Exército colombiano retoma plano de comprar MBT e prioriza M1A1 e Merkava IIIC
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Roberto Lopes
Editor de Opinião da Revista Forças de Defesa
Representantes da empresa americana General Dynamics Landing Systems (GDLS) estarão no mês que vem em Bogotá para continuar os entendimentos com o Exército da Colômbia acerca do plano dessa instituição de incorporar um pequeno lote de main battle tanks (tanques principais de batalha).
A princípio os colombianos planejam adquirir 44 unidades, o suficiente para mobiliar dois batalhões blindados.
Em meados de 2011, durante o I Congresso de Blindados promovido pela Escola de Cavalaria do Exército colombiano, os militares locais selecionaram os seis modelos de carro de combate pesado que melhor se encaixariam nos requisitos técnico-operacionais definidos (desde 2010) por sua corporação: Mantak Merkava IIIC (chassis do Merkava IV com a eletrônica do Merkava III), de Israel – à época considerado o mais indicado –; M1A1 Abrams, americano; K1A1, sul-coreano; Nexter AMX-56 Leclerc francês; Arjun Mk. 2 hindu e MBT 2000 chinês.
Nessa época, a ideia era de que a Colômbia pudesse importar entre 64 e 68 exemplares de uma dessas viaturas, quantidade considerada adequada à dotação de uma brigada blindada.
Remoção - Também nesses dias, ao saber que a escolha dos colombianos priorizara blindados novos, deixando de fora o lendário Leopard, o governo alemão providenciou a abertura de uma Adidância de Defesa na Colômbia, removendo de urgência seu adido militar em Buenos Aires (um capitão de fragata aviador) para Bogotá.
A Embaixada de Berlim na Colômbia recolhera a informação (verdadeira), que boa parte dos oficiais da Cavalaria colombiana tinha grande admiração pelos préstimos do Leopard. Assim, em questão de semanas, o novo adido comparecia ao Ministério da Defesa local acompanhado de executivos da empresa Kraus-Maffei Wegmann GmbH, de Munique, fabricante do blindado.
Mas os germânicos não foram os únicos que tentaram se habilitar à condição de fornecedores de tanques pesados para a Colômbia.
A corporação russa LKZ apressou-se em oferecer o seu T-80, desenvolvido entre o fim dos anos de 1970 e o começo da década seguinte, como uma resposta ao Abrams e ao Leopard. Como o M1A1, o T-80 é movido a turbina, mas é 20 toneladas mais leve e bem mais rápido, na estrada, que o veículo americano.
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Estudo secreto - Em maio de 2012, ante o anúncio da compra de tanques russos pelo Exército da Venezuela, o comando da Força Terrestre israelense dispôs-se a ceder aos colombianos até 40 exemplares da versão original do Merkava III, de 65 toneladas, a um preço unitário em torno dos 5 milhões de dólares (ou um pouco mais, dependendo do nível de sofisticação dos equipamentos de auxílio à pontaria do canhão).
O lote seria entregue acompanhado de aproximadamente 20 viaturas IFV Merkava Namer, de transporte de tropas sobre lagartas.
Nessa época o governo de Bogotá mantinha estreita cooperação militar com o de Tel-Aviv, por causa das negociações em curso para a importação de caças Kfir e de VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) Hermes 900. Do lado israelense, entre os defensores da transferência dos blindados à Colômbia estava o próprio ministro da Defesa israelense, Ehud Barak (que, mais tarde, por ocasião da venda dos drones, faria uma visita oficial ao país sul-americano).
A não conclusão do negócio pode estar ligada às conclusões de um estudo secreto feito pelo Exército colombiano na província de La Guajira, no extremo noroeste de seu território – uma região de terras planas e grandes zonas arenosas, fronteira com a Venezuela.
