gaitero escreveu:Mas leandro, vejo muito acontecer isto que você citou acima, existe sim uma preocupação muito grande na geração de empregos, desenvolvimento da industria nacional, e fortalecimento dos estaleiros, não é para tanto que estes navios tem de ser construídos obrigatoriamente no Brasil, como foi no caso dos submarinos, aonde inclusive estão construindo um novo estaleiro.... Mas é necessário definir um volume de produção sim, porque esse contrato será negociado com os fornecedores.
Com relação a quantidade, 5 é suficiente para substituir apenas as T-22, e a classe Pará.
e nada mais...
Dentro do raciocínio que eu faço a quantidade do primeiro lote não devia ter relação alguma com os navios a substituir, e sim com o mínimo necessário para convencer o fornecedor da tecnologia a liberá-la para nós.
Se a história for simplesmente construir aqui sob licença projetos estrangeiros não totalmente desenvolvidos para nossas necessidades, usando sistemas também estrangeiros para evitar os riscos de integração e sem a possibilidade de alavancar exportações (pois não poderemos competir com os desenvolvedores originais), então apenas empresários (e políticos) oportunistas serão atraídos para o programa, visando o lucro fácil nas obras de construção de estaleiros e na alocação de mão de obra barata pelos preços mais altos possíveis para maximizar seus lucros. E a MB vai receber navios caros, de menor qualidade e menos capazes do que poderiam ser.
A aquisição do domínio apenas parcial da tecnologia de navios militares, sem envolver a capacitação própria em projetos, sistemas e desenvolvimento de novas técnicas, será tão útil quanto foi a compra da tecnologia também parcial da tecnologia de sub's no programa dos IKL-209, trinta anos atrás. Daqui a algum tempo teremos que estar DE NOVO pagando mais caro apenas para começar do zero novamente. Se é para isso melhor então comprar logo os navios prontos lá fora (quem sabe até um mix de construções novas e compras de oportunidade) para conseguir a reposição das plataformas pelo menor custo possível. E guardar o dinheiro assim economizado para coisas que tenham a chance de funcionar no médio-longo prazo, como o desenvolvimento dos novos Sub's APÓS os Scorpène-BR ou o desenvolvimento de armamentos, sensores e sistemas nacionais.
Niterói, Barroso, Inhaúma, vão ficar todos ai, são mais de 10 navios, a espera de um novo lote...
O fato é que o programa começou atrasado, já deveria ter sido iniciado há anos. E talvez se ele tivesse sido apresentado ao poder político como uma iniciativa industrial focada na industria naval-militar (algo que poderia ter sido até acrescentado ao PAC e rendido benefícios políticos) e não como necessidade de reposição de meios, isso pudesse de fato ter sido feito muito antes e a aprovação obtida quando o governo anterior queria mostrar serviço.
Mas um erro não concerta o outro. Tentar acelerar agora a reposição de meios minando as chances de desenvolvimento futuro (por exemplo através da compra de muitas unidades iguais de algum projeto estrangeiro qualquer) só vai criar novamente mais um dos eternos ciclos de reequipamento da MB, que já há mais de 100 anos de vez em quando adquire alguns lotes de navios novos e eficientes para uma determinada época, só para vê-los depois passar as décadas seguintes envelhecendo e se tornando inexoravemente obsoletos.
Novamente, se é só para isso vamos gastar o mínimo possível e esquecer esta baboseira de construção local, pois a geração de empregos menos qualificados felizmente não é mais uma prioridade para o Brasil.
Leandro G. Card