FIGHTERCOM escreveu:FCarvalho,
Não ficando restrito apenas ao contrato com a Boeing, mas qual a sua opinião sobre um possível desenvolvimento de um caça monomotor pela Embraer que pudesse complementar o FX na FAB e ao mesmo tempo ser oferecido às FAs dos países da América Latina e África?
Abraços,
Wesley
Wesley, desculpe a demora.
A notar pelo nosso tradicional histórico de (des)investimentos em defesa, e a prosseguir o atual quadro de visão e interpretação da mesma no campo político, como venho observando nestes últimos anos, muito mais ligado agora à argumentações de caráter de segurança interna e/ou como um providente componente de manutenção do emprego/renda junto a uma relativa melhora do crescimento em P&D nacional, como motivação para se alocar à defesa os recursos que sabemos necessários e importantes, não vejo futuro em um caça de 5aG nacional fora do mesmo escopo de empreendimento realizado no KC-390.
Como não temos nenhum sinal crível de que a questão da forma de investimento e de custeio da defesa vá modificar-se nos anos vindouros, mesmo com a tal proposta de aumento do valor do PIB em relação ao MD, dificilmente este projeto de um caça nacional escapará dos mesmos pormenores vistos na análise de viabilidade que ensejaram o prosseguimento do projeto KC-390. E que acredito, são amplamente bem menos empolgantes daqueles do KC.
A diferença efetiva entre ambos pode ser pautada em duas vertentes, quer sejam, uma que a Embraer sabe que não tem, e nem terá, um mercado potencial para mais de 700 aviões (diga-se exportações em qtdes que paguem efetivamente os custos de investimentos no projeto) como no caso do cargueiro, e duas, também não há nenhuma motivação palpável, e politicamente justificável, para o governo, envidar os investimentos necessários para fazer andar tal projeto, pelo menos não no curto/médio prazo, já que sabemos, dinheiro investido pura e simplesmente em "armas" e seus sistemas no Brasil, não dá voto, e muito menos ibope, fora do campo dos resultados 'sociais'. Pelo contrário, rende sim é muitos pedidos de explicação e protestos politicamente corretos, de todos os cantos.
Assim, sem uma visão clara do que quer e pode, ou poderá, o governo no futuro, fica difícil imaginar, ou mesmo até pensarmos em um caça de 5aG brasileiro, visto o que coloquei acima. Ademais, sabemos que o próprio atraso do FX já causou um tremendo estrago no cronograma de investimentos da FAB para uma suposta aeronave furtiva tupiniquim, que em tese, segundo a END, deveria estar operacional por volta da década de 2030, fato este que duvido se tornar real, já que, também em tese, deveríamos estar começando por agora os estudos de viabilidade e técnicos para tal aeronave que, levando-se em conta os prazos médios de desenvolvimentos dos caças furtivos de referência atuais, levaria não menos do que uns 15 anos para ficar pronto, no sentido de operacional. E isso em se tratando de países que levam a sério e tem um histórico de investimentos regulares em defesa, o que obviamente não é o nosso caso.
Complementando este raciocínio, como provavelmente estaremos recebendo, ainda, os lotes sucessivos do FX ao longo da próxima década, tanto para a FAB como para a Aviação Naval da MB, fica na realidade praticamente impossível de se antever investimentos em duas aeronaves/projetos tão díspares, não só no tempo como na efetividade e conceito de seus usos. Enfim, não há e não temos espaço(mercado) e cultura de planejamento estratégico para ambos os tipos conviverem, em termos de investimentos na defesa, ao mesmo tempo no Brasil.
E aqui ressalto que não estou dizendo que não tenhamos capacidade de, em havendo decisão e vontade política, de fazermos um caça de 5aG nacional, mas apenas observando que as condições efetivas para tal investimento chagar a concretude, simplesmente não existem de momento, e não virão a sê-lo, pelo menos nos próximos vinte anos.
Notar, que a meu ver e opinião particulares, a FAB deveria, se somente observássemos o que determina a constituição sobre a mesma, e as necessidades estratégicas cada vez mais exigentes(e crescentes) de nossa defesa aérea no futuro porvir, chegarmos a dispor de 14 grupos de caça, a 24 cada um, perfazendo um total de 336 aeronaves, ou mesmo considerar, apenas 7 grupos de caça(um por Comar), a 36 cada um, perfazendo um total de 252 aeronaves, como sendo uma demanda mais do que razoável para se investir em um caça furtivo nacional sem depender de exportações e/ou necessidades e exigências de terceiros. Se contássemos com os caças da AN, que também na minha visão poderiam equipar 4 Nae's necessários para as duas frotas que se imaginam, com 8 grupos de caça naval, teríamos mais 288 caças em demanda, o que nos daria um mercado hipotético para até 624 caças de 5a G.
Mas eu paro por aqui, se não é capaz de dizerem que eu andei a fumar ou beber coisas estranhas ao escrever estas linhas...
Espero ter me feito explicar.
abs.