TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

Moderadores: Glauber Prestes, Conselho de Moderação

Qual o caça ideal para o FX?

F/A-18 Super Hornet
284
22%
Rafale
619
47%
Gripen NG
417
32%
 
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82336 Mensagem por knigh7 » Dom Dez 23, 2018 9:12 pm





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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82337 Mensagem por Thor » Seg Dez 24, 2018 12:33 am

Bolovo, parece conversa de bêbado o nosso debate.
Eu só busquei mostrar que não há ideologia e amor condicional da FAB com os EUA, e a prova disso é que faz tempo que não compramos ou buscamos soluções com eles, mesmo tendo um excelente serviço de pós-venda e preços convidativos via FMS. Só mesmo o BH que é uma referência em heli médios.
E sobre os F-18 em Pirassununga, isso nada mais é que atividade de relações públicas, bem feita, no aniversário do EDA, assim como vieram aeronaves do Canadá e de empresas civis. E uma característica marcante do brasileiro é bem receber os visitantes. Da mesmo forma bem recebemos os franceses que vieram com o Rafale na Cruzex, e em várias outras oportunidades no Brasil com outras aeronaves. E também os Suecos quando vieram com o Gripen a Anápolis. E tenho pelo menos uns 50 exemplos de recepção de várias aeronaves e federações a alguma OM da FAB.
Continuo ainda sem entender a relação Snowden com o relatório técnico da COPAC. Pode até ser que a PR teria excluído o SH caso fosse ele o selecionado e que atendesse melhor aos requisitos do F/X-2, mas isso não foi o caso.




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82338 Mensagem por knigh7 » Seg Dez 24, 2018 1:26 am

Eu aproveitei o Flash Back das últimas discussões e fui dar uma relida num livro meu que continha parte dos requisitos da concorrência indiana (MMRCA), que fora contemporânea ao FX2.

Os requisitos mínimos de autonomia (sem ajuda de aviões tanque) para missões de ataque e missões ar-ar eram os mesmos (do Brasil e Índia)

500MN para missões de ataque
300MN para missões ar-ar.

A proposta do GripenNG foi desclassificada do MMRCA por causa do radar (imaturo): das 51 não conformidades da proposta, 43 eram relativas ao radar.

Estou com a pulga atrás da orelha sobre isso. Mas vou atrás das perguntas que essa coincidência gerou.




Editado pela última vez por knigh7 em Seg Dez 24, 2018 1:35 am, em um total de 1 vez.
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82339 Mensagem por Bolovo » Seg Dez 24, 2018 1:33 am

Thor escreveu: Seg Dez 24, 2018 12:33 am Bolovo, parece conversa de bêbado o nosso debate.
Eu só busquei mostrar que não há ideologia e amor condicional da FAB com os EUA, e a prova disso é que faz tempo que não compramos ou buscamos soluções com eles, mesmo tendo um excelente serviço de pós-venda e preços convidativos via FMS. Só mesmo o BH que é uma referência em heli médios.
E sobre os F-18 em Pirassununga, isso nada mais é que atividade de relações públicas, bem feita, no aniversário do EDA, assim como vieram aeronaves do Canadá e de empresas civis. E uma característica marcante do brasileiro é bem receber os visitantes. Da mesmo forma bem recebemos os franceses que vieram com o Rafale na Cruzex, e em várias outras oportunidades no Brasil com outras aeronaves. E também os Suecos quando vieram com o Gripen a Anápolis. E tenho pelo menos uns 50 exemplos de recepção de várias aeronaves e federações a alguma OM da FAB.
Continuo ainda sem entender a relação Snowden com o relatório técnico da COPAC. Pode até ser que a PR teria excluído o SH caso fosse ele o selecionado e que atendesse melhor aos requisitos do F/X-2, mas isso não foi o caso.
Thor, aqui no fórum temos pessoas que acompanham o FX desde os primórdios, desde lá, sei lá, 1995. Eu tenho muita, mas muita coisa arquivada aqui em casa. Eu não tenho um relatório da FAB escrito "foi isso aqui e não isso lá o que aconteceu" e no final assinado pela Dilma e pelo Saito, pois esse tipo de coisa infelizmente no Brasil fica escondida do público. Mas nós temos inteligência suficiente para juntar de pegar tudo o que saiu e juntar os pontos. O povo aqui tem uma memória um pouco seletiva. Vou ajuda-los. Um desses grandes pontos é a carta de despedida do Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Jr quando saiu do comando do Copac (carta na integra), o órgão que gerenciou o programa do FX2. Vamos a alguns trechos importantes:

"A guisa de exemplo identifico, com tristeza e preocupação, que as possibilidades de transferência de tecnologia para nossa indústria – verdadeiras ou não, praticáveis ou inviáveis – assumiram posição de destaque no processo de seleção do projeto F-X2, e que em muito contribuíram para que a decisão final ainda não tenha sido tomada, e que a necessidade operacional ainda não tenha sido atendida.
...
De forma alguma, registro esta minha opinião para culpar a indústria pela não decisão sobre o projeto F-X2, mas apenas para enfatizar que é a falta de uma capacidade operacional, e não qualquer outro aspecto, o ponto fulcral do problema. A capacidade será trazida por um sistema de armas, e todo o resto, inclusive lucro e transferência de tecnologia, serão consequências."


Quem não entendeu isso ou é cego ou está se fazendo de desentendido. O cara que comandava o Copac simplesmente crítica que o FX2 está dando importância demais para a questão da transferência de tecnologia (e eu aposto que isso não foi nem uma coisa da FAB, foi provavelmente uma exigência da Dilma por conta da END), pede para enfatizar a capacidade operacional (coisa que o Gripen não poderia exercer jamais, pois estava, alias ainda está em desenvolvimento e só poderia ficar operacional 10 anos depois). Retomando, a transferência de tecnologia segundo o Baptista Jr não seria causa, mas sim consequência do programa. Na época, nesse mesmo tópico, todo mundo entendeu o recado.

Agora é só ligar os pontos: o Brigadeiro Baptista Jr sai do Copac em abril de 2013 criticando a enfase na transferência de tecnologia, em maio de 2013 o Super Hornet dá um passeio em Pirassununga (o que eu chamo de festinha da vitória), em setembro de 2013 é revelado que os EUA espionaram a Dilma (G1) e em dezembro de 2013 a FAB escolhe o Gripen por conta da transferência de tecnologia??!! A conta não fecha. Com o Rafale já fora da jogada pelo chilique do Saito em 2009, sobraram dois competidores no FX2. O desejo da FAB era o Super Hornet, mas havia um Snowden no meio do caminho. E o que sobrou para a dona Dilma foi escolher o Gripen.




Editado pela última vez por Bolovo em Seg Dez 24, 2018 1:48 am, em um total de 2 vezes.
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82340 Mensagem por knigh7 » Seg Dez 24, 2018 1:39 am

Bolovo,

Apenas uma correção: A carta de despedida foi do Baptista Jr, que passou a ser Major-Brigadeiro que passou a chefiar o Comando de Operações Aeroespaciais e o Crepaldi assumiu a chefia da COPAC.

Durante o FX2 foi assim: Brig Dirceu Nôro-Carlos Baptista Jr-José Crepaldi




Editado pela última vez por knigh7 em Seg Dez 24, 2018 1:41 am, em um total de 1 vez.
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82341 Mensagem por Bolovo » Seg Dez 24, 2018 1:40 am

knigh7 escreveu: Seg Dez 24, 2018 1:39 am Bolovo,

Apenas uma correção: A carta de despedida foi do Baptista Jr, que passou a ser Major-Brigadeiro que passou a chefiar o Comando de Operações Aeroespaciais e o Crepaldi assumiu a chefia da COPAC.
Isso! Confundi os nomes, vou arrumar.




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82342 Mensagem por Justin Case » Seg Dez 24, 2018 11:30 am

knigh7 escreveu: Seg Dez 24, 2018 1:39 am Bolovo,

Apenas uma correção: A carta de despedida foi do Baptista Jr, que passou a ser Major-Brigadeiro que passou a chefiar o Comando de Operações Aeroespaciais e o Crepaldi assumiu a chefia da COPAC.

Durante o FX2 foi assim: Brig Dirceu Nôro-Carlos Baptista Jr-José Crepaldi
Olá, amigos.
Faltou o Brig Amaral na lista.
Bom Natal a todos!

Justin




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82343 Mensagem por Thor » Seg Dez 24, 2018 12:51 pm

Bolovo,
Entendo seu ponto de vista, e admiro a paciência em coletar posts e informações na internet.
Em relação à mensagem de despedida do BJ, entendo como ele deveria estar desapontado com os inúmeros adiamentos dessa novela chamada F/X, que começou em 2001 e sempre deixou a FAB sem uma definição. Lembro que em meados de 2009 as análises haviam sido encerradas pela FAB, e havia a promessa de decisão do F/X no dia 23 out, até sofrer outra intervenção política repentina do Lula com o Sarkozy, gerando um mal-estar no GF. Lembro do suposto vazamento em 2010, quando um relatório sumário já apontava o Gripen em 1o lugar, com o F-18 em 2o. Nesse ano, todos esperavam que o Lula cumprisse com sua promessa no final de seu mandato, pois desde quando assumiu a Presidência e cancelou o F/X com a desculpa do fome zero, esperava-se que ele definisse, mas jogou para a Dilma. Esta, em 2011, jogou para 2012 como prazo máximo.
O Min Celso Amorim confirmou junto ao congresso que a decisão seria tomada ainda no primeiro semestre, mas novamente o GF teve que enviar cartas aos países pedindo mais uma prorrogação das propostas até 31dez2012, assinadas pelo próprio BJ da COPAC. O que aconteceu? Em março de 2013, a Dilma decidiu adiar mais uma vez, e a COPAC teve que pedir mais uma vez uma prorrogação de pelo menos 6 meses, e revisão das propostas e valores. Naquela época, o sentimento é que a FAB não teria suas necessidades operacionais contempladas. Ou seja, em sucessivas manobras do governo, a FAB ficou sem sua definição para o atendimento de sua necessidade operacional, essência do projeto FX. Ele passou a chefia da COPAC sem saber se seria mais uma vez postergado ou não o F/X, e as propostas tinham validade e o processo teria que ser reiniciado caso passasse daquela ano. Por sorte, a decisão da FAB das análises técnicas concluídas lá em 2009 foram ratificadas.
Vejam a Nota de 2013: ANUNCIADO O VENCEDOR DO PROGRAMA F-X2 - O GRIPEN NG É O NOVO CAÇA DA FAB: Um dia histórico para a Força Aérea Brasileira. Por meio do Programa F-X2, o Governo brasileiro confirmou a aquisição do avião militar supersônico GRIPEN-NG, caça de última geração que atenderá às necessidades operacionais da FAB para os próximos 30 anos e que faz parte do Programa de Articulação e Equipamento da Defesa, da Estratégia Nacional de Defesa, com vistas à defesa da Pátria. Hoje, 18 de dezembro de 2013, a Presidenta da República anunciou a decisão de adquirir as aeronaves GRIPEN-NG, da empresa SAAB-AB, representando investimentos da ordem de US$ 4,5 bilhões, em um cronograma que se estenderá até 2023.
O Snowden ajudou? Pode ser que sim, em maior ou menor grau, a depender de quem analisa os fatos. Sem problemas, opiniões diferentes.
Abraços e feliz natal a todos do DB, em especial aos que contribuíram com mais de 5000 páginas e 82000 posts deste tópico.




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82344 Mensagem por FCarvalho » Seg Dez 24, 2018 2:00 pm

Olha, eu sou Gripen desde criancinha quando essa conversa de FX começou lá pelos idos de 1998. Desde então acompanho o processo até os dias atuais.

Me parece que em função, também, da END, PND, e PAED emitidos à época do Jobim na defesa, o Gripen se destacou em ambas as fases dessa confusão toda.

Neste aspecto, selecionar um caça diferente daquele que venceu tecnicamente tanto o fx-1 como o fx-2 soa meio estranho, já que os critérios da COPAC necessariamente deveriam seguir aqueles documentos da política de defesa.. O contrário disso seria no mínimo estranho.

Então, com ou sem ajuda do Snowden, venceu o caça que ofereceu a melhor combinação preço, custeio e tecnologia. Deu a lógica, segundo o trabalho realizado pela própria FAB.

Se havia dentro da instituição gente torcendo o nariz contra o resultado, isso é claro e certo. Houve tentativa de se alterar o reswda COPAC? Sim, houve, de dentro da própria FAB. Todos sabem disso.

Mas nada nestes fatos inválida ou denigre a escolha feita pelo Gripen E.

E se não fosse esse país a esculhambação que é desde sempre, hoje teríamos Gripen C/D voando por aqui há tempos, os E/F talvez estivessem no FOC muito, mas muito antes mesmo, de 2024 e quiçá estaríamos pensando agora num Gripen 5á G tupiniquim para a próxima década. Enfim...

Claro, se fossemos um país normal.

Mas normal no Brasil é ser estranho.

Abs




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82345 Mensagem por Carlos Lima » Seg Dez 24, 2018 6:55 pm

O maior destaque aconteceu depois do Snowden ter dicidido o fim da concorrência.

Além disso aeronave de última geração e a 5 geração não a 4 geração.

[]s
CB




CB_Lima = Carlos Lima :)
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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82346 Mensagem por FCarvalho » Ter Dez 25, 2018 12:22 am

O Gripen sempre foi o favorito dos engenheiros e do pessoal da logística da FAB, enquanto a galera da caça sempre foi a favor de obter qualquer coisa que voasse e substituísse os Mirage e F-5 pra ontem. O resto vinha depois.

