Bueno, 2,5 vezes me parece um enorme exagero, começando com o FATO de ninguém - nem a SAAB - ter testado a aeronave com cargas externas até achar o limite, assim, especula-se no vazio. Sobre o Rafale é declarado ter capacidade para até umas 9,5 tons de carga externa e ele já está voando faz muitos anos. Esta alegação, no entanto,
não demonstra o que as viúvas tentam em vão (e, esclarecendo que
não te vejo como uma delas, vamos a um debate que não lembro de ter participado) e que parece ser algo do tipo "o Rafale
pode decolar para todas as Missões com 9,5 tons de pods, munição e combustível e mesmo assim ir mais longe que o Gripen E". Em que pese o desconhecimento geral sobre o que o Gripen E pode
RÁ ou não fazer, vamos complicar um pouco mais e trazer um
terceiro contendor para a arena do Super Trunfo: claro, o FLANKER 35!
Partamos de uma premissa básica: poder fazer não significa que
realmente se irá fazer. Qualquer aeronave que decole sempre com sua carga máxima terá uma vida útil estrutural e de propulsão muito menor do que outra que decole apenas com uma fração variável do máximo. Isso vale para Gripen, Rafale e um pouco menos para o Flanker, que é, na prática, de outra classe (grande pra burro!). A rigor, os três são de classe diferentes, no que diz respeito à configuração e potência da propulsão (uma turbina média para o Gripen E, duas médio-pequenas para o Rafale e duas enormes para o FLANKER), modernidade dos sensores e EW (a Dassault admite que o SPECTRE precisa ser atualizado), consciência situacional (pouco se sabe sobre as capacidades de data-link dos Franceses e Russos, já dos Suecos é universalmente reconhecido que estão - sempre estiveram - à frente), a qual inclui o WAD, que já está no "mapa" do Gripen enquanto nunca vi menção disso a Rafale e FLANKER e agilidade no
turnaround. De qualquer modo, minha opinião (partindo de uma missão que
todos possam realizar, desde que com as cargas devidamente ensaiadas e integradas e exatamente iguais, no que seria uma missão de ataque com um par de KEPD 350, que vai ficar ali por umas 3 tons; um par de Meteor, com mais ou menos 0,38 ton e outro de Iris-T, que acrescentarão cerca de 0,18 ton e finalizando com um pod Litening de cerca de 0,21 ton. A carga total vai ficar em umas 3,77 tons; com os pilones para isso, arredondemos para 4 tons, tri?) é:
A PARTIDA - Dos três, e por ser o menor e com menos potência disponível, o Gripen será o mais penalizado em peso, distância de decolagem e desempenho geral. Ainda terá que decolar (considerando condições iguais, a pista será a mesma para todos) consumindo mais combustível já que, com menor potência disponível, é provável que terá de usar mais pista porque, mesmo não sabendo qual será sua carga máxima, podemos inferir com segurança que vai estar mais perto do seu limite do que os outros dois;
O VOO - Consideremos a fração de combustível de cada um: supostos 0,3 para o Gripen, 0,32 para o Rafale e 0,37 para o FLANKER (mas estes dados se referem a uma configuração mais leve, claro). Isso provavelmente nos levaria a uma conclusão com margem potencial para grande
imprecisão, ou seja, que o FLANKER iria mais longe, seguido pelo Rafale e com o Gripen no fim da fila. Mas lembremos: os ianques desenvolvem turbinas para caças (desde a J-52 dos Skyhawks) com ênfase no melhor balanço possível entre potência, consumo, peso e tamanho; os Franceses focavam em potência e consumo, sem esquentar com peso e tamanho (basta comparar o que aconteceu quando os Israelenses foram botar J-52 em Mistére e J-79 em Mirage III: em relação às turbinas anteriores sobrou espaço, sobrou peso e o alcance aumentou), até desenvolverem a M-88, uma das menores turbinas empregadas operacionalmente em caças modernos, se não for a própria: focaram então em tamanho, peso e consumo, sendo a potência deixada em segundo plano (afinal, iam usar duas mesmo); já os Russos parecem focar apenas em potência, durabilidade (ficou feio pra eles quando foi demonstrado que as pequenas RD-33 dos antigos MiG-29 mal aguentavam 300 horas) e confiabilidade (foco dos outros dois também), ficando o peso e consumo diluído no enorme tamanho dos caças que, por consequência, permite maior capacidade interna de combustível.
OBS - Considerando à primeira vista que o Gripen possivelmente foi que precisou consumir (percentualmente) mais combustível para chegar à altitude de cruzeiro com tanta carga, precisaríamos de acesso confiável ao consumo específico dos propulsores
nas aeronaves em que estão instalados para verificar se a matemática está certa. Mas não me parece que esteja tão errada, no fim das contas, pois enquanto os maiores decolaram com cerca de 1/3 de sua capacidade e o Gripen provavelmente fica pelo menos bem perto dos 2/3 (considerando-se o número anterior, cerca de 4 tons), é provável que, na proposta igualdade ele fosse o mais "perna curta" mas talvez não tanto quanto se poderia inferir da fria comparação entre percentuais de carga levada efetivamente em relação à capacidade disponível. Falta o consumo específico...
INCIDENTES - Essa carga toda influi também no RCS e quanto menor o caça, maior esta influência será. Influi também no arrasto e este no desempenho geral. Assim, de acordo com a ameaça (algo como AAAe onde não se espera ou caças que, mesmo após disparados os Meteors, ainda estejam no ar), pode ocorrer uma
Mission Kill, com o caça precisando se livrar das cargas de ataque (no caso, os dois KEPD) para evadir ou entrar em combate mais próximo; outra vez, o maior provavelmente será o último a ter de recorrer a isso, por ser o menos penalizado em RCS e arrasto. Outra vez, FLANKER em primeiro na avaliação, Rafale a seguir e Gripen no fim.
A partir daí, ou seja, números frios, se poderia dizer que não havia escolha
pior do que o Gripen para o Brasil
e Suécia. De fato, o FLANKER é o melhor
para a Rússia e o Rafale é o melhor
para a França, dados os compromissos geopolíticos que cada um reconhece ter e quanto $$$ se dispõe a investir neles (e aí passam a ser os melhores para diversos outros Países também, ou seja, os que têm compromissos parecidos e disposição para investir neles); à luz disso, e considerando agora
apenas o Brasil, pois é o
nosso caso, tudo muda de figura.
Comprar e manter em linha de voo com boa disponibilidade (sem mencionar ganhos tecnológicos advindos da participação no Programa), inverte a relação anterior: agora é o Gripen o mais recomendável, com FLANKER e Rafale lá atrás, um pela manutenção caríssima (grande parte do que vai no Rafale só pode ser comprado de uma
fuente, que é alguma empresa
da França) e o outro por ser beberrão num País (BR) onde cada litro de querosene é contado, ao contrário do de origem, que produz e refina todo o petróleo de que precisa e usa sem pena.
É a minha opinião.