
Ou seria melhor partilhar entre mono e biplace, já que a relação entre um e outro modelo é amplamente favorável ao modelo E
Em que isso ajudaria na melhoria da proficiência dos pilotos de caça da FAB
Se o próximo lote for contemplado com 26 unidades, ainda a se confirmar em tratativas com a SAAB e o governo\MD, podemos supor que a FAB seguirá mantendo a mesma paridade atual entre os modelos E e F, ou talvez não, pois há muitos fatores a serem ponderados. Mas mantem-se o fato de que com apenas 8 caças biplace, é muito difícil fazer a transição operacional e ainda dispor de horas de voo operacionais para todos os pilotos que irão demandar por estas missões no futuro.
Talvez fosse o caso de inverter as posições. Talvez. Um eventual segundo lote de mais 36 unidades também pode ser aventado, ou não, a depender da disposição do atual governo em engendrar soluções e iniciativas para o assunto.
A ver.