Tanto é assim que o Gripen venceu as duas fases, digamos assim, comendo pelas beiradas, sem chamar muito atenção. E deixou o povo se pegar qual era o caça mais fuderoso das listas da FAB.

Aí, bem, deu a lógica, com ou sem Snowden, já que a COPAC em nenhum momento deu o braço a torcer, seja para o governo, seja para o próprio comando da FAB.

Eu compreendi o conceito por trás do projeto do Gripen desde as primeiras folhas da RFA sobre ele há vinte anos atrás. Acho que o pessoal da FAB responsável pela seleção do FX também.

Que bom que venceu o melhor conjunto e não o melhor QI... se é que vocês me entendem.

Abs




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82347 Mensagem por knigh7 » Ter Dez 25, 2018 2:14 am

Eu me lembro dessa edição da RFA, de cerca de 20 anos atrás, devo tê-la ainda guardada. O Gripen era a matéria principal. Na capa estava escrito mais ou menos assim: "Entra em Operação o Primeiro Caça do Século XXI"

O Gripen é um conceito. Muito racional.

Tinha requisitos muito exigentes. Conseguiram fazer um caça leve com capacidade e autonomia semelhantes ao caça médio que era o seu antecessor, o Viggen. Projetos esses separados por apenas 2 décadas.




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82348 Mensagem por knigh7 » Ter Dez 25, 2018 2:51 am

Reunião da CRE com a FAB em 27 de abril de 2014 para a Força explicar o motivo da decisão pelo Gripen NG.

Transcrita pela Secret. de Taquigrafia do Legislativo, cujo link está no fim.
Reunião de Comissão


Senado Federal
Secretaria-Geral da Mesa
Secretaria de Taquigrafia e Redação de Debates Legislativo 27/02/2014 - 4ª - Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional

