Re: Operações Policiais e Militares
Enviado: Qua Jan 26, 2011 4:06 pm
A formação dos policiais no Rio
Enviado por luisnassif, qua, 26/01/2011 - 14:00
Do Valor
Para mudar polícia, Rio terá aula de sociologia
Paola de Moura | Do Rio
26/01/2011
Os policiais militares que patrulham as ruas das cidades do Estado do Rio de Janeiro deverão adotar postura semelhante à das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). É o que defende o comandante de todas as UPPs do Rio, o coronel Robson Rodrigues. "Quando o tráfico deixar de ocupar as comunidades, não haverá mais motivo para a polícia ser tão combativa e violenta", diz.
Segundo ele, a PM tem que ser voltada para o cidadão e o trabalho de combate deve ser feito por tropas de elite, como o Batalhão de Operações Especiais (Bope).
O treinamento específico dado aos policiais da UPP, que recebem hoje orientações em um curso rápido e um manual sobre como se aproximar da população e ajudar a resolver os problemas de rotina nas favelas ocupadas - será ampliado.
Para realizar esse treinamento, uma nova escola será criada. Ela vai funcionar na atual sede do Bope, em Laranjeiras, zona sul do Rio - o Bope será transferido para nova sede, em Ramos. Um convênio com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) levará aos policiais aulas de sociologia, antropologia e estatística, teoria de polícia comunitária, entre outros, além de um setor de pesquisas para ajudar na estratégia da corporação.
Rodrigues explica que, no período da ditadura militar, a PM foi às ruas para combater o inimigo, que, na época, diz, eram "os comunistas e os terroristas".
"Antes disso, quem fazia a segurança pública nas ruas era a polícia civil", conta. "No entanto, com a democratização, a PM não voltou para os quartéis como deveria e só aumentou de tamanho." Para ele, o aumento da violência e o confronto com o tráfico armado fez com que a PM se tornasse cada vez mais violenta.
"Perdemos o foco, que deveria ser a prevenção. Perdemos a legitimidade". Rodrigues diz que a Polícia Militar agora vai ser obrigada a ter outra postura. "Precisamos nos reaproximar da população", afirma.
O coronel entrou para a Polícia Militar nos anos 90. Naquela época, o governador era Leonel Brizola, e o comandante-geral da PM era o coronel Nazareth Cerqueira, que defendia uma polícia cidadã. "Durante anos, a polícia tem se focado no crime e nos criminosos, mas precisa se voltar para o cidadão, para seus problemas, na prevenção do crime."
Rodrigues conta que, durante todo o tempo em que fez parte da polícia, já viu várias tentativas de aproximação com a população, mas nenhuma efetiva como a atual. "Tivemos os PPCs (posto de policiamento comunitário), o Cipoc (Centro Integrado de Policiamento Comunitário, primeira tentativa de ocupação da Cidade de Deus no governo Brizola), além do Batalhão Comunitário. No entanto, com a oscilação de governos e de comando, nada foi implantado definitivamente. Tivemos do coronel Nazareth ao general Nilton Cerqueira", critica.
Rodrigues diz que o treinamento inicial do policial não vai mudar. "Nós somos uma corporação militar, hierárquica. A lógica militar é de superação, de rigidez. O treinamento é feito para construir um guerreiro, que tenha a coragem de enfrentar seu inimigo sem medo. Ele tem que se acreditar superior", explica. "No entanto, ele também tem que ser humanizado e saber distinguir quem é o inimigo."
Hoje, o policial da UPP ainda não recebe esse treinamento específico. Mas o fato de ser novo, sem vícios da corporação e do enfrentamento direto com o tráfico ajuda a lidar com os problemas do dia a dia das comunidades.
Rodrigues faz questão de esclarecer que o fato de os policiais serem recém-concursados nada tem a ver com corrupção. "Fica parecendo que todos os policiais antigos são corruptos e não é isso. O que a gente não queria é colocar, nas comunidades, PMs que já haviam entrado lá para combater os traficantes e gerar desconfiança na população. Queremos construir uma nova relação com os moradores.
Para isso, ele vai pessoalmente às favelas ocupadas pelas UPPs conversar com a comunidade, e também onde há um número maior de conflitos entre policiais e moradores. Ele conta que no Borel, na Tijuca, havia muito conflito entre os jovens e os PMs de ocupação.
"Eles jogavam pedras nos carros da PM e havia muito desacato. Nós fomos lá, conversamos e descobrimos que a revolta se devia à falta de confiança na polícia e no tipo de abordagem. Mudamos a postura, conversamos com os jovens e o problema começou a diminuir". O mesmo ocorreu na Providência. "Lá o problema tinha ainda a ver com o trauma dos homens entregues por soldados do Exército aos traficantes. Aí precisamos de muita conversa com as lideranças da comunidade", conta.
Rodrigues conta que está fazendo o plano estratégico para os próximos quatro anos, que inclui a compra de aparelhos com GPS para todos os policiais das UPPs. "Quando receberem uma reclamação de falta de luz, de água ou outro problema, eles registrarão no sistema e automaticamente a queixa será encaminhada à concessionária." O projeto também prevê uma central móvel, para que o comandante possa se deslocar dentro das comunidades.
