OK, tri, mas vamos dar um passo além, justificando com o que já existe e pode ser comprovado, para fazer um pequeno mas desastroso "
what if", desses que o
@FCarvalho e o
@gabriel219 adoram fazer:
Comecemos pela Base de Tartus, na Síria; era uma posição estabelecida desde os tempos da URSS e suficientemente estratégica para, sob o risco de perdê-la na guerra civil que começou
de verdade na década atual, os Russos se envolverem diretamente no conflito e o que EUA/OTAN consideravam vitória certa e fácil, bueno, deu no que deu. O que extraímos daí? Que não falta quem goste de latir pra cachorro grande mas ninguém se mete a encarar na base da mordida, porque por melhor que se dê, ainda sai todo escangalhado. Agora vamos mudar de hemisfério e começar o
what if propriamente dito:
O Prof Girafales está caindo; até eu, que sou véio e BURRO, vejo com clareza, e mesmo as forças que lhe dão sustentação por certo também já sabem disso: a posição atual é insustentável mesmo no curto prazo. Então, como a Rússia já está encarando todo tipo de josta em dois fronts (Síria e Ucrânia), precisando manter boas e sólidas reservas para o caso de a situação deteriorar em algum deles, sobra quem?
CHINA!
Não é segredo que estão não apenas na expectativa de ampliar sua esfera de influência mundial mas já tentando ativamente, e a América do Sul é especialmente tentadora, tanto pelo tamanho do mercado (uns 430 milhões de potenciais consumidores) quanto pela abundância de
commodities valiosas e a baixo preço; comparando com a África, por onde a China já anda, temos um terço da população mas, em termos de mercado, uma renda per capita cinco vezes maior. E não temos nem uma fração dos problemas com aquele monte de guerras, guerrilhas e
Warlords que abundam por lá. E então chegamos à
VUVUZELA. Suponhamos que os chinas não apenas estejam observando os desdobramentos da supercrise que tem lá mas já em contato com quem eles desejem botar no comando da zona em que aquilo está virado (essa nem o
Tom Clancy imaginou

). E que, com a queda do Girafales, isso se concretize. Lembremos, só as reservas de petróleo e gás de lá já são maiores que as da própria Arábia dos Saud. E acrescentemos que um dos pontos do acordo fosse a instalação -
leasing, idem aos Russos em Tartus - de uma superbase lá. Outro fosse um acordo de proteção mútua e renovação/ampliação dos meios de Defesa do País (isso é fundamental, pois gente desocupada é matéria-prima pra dar josta, ainda mais se a citada gente for MILITAR; ocupados em absorver novas armas, equipamentos e desenvolver técnicas e táticas para seu emprego eficaz, tendem a ficar na deles). Notemos, por fim, que a China não está em guerra com ninguém, se limita a expandir incessantemente seu poderio e influência, a vizinhança - tipo Japão e Coréia do Sul - que se preocupe e se vire para encarar. Assim, em tese está com as mãos livres.
Daí o roteiro é mais ou menos esse: com dinheiro Chinês, os que chamarei "novos bovinos", tendo à frente uma versão sudaca do Stálin, reformam e ampliam uma das bases navais lá deles. No que estiver pronta, começam a chegar diversos navios de guerra e aviões do ELP (que já "visitavam" espaçada mas regulamente outras bases de lá, ainda que em pequenos números) e a ocupam inteiramente, nos termos do acordo até então secreto. Convenhamos, seria a maior revolução geopolítica da história deste subcontinente! E o que poderia fazer os EUA, objetivamente? Mandar uma chuva de
Tomahawks para reduzir tudo a escombros, mesmo sem terem sido atacados ou sequer ameaçados? E como ficariam suas instalações perto da China, que teria todo o direito de responder à altura e
sem nukes? Estaria o Trump decidido a começar a 3GM? Brabo...
Fica então um gigantesco abacaxi para os vizinhos (Colômbia, Guiana e...
Brasil) descascarem. Dois dos citados recebem continuamente mais e mais refugiados de lá, e não é todo mundo que vai querer ou poder voltar, parte vai estar suja com quem permaneceu no poder e parte já terá se estabelecido aqui. O resto sim, volta sem problemas, exceto se...lhes for dito para ficar e providos os meios para se estabelecerem como os outros em territórios fronteiriços.
Tá armado o palco para a bagunça: a parte mais radical - e não vai faltar brazuca "de esquerda" para ser voluntário - pode ser facilmente manipulada para reivindicar um suculento pedaço das ditas áreas limítrofes para voltarem a integrar a Bovinolândia, e em grande estilo!
É apenas um cenário obviamente fictício mas...o que teriam as nossas FFAA para encarar
isso? Não somos conhecidos pela prudência, a ponto de, identificada uma ameaça apenas
possível, tomar rapidamente as medidas necessárias para encará-la (
just in case), contamos com o Pai Sam e a Mãe OTAN para isso.
E se não puderem fazer grande coisa, ou mesmo nada?
Ao menos a meu ver, começa como a Síria mas termina como a Ucrânia...