Horário

10:07 O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Havendo número regimental, declaro aberta a 4ª reunião ordinária da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
Informo as senhoras e aos senhores que esta reunião tem a participação de membros da Comissão de Relações Exteriores do Senado da República.
A presente reunião destina-se à realização de audiência pública com o Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito, Comandante da Aeronáutica, para debatermos o Projeto FX-2 da Força Aérea Brasileira, que consiste na aquisição de 36...
Convido o Senador Eduardo Suplicy e o Senador Jorge Viana, para que pudessem compartilhar da Mesa, porque os nossos convidados estarão sentados em nossa bancada.
Consiste na aquisição de 36 aeronaves de caça de múltiplo emprego, incluindo a transferência de tecnologia necessária para a capacitação do parque industrial aeroespacial brasileiro.
Considerando-se a opção pela aeronave Gripen NG, fabricada pelo grupo sueco Saab, a Comissão de Relações Exterioes e Defesa Nacional recebe, nesta manhã, o Brigadeiro Saito, Comandante da Aeronáutica, para que sejam feitas as manifestações, as motivações que levaram o Governo brasileiro a fazer a opção por esse equipamento, considerando, sobretudo, o longo curso que teve o Governo brasileiro, o Poder Executivo para essas conclusões.
Convido, portanto, o Tenente-Brigadeiro Juniti Saito, Comandante da Aeronáutica, para que possa estar conosco, de igual forma, o Brigadeiro-do-Ar José Augusto Crepaldi Affonso, Presidente da Comissão Coordenadora do Programa de Aeronave de Combate, o Copac.
Os projetos estratégicos das Formas Armadas constituem vetores altamente relevantes, não só para o fortalecimento da defesa nacional, possibilitando uma melhor inserção internacional do Brasil, mas também para capacitação de setores de nossa indústria, entre outros inúmeros dividendos.
Recentemente, tratamos, nesta Comissão, do Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha do Brasil. Hoje, estaremos abordando o Projeto FX-2 da Força Aérea Brasileira.
O processo de aquisição de caças de superioridade aérea para a Força Aérea Brasileira, denominado FX-2, iniciou-se em 2001, mas sofreu uma série de contratempos e adiamentos ao longo do seu percurso. Só veio a ser definido no último 18 de dezembro do ano passado, quando o anúncio foi feito pelo Governo brasileiro, fazendo a opção pela Gripen NG, baseado, sobretudo, em critérios que foram apresentados pela Força Aérea Brasileira, sustentado, sobretudo, em três pilares: a performance, o preço e a transferência de tecnologia.
Ainda no ano de 2008, depois de acurado processo, a Aeronáutica concluiu o relatório que selecionou as aeronaves Boeing F-18, da Boeing norte-americana, o
(...)
10:12 Boeing norte-americana, o Rafale, da Dassault Francesa, e o Gripen NG, da Saab sueca, para a fase seguinte do Projeto FX-2. Entretanto, novos adiamentos retardaram a decisão para o final para o final de 2013, quando então foi anunciada a escolha do caça sueco como a plataforma de múltiplo emprego, prevista para ser a espinha dorsal da aviação de caça brasileira.
São 36 aeronaves com investimentos previstos da ordem de US$4,5 bilhões a serem desembolsados até 2023. As negociações do contrato deverão demandar um ano, ou seja, todo o ano de 2014, com previsão de assinatura desse contrato em dezembro de 2014.
A indústria sueca já está presente com mais de 220 empresas no Brasil, empregando mais de 60 mil pessoas, sendo aquele país um antigo colaborador das Forças Armadas do Brasil. O fornecimento, pelo grupo Saab, de sistemas de alerta antecipado para os aviões Embraer E-99, do Sistema de Vigilância da Amazônia, o Sivam, por exemplo, foi uma etapa significativa que antecedeu a essa decisão do Governo brasileiro.
Cumpre registrar que, a convite do Governo da Suécia, integrei uma delegação de Parlamentares brasileiros em visita àquele país em setembro do ano passado. Lá pudemos testemunhar toda a determinação da Saab, do Parlamento da Suécia, do Governo da Suécia na consolidação dessa importante e aguardada aquisição por parte do Governo brasileiro.
Portanto, para falar sobre os fundamentos que levaram o Governo brasileiro a decisão tão importante como essa, nós estamos recebendo esta manhã o Tenente-Brigadeiro do Ar Comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, e também o Presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate.
V. Exªs são muito bem-vindos a esta Comissão. Nosso intuito é que possamos fazer um debate aberto, democrático, transparente, para que possamos conhecer os fundamentos que presidiu e que moveu o Governo brasileiro, a nossa Aeronáutica na nossa decisão. De modo que é com muita alegria e muito honra que nós recebemos aqui dois honrados oficiais da Força Aérea Brasileira, oficiais com currículos impecáveis na construção de suas jornadas.
É com prazer e alegria que passo a palavra a S. Exª o Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito. Em seguida, parece-me que também o Brigadeiro do Ar José Augusto Crepaldi Affonso estará contribuindo e colaborando. V. Exªs terão o tempo necessário para que possamos fazer o nosso debate aqui na Comissão de defesa.
O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) – Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Pela ordem o Senador Jorge Viana.
O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) – Pedindo mil desculpas a V. Exª, eu tenho um voo daqui a pouco para o Acre, que está vivendo um momento de extrema dificuldade em virtude da cheia do Rio Madeira e criando isolamento, eu vou ouvir obviamente o Comandante Saito, queria cumprimentar também o Brigadeiro José Augusto, mas, em algum momento, eu vou ter que sair por causa do horário do voo.
Porém eu não poderia deixar de me manifestar agora, primeiro, para agradecer, em nome do povo Acre – estou fazendo isso nas redes sociais –, em nome do Governador Tião Viana e também do povo de Rondônia, onde estive com o Ministro da Integração, o apoio que o Ministério da Defesa, que a Aeronáutica, o Exército e Marinha, mas especialmente a Aeronáutica, têm dado neste momento de grande sofrimento. É um Estado inteiro que está isolado, o rio encheu mais ainda, a BR-364 está submersa e as dificuldades são enormes. O Governador Tião Viana tem adotado todas as medidas necessárias.
Eu queria fazer esse agradecimento e, ao mesmo tempo, cumprimentar V. Exª pela condução equilibrada, correta que dá a essa pasta tão importante, que é a Aeronáutica. Eu sei que esse projeto que o nosso Presidente põe em debate tem a atenção de jornalistas especializados que nem aparecem aqui no Senado, mas hoje os estou vendo, porque se trata de um assunto estratégico para o País. Acho que não foi a condução, mas foi a melhor condução dada por V. Exª. Eu sei do papel que V. Exª tem e teve. Eu mesmo tive o privilégio, antes de ser Senador e depois de ser Governador, de trabalhar (...)
10:17 de ser Senador e depois de ser Governador, de trabalhar também nessa área de defesa, e sei da seriedade, sempre colocamos o interesse do País em primeiro lugar, diante das empresas e dos outros países.
Essa é a ressalva que eu faria, primeiro para agradecer o apoio que tem dado ao povo do Acre, ao povo de Rondônia e, em segundo, cumprimentá-lo também por estar aqui. Certamente trará esclarecimentos que são tão fundamentais para que o Brasil entenda a importância desse projeto para agora e para o futuro.
O nosso País não pode deixar de ter um bom orçamento, de ter nesse orçamento uma grande prioridade, não pode fazer cortes na área de defesa.
Se nós disputamos o mundo, se nós temos uma posição estratégica, se nós temos o pré-sal, se nós temos a Amazônia, se nós temos o povo brasileiro, um país de dimensão continental, nós precisamos tratá-lo com o tamanho adequado, com o orçamento adequado.
O Presidente Ricardo Ferraço, ontem, fez um discuso histórico. Antes de começar a sessão, eu pedi cópia e iria fazer um pronunciamento para ler o discurso de um colega Senador, pelo orgulho que ele me deu como Presidente da Comissão, abrindo a sessão de diálogos que o Itamaraty, que o Ministro Figueiredo está propondo. Havia lá uma série de Ministros e Diplomatas. É uma agenda fantástica que o Itamaraty...
E o Presidente desta Comissão, Ricardo Ferraço, meu colega Senador, fez uma fala e apresentou essa fala num discurso que realmente é uma peça que deve compor o livro branco da diplomacia brasileira que o Ministro Figueiredo quer construir. Então foi muito importante.
Faço este registro aqui, parabenizando o colega Presidente desta Comissão, Senador Ricardo Ferraço.
Espero que hoje ele ocupe a tribuna do Senado e que possa, através da Rádio, da TV Senado e da nossa tribuna ler esse discurso, compartilhar com o Brasil inteiro esse discurso.
Semana que vem, após o Carnaval, já pedi autorização dele para também fazer um pronunciamento e comentar o ambiente que ele conseguiu criar, de altíssimo nível, no debate de ontem, no Itamaraty, que vai se seguir ao longo dos próximos meses, a partir de um discurso estudado, muito bem feito, que é uma tradução do País que nós precisamos ter nas relações exteriores.
Então eu o cumprimento e peço desculpas por ter rompido o protocolo da Comissão, mas tendo em vista esse desastre ambiental que estamos enfrentando na Amazônia, especialmente no Acre e em Rondônia, uma vez que sou Senador da Amazônia, além do Acre e vou ter que me retirar daqui a pouco.
Muito obrigado, Presidente, pela tolerância.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Agradeço a V. Exª as generosas palavras a respeito dessa oportunidade que tivemos, coletivamente, de compartilhar dessa importante iniciativa do Ministério das Relações Exteriores ao lançar o plano estratégico da política externa brasileira.
Durante 60 dias, o Itamaraty debaterá com a academia e a sociedade civil os rumos e os principais desafios da política externa brasileira. E foi de fato uma oportunidade singular para o Senado e para a Comissão de Relações Exteriores, que é uma protagonista permanente dessa construção, em razão das suas prerrogativas aqui no Senado.
Sem mais delongas, passo a palavra a S. Exª o Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito.
O SR. JUNITI SAITO – Exmº Sr. Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Senador Ricardo Ferraço, Senador Jorge Viana, Senador Eduardo Suplicy, para nós, da Aeronáutica, eu diria que é um prazer e um dever estar aqui para esclarecer e prestar informações acerca do nosso Projeto FX-2.
Quando fui promovido a Oficial General, em 95, iniciei uma participação junto ao Estado-Maior para recompor a nossa frota de aeronaves de combate. E, naquela época, chamava-se Projeto Fênix.
Como V. Exª mencionou, o Projeto FX começou em 2001. Foi encerrado. Em 2008, nós o reiniciamos como Projeto FX-2, tendo em vista esse lapso de tempo em que precisaríamos atualizar os nossos requisitos. E esses requisitos que foram colocados no Projeto FX-2 contemplam inclusive o que está na nossa estratégia nacional de defesa.
Nós não queremos comprar simplesmente (...)
10:22 Nós não queremos comprar simplesmente uma aeronave de prateleira, mas, sim, uma aeronave com que nós possamos desenvolver nossa tecnologia e fortalecer nossa indústria aeroespacial. Então, com esses critérios, foram colocados os requisitos de transferência de tecnologia e de cooperação industrial.
Para falar sobre esse projeto, nada melhor do que o nosso Brigadeiro Crepaldi, que é o Presidente da Comissão que, inclusive, está tratando do contrato, de tal maneira que possamos, no final deste ano, assinar esse contrato.
Portanto, passo a palavra ao Brigadeiro Crepaldi, para ele discorrer sobre o Projeto FX-2.
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Senhores, bom dia!
Exmo Sr. Senador Ricardo Ferraço, Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional; Exmo Sr. Senador Jorge Viana; Exmo Sr. Senador Eduardo Suplicy, do Estado de São Paulo, em nome de quem cumprimento os demais Parlamentares; senhoras e senhores, vou pedir autorização ao Brigadeiro Saito para, de novo, agradecer, em nome da Força Aérea Brasileira, esta oportunidade ímpar que temos aqui de prestar contas para o povo brasileiro, para o contribuinte brasileiro, sobre o andamento do Projeto FX-2. A gente sabe o impacto disso para a sociedade brasileira em termos de expectativa. Então, o objetivo maior hoje da presença da Força Aérea aqui é justamente este: tentar esclarecer, o máximo possível, para os senhores sobre o andamento do Projeto FX-2.
Vou me permitir fazer uma apresentação de cerca de 20 minutos, para mostrar alguns detalhes do projeto. Em seguida, estaremos à disposição dos senhores para responder a qualquer tipo de pergunta. O objetivo é apresentar para os senhores as principais características do Projeto FX-2.
Vou me permitir colocar essa imagem para os senhores. Essa imagem é icônica para mim, particularmente, em relação à minha profissão, e é icônica também para a indústria nacional. Hoje, para que os senhores tenham uma ideia, nessa aeronave que foi desenvolvida, projetada e fabricada no Brasil, voaram todos os oficiais-generais da Força Aérea Brasileira, incluindo o Brigadeiro Saito. Não faço referência ao tempo, Brigadeiro Saito. Mas o Brigadeiro Saito também voou nessa aeronave. Os oficiais-generais com no mínimo 35 anos de serviço voaram nessa aeronave.
Por que ela é icônica? Para mim, ela é icônica porque foi a primeira aeronave em que fiz um voo solo. E é icônica também para a indústria porque ela, desde já, sinaliza a preocupação da Força Aérea Brasileira com a indústria nacional. Então, em todos os seus momentos, a Força Aérea Brasileira, apesar de suas necessidades operacionais, sempre levou em conta – os seus líderes sempre tiveram isto em suas mentes – que não haveria defesa nacional eficiente sem a participação eficaz da indústria nacional. Então, essa imagem é icônica por esse fato.
Aqui também, é muito interessante dizer para os senhores que, hoje em dia, o nosso piloto começa voando numa aeronave desenvolvida e fabricada no Brasil. Ele faz seu voo avançado na Academia da Força Aérea numa aeronave desenvolvida e fabricada no Brasil. Ele, depois de formado, segue para Natal, onde ele voa, na sua progressão operacional, nas aplicações táticas das aeronaves, numa aeronave desenvolvida e fabricada no Brasil. Por outro lado, quem vai para a aviação de transporte também faz sua progressão operacional numa aeronave desenvolvida e fabricada no Brasil. E sua carreira operacional plena é feita em aeronaves desenvolvidas e fabricadas no Brasil. Hoje, podemos ter o orgulho de dizer que nossas autoridades maiores e a Presidenta da República voam numa aeronave desenvolvida e fabricada no Brasil.
Então, esse estágio da indústria nacional não foi conseguido simplesmente de uma hora para outra. Isso é fruto de uma visão estratégica, de um planejamento de longo prazo e de investimentos, como o Senador Jorge Viana colocou aqui, necessários para manter essa indústria nacional.
Para tentar entender um pouco o FX-2, falaremos da Estratégia Nacional de Defesa (END), da missão da Aeronáutica, do processo de seleção, do Projeto FX-2. Depois, faremos as considerações finais, quando colocaremos alguns pontos relacionados ao cronograma de ações desenvolvidas hoje pela Força Aérea.
Como o Brigadeiro Saito já colocou, a Estratégia Nacional de Defesa foi um documento que partiu do Congresso Nacional. Hoje, ele é o guia maior para as Forças Armadas Brasileiras no que se refere a preparo e a emprego e no que se refere à nossa indústria.
Então, a nossa END deixa claro: (...) (...)
10:27 Então, a nossa END deixa claro: "O Brasil é um país pacífico por tradição e por convicção. Porém, se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo, precisará estar preparado para defender-se não somente das agressões, mas também das ameaças."
