Ajuste Fiscal e Crescimento (Diário de Comércio e Indústria, 08/11/2018)
A partir de meados de 2014 a relação dívida líquida do setor público/Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil passa a apresentar uma dinâmica insustentável. Com efeito, entre junho de 2014 e junho de 2018, a relação dívida líquida/PIB aumenta cerca 25 pontos porcentuais, passando de 43,75% no início de 2014, para 68,82% em junho de 2018.
Isso decorreu do aumento expressivo do déficit nominal do setor público, o qual passou de 3,30% no acumulado em 12 meses em junho de 2014 para 10,72% do PIB no acumulado em 12 meses em janeiro de 2016. Ao longo do ano de 2017, o déficit nominal apresentou uma tendência de redução, mas permaneceu ainda em 7,5% do PIB no primeiro semestre de 2018.
A realização de um ajuste fiscal de emergência que reverta a trajetória do endividamento do setor público é absolutamente necessária para evitar o retorno do regime de “dominância fiscal”, no qual a autoridade monetária é obrigada a sancionar uma taxa de inflação mais alta para viabilizar a rolagem da dívida pública.
O problema é que ajustes fiscais, ao contrário dos que acreditam na “fada da confiança”, tem efeito contracionista sobre o nível de atividade econômica; e a economia brasileira ainda apresenta um elevado nível de ociosidade dos fatores de produção. Nesse contexto, os formuladores de política econômica se defrontam com o dilema nada trivial de compatibilizar o necessário ajuste fiscal com a manutenção de uma política econômica que seja levemente expansionista ou neutra do ponto de vista do nível de atividade econômica.
A única forma de compatibilizar a aceleração do crescimento com o reequilíbrio das contas públicas é por intermédio de um ajuste fiscal de emergência baseado em aumentos de impostos sobre as unidades que possuam menor propensão a consumir, combinado com um modesto aumento do investimento público, notadamente em obras de infraestrutura.
Do lado do aumento de impostos, as principais medidas a serem adotadas seriam as seguintes. Em primeiro lugar, a recriação da CPMF com prazo de validade condicional a reversão da trajetória da relação dívida pública/PIB. As estimativas existentes mostram que a recriação da CPMF poderia gerar algo como 1,3% do PIB ao ano em termos de aumento de receita tributária. Em segundo lugar, a recriação do Imposto de Renda sobre Lucros e Dividendos Distribuídos, com a redução simultânea das alíquotas de IRPJ e da CSLL. Uma proposta concreta seria reduzir a alíquota do IRPJ e da CSLL dos atuais 34% para 21%, aplicando-se a atual tabela do IRPF sobre os lucros e dividendos distribuídos para os acionistas. Essa proposta poderia gerar algo como 0.3 a 0.5% do PIB em termos de aumento de arrecadação tributária; o que, combinado com a recriação da CPMF, geraria um aumento de 1,6% a 1,8% do PIB na receita do setor público. Por fim, realizar uma redução significativa do gasto tributário (isenções fiscais), o qual é superior a 4% do PIB. Uma proposta concreta e factível seria reduzir esse gasto em