De acordo com o que o ForTe pode apurar, a avaliação mostrou: por seu peso, o Merkava – de 65 toneladas – enfrentaria dificuldades para se deslocar no solo fofo da chamada Guajira colombiana. O problema, para ser minimizado, exigiria obras viárias extensas, especialmente de reforço em leitos de rodovias e em obras de arte (pontes, viadutos, etc.).
Merkava e Abrams são viaturas consideravelmente parecidas.
Segundo as informações obtidas pelos militares colombianos, o carro americano – que a divulgação da GDLS apresenta como tendo um peso de 61,5 toneladas –, pronto para combate, seria apenas duas toneladas mais leve que o seu concorrente de Israel – isto é, deslocaria 63 toneladas.
As duas viaturas empregam um armamento principal do mesmo calibre – 120 mm –, e até seu valor unitário oscila no mesmo patamar, de 5 a 6,5 milhões de dólares. A grande diferença entre eles é a motorização. O Abrams é movido por uma turbina Honeywell; o Merkava por um propulsor a diesel de 1.500 cv.
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Coréia – Outra opção considerada aceitável pelos militares colombianos é a do tanque pesado Hyundai K1A1, de 53 toneladas – versão mais robusta do conhecido K1 –, que começou a ser produzido no último trimestre de 2001.
O modelo A1 incorpora o canhão M256, de 120mm (também utilizado pelo Abrams), cujo alcance é uma vez e meia maior que o da peça de 105mm da viatura K1. A arma é assistida por dois sistemas de visada, apontamento e controle de fogo desenvolvidos na Coréia.
Além disso, o A1 foi dotado da chamada “chapa blindada especial coreana” (KSAP, na sigla em inglês), de muito maior resistência que a blindagem original do K1.
Entretanto, nesse momento, a alternativa coreana enfrenta, na Colômbia, sérios problemas políticos.
Com um crescimento do Produto Interno Bruto em torno dos 4% anuais, e diante da forte redução de verbas para compras militares ocorrida no Chile e no Brasil, a Colômbia se converteu, nos últimos dois anos, no principal alvo sul-americano de corporações de tecnologia militar de ponta, como a coreana LIG Nex1, fabricante do míssil anti-navio Haeseong (mais conhecido no Ocidente como CStar).
A Marinha colombiana está, contudo, profundamente desgostosa com a forma com que os coreanos estão tentando compensar a compra feita por Bogotá, em 2013, dos engenhos Haeseong.
O governo da Coreia se comprometera com um offset baseado em transferência de tecnologia de mísseis, mas, em vez disso, ofereceu uma velha corveta classe Donghae, rebatizada na Esquadra colombiana como “Nariño”, fabricada pela corporação Daewoo no início da década de 1980. Em função de seu forte desgaste, o navio vem apresentando diversos problemas.
Os colombianos já enterraram mais de 18 milhões de euros (cerca de 54 milhões de Reais) na reforma da embarcação, e ainda não ficaram satisfeitos com o seu desempenho…
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Leopard - E a solução Leopard? Está descartada?
Bem, não exatamente.
Em 2011 a oferta feita pela KMW à Colômbia, de carros Leopard 2 usados, foi “atropelada” por uma proposta de última hora apresentada pelo Exército chileno à Força Terrestre colombiana, de 100 tanques Leopard A1 pelo valor unitário de 1,5 milhão de dólares – cotação três vezes mais barata que a de um modelo Leopard A2 de segunda mão.
É importante notar que, agora, a Kraus-Maffei tem, na América do Sul, um novo e significativo argumento a favor do Leopard 2: a possibilidade de prover a manutenção da viatura na filial que inaugurou, ano passado, no município gaúcho de Santa Maria.
Este ano, a fábrica da KMW sediada num terreno às margens da rodovia BR-287, (Canoas-São Borja) deve ganhar uma pista para testes de blindados, e começar a aceitar contratos para a manutenção de blindados Leopard de outros países.
http://www.forte.jor.br/2015/02/06/exer ... kava-iiic/