Os três eixos estruturantes da END são: reorganização da Forças Armadas, composição dos efetivos das Forças Armadas e reestruturação da indústria de defesa.
O que diz a Estratégia Nacional de Defesa? Ela tem um capítulo particularmente dedicado ao projeto FX-2. Ela já traz ali uma orientação maior para o projeto FX-2, que foi plenamente atendida quando fizemos nossos pedidos de oferta. E o Item 22 também é claro: "Capacitar a indústria nacional de material de defesa para que conquiste autonomia em tecnologia, indispensável à defesa."
Dentro dos objetivos estratégicos para a Força Aérea Brasileira, o poder para assegurar a superioridade local, claramente dizendo: "adequação da frota de vetores de combate de 2015 a 2025", é onde está incluído hoje o projeto FX-2.
Ainda o Livro Branco de Defesa, que é outro instrumento da sociedade para controlar, exigir e ter a certeza de que as Forças Armadas estão cumprindo o seu papel. Diz muito claro o seu Capítulo 5, no Plano de Articulação, Equipamentos e Defesa. Está lá sublinhado: "Projeto Capacitação Operacional da Força Aérea. Subprojeto Aeronave de Caça Multimissão FX-2."
Então, como os senhores veem, o projeto FX-2 está muito claro. Já foi decidido no seio desta Casa. Seria um projeto estratégico não só para a Força Aérea Brasileira como para a indústria nacional e a sociedade brasileira.
Por fim, o que é mais importante para nós, em termos de operacionalidade: cumprir a missão da Aeronáutica, qual seja, "manter a soberania no espaço aéreo nacional com vistas à defesa da Pátria". Isso é o que prescreve a nossa Constituição.
Dentro dessa missão da Força Aérea, para os senhores terem uma ideia, hoje cabe à Força Aérea defender a superioridade aérea, numa área de 22 milhões de quilômetros quadrados, além de prestar serviço de busca e salvamento por meio de acordos internacionais de toda esta área aqui. É o que a gente chama hoje na Força Aérea de Dimensão 22.
O processo de seleção.
Eu mostrei para os senhores, pela foto icônica daquela aeronave, a Aerotec T-23 Uirapuru, que já foi desativada em 1983, que a Força Aérea, quando faz aquisição de um sistema, a preocupação dela é com o tempo. Por ser um país com restrições orçamentárias em função das suas prioridades sociais ou outras julgadas pertinentes pelo Governo, nós temos que levar em conta os custos; nós temos que levar em conta quanto tempo vamos voar, quanto tempo vai durar. Então, essa análise do tempo de vida desse objeto é muito importante para a gente. Para isso, nós aplicamos um conceito chamado ciclo de vida, em que se analisa desde a concepção daquele sistema, o que devemos comprar, o que precisamos adquirir, se vamos desenvolver, se vamos modernizar, se vamos fazer uma simples compra de prateleira. E isso é feito através de quê? De estudos de viabilidade, de definições do que vai se feito. Partimos para o desenvolvimento e aquisição, produção do bem e implantação. A implantação de um sistema novo requer recursos também: novos hangares, novas tecnologias, novos treinamentos; a utilização do bem, uma eventual revitalização e, por fim, a desativação.
O conceito mundial hoje desse tempo é de cerca de 30 anos, mas hoje a gente tem conseguido, por meio de manutenção aplicada, uso adequado dos sistemas, estender a até 40, 50 anos os nossos vetores.
O processo de seleção. Como é feito esse processo de seleção por parte da Força Aérea e dos seus sistemas – e foi o caso do projeto FX-2 –? Foram enviadas ofertas para as empresas. O que nós avaliamos nessas ofertas? Os riscos inerentes a cada uma das ofertas, avaliamos os requisitos técnicos, logísticos e industriais, avaliamos logicamente os custos, avaliamos as transferências de tecnologia. A partir dessa primeira análise, foi emitido um relatório preliminar. Esse relatório preliminar continha logicamente as primeiras avaliações acerca de todos esses itens. A partir disso, chamamos todas as empresas para as clarificações, que chamamos. Tanto as empresas quanto nós sentamos, e cada um
(...)
10:32 ... e cada um tem direito de perguntar o que quer que seja em relação à oferta. Essas clarificações são estendidas a todas as outras ofertantes.
Em seguida, são feitas visitas técnicas ao fabricante para se comprovar a capacidade industrial, a capacidade de certificação e a capacidade de qualidade.
São feitas reuniões, que chamamos face a face, em que de um lado da mesa está a comissão e de outro lado da mesa, as empresas. E também são dirimidas todas as dúvidas no sentido de que não paire nenhuma dúvida de todo o processo.
Fazemos voos de avaliação com os nossos pilotos operacionais, nossos pilotos de ensaio ou nossos pilotos de prova.
A partir dessas reuniões, as empresas fazem uma nova oferta, o que chamam de ofertas revisadas. Da mesma maneira, é feita uma nova avaliação da oferta revisada. Esse relatório é comunicado para o órgão superior e, em seguida, informamos as empresas: "É hora de vocês fazerem a melhor e última oferta". É quando as empresas apresentam sua oferta final. É feita uma nova avaliação e, em seguida, um relatório final, que é apresentado para as autoridades decisora.
O FX-2 seguiu todos esses passos. Foram quase dois anos de negociações e de reuniões, cerca de 30 mil páginas de documentos, mais de 20 mil horas. E no dia 5 de janeiro de 2010, o Comando da Aeronáutica encaminhou esse relatório para o Ministério da Defesa, quando então ficou para a análise da autoridade decisora.
O Projeto FX-2. Já em 2008, uma diretriz do Brigadeiro Saito. Qual era a diretriz do Projeto FX-2? Selecionar uma aeronave multiemprego para substituir, no curto prazo, os aviões Mirage F-2000 e, no longo prazo, as aeronaves F-5, a fim de modernizar e padronizar a frota da Força Aérea, com vistas ao cumprimento da missão constitucional, possibilitando o desenvolvimento da indústria de defesa com foco na transferência de tecnologia.
Cronograma de eventos. Só para os senhores se situarem, a emissão do requisito operacional se deu em 1995 – o Brigadeiro Saito já comentou alguma coisa em relação aos prazos –, e finalmente, no dia 18 de dezembro de 2013, tivemos a decisão do Projeto FX-2.
As áreas que foram avaliadas. No processo, os requisitos, que foram cerca de 1,2 mil, recaíram sobre estas áreas: área técnico operacional, área logística, área industrial, área comercial e área de contrapartidas, que são as transferências de tecnologias. E fizemos uma análise de risco de cada uma das áreas relacionadas.
Da técnica operacional, o que levamos em conta? Características técnico operacionais da aeronave, capacidade de sobrevivência, tecnologias embarcadas, potencial de crescimento da aeronave e de suas tecnologias e o desempenho em voo.
Na parte logística: plano de apoio logístico integrado, confiabilidade, manutenibilidade e disponibilidade, desdobrabilidade, suporte ao armamento e suporte ao simulador de voo.
Na parte industrial: plano de certificação, plano de adequação, plano de produção, gerenciamento de configuração e plano de qualidade.
Na parte comercial, analisamos os custos referentes à aquisição da plataforma e operação e suporte.
Como eu falei para os senhores, essa análise foi feita para voar 30 anos.
No risco, como eu disse aos senhores, analisamos as incertezas em cada área: na técnico operacional, na logística, custos e preços, a incerteza industrial, a incerteza das contrapartidas industrial e tecnológica e a incerteza contratual.
A aeronave escolhida: o Gripen-NG.
Um pouco da aeronave. As características da aeronave. O raio de ação está na versão para a configuração ar-ar, eu já ressalto aqui. O que é importante dizer em relação à autonomia? Os requisitos operacionais determinavam que as aeronaves fossem capazes de cumprir, numa versão ar-ar, um raio de ação de 300 milhas náuticas e, num raio de ação ar-solo, de 500 milhas náuticas. Dessa maneira, todas as aeronaves, todas as ofertantes cumpriram os requisitos.
10:36 Então, uma aeronave com 22 mil libras de empuxo, cerca de 10 toneladas de empuxo motor,é importante não só plataforma como sistemas embarcados – e uma capacidade de carga externa de 5,2 mil quilos.
Mais um pouco de características das aeronaves: comprimento de 15 metros – essa é uma aeronave pequena –; envergadura 8 metros; peso máximo de decolagem 16,5 mil quilos; empuxo 22 mil libras; e limite de força-G, quer dizer, que permite o piloto explorar o máximo as capacidades de manobrabilidade do avião, de -3G a +9G.
Essa aqui é uma visão geral dos sistemas embarcados, para os senhores terem uma ideia.
Quais são os pontos fortes da oferta, já detalhando um pouco?
– Lançamentos de mísseis com sensores em modo passivo. Permitam-me; são termos mais técnicos, mas é importante colocar para os senhores, porque é isso que realça a oferta.
– Reduzida quantidade de equipamentos de apoio e mão de obra. Isso significa que o custo logístico é menor. Eu não tenho que comprar tanta escada, eu não tenho que comprar tanta fonte de força, eu não tenho que comprar tanta ferramenta. Então, isso é interessante no ciclo de vida.
– Menor rastro logístico e melhor capacidade de operação desdobrada.
– Motor com menor custo operacional.
– Motor com melhor mantenabilidade e confiabilidade.
– Menor impacto de implantação na infraestrutura atual da FAB. Justamente por ser um avião pequeno, ele não demanda atualização de tamanho de hangares.
– Participação na certificação e no desenvolvimento. Isso é muito importante para a indústria nacional porque vai capacitá-la a entender as nuanças do desenvolvimento e certificação de uma aeronave em voo supersônico, uma tecnologia que nós não temos hoje no Brasil.
– Participação potencial industrial da empresa.
– Menor risco contratual.
– Menor custo operacional e montagem da aeronave no Brasil.
Em relação aos projetos oferecidos pela ofertante Saab: desenvolvimento de sistemas aviônicos e integração de software; comunicação e desenvolvimento de datalink; integração de armamento; projetos de capacitação para aeronaves de quinta geração; sistema de controle de aerodinâmica de voo; projeto conceitual de aeronave de caça; verificação, validação e testes; verificação final de montagem da aeronave; desenvolvimento de produção de estrutura; desenvolvimento do Gripen NG; participação total no desenvolvimento dos projetos da versão Gripen NG.
Dando um pouco mais de atenção à área de transferência de tecnologia, qual foi o enfoque dado ao projeto FX-2? Ele foi dividido em duas áreas, senhores: transferência de tecnologia e cooperação industrial.
A transferência de tecnologia dizia respeito a quê? Ela dizia respeito a capacitar a indústria nacional, o parque aeroespacial brasileiro no que se refere às tecnologias para o que se chama hoje de caça de quinta geração.
E como foi feito isso? A Força Aérea Brasileira, em coordenação com as indústrias nacionais, nós determinamos quais seriam as tecnologias a serem absorvidas, a serem demandadas de cada um dos ofertantes; isso é o que foi feito. Por outro lado, pensando na autonomia que teríamos que ter em relação ao nosso equipamento, para termos independência em relação aos fornecedores estrangeiros, solicitamos, na área de cooperação industrial, que a nossa indústria fosse capaz de fazer a manutenção daqueles itens principais, de itens estratégicos da nossa aeronave no Brasil.
Então, o que foi demandado das indústrias no que se refere a offset? Foi transferência de tecnologia para um caça de quinta geração e cooperação industrial no que se refere à capacidade de a indústria nacional manter essa aeronave.
Como é que isso foi raciocinado? É o que chamamos de processo de absorção de domínios tecnológicos. É um processo dinâmico de ensino e aprendizagem que deve englobar não só as competências, mas também as
10:41 habilidades necessárias para sua efetiva realização.
Então, o que a gente pensou quando visualizou a estrutura do FX-2? Não adianta eu aprender, não adianta eu simplesmente fazer um curso, não adianta simplesmente eu fazer um doutorado numa área crítica: eu tenho que efetivamente me sentar ao lado e participar desse projeto. Isso foi levado em conta no processo de seleção.
O que solicitamos no nosso pedido de oferta? Que fossem declaradas e garantidas as competências a serem transferidas e as habilidades a serem absorvidas; para quê? Para que houvesse uma efetiva absorção e transferência de tecnologia e que, a partir das habilidades absorvidas, a nossa indústria fosse capaz de fazer a manutenção dos itens no Brasil.
Então, esse é o quadro, essa é a filosofia que guiou a comissão de seleção e a Força Aérea no que se refere à cooperação industrial e transferência de tecnologia.
Para que os senhores tenham uma ideia, o que seria necessário para o Brasil, conforme determina a Estratégia Nacional de Defesa, produzir um caça de quinta geração? Isso foi perguntado para nossas indústrias. As nossas indústrias disseram para a Força Aérea: "Nós precisamos dessa tecnologia". Por que, senhores? Hoje, o Brasil, em termos de transferência de tecnologia, já passou a ser um ator em que ele precisa de tecnologia selecionada. Hoje, a indústria brasileira é a terceira indústria aeronáutica no mundo. Então, a indústria nacional passa a ser seletiva nos seus processos de transferência de tecnologia para não perdermos essa oportunidade. Quem melhor sabe disso do que a própria indústria nacional?
Cada um destes itens que os senhores veem aqui foi uma demanda da indústria nacional no sentido de que, se essas demandas fossem atingidas, a nossa indústria seria capaz de cumprir, de sanar aquele gap tecnológico e partir para o desenvolvimento de um caça de quinta geração.
Da mesma maneira, o que seria necessário para a gente garantir a autonomia no que se refere à manutenção da aeronave, em relação aos componentes da aeronave? Foram licitadas as áreas que demandaríamos no que se refere à cooperação industrial, no que se refere ao que a minha indústria tinha que ser capaz de manter.
São estes sistemas.
Aqui estão um pouco mais detalhadas cada uma das áreas, para os senhores terem uma ideia. Eu não vou me deter aqui, não vou tomar o tempo dos senhores no tocante a cada uma das áreas. Mas é um detalhamento que vai ficar à disposição para consulta no que se refere à tecnologia.
Estrutura de Gerenciamento. Hoje nós já temos uma estrutura de gerenciamento de como vai ser feita essa transferência. Estamos em discussão nesse processo de transferência. A Força Aérea tem grande experiência nesses processos, experiências de sucesso relativas à aplicação do offset. Então, a gente está aplicando toda essa experiência no sentido de garantir para a sociedade brasileira que o que foi prometido seja entregue.
Resultados Esperados.
Oferta SAAB. Destacam-se alguns dos projetos. Um dos projetos mais importantes no que se refere à transferência de tecnologia e desenvolvimento conjunto é o Gripen Design And Development Network (Centro de desenvolvimento, integração e simulação no Brasil). Esse Centro, que teria a Embraer como seu centro, é conectado diretamente ao desenvolvedor na Suécia, e os dados são compartilhados entre o desenvolvedor sueco e o desenvolvedor brasileiro, isso em tempo real, por meio de um link criptografado e dedicado. E estariam conectados, por meio da Embraer, todos os grandes parceiros da indústria nacional no Projeto FX-2.
O que está previsto na Oferta SAAB – Gripen?
- Compartilhamento de toda a Propriedade Intelectual (IPR) do Gripen NG, com a FAB e a indústria brasileira;
- projeto de estruturas e testes;
- desenvolvimento de sistemas;
- engenharia de produção e industrialização;
- manutenção de aeronaves.
- desenvolvimento e produção (trabalho compartilhado) – Embraer e outros parceiros;
- marketing na América do Sul – Embraer;
– equipamentos aviônicos produzidos no Brasil (HDD, TMC, HMD, HUD, L- band data link; produzidos na AEL Sistemas, em Porto Alegre);
- 97% da manutenção dos aviônicos na empresa AEL Sistemas, em Porto Alegre;
- fabricação de até 80% de partes estruturais no Complexo SBTA (São Bernardo Tecnologia Aeroespacial);


