Galina escreveu:Bizarro ou fofinho, não importa o adjetivo que queira dar, acho sim uma comparação válida, ok. Analogias são instrumentos aceitos e muito utilizados em todas as áreas do conhecimento.
Quanto ao SU-34, tratava-se do primeiro lote de 16 SU-34, que foi entregue à Força Aérea Russa e estava (ou deveria estar) operacional.
E, fundamentalmente, o post não desconstituiu o que Thor, Hunter e outros tantos já falaram aqui sobre as características ruins dos produtos russos. Vamos ser francos, sem entrar no clima juvenil de torcidas (esse não parece ser o seu caso). É bom (baita caça), é barato (não me refiro ao custo operacional, ok), é rústico, algum coisa de ruim tem que ter, para não ser adquirido por forças aéreas de referência. Gostaria muito que alguém pudesse nos contar mais sobre a avaliação feita no SU-35 por ocasião do FX2...
Mas é nesse ponto mesmo que eu quero chegar.
Diferente de alguns países que tem apenas um modelo de caça a venda, os russos tem três. Mas porque falar dos três? Pois apesar de serem de marcas diferentes, a fabricante de todas é a mesma, a UAC (United Aircraft Corporation). Como você gosta de analogia com carros, seria como se a Sukhoi fosse a Peugeout e a MiG fosse a Citroen, mas apesar de serem marcas distintas, são do mesmo dono: o Grupo PSA, ou a UAC no caso dos caças. Ou seja, uma mesma fabricante oferece caças em diferentes níveis: um médio (MiG-29/35), um pesado (Su-30) e um outro também pesado, porém mais avançado (Su-35).
De contratos muito recentes, de uns 5 anos pra cá:
MiG-35 - 46 encomendados pelo Egito, 37 pela Rússia (interesse de até 170);
Su-30MKA - 14 para Argélia (para somar aos 44 já existentes);
Su-30SM (variante russa do Su-30MKI/MKM/MKA que já vendeu 350 unidades): 88 para Força Aérea Russa, 28 para a Marinha Russa, 6 Cazaquistão, 12 para Belarus;
Su-35: 98 para a Força Aérea Russa, 24 para a China e algo entre 8 para a Indonésia (ainda não assinado, mas próximo de ser).
Resumindo, a UAC tem uma linha de produção para mais de 350 caças, sendo uns 100 só para exportação. Como que não vende? Como a SAAB pode estar bem exportando 36 caças e a UAC mal? Como a Dassault pode estar bem exportando 84 Rafales e a UAC mal? Como a Boeing pode estar bem exportando apenas 36 caças para a Austrália (os 32 para o Kuwait ainda não foram assinados) e a UAC mal? Não me faz muito sentido.
Podemos até citar os treinadores Yak-130, também da UAC (são fabricados na mesma linha de produção dos Su-30SM), que já exportaram 16 para Argélia, 16 para Bangladesh, 8 para Belarus, 12 para Myanmar, sem contar os mais de 100 que a Força Aérea Russa já conta (número que chegará as duas centenas). Quantos a M346 a Alenia exportou? Uns 50? Praticamente o mesmo número de exportações, mas ninguém fala que os italianos são, sabe, uns bêbados e putanheiros.
Porque não falar dos helicópteros? Assim como acontece com os caças, todas as fabricantes de helicópteros na Rússia (a citar: a Mil, a Rostvertol e a Kamov) são divisões de uma empresa maior: a Russian Helicopters.
Vamos nos ater apenas aos helicópteros de ataque:
Mi-28: 36 para Argélia, 15 para o Iraque, 100+ para a Rússia;
Mi-35M: 10 para a Venezuela, 12 para o Brasil, 15 para o Iraque, 10 para Nigéria, 4 para o Paquistão, número desconhecido para o Mali, sabe-se lá quantos para a Rússia (voando na Síria nesse momento);
Ka-52: 46 para o Egito, 170 encomendados pela Rússia.
Resumindo, uma só empresa tem uns 400 helicópteros de ataque encomendados, sendo uma centena e tantos para exportação. São números expressivos e só, talvez, quem chegue perto seja os EUA (de cabeça agora, me lembro de AH-64E Apache para Índia, Indonésia, Grécia, Qatar e os 12 AH-1Z para o Paquistão). Resumindo, os caras brigam como gente grande num setor onde praticamente a única superpotência do mundo teoricamente domina.
Porque eu escrevi tudo isso? Para mostrar, com números e dados, que o que vocês estão dizendo não condiz com a realidade. Como já disse, os russos são o segundo maior exportador de armas do mundo, pouco atrás dos EUA. Porque isso ocorre? Na minha opinião, porque os russos vendem bons produtos que conseguem concorrer em iguais condições com produtos feitos em qualquer outro lugar, inclusive nos EUA e na Europa. Ou seja, ou o mundo inteiro está louco ou tem algum problema acontecendo justamente por aqui. Ou todo mundo rasga dinheiro (menos a gente) ou há uma quantidade inimaginável de vodka e putas sendo usada para pagar tanta arma, em tantos países do mundo.