Túlio escreveu: Sex Nov 04, 2022 4:19 pm
Caro @FCarvalho, escreveste um monte (no probs, gosto de ler) mas não disseste nada (aí sim, probs): te perguntei de onde iam tirar o guito e me vieste com planos mirabolantes, feitos em e para um cenário muito diferente (para pior) do que o atual.
E, não satisfeito, ainda me apareces com essa "pérola" de Gripen
feito na EMBRAER: PUTZ, a SAAB Aeroestruturas tá lá pra enfeite então?
Mas não, pá ficar
BEM BIRUTA ainda me apareces com nada menos que
TRÊS Países da OTAN nos ameaçando com Typhoon, Rafale, F-16 e F-35: Gripen ia servir pra que neste cenário? Tens ideia de onde são feitos quase TODOS os insumos (incluindo armamento e munições) para ele?
POWS, cada Meteor e Iris-T disparado nem poderá ser reposto (block da MBDA), cada F-414G pifado idem (block da GE), cada radar e IRST sequer poderá ter seu software atualizado (block da SELEX), muito menos receber
repuestos. Vou a moda TALHARIM:
AI MEU DEUS AI MEU DEUS AI MEU DEUS
Como diria o compadre Jackie, vamos por partes.
Por primeiro, eu e nem ninguém no Brasil, tem como saber por motivos óbvios de onde, como e quando sairá os recursos que os países vizinhos irão aplicar ou não em seus orçamentos de defesa. Podemos se muito fazer divagações com base em estatísticas, tabelas, gráficos e suposições teórico metodológicas que os economistas adoram sobre este ou aquele dado, ou seja, na prática é problema exclusivo deles. A não ser que nós sejamos os vendedores. Aí a conversa é outra. E quanto a cenários, bem, eu me referi a questões que foram postas a público de 2020 para cá. Apenas 2 anos, com direito a pandemia mundial no meio. Nada que já não discutimos aqui antes. Quanto ao mais, os cenários politico econômicos sul americanos são extremamente voláteis. Nós no meio. Assim, me escuso de responder a sua pergunta, e passo adiante para a ABIN ou para o setor de inteligência militar do MD.
Em segundo, a Embraer é a integradora final da montagem do Gripen E\F no Brasil, conforme o contrato assinado. A SAAB Aeroestrutura, assim como a AKAER, fabricam partes do caça e mandam para a Embraer, como qualquer outro avião. Não vejo nada demais nisso. Não compramos o direito de fabricar o caça aqui na íntegra, mas a sua montagem e integração dos sistemas escolhidos pela FAB. É quase uma fabricação, só que com o selo de made in Brasil em menos de 10% do mesmo. Os E-Jet não são nem um pouco diferente, ou qualquer outra avião da Embraer, KC-390 incluso. E nem por isso a FAB está desesperada por causa da logística. E para ser bem honesto, o índice de nacionalização do caça seria tão maior quanto for a nossa capacidade de envolver a BID e a indústria aeroespacial do país no processo. Mas alguém vai querer fazer parte disso por causa de míseras 3 dúzias de caças
O Guarani com mais de mil unidades a serem compradas oficialmente pelo EB não conseguiu tal proeza, um avião que vale mais de US 55 milhões de dólares sozinho iria conseguir
Acho que não.
E terceiro, não tracei um cenário de guerra, mas uma HE que aliás, tenho cá comigo, pode muito bem ser parte das que oficialmente constam nos documentos reservados da FAB e demais forças. Não seria nenhuma novidade. Mas esse é o tipo de coisa que não se conta para ninguém. Quanto ao Gripen E\F não nos servir frente a um cenário como este, bem, como o pessoal vive dizendo aqui, uma guerra não começa do dia para a noite, e aliás, como disse antes, não falei em guerra, mas situação de ameaça e pressão que pode, ou não, vir a suceder naqueles países vizinhos, sem entrar no mérito dos porquês da presença, que podem ser muitas, ou nenhuma, quando o interesses dos grandes do mundo estão em jogo. A presença da OTAN bem na nossa cara já é antiga, ou achas que a Guiana Francesa não faz mais parte da França.
Assim, me parece plausível que o cenário traçado nos leva a uma pergunta simples: no caso de termos em perspectiva a presença de bases aéreas com elementos de caça e outros nas três guianas, postados a revelia de nossos interesses na região, o que vamos fazer para gerar dissuasão na fronteira norte do país
Ou simplesmente vamos nos cagar de medo, baixar as calças e mudar a capital para Assunção, já que os Gripen E\F não serviriam para nada mesmo depois que os estoques acaberem
Sério, eu acho que nós estamos precisando rever nossos conceitos sobre defesa. A FAB elegeu o Gripen E\F justamente porque ele era o que menos criava dependência entre os concorrentes. Será que fizemos uma compra de prateleira simplória, ou o Gripen E\F foi um pouco mais pretencioso no aspecto industrial e tecnológico
Aliás, o Gripen E está homologado, ou pode sê-lo, em função da sua arquitetura de sistemas, com outros mísseis além dos Meteor e Iris-T. E aproveitando o teu questionamento, quanto tempo faz que a FAB não consegue tirar do papel inúmeros projetos de P&D que estão no seu projeto estratégico por pura e simples falta de vontade e interesse do poder político nacional em relação à Defesa
Aliás, o que aconteceu mesmo com o A-Darter