10:46 -projetos de capacitação; participação total brasileira no desenvolvimento dos projetos da versão Gripen NG e Sea Gripen – é uma possibilidade de uma versão naval –; direito de uso da propriedade intelectual para os Gripens de versões anteriores; participação da Empresa Aeroeletrônica no fornecimento de nova concepção de painel para a versão brasileira aeronave Gripen NG – é o que chamamos de Large Area Display, e há uma foto aqui para os senhores terem uma ideia; é uma tela de 19 polegadas touch screen.
Há outras ofertas ainda a serem discutidas: implantação do Centro de Inovações e Estudos no Brasil, já em andamento; participação em pool internacional de suprimento; intenção de compra pelo governo sueco de aeronave Super Tucano; intenção de compra pelo governo sueco de aeronaves KC-390, em desenvolvimento pela Embraer, com o voo do protótipo previsto para outubro deste ano.
A empresa Saab confirma que os futuros projetos Erieye, aquela aeronave-radar, serão executados exclusivamente com aeronaves da Embraer.
Em relação à produção e à montagem final, hoje o que se visualiza? A produção no Brasil estaria dentro daqueles 80% da estrutura da aeronave que apresentei aos senhores. A fuselagem traseira, asas, portas, trens de pouso e outras partes, tudo isso seria fabricado no Brasil. Além de serem produzidos para as aeronaves brasileiras, seriam produzidos também para toda a frota de aeronaves Gripen a serem vendidas no mundo inteiro. É o que a gente chama de fonte única, sole source. Nesse processo de produção desses itens, logicamente, haveria subcontratos com subfornecedores no parque industrial brasileiro.
Estão previstas duas linhas de montagem final, uma no Brasil e uma na América do Sul, ou melhor, uma no Brasil e uma na Suécia. Perdão! Essa linha do Brasil seria para todos os clientes possíveis dentro do acordo de marketing com a Saab, ou seja, com toda a América do Sul e com a área de influência do Brasil, incluindo a África.
Vamos às considerações finais.
A partir do momento da decisão no dia 18 de dezembro, a Força Aérea iniciou a tratativa necessária com a empresa. Estamos trabalhando desde o dia 20 de dezembro. Temos um calendário apertado, mas exequível, dentro do planejado, dentro do ciclo de vida que a Força Aérea aplica, para que, como colocou o Brigadeiro Saito, a assinatura se dê na segunda quinzena do mês de dezembro deste ano.
Então, estão muito claros os cronogramas. Há várias reuniões com as indústrias nacionais. Faremos cerca de três a quatro reuniões nesse período com a indústria nacional, para deixar muito claro o que a empresa está oferecendo e se isso é exequível.
Então, está aqui para os senhores todo o cronograma de ação do Projeto FX-2.
Aqui, está o cronograma de entrega das aeronaves, das versões. Então, a previsão é a de que, no final de 2018, receberemos as primeiras aeronaves. O cronograma está muito claro para os senhores.
Quanto à consideração final, eu coloquei aquela aeronave para os senhores, aquela que carinhosamente nós chamávamos de Zarapa, o T-23. Todo piloto começou a sua carreira lá.
O que eu queria mostrar para os senhores aqui é muito claro. Dentro daquela visão da Força Aérea, dentro daquela preocupação que a Força Aérea sempre teve, dentro daquela visão estratégica no sentido de incentivar e fomentar a indústria nacional, vou mostrar aqui a história da Embraer para os senhores.
A Embraer foi criada em 1969. Em 1970, os primeiros contratos com a Embraer foram firmados. Digo de contratos de aquisições militares, que geraram, logicamente, um spin-off civil para a indústria de aviação civil. Mas, para cada contrato firmado pelo Governo brasileiro, pela Força Aérea Brasileira, a Embraer foi dando um salto no que se refere à tecnologia. Para cada um deles, ela foi adquirindo uma tecnologia que permitiu que ela dominasse um segmento de mercado. E assim vai para cada um dos contratos, finalizando com o nosso Embraer 190, que é um sucesso comercial e que, hoje, é a aeronave de transporte presidencial. Então, para cada um deles, nós fomos galgando isso. E, atrás de cada salto tecnológico, existe efetivamente um contrato de defesa colocado pelo Governo brasileiro.
Isso pode ser hoje traduzido nessa aeronave, que, não temos dúvida, será um total sucesso comercial, que é (...) (...)
10:51 isso pode ser hoje traduzido nesta aeronave, que, não temos dúvida, será um total sucesso comercial, que é o desenvolvimento do KC-390. Como eu falei para os senhores, ele vai voar agora, em outubro de 2014. E só foi possível o desenvolvimento desta aeronave a partir de cada um desses contratos ao longo do tempo, essa visão estratégica, com muita paciência e persistência, para chegar a esse estágio de desenvolvimento da indústria aeroespacial brasileira.
Senhores, colocamos também à disposição o site da Força Aérea Brasileira para o Gripen. Peço aos senhores que o acessem. Ele é também uma ferramenta de prestação de contas, que atualizaremos com todas as informações necessárias.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Sr. Comandante, Sr. Brigadeiro, V. Sª acaba de afirmar que os primeiros equipamentos começam a chegar em 2018. Nós estamos em 2014. Até lá, como a Força Aérea Brasileira pretende responder aos desafios das fragilidades, que são evidentes, nas prerrogativas da FAB? Qual é o programa? Qual é o plano de transição da Força Aérea Brasileira entre 2014 e 2018, considerando esse gap de tempo, sobretudo em razão dos desafios e prerrogativas da Força Aérea Brasileira?
O SR. JUNITI SAITO – Obrigado, Senador.
Na vez passada em que estive aqui, nós dissemos que, com a desativação dos Mirage 2000, nós cumpriríamos a defesa aérea com aeronaves F5. Naturalmente, não seria uma aeronave ideal, mas nós cumpriríamos da melhor maneira possível.
Com essa decisão do FX, nós estamos conversando com a Força Aérea Sueca, que tem aquela versão C/D, uma aeronave de quarta geração. O comandante já esteve aqui no Brasil e ofereceu essa perspectiva de empréstimo dessa aeronave ao País para, provavelmente, a partir do segundo semestre ou início do primeiro semestre de 2016; será algo entre dez e doze aeronaves desse tipo, para suprir essa demanda, digamos assim, de defesa aérea no País. Porque, na verdade, as primeiras aeronaves virão no final de 2018. Mas só poderemos estruturar um esquadrão a partir de 2019 ou 2020. Então, nesse período, nós supriríamos a nossa necessidade com esse Gripen C/D, que está voando em vários países.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Mas isso já é uma realidade? Já há um compromisso firmado com relação ao número de aeronaves?
O SR. JUNITI SAITO – Já há um compromisso do comandante da Força Aérea e do ministério da defesa sueco em proporcionar esse tipo de apoio.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – V. Sª considera, então, que, com essas iniciativas, a Força Aérea Brasileira assegurará as suas prerrogativas e as suas responsabilidades face à Nação brasileira?
O SR. JUNITI SAITO – Com certeza.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Há algumas questões que nós vamos fazer e compartilharemos com os Senadores.
Fica evidente, após a demonstração do Brigadeiro Crepaldi, o critério adotado pela Aeronáutica, ao longo desse processo, para fazer a sua escolha. Ainda assim, há algumas questões que nós gostaríamos de ver confirmadas.
Uma das questões diz respeito à escolha do caça sueco, diz respeito à confirmação ou não de que um conjunto muito relevante de sistemas e componentes para a fabricação dessa aeronave é de outros países que não a Suécia.
O que, efetivamente, dessa aeronave é sueco e é de outros países? E essa dependência de outros países poderia nos levar àquilo que se chama o fantasma do embargo? Porque há embutida nessa proposta uma transferência de tecnologia muito firme e muito forte. Foi falado aqui que 80% de alguns componentes serão construídos no Brasil. Mas são componentes que me parecem commodities, são componentes que não têm grande grau de complexidade, que são os elementos da estrutura do Gripen (...)
10:56 da estrutura do Gripen. Há algumas afirmações de que grande parte dos equipamentos e sistemas do Gripen tem como origem os Estados Unidos da América. Os americanos são quem fornecem os sistemas fundamentais da aeronave – como motor, aviônica, armamentos –, o que tem impacto sobre a transferência de tecnologia e, até mesmo, sobre a transferência e o fornecimento do código-fonte para o nosso País.
Essa dependência com relação aos Estados Unidos reduz a autonomia nas transferências de tecnologia, na entrada em operação desta aeronave e na sua manutenção? Como a Força Aérea Brasileira encara esse tipo de afirmação? Se ela procede. Quanto ao nível de dependência, que nível de percentual... Há quem afirme que 40% desse equipamento não é de produção sueca. Nós gostaríamos que V. Sª pudesse falar a respeito dessas afirmações – se elas são procedentes e como a Aeronáutica tecnicamente debateu esses temas.
O SR. JUNITI SAITO – Brigadeiro Crepaldi disse que nós visamos dois aspectos: transferência de tecnologia e cooperação industrial.
No que tange ao equipamento de um avião: hoje em dia, ninguém fabrica totalmente todos os equipamentos pertencentes a sua indústria no país.
No caso do Gripen, por exemplo, a maior parte que nós temos do equipamento americano seria o motor. Mas lembre-se de que o motor é uma coisa mecânica. Na hora em que nós adquirimos os aviões, os motores virão juntos. E, além disso, nós compraremos mais motores sobressalentes. Quanto à revisão desses motores, ela está garantida por essa cooperação industrial de manutenibilidade desses equipamentos ao longo do ciclo de vida.
O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP. Fora do microfone.) – Nós podemos fabricar esses motores também?
O SR. JUNITI SAITO – Senador, boa pergunta.
Eu diria que hoje nós temos quatro ou cinco fabricantes de motores no mundo inteiro. É uma tecnologia bastante avançada. Além de ter essa tecnologia, é preciso ter credibilidade, então é preciso ter muita quilometragem rodada para se conseguir desenvolver economicamente um motor desse tipo.
Nós estamos iniciando agora desenvolvimento de motor de turbina estática para geração de energia. Seria o primeiro passo para, no futuro, nós termos capacitação para desenvolver o motor aeronáutico, que é muito mais complicado.
Então, todos esses fatores levam a crer que os sistemas embarcados... Muitas coisas serão feitas aqui no Brasil – de alta tecnologia, como ele descreveu aqui. O sistema de aviônica, por exemplo, será feito aqui no Brasil.
O código-fonte. Nós teremos total acesso ao código-fonte, porque nós vamos trabalhar junto no desenvolvimento. E é importantíssimo código-fonte, como o senhor falou, Senador, porque é como nós buscamos integrar os nossos armamentos. E a indústria de armamento no Brasil é uma indústria que já fabrica bombas, fabrica mísseis. Então são esses armamentos que nós queremos integrar no avião.
Eu não sei se o Brigadeiro Crepaldi tem alguma coisa a acrescentar...
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Procede a informação de que, no conjunto, esse equipamento é um equipamento em torno daquilo que é fundamental, dos seus sistemas da aviônica, são 40% norte-americanos?
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Só complementando o Brigadeiro Saito colocou.
Questão do motor. Realmente, o motor é de origem norte-americana.
O Brigadeiro Saito colocou que a indústria nacional hoje se preocupou nessa área aeroespacial, no que se refere a estruturas, e na área de armamento. Então, como o senhor colocou, armamento. Hoje eu tenho a possibilidade de integrar armamento, seja norte-americano, seja israelense, seja europeu, e, principalmente, nacional.
Então, o que é importante para gente no domínio hoje? É a capacidade de fazer integração disso. A estrutura, por si, é alcançável de maneira mais fácil. Agora, o que a gente busca, como o Brigadeiro Saito colocou aqui, é a capacidade de desenvolver e de dominar o software no que se refere à integração.
Agora, o motor. Hoje, motores, como o Brigadeiro Saito colocou, (...)
11:01 (...) Como o Brigadeiro Saito colocou, o senhor conta nos dedos hoje os fabricantes de motores no mundo. O senhor conta nos dedos. Há fabricantes norte-americanos, há fabricantes russos, fabricantes canadenses, fabricantes franceses, fabricantes ingleses e fabricantes alemães. São pouquíssimos fabricantes. Qualquer que fosse a escolha, o motor ainda continuaria sem essa desejada autonomia.
O que se buscou para se mitigar isso, nas três ofertas? Foi garantir que a autonomia no que se refere ao ciclo de vida fosse mantido – como disse o Brigadeiro – com lote de sobressalentes e com uma estrutura da indústria brasileira capaz de fazer frente a esse ciclo de vida.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Na parte de aviônica, na parte de sistemas?
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Aviônica. Hoje a aviônica é americana, Rockwell Collins, com a possibilidade, que mostrei para o senhor, de ser a AEL Sistems
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Então, além do motor, além das turbinas, também aviônica norte-americana?
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Aviônica também.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – E essa transferência de tecnologia é assegurada?
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – É assegurada. Como eu coloquei ali para o senhor, por exemplo...
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Mas como assegurar essa transferência se ela não é de domínio da Suécia e é de domínio dos Estados Unidos? E se, em algum momento, os Estados Unidos fizerem algum tipo de embargo? Como assegurar isso?