Fonte: http://valoronline.com.br/impresso/bras ... sociologia
Enviado por luisnassif, qua, 26/01/2011 - 14:00
Do Valor
Para mudar polícia, Rio terá aula de sociologia
Paola de Moura | Do Rio
26/01/2011
Os policiais militares que patrulham as ruas das cidades do Estado do Rio de Janeiro deverão adotar postura semelhante à das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). É o que defende o comandante de todas as UPPs do Rio, o coronel Robson Rodrigues. "Quando o tráfico deixar de ocupar as comunidades, não haverá mais motivo para a polícia ser tão combativa e violenta", diz.
Segundo ele, a PM tem que ser voltada para o cidadão e o trabalho de combate deve ser feito por tropas de elite, como o Batalhão de Operações Especiais (Bope).
O treinamento específico dado aos policiais da UPP, que recebem hoje orientações em um curso rápido e um manual sobre como se aproximar da população e ajudar a resolver os problemas de rotina nas favelas ocupadas - será ampliado.
Para realizar esse treinamento, uma nova escola será criada. Ela vai funcionar na atual sede do Bope, em Laranjeiras, zona sul do Rio - o Bope será transferido para nova sede, em Ramos. Um convênio com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) levará aos policiais aulas de sociologia, antropologia e estatística, teoria de polícia comunitária, entre outros, além de um setor de pesquisas para ajudar na estratégia da corporação.
Rodrigues explica que, no período da ditadura militar, a PM foi às ruas para combater o inimigo, que, na época, diz, eram "os comunistas e os terroristas".
"Antes disso, quem fazia a segurança pública nas ruas era a polícia civil", conta. "No entanto, com a democratização, a PM não voltou para os quartéis como deveria e só aumentou de tamanho." Para ele, o aumento da violência e o confronto com o tráfico armado fez com que a PM se tornasse cada vez mais violenta.
"Perdemos o foco, que deveria ser a prevenção. Perdemos a legitimidade". Rodrigues diz que a Polícia Militar agora vai ser obrigada a ter outra postura. "Precisamos nos reaproximar da população", afirma.
O coronel entrou para a Polícia Militar nos anos 90. Naquela época, o governador era Leonel Brizola, e o comandante-geral da PM era o coronel Nazareth Cerqueira, que defendia uma polícia cidadã. "Durante anos, a polícia tem se focado no crime e nos criminosos, mas precisa se voltar para o cidadão, para seus problemas, na prevenção do crime."
Rodrigues conta que, durante todo o tempo em que fez parte da polícia, já viu várias tentativas de aproximação com a população, mas nenhuma efetiva como a atual. "Tivemos os PPCs (posto de policiamento comunitário), o Cipoc (Centro Integrado de Policiamento Comunitário, primeira tentativa de ocupação da Cidade de Deus no governo Brizola), além do Batalhão Comunitário. No entanto, com a oscilação de governos e de comando, nada foi implantado definitivamente. Tivemos do coronel Nazareth ao general Nilton Cerqueira", critica.
Rodrigues diz que o treinamento inicial do policial não vai mudar. "Nós somos uma corporação militar, hierárquica. A lógica militar é de superação, de rigidez. O treinamento é feito para construir um guerreiro, que tenha a coragem de enfrentar seu inimigo sem medo. Ele tem que se acreditar superior", explica. "No entanto, ele também tem que ser humanizado e saber distinguir quem é o inimigo."
Hoje, o policial da UPP ainda não recebe esse treinamento específico. Mas o fato de ser novo, sem vícios da corporação e do enfrentamento direto com o tráfico ajuda a lidar com os problemas do dia a dia das comunidades.
Rodrigues faz questão de esclarecer que o fato de os policiais serem recém-concursados nada tem a ver com corrupção. "Fica parecendo que todos os policiais antigos são corruptos e não é isso. O que a gente não queria é colocar, nas comunidades, PMs que já haviam entrado lá para combater os traficantes e gerar desconfiança na população. Queremos construir uma nova relação com os moradores.
Para isso, ele vai pessoalmente às favelas ocupadas pelas UPPs conversar com a comunidade, e também onde há um número maior de conflitos entre policiais e moradores. Ele conta que no Borel, na Tijuca, havia muito conflito entre os jovens e os PMs de ocupação.
"Eles jogavam pedras nos carros da PM e havia muito desacato. Nós fomos lá, conversamos e descobrimos que a revolta se devia à falta de confiança na polícia e no tipo de abordagem. Mudamos a postura, conversamos com os jovens e o problema começou a diminuir". O mesmo ocorreu na Providência. "Lá o problema tinha ainda a ver com o trauma dos homens entregues por soldados do Exército aos traficantes. Aí precisamos de muita conversa com as lideranças da comunidade", conta.
Rodrigues conta que está fazendo o plano estratégico para os próximos quatro anos, que inclui a compra de aparelhos com GPS para todos os policiais das UPPs. "Quando receberem uma reclamação de falta de luz, de água ou outro problema, eles registrarão no sistema e automaticamente a queixa será encaminhada à concessionária." O projeto também prevê uma central móvel, para que o comandante possa se deslocar dentro das comunidades.
Fonte: http://valoronline.com.br/impresso/bras ... sociologia