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Ele é assegurado por meio do ciclo de vida. A gente está montando uma transferência que garanta para a empresa nacional que ela faça a manutenção no Brasil. Então, vendido o item, item no estoque com um nível razoável, eu consigo manter esse item.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Os senhores estão seguros disso?
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Sim, senhor.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Para o desenvolvimento de uma aeronave, principalmente de um caça, de elevada sensibilidade e tecnologia, há um caminho a ser trilhado de grande complexidade, com relação aos aspectos técnicos, calendário, sobretudo com relação ao aspecto econômico. Há informações de que, no tocante a outros projetos, a exemplo desse que o Brasil desenvolve, houve muitos custos adicionais. Os custos iniciais foram uns, e os custos finais foram outros – experiências na África do Sul e outras mais.
Esses aspectos estão sendo observados?
De que maneira isso poderá ser mitigado, para que essa proposta inicial, que é de US$4,5 bilhões, ao final, não se transforme em custos adicionais para o contribuinte brasileiro?
Isso estará assegurado em contrato, com limites?
O SR. JUNITI SAITO – O Brigadeiro Crepaldi poderá complementar, mas, na verdade, esses aspectos é que estão sendo discutidos neste momento contratual. Em termos de custo final desse projeto, a oferta está em US$4,5 bilhões, mas, como o senhor disse, pode ser para menos ou para mais – um pouquinho menos, um pouquinho mais. Esse tipo de discussão é que está ocorrendo hoje junto à empresa e junto aos nossos fabricantes.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Eu passo a palavra ao Senador Aloysio Nunes Ferreira e, oportunamente, retorno.
A palavra é de V. Exª.
O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, ilustres convidados, eu penso que o Senador Ricardo Ferraço, nas suas indagações, colocou algumas questões centrais que também seriam objeto da minha intervenção. Mas eu quero voltar a algumas delas.
Eu li, Comandante, numa edição do jornal O Estado de S. Paulo do dia 14 de janeiro de 2014, um artigo do Prof. Oliveiros Ferreira, professor aposentado da Universidade de São Paulo e também da PUC. Ele foi meu professor nos anos 60, tempo longínquo já. Pela primeira vez, num curso de Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia de São Paulo, ele colocava a importância da defesa nacional, num momento em que esse tema era muito contaminado por questões ideológicas do mundo polarizado. E ele colocava isso como algo permanente, mostrando que o poder nacional é uma afirmação da soberania nacional, uma projeção da soberania nacional, e, se tinha vigência na época da Guerra Fria, onde o mundo era mais disciplinado pelas duas superpotências, quanto mais hoje, que o mundo está mais difícil, mais anárquico, mais multipolarizado... (...)
11:06 mas multipolarizado. E no caso da defesa, da indústria da defesa e dos investimentos em defesa, é possível conjugar a aspiração de um país de ter poder – e, no caso brasileiro, não se trata de um poder para agredir os outros, mas de nos defendermos contra ameaças e contra agressões –, mas a isso se junta também um, digamos assim, imperativo do desenvolvimento nacional, que é a nossa capacitação tecnológica, que é fortalecimento da indústria nacional, que é a possibilidade de nos inserirmos no mundo em que a habilidade, o domínio da tecnologia mais avançada é decisivo para o bem-estar.
Bem, isso para mim, hoje, é pacífico. Eu não fico confrontando o que se gasta em defesa e quanto se gasta em saúde. Acho que as duas coisas são muito importantes. A saúde, evidentemente, tem uma dimensão do indivíduo, mas a defesa, pela sua projeção no mundo civil, também tem, pela capacidade que ela tem de gerar empregos, de fortalecer a indústria nacional, enfim. Para mim, esse não é o problema.
O Prof. Oliveiras Ferreira, nesse artigo a que me refiro, o artigo se chama "Os caças suecos e a lógica de supermercado", diz: "Olha, não se compra avião de caça como quem vai ao supermercado". É claro que é uma decisão muito delicada. Mas ele aponta o seguinte fato: a demora excessiva que nós tivemos, que o Brasil teve para tomar essa decisão. E aí eu não me refiro ao Governo PT, que está aí há 11 anos. Mas também no caso do governo Fernando Henrique, nós tomamos a decisão de comprar aqueles Mirages que já haviam sido desativados pela Modeler, pela aeronáutica francesa. E a escolha da nova aeronave, do novo caça se arrastou.
Em 2009, o Presidente Lula chegou a anunciar a compra dos aviões da Dassault; em 2009, ele anunciou. Depois, não se sabe por que, voltaram atrás. Eu queria saber um pouco sobre este episódio: por que anunciou e depois voltou atrás? Eu não estou questionando a escolha do avião sueco. Pelo que me foi dito pelos senhores e pelo que li, parece-me um avião mais adequado para a realidade brasileira, para as nossas necessidades, embora seja absolutamente leigo e tenha medo de avião. Mas, pelo que vi, penso que os franceses levavam em conta muito mais as necessidades deles, de vendedores, do que a nossa, de compradores. Essa é uma análise, inclusive, que eu vi em articulistas da imprensa francesa.
Bom, mas o fato é que a demora foi muito longa. E nós nos encontramos hoje numa situação preocupante – e que foi levantada já na intervenção do Senador Ferraço –, que é esse intervalo. O que vai acontecer durante o período em que nós ficaremos sem aviões de caça para a proteção do nosso espaço aéreo.
Bom, a Suécia, evidentemente, não rejeitará um pedido de empréstimo. Ela tem interesse em alugar ou emprestar. Mas por quanto tempo? Por um ano, dois anos ou até que cheguem os caças novos? Farão isso antes que o contrato de compra esteja formalizado, assinado? São perguntas que o professor faz no seu artigo.
Bom, e os pilotos nossos têm treinamento para pilotar esses aviões? Não serão aviões da mesma geração que os Gripen que nós vamos adquirir. Eles estarão capacitados para operar esses aviões que serão emprestados? Quanto tempo de treinamento será necessário? Temos orçamento para isso, para esse período de treinamento?
Então, são questões eu gostaria de colocar, e já foram colocadas pelo nosso Presidente Ricardo Ferraço, mas eu gostaria de insistir ...
Quanto ao problema do chamado embargo, da possibilidade de embargo de componentes por parte de terceiros países, concordo com o Brigadeiro José Augusto Crepaldi Affonso, ou seja, que esse é um problema que poderá ocorrer, qualquer que seja a escolha (...)
11:11 ...problema que poderá ocorrer qualquer que seja a escolha. Aí o problema é nosso e nós é que temos que ter condições de fabricar os motores, desenvolver a nossa tecnologia. Aí se coloca uma questão que não é específica desse tema, que é a questão da continuidade dos nosso programas de capacitação, a continuidade dos investimentos na nossa defesa, nossa indústria de defesa, porque o que vejo é que a questão da defesa nacional é muito mal tratada pelo mundo político. Não temos aqui entre nós uma compreensão de que programas que levem à capacitação do nosso País para sua defesa e que gerem também subprodutos vitais para o desenvolvimento do mundo civil, digamos assim, exigem tempo, exigem continuidade, exigem equipes que se capacitem ao longo do tempo e não se faz isso de uma hora para outra. Aí a descontinuidade orçamentária é uma coisa dramática. Isso vale para o motor,vale para o avião, vale para o que for.
Essa é uma questão, meu caro Senador Ferraço, o senhor ainda vai ter este ano pela frente na comissão, acho que isso tinha que ser objeto de um grande acordo, um grande pacto nacional político. Não podemos permitir que este setor, assim como outros, mas alguns setores vitais para a vida brasileira fiquem sujeitos a esse tipo de oscilação. Não podemos viver de expediente dessa matéria.
Bem, agora voltando ao nosso caça, queria fazer algumas perguntas específicas. São 36 caças, se não me engano, que serão adquiridos. Eles são suficientes, na opinião dos senhores, para a dimensão de um país continental como o nosso?
O problema da autonomia de voo. Vi, perdoem–me mas se disseram não registrei, mas há crítica sobre a baixa autonomia de voo dessa aeronave. É possível compensar essa desvantagem, se desvantagem é real com a nossa, enfim, diante da nossa dimensão continental. Procede a informação de que nos novos caças não pousam em porta-aviões, refiro ao nosso São Paulo. E o gripen, aliás outra questão que já foi aliás respondida por um executivo sueco nas páginas amarelas, mas gostaria que os senhores pudessem dar mais elementos.
O fato de que o Gripen NG nunca participou de combate real foi apontado como uma desvantagem dessa aeronave. É ou não é uma desvantagem, como se compensaria isso?
São essas as perguntas que gostaria de fazer.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Adicionando às questões aqui apresentadas pelo Senador Aloysio Nunes Ferreira, a pergunta é a seguinte: o Gripen é um projeto ou já é uma realidade. É um projeto, é uma realidade e, em sendo uma realidade, com experiência em países da dimensão do país, porque há informação de uma operação em países com dimensão muito inferior à dimensão continental do nosso país. Isso tem a ver com o raio de alcance, com autonomia, com a necessidade e possibilidade desses equipamentos serem reabastecidos em voo.
Então, todas essas características asseguram à Força Aérea Brasileira a credibilidade e a reputação que a Força Aérea Brasileira está colocando nesta decisão, porque existem questões do tipo o novo modelo deve alcançar um raio de combate de 1300 Km quando armado com mísseis e tanque externo contra 800 Km originais do atual Gripen CD, que é um avião de quarta geração e o Gripen NG seria um avião de quinta geração.
De modo paralelo, o alcance do translado, aeronave desarmada, passaria de 3200 Km para 4000 Km. Sendo assim, especialistas opinam que esse alcance operacional seria inadequado para as dimensões continentais do Brasil. Especula-se mesmo que o foco dessa área seria atender países como o Brasil que, em razão de orçamentos militares pouco generosos, tenderiam privilegiar soluções mais baratas, ainda que menos... (...)
11:16 ainda que menos dissuasório. Como V. Sªs encaram essas avaliações de determinados segmentos?
O SR. JUNITI SAITO – Quanto ao raio de ação, foi falado aqui que raio de ação seria mínimo que nós pedimos foi de 300 milhas náuticas e raio de ação ataque ao solo seriam em torno de 500 milhas náuticas.
O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP) – Quanto vale uma milha náutica?
O SR. JUNITI SAITO – 1.8. Então, todas as três ofertantes atenderam a esse requisito. Quanto à capacidade de longo alcance, muito mais do que isso, só com reabastecedor aéreo. Podemos penetrar, podemos fazer uma missão de ataque ao solo a mais de 1.500 milhas com reabastecimento. Isso acontece com quase todos os aviões hoje em dia no mundo inteiro.
Só aumenta o raio de ação através do reabastecedor. Para isso mesmo que estamos empenhados nesse KC-390 como tático e também o outro reabastecedor estratégico que vamos chamar de KC-X2 que já está andando.
O Senador perguntou sobre essa decisão prolongada. Realmente em 2002 tínhamos decisão já pronta e que não foi tomada, já estava na mudança do governo. Em 2009, realmente chegou-se a se anunciar em setembro, mas alertamos o Presidente que o processo não estava encerrado ainda, tanto é que o relatório só saiu em janeiro de 2010, por quê? Diante disso, foi dado mais prazo para todos os três participantes apresentarem outras propostas, digamos assim, até uma data x, acho que foi em novembro.
Quando a Presidenta assumiu também prometeu tomar a decisão o mais breve possível, só que ela tomou agora em 2013. Agora, dentro de um processo desse tipo, seria interessante, como V. Exª falou, que as decisões viessem mais cedo, mas por questões econômicas, por questões de prioridade foi atrasando.
Quanto ao número de aviões que temos, temos hoje 43 aeronaves A1 de ataque ao solo, de extrema precisão; temos 57 F-5, para fazer a defesa aérea de todo o território, modernizados e equipados com equipamentos modernos...
O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP) – Ainda temos tempo pela frente.
O SR. JUNITI SAITO – O F-5, por exemplo, ainda vamos pensar em desativar a partir de 2025 e o A-1 a partir de 2030. Então, o ciclo de vida está assim delimitado.
Vamos adquirir agora 36 aeronaves e, com certeza, outras virão depois, para substituir F-5 e A-1, que serão desativados ao longo dos próximos 15 anos.
Quanto à vinda da aeronave sueca de quarta geração, que é o A, C e D, os pilotos não terão dificuldade, absolutamente.
O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP) – Pegar e sair.
O SR. JUNITI SAITO – Não é bem pegar e sair. É preciso fazer um curso, ter um mínimo de horas de voo, para ter uma capacidade operacional para operar esses aviões, porque não é simplesmente voar mas é preciso aplicar a plataforma como a plataforma de armas, mas isso não vai levar mais de um ano e já nesse ano...
aplicar
O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP) – Não há problema orçamentário para isso.
O SR. JUNITI SAITO – Então, já neste ano, o comando da força aérea sueca, embora o contrato ainda não esteja finalizado, ofereceu para que dois pilotos fossem agora em agosto e já começassem a fazer treinamento.
Então, quanto a isso o Senhor pode ficar tranquilo porque temos soluções, digamos assim.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Os equipamentos reabastecedores tem o cronograma combinado com aquisição, de modo que em 2018 quando os aviões começarem a ser distribuídos...




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82349 Mensagem por knigh7 » Ter Dez 25, 2018 2:53 am

(Continuação)


O SR. JUNITI SAITO – O que aconteceu? Temos 130 reabastecedores e tínhamos também o 707 reabastecedor cargueiro, só que em 2013 desativamos esse (...)
11:21 2013 nós desativamos esse reabastecedor, etc e etc, por problema de segurança.
Então, imediatamente iniciamos um processo para aquisição do reabastecedor estratégico, tanto transporte de tropa, como carga e reabastecedor. Duas empresas participaram, a Airbus, com o A330, e também... A Boing não quis participar, participou uma empresa israelense chamada IEI, para transformar o 767 em reabastecedor.
Concluímos a escolha e quem ganhou foi a IEI, com o 767. Estamos aguardando uma ordem do Governo para assinar o contrato.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – A expectativa é de que com a chegada dos Gripen NG, esses equipamentos reabastededores fundamentais para que eles possam cumprir as suas missões com autonomia e estejam também disponíveis?
O SR. JUNITI SAITO – Exatamente. E também KC 390, que a nossa Embraer está fabricando, que em 2016 deverá entrar na linha de produção.
Esse terá uma capacidade de carga, transporte de pessoas, e também de reabastecimento no ar.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – O Gripen NG pode ser reabastecido no ar?
O SR. JUNITI SAITO – Pode ser reabastecido nessas aeronaves.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Perfeito.
O SR. JUNITI SAITO – Não sei se respondi todas as questões...
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Senadora Ana Amélia, a palavra é de V. Exª.
Em seguida o Senador Eduardo Suplicy.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) – Eu, depois de dois especialistas, quase engenheiros aeronáuticos, o nosso Presidente Ricardo Ferraço e o Senador Aloysio Nunes Ferreira, resta-me poucas questões para falar, mas eu, como o Senador Aloysio, acho que todos os Senadores também, li a entrevista do Presidente da "Zob", como eles pronunciam, a Saab, mas eu antes queria Comandante, caro Brigadeiro, fazer um registro de que, como nós gaúchos somos muito bairristas e temos lá duas bases aéreas, Santa Maria e Canoas, e para a minha alegria a Embaixadora do Brasil na Suécia é a Embaixadora muito competente Leda Lúcia Camargo. Então ela teve envolvida, do ponto de vista da representação diplomática, no acompanhamento dos contatos do Governo Sueco, da Força Aérea Sueca, da Defesa Sueca, com a Força Aérea Brasileira.
Então era o registro que eu queria fazer.
E também queria fazer o registro de que um piloto gaúcho também de uma ONG, ou de uma agência de avaliação de aeronaves, da DefesaNet, Vianey Júnior, pilotou esse avião, esteve lá na Suécia fazendo esse teste e até me fez algumas sugestões que eu vou abordar.
Mas eu antes, em homenagem à Força Aérea Brasileira, e em função daquilo que o Senador Aloysio Nunes Ferreira mencionou aqui sobre a questão orçamentária, Senador Suplicy, a questão orçamentária que nós estamos num ousado projeto que não é apenas de defesa, eu penso que a absorção tecnológica numa área tão refinada e tão especializada quanto essa dá ao Brasil um salto de qualidade e de acesso à tecnologia no desenvolvimento industrial e econômico do País que é incalculável.
Nós não temos a dimensão ainda de quando esse projeto estiver plenamente em execução.
Então o ganho para a economia brasileira, para a tecnologia e a ciência brasileira, são incalculáveis neste momento.
Então eu queria, penso que não podemos encarar apenas a questão da defesa, o avião perseguir o inimigo ou se defender, ele tem que ser visto num conjunto do programa e da estratégia brasileira de desenvolvimento tecnológico e industrial. Mas em homenagem à Força Aérea Brasileira, eu vou ler aqui apenas uma resposta que deu o Hakan Buskhe, que é o Presidente hoje da Saab, um executivo de apenas 50 anos, ele disse o seguinte, indagado depois do que aconteceu em 2009, que devia ser o Rafali: O senhor diria que o Governo da Preisdente Dilma Roussef adotou outra abordagem no que diz respeito à compras dos caças?
A resposta dele, e aí por isso faço o registro textual da declaração dele: Só posso afirmar que a Força Aérea Brasileira sempre se comportou como uma organização extremamente profissional. Jamais deixou de mostrar transparência e isenção nas nossas trocas de informações, ainda que o (...)
11:26 trocas de informações, ainda que o processo de escolha tenha sido longo, em nenhum momento, por exemplo, nós percebemos que éramos o nº 1 ou nº 3, na preferência dos oficiais e eles fizeram um belo trabalho em não deixar vazar informações como essas.
Notamos é claro que tínhamos uma boa avaliação, mas a condição de favoritos não veio à tona até a escolha final ser feita, a força aérea do seu país foi muito habilidosa.
Então, eu faço esse registro aqui como Senadora que tem na instituição um grande respeito pelo profissionalismo.
Eu vou agora a questão aqui usando a contribuição Vianey Júnior, que é o Editor Chefe da Avaliação de Aeronaves que esteve lá em Estocolmo, na unidade da Gripen, ele disse que a produção das 36 aeronaves a serem compradas pelo Brasil dar-se à com a participação de várias empresas brasileiras, em tese, 80% do avião construído aqui.
A confecção do contrato vai ser finalizado no dia 18 de dezembro de 2014, e vai exigir um criterioso projeto e uma sábia discussão. Muito a ser discutido no momento em que o foi oferecido nas propostas possa migrar de forma real e concreto para um contrato que resguarde os interesses nacionais e respeite prazos e qualidades prometidos.
É razoável compreender a natural competição. E ai falo de novo como gaúcha.
Entre os municípios presentes ao redor da conclusão do processo contratual onde algumas cidades pleiteiam a instalação das partes de linha de montagem e ou a produção nas suas municipalidades busca da criação de postos qualificados de empregos e geração de rendas.
Então, quero dizer que o Rio Grande do Sul está inscrito nesse programa ai, quero uma atenção e gostaria de receber.
Qual é efetivamente, Comandante, o Plano de Desenvolvimento do Gripen? Se já foi explicado aqui, eu queria até pedir desculpas aos senhores, por não ter chegado no começo, porque eu estava presidindo na Comissão de Agricultura, um matéria séria que fiquei muito preocupada com o apagão de energia que está acontecendo e afetando pesadamente o setor agropecuário brasileiro. Então, por isso o meu atraso.
Qual é efetivamente o Plano de Desenvolvimento do Gripen NG.? Nós teremos as primeiras unidades montadas na Europa, com a participação de técnicos brasileiros ou serão montadas desde o início aqui no Brasil com o desenvolvimento de uma estrutura isso em território brasileiro? Quais são as expectativas orçamentárias que o Senador Aloysio já abordou para esta tarefa?
A outra questão.
Por ser o menor dentre os três concorrentes finais aqui já se abordou também um pouco da questão da autonomia de voo e como ele é um dos três concorrentes finais, o único moto turbinado. O Gripen teria capacidade de menor quantidade de combustível na aeronave. O que poderia comprometer a autonomia já referida aqui nas duas perguntas dos dois senadores.
Como será concebida essa capacidade de combustível diante da também referida dimensão continental do Brasil bem distintas da Suécia, que é um país pequeno territorialmente falando. Para alcançar todo o território nacional seria necessário o reabastecimento em voo, também já mencionado. Como é o planejamento da Força Aérea Brasileira no que concerne a essa particularidade educacional.
A outra questão é, há expectativa de produção de uma versão naval? Também se falou aqui do Gripen NG. O Projeto FX-2 englobaria também essa necessidade ou será preciso um novo acordo ou um novo contato para concepção e a produção de aeronave – o Senador Aloysio falou isso – para o nosso navio para o nosso navio Aeródromo São Paulo e para a nossa aviação em geral e também aqui uma vez que se pretende montar as unidades do Gripen NG em território brasileiro a expectativa de produção para aqui para exportação, por exemplo, a País Sul americanos, quais seriam os mercados mais imediatamente interessados nessa... Porque é também uma aposta da própria sueca que detém a tecnologia.
O Gripen NG será uma aeronave capaz de concorrer internacional dadas a todas as características que aqui foram expostas pelos senhores? Quais mercados poderiam ser alcançados para exportação de aeronaves brasileiras exceto a região latino americana?
Muito obrigada.
O SR. JUNITI SAITO – Eu tenho aqui umas perguntas, mas mão sei se eu...
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Ficou aqui no caminho, Brigadeiro, me permita a interrupção, o Gripen NG é um projeto? É um protótipo? Já é uma realidade? Ele atua em algum país da dimensão continental do nosso país? Essa pergunta ficou e eu gostaria que V. Sª pudesse abordar esse tema.
O SR. JUNITI SAITO – Pois não! Vou responder aqui. s (...)
11:31 ...abordar esse tema.
O SR. JUNITI SAITO – O Gripen NG tem só uma prova conceitual. Eles pegaram o Gripen D, biplace, e o transformaram da seguinte forma: trocaram a posição do trem de pouso. O Gripen D recolhe na fuselagem. O Gripen NG, conceitual, recolhe na asa. No espaço onde estava o trem de pouso eles aumentaram, colocaram mais tanques de combustível e reforçaram a estrutura do trem.
Então, ele está voando. Já tem quase 250 horas de vôo.
O que eu quero dizer é que o Gripen NG vai sair protótipo ainda. Provavelmente no ano que vem. Porém, o Gripen NG é um um derivativo do Gripen C e D. É igual o Super Hornet é um avião que derivou do F18 Hornet. Então, quanto a gargalo tecnológico, isso praticamente não existe.
Eles trocaram o motor, deram mais potência. A senhora que o nosso companheiro voou o Gripen. Eu também voei o Gripen. Mas isso foi em 97. Eu voei o Gripen B lá.
Então, quanto a essa preocupação de o avião não ter... de ser desenvolvido, eu acho que não é problema, e sim solução para uma país que quer se capacitar como o Brasil é uma solução: nós desenvolvermos junto com eles, aprendermos e recebermos transferência de tecnologia, fazendo juntos.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – E quanto à questão de ele ser um equipamento adequado e apropriado para países com pequena dimensão territorial, diferentemente da nossa realidade?
O SR. JUNITI SAITO – Não tenha dúvida, Senador, de que tudo isso foi analisado. Os três aviões atenderam o nosso requisito, que foi feito pelo Estado maior. De maneira que ele atende perfeitamente as nossas necessidades.
Agora, a versão naval.
Existe, sim, a preocupação da Marinha em tentar, com essa decisão do Governo de comprar o Gripen NG, de tentar desenvolver uma versão naval, que necessita de alguns recursos em um Gripen normal, como o trem de pouso para pouso em porta-aviões, com uma estrutura mais robusta. Há aquela posição de gancho pelo que tem de ser reforçada a estrutura do avião. Mas os suecos dizem que podem ajudar também no desenvolvimento desse tipo de versão naval.
De maneira que a Marinha está sendo convidada junto com a Comissão para tentar discutir esse assunto também.
Quanto ao mercado. Isso está na proposta. O mercado sul-americano e outros mercados como a África e também onde o Brasil tem penetração.
Isso está na proposta da Saab. Quarenta por cento de todo desenvolvimento é do Brasil, sendo que 80% da estrutura, inclusive com material composto, serão fabricados aqui no Brasil.
O fato de ser monoturbina tem vantagens e desvantagens. As vantagens seriam, do ponto de vista de alvo, de ser menos detectável. Com só uma turbina seria menos detectável.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) – Rastreabilidade pelo inimigo?
O SR. JUNITI SAITO – Sim.
As desvantagens seriam, pelo fato de só ter uma turbina, que se ocorrer a perda da turbina o piloto tem de se ejetar. Mas para isso o Gripen tem vários equipamentos – a guerra eletrônica – que faz com que...
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) – Compensam essa deficiência.
O SR. JUNITI SAITO – Sim, compensa isso.
Ele não é uma aeronave de 5ª geração, como todos pensam. É uma aeronave, como diz o nosso Brigadeiro Crepaldi, com todas essas inovações tecnológicas, poderia ser considerada uma aeronave 4.6 em termos de geração.
O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP) – O senhor poderia explicar melhor o que é essa questão de 4ª geração, 5ª geração e 4.6?
O SR. JUNITI SAITO – Está bem. Para chegar à 5ª geração, hoje considerando... (...)
11:36 hoje considerando a aeronave de quinta geração, só quem tem essa aeronave hoje voando efetivamente são os Estados Unidos. Eles têm um avião chamado F-22, o qual o radar não pega por geometria, nem por pintura, mas os Estados Unidos não vendem para ninguém esse avião.
Há um outro avião que saiu agora, esse é para mercado internacional, que é o F-35, um avião menor ainda que tem essa capacidade; é americano também. Eu soube que os russos também estão desenvolvendo uma aeronave de quinta geração; é uma tecnologia muito avançada que despende mais uma decisão política de um país do que, eu diria, ganho tecnológico, porque é uma aeronave bastante sofisticada.
O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP) – E como é que está a China nessa competição da alta tecnologia?
O SR. JUNITI SAITO – A China também está pretendendo desenvolver uma aeronave de quinta geração. Não sei se eu respondi a todas as perguntas, nobre Senadora. Quanto ao orçamento, realmente é importante que haja uma cronologia de desembolsos. No caso, por exemplo, do KC-390, que está em desenvolvimento e que precisa cumprir o cronograma, porque no mercado externo tem muita gente querendo entrar nesse tipo de avião, o Governo tem, através do PAC, mantido o desembolso regularmente.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) – Comandante, a minha preocupação orçamentária é porque esse projeto é um contrato internacional e aí não há possibilidade de fazer contingenciamento. Então, a minha preocupação é com o orçamento hoje do custeio, dos investimentos, do orçamento anual que tem a Força Aérea Brasileira, como o Exército e também a Marinha. Por isso me preocupo, porque há projetos muito importantes que nós desenvolvemos, Sisfron, Sivam, e todos os outros que precisam, não podem ficar descobertos, e orçamento é essencial.
Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Agora, não há necessidade de desembolso financeiro para aquisição desses equipamentos tanto no orçamento de 2014, como de 2015 e de 2016. Procede a informação de que, assim que nós recebermos o último equipamento, portanto, o 36º, é que nós, governo brasileiro, iniciemos o pagamento? Então, esse pagamento está programado para ser iniciado quando, para deixar um pouco clara a preocupação desta Comissão com relação à continuidade deste importante projeto, não apenas do ponto de vista da defesa, mas, sobretudo, do ponto de vista também tão importante da transferência de tecnologia? Até considerando que a incorporação de tecnologia nesse campo é dual, ele terá ganhos nessa área, mas terá ganhos também em um campo muito vasto do relacionamento humano, nunca se esquecendo que tecnologias como a da internet saíram da indústria da defesa e que, ao longo desse processo, muitos ganhos podem ser incorporados.
Como é que V.S. poderia nos assegurar que esse tipo de projeto não tem solução de continuidade em relação aos constantes contingenciamentos a que nós assistimos no orçamento público brasileiro, podendo colocar em risco programas, como disse aqui a Senadora Ana Amélia, que têm dimensão internacional?
O SR. JUNITI SAITO – Bom, nós estávamos agora discutindo o contrato...
O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP) – Depende um pouquinho de nós também, não é. Porque aqui o Congresso se mobilizou febrilmente para impor uma regra constitucional do orçamento impositivo nas emendas parlamentares individuais. Então, depende muito também da ressonância desse tema no mundo político, e aí a nossa Comissão tem uma papel primordial.
O SR. JUNITI SAITO – Esse aspecto da cronologia do desembolso neste momento está sendo discutido no contrato, porque nós podemos ter duas opções: há o financiamento, a FAB já ofereceu o financiamento, e tem-se que conversar com o Tesouro, com a Fazenda e com o Planejamento para ver se eles querem colocar no financiamento externo ou querem bancar através de fonte sendo o Tesouro Nacional.
Então, tudo isso está sendo discutido neste momento de tal maneira que o desembolso de recursos seja compatível com o nosso orçamento também.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Mas é o desembolso que está previsto para começar a acontecer em que exercício orçamentário?
O SR. JUNITI SAITO – Dentro do financiamento proposto, nosso desembolso mesmo, em moeda, seria depois de receber a última aeronave.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Em 2023... (...)
11:41 a última aeronave.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Em 2023.
O SR. JUNITI SAITO – Seis meses depois, oito meses depois dessa última aeronave, nós teríamos que pagar o financiamento.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Perfeito.
Senador Eduardo Suplicy.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – Prezado Comandante da Aeronáutica Juniti Saito e Brigadeiro do Ar José Augusto Crepaldi Affonso, os meus colegas Ricardo Ferraço, Aloysio Nunes e Ana Amélia já fizeram tantas perguntas e grande parte do que eu também iria perguntar, mas quero primeiro enaltecer a maneira como a Aeronáutica e o Ministério da Defesa, nos seus procedimentos aqui, colocaram-se sempre com tanta transparência. Certamente acredito que as três grandes empresas internacionais que participaram desse processo de licitação longo respeitaram muito a decisão que foi tomada pelo Governo e a maneira como tudo aconteceu.
Eu gostaria de primeiro... Na exposição do Brigadeiro José Augusto Crepaldi Affonso, ele começou com a exposição de um primeiro modelo inicial. Ele quis poupar o Brigadeiro Saito de dizer quando começou, mas eu acho que seria interessante para nós se pudesse informar qual foi o modelo e qual foi o ano em que começou a existir aquele modelo. Acho que é uma informação relevante para todos nós.
No início da apresentação, ele mostrou o primeiro modelo construído e desenvolvido no Brasil, mas eu queria que ele falasse qual o nome do modelo e qual foi aquele ano em que, pela primeira vez... Não sei se foi o primeiro ano em que o Brigadeiro Saito pilotou o avião.
O SR. JUNITI SAITO – Posso responder, Senador, agora. Então, eu, no ano de 1970, era tenente e saí de Porto Alegre para dar instrução em Natal. Naquela época, a instrução, lá em Natal, estava sendo feita pelo T-23, que chamávamos de Uirapuru.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – Uirapuru.
O SR. JUNITI SAITO – Era o avião básico para começar a aprender a pilotar ali mesmo. Eu fiz o curso rapidamente, porque eu já tinha bastante experiência de voo, e fui ser instrutor dessa máquina lá, em 1970.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – Muito bem.
Também me chamou a curiosidade de como se chega aos 22 milhões de quilômetros quadrados sob a responsabilidade da Aeronáutica, porque afinal a área do Brasil é de aproximadamente 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Então, esses 22 milhões abrangem que áreas, seja dos nossos vizinhos por área doméstica, seja do Oceano Atlântico? Eu agradeço por nos informar.
O SR. JUNITI SAITO – Posso responder, Senador. São 8,5 milhões de quilômetros quadrados do nosso território, mais 4,5 milhões de quilômetros quadrados da nossa zona exclusiva e nós vamos até o Meridiano 10 graus para efeito do controle do espaço aéreo, prestação de serviço de controle e também de busca e salvamento. Esse é um acordo internacional que nós temos, que o Governo brasileiro firmou junto aos organismos internacionais, como a Ical.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – Poderia só explicar bem como é que se... Por exemplo, no Oceano Atlântico vai a quantas milhas ou quilômetros aproximadamente?
O SR. JUNITI SAITO – Bom, eu sei que nós fazemos essas buscas com C-130. E também agora com a vinda do P-3, que está sediado na Base Aérea de Manaus e que tem 16 horas de autonomia, nós fazemos esse apoio de busca e salvamento.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – Pois não. Com respeito à questão do emprego, se puder nos dizer, nesse projeto que, conforme explicaram, vai gerar possibilidade de produção com grande desenvolvimento tecnológico no Brasil, está se prevendo (...)
11:46 no Brasil. Está-se prevendo uma geração de empregos, seja ali na Embraer, seja em São Bernardo do Campo, seja lá em Porto Alegre. Se puder nos dizer qual a possibilidade de geração de empregos e, relacionado a isso, em que medida vai-se fazer necessário o treinamento das pessoas que vão trabalhar nessa área, sejam aqueles que serão engenheiros, que serão trabalhadores especializados. Se puder nos dar uma informação a respeito disso, acho que é muito relevante, por favor.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Antes da pergunta que faz o Senador Eduardo Suplicy – tem a ver com essa pergunta – eu gostaria muito de ouvir a opinião de V. Sª.
Sabe-se que a Embraer, principal indústria aeronáutica do País, assinou acordo de cooperação com as três finalistas do processo de seleção do projeto FX-2. No caso da opção pelo Gripen NG, deduz-se que a Embraer seja, portanto, natural, a principal parceira da Saab no fornecimento e na construção desses caças.
Entretanto, não se sabe o grau de magnitude dessa parceria. Existem especulações sobre o papel que poderá ter a planta industrial prevista pela empresa sueca em São Bernardo do Campo, onde sugeriria um novo polo aeroespacial semelhante ao polo de São José dos Campos. Foi noticiado inclusive que a planta do ABC Paulista, orçada em US$150 milhões poderá fabricar aeroestruturas de caça que depois seriam enviadas para montagem na unidade da Embraer, em Gavião Peixoto.
Como se dá na visão de V. Sªs essa diversificação? Por que não concentrar tudo em Gavião Peixoto? Essa diversificação é necessária? É importante? Isso significa dispersão de energia? Isso significa influência política numa decisão como essa? Qual é a avaliação de V. Sª sobre essas decisões que são da Embraer, naturalmente, com a Saab? Mas a avaliação de V. Sªs.
O SR. JUNITI SAITO – Bem, Senador, quanto a isso, a Saab, junto com outras indústrias brasileiras, vai colocar em São Bernardo fábricas de estruturas, não é para pegar essa estrutura e montar um avião lá em São Bernardo
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Não seria mais prático montar isso em Gavião Peixoto, onde a Embraer já tem as suas instalações?
O SR. JUNITI SAITO – Não, mas ali é há, é só... Em Gavião Peixoto não há fábricas de estruturas. São vários componentes que chegam de vários lugares, a Embraer monta e integra todo o sistema lá em Gavião Peixoto de aeronaves militares; de aeronaves civis, em São José dos Campos.
Então, há muita especulação sobre isso, mas posso garantir ao senhor que São Bernardo fabricará componentes, isto é, estruturas de avião, e a Embraer vai montar essas estruturas em Gavião Peixoto, não só estrutura, mas toda parte de aviônica e todos componentes do avião...
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Para integrar todos os...
O SR. JUNITI SAITO – Integrar tudo lá em Gavião Peixoto. Então, isso é o que está sendo... Não é nem imposto, isso é natural. Não vamos colocar uma outra fábrica de aviões em Gavião Peixoto.
Quanto ao problema que o nosso Senador perguntou sobre...
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – Os empregos e a formação das pessoas.
O SR. JUNITI SAITO – Esses dados foram colhidos junto às empresas da indústria aeroespacial.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – Sim.
O SR. JUNITI SAITO – Então, há uma perspectiva de criação entre dois e três mil postos de empregos diretos e algo em torno de 22 mil empregos indiretos. Esses são os números que temos fornecidos pelas indústrias aeroespaciais.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – E se teria a ideia da necessidade de formação especializada para essas pessoas que vão trabalhar e em que níveis?
O SR. JUNITI SAITO – Sim, há pessoas especializadas e há pessoas que serão especializadas. Naturalmente, é um projeto novo, mas são pessoas que já têm experiência nessa área.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – Eu agradeço. Também, se puder nos informar, foi referida a questão da importância no Orçamento... Qual seria o valor do projeto da construção dos 36 aviões Gripens em relação ao Orçamento total da Aeronáutica e da Defesa para que tenhamos uma ideia disso (...) (...)
11:51 orçamento total da Aeronáutica e da Defesa, para que tenhamos uma ideia disso no orçamento brasileiro.
O SR. JUNITI SAITO – Essa é uma discussão que está sendo feita para escalonamento de pagamento desse negócio. Mas acredito que fica em torno de 500 milhões por ano o desembolso.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – Ao longo de quantos anos?
O SR. JUNITI SAITO – Ao longo de seis, sete, nove anos.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – E isso em relação ao valor dos gastos anuais, por exemplo, do orçamento da Aeronáutica, só para ter uma ideia?
O SR. JUNITI SAITO – Isso representaria, digamos, menos de 10%.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – Eu gostaria de fazer uma pergunta sobre algo que o Senador Jorge Viana comentou aqui antes de precisar sair. Ainda hoje cedo, pela Rádio CBN, ouvi que aviões da FAB, não sei se um ou mais, estão se deslocando para Rondônia e Acre. Os Senadores de Rondônia e Acre não estão aqui neste momento, muitos se preocupando lá com a situação. Eu gostaria de fazer uma pergunta, inclusive enaltecer a contribuição da FAB nesse esforço, diante daquilo que nos falou o Senador Jorge Viana sobre as inundações e dificuldades que estão havendo ali nesses dois Estados que merecem a solidariedade de todos nós. Portanto, se puder nos falar uma palavra de como a FAB está se mobilizando para agir em atenção à população daqueles Estados tão atingidos pelas fortes chuvas, acho que seria importante.
O SR. JUNITI SAITO – Nós temos um C-130 na área, lá em Porto Velho, mas a estrada não está totalmente bloqueada ainda. Agora mesmo a Defesa Civil de Rondônia pediu para transportar barracas do Rio de Janeiro para lá. Então estão mobilizando aeronaves para isso. E também levamos aqui de Brasília em torno de 30 a 40 bombeiros para ajudar a Defesa Civil lá em Rondônia, em Porto Velho.
Essas são ajudas que no momento parece que estão adequadas, digamos assim.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Brigadeiro, do ponto de vista objetivo, o que foi oferecido pela Saab em termos de transferência de tecnologia que não foi oferecido pelas concorrentes que na avaliação da Força Aérea Brasileira foi decisivo? O que foi oferecido pela Saab que não foi oferecido pelas demais? Quais são as diferenças básicas e fundamentais das propostas em que pese a transferência de tecnologia?
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Não sei se o senhor se lembra de um eslaide que colocamos sobre aquela filosofia de domínio do conhecimento tecnológico, mas essa oferta da Saab, considerando a possibilidade de participação no desenvolvimento – porque nós dividimos as competências e a capacidade de aplicar aquelas competências, os conhecimentos –, dentro dessa filosofia, era interessante, porque eu teria os conhecimentos – e complemento um pouco a pergunta do Senador Eduardo Suplicy no que se refere a treinamento de pessoal e de capacitação – naquelas áreas específicas em que a indústria nacional determinou que precisaria haver conhecimento e aplicar aquilo. Então esse seria o grande diferencial.
Além disso, o acesso irrestrito aos dados das versões anteriores da aeronave. Quer dizer, o senhor tem a possibilidade de acessar esses dados para efeito de conhecimento tecnológico e aplicação dessas competências, e, por último, a garantia contratual da propriedade intelectual. No último estágio, se o senhor detém a propriedade intelectual, o senhor faz o que o senhor quer com o seu projeto. E é isso o que o Brigadeiro Saito já colocou, a capacidade de eu atuar no software da aeronave. Hoje a gente acompanha essa questão da defesa cibernética que, a cada dia, vai tomando uma proporção, seja em que aspecto o senhor considere. Então a gente deter essa capacidade do software é muito importante.
Agora, as outras ofertas também eram muito boas, e acho que se tem que deixar claro. (...)
11:56 eram muito boas. Eu acho que se tem que deixar claro. E vou pedir autorização para o senhor, eu digo para o senhor: as duas outras ofertas eram excelentes também. Elas cumpriam os requisitos. Como eles participam de outros processos pelo mundo afora, o que ofereceram especificamente – eu prefiro, para não prejudicar essas outras empresas –, eu posso dizer para o senhor, também atendia. Agora, o diferencial foi basicamente isso que eu coloquei para o senhor.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Basicamente, o acesso ao código-fonte.
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Exatamente.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – O que significa dizer que, se nós, brasileiros, no tempo, nos apropriarmos de tecnologia, nós podemos entrar na estrutura do desenvolvimento desse equipamento e agregar expertise, especialidades, coisas que possam atender a nossa realidade. É isso?
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Exatamente.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Isso não foi oferecido pelos concorrentes da Saab.
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Foi oferecido, mas num grau um pouco menor no que se refere...
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Eu vou fazer uma pergunta objetiva, me permita.
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Pois não.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – A Saab ofereceu acesso ao código fonte.
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Isso.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – A Boeing e a Dassault ofereceram esse mesmo nível de acesso?
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Não. O mesmo nível, não.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – O.k. Eu acho que é basicamente isso. Quero consultar aqui os meus colegas, o Senador Aloysio, o Senador Eduardo Suplicy, a Senadora Ana Amélia. Algum questionamento? Alguma pergunta?
Queremos agradecer muito as presenças do Tenente-Brigadeiro-do-Ar, Comandante da Aeronáutica, o honrado Oficial da Força Aérea Brasileira Juniti Saito; de igual forma, o Brigadeiro Crepaldi, pela presença, pela honra de terem compartilhado com a Comissão de Defesa do Senado Federal essas indagações, esses questionamentos que fazem parte do nosso ofício, do nosso trabalho.
Evidentemente, entre o anúncio e a consolidação da assinatura do contrato, existe uma distância grande. Existem promessas que nós queremos ver cumpridas na assinatura do contrato relacionadas a essas questões de transferência de tecnologia, e não apenas isso, também as chamadas compensações, que são o offset direto ou o indireto.
A última pergunta que faço, para terminar, é a seguinte: quais foram as diferenças fundamentais do offset da Saab para as concorrentes? O que ofereceu, sendo o offset uma compensação natural, que tem um peso – creio – importante numa decisão como essa? Qual foi a diferença básica que V. Sª...
O SR. JUNITI SAITO – Eu posso dizer, Senador, o que a Saab ofereceu: 170% de offset do valor do contrato.
O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Minoria/PSDB - SP. Fora do microfone.) – Poderia dizer o que é offset?
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – São compensações pela decisão que o país adota em relação àquele equipamento. Então, em relação à aquisição do equipamento, a empresa oferece um conjunto de compensações, que o nosso Comandante está definindo como 170% sobre os US$4,5 bilhões. E como se define, como se desdobra – porque 170% de US$4,5 bilhões são outros US$6 bilhões – a aplicação desses US$6 bilhões?
O SR. JUNITI SAITO – Esse offset naturalmente depende do peso da transferência de tecnologia de um determinado componente. Isso é calculado de acordo com os critérios que a comissão tem lá, você poderia explicar melhor, mas vamos supor: esse item vale 500, então, é 500. Não. Esse item vale 500, mas dada a importância dessa tecnologia, tem que ter um peso de quatro. Então, é assim que é calculado.
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Só para explicar para o Senador Aloysio Nunes Ferreira, existe a Portaria nº 764, do Ministério da Defesa, que determina que toda importação de bem ou serviço de natureza de defesa demanda uma compensação em função dessa importação desse bem ou serviço, seja compensação comercial, industrial ou tecnológica. A Força Aérea, por tradição, se forca na compensação tecnológica e industrial.
Então, foi isso que o Senador perguntou. Da mesma maneira, quando a gente colocou o pedido de oferta, foram muito claros os critérios: eu quero projetos de offset na área de transferência de tecnologia e de cooperação industrial, nas áreas seguintes. E, para cada área daquela, a gente valora: é importante para mim ter uma tecnologia no que se refere a fibra de carbono. Então, aquela valoração, naquele projeto, passa a ter um valor cinco, que foi a que o Brigadeiro fez referência. (...)
12:01 ...sim, porque foi ao que o Brigadeiro Saito fez referência. Então, computando depois todos os projetos, a partir dessa avaliação numérica, chegamos a esse número de cento e tantos por cento, que o Brigadeiro Saito informou ao Senador Ricardo Ferraço, que é um acordo em separado, que, para nós, é tratado como um contrato administrativo e é cobrado exatamente como contrato administrativo, com as penalidades previstas na lei.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Ou seja, toda configuração do F-7 é contratual.
O SR. JOSÉ AUGUSTO CREPALDI AFFONSO – Sim, senhor, é um contrato administrativo com garantia financeira, nos moldes da Lei nº 866, e com sanções administrativas, conforme os artigos da 866. Então, é uma ferramenta, nós aplicamos isso já há muito tempo porque, se a empresa não cumpre o off-set, ela é penalizada financeiramente em seu não cumprimento.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Evidentemente que a nossa energia e as nossas preocupações estarão depositadas agora em cima das tratativas que a Força Aérea Brasileira, que o Comando da Aeronáutica, estará fazendo com a empresa vencedora para que tudo que foi anunciado possa estar efetivamente detalhado e formalizado no contrato. O que vale é o contrato. De modo objetivo é isso, preto no branco, como diz aqui o Senador Aloysio Nunes Ferreira, e a Comissão, evidentemente, continuará acompanhando e contando com os préstimos, a boa vontade e a frequente disponibilidade da Força Aérea Brasileira para que nós possamos somar esforços na direção de ver esse projeto e oferecer os melhores resultados para a Força Aérea, o que significa oferecer os melhores resultados para a população brasileira.
Passo a palavra a V. Sª para a manifestação final.
O SR. JUNITI SAITO – Sr. Presidente, só tenho palavra de agradecimento por esta oportunidade de expor um assunto tão importante para a Força Aérea, mas também para a sociedade brasileira e principalmente para nossos Parlamentares. A maneira como o senhor conduziu deixou bem claro, acho que nós podemos expor com bastante transparência tudo aquilo que envolve esse programa.
Quero só finalizar dizendo o seguinte, que as três empresas sempre elogiaram a maneira profissional, transparente e ética com que a nossa Comissão conduziu esse assunto ao longo desses anos aí. É um motivo de orgulho, inclusive a Senadora Ana Amélia mencionou as palavras do Presidente da Saab, é exatamente como o nosso pessoal procedeu nesse assunto. E quero deixar claro e ao dispor da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, no momento em que for preciso algum esclarecimento, estaremos prontos a esclarecer, ao longo do ano, durante a discussão do contrato. O senhor pode estar certo de que o nosso pessoal é muito competente, há pessoas extremamente competentes e que vamos cobrar cada linha do que foi proposto.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Nós agradecemos muito a V. Sª e o cumprimentamos pelo trabalho exitoso e extraordinário que faz à frente da nossa Aeronáutica.
Muito obrigado.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Antes de encerrar a reunião, pela ordem, Senador Eduardo Suplicy.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco Apoio Governo/PT - SP) – Quero entregar o relatório da viagem que o Senador Valdir Raupp e os Deputados Ivan Valente e Edson Santos fizemos ao Irã na semana passada e agradeceria se depois puder verificar a possibilidade de marcar audiência com a Ministra Maria do Rosário, se possível em março, em consonância com a Senadora Ana Rita, Presidente da CDH, que disse que está disposta a marcar.
É só.
O SR. PRESIDENTE (Ricardo Ferraço. Bloco Maioria/PMDB - ES) – Agradeço a V. Exª.
Está encerrada a reunião.
(Iniciada às 10 horas e 07 minutos, a reunião é encerrada às 12 horas e 05 minutos.)
http://www.senado.gov.br/atividade/comi ... sp?cr=2304




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Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2: GRIPEN NG

#82350 Mensagem por knigh7 » Ter Dez 25, 2018 3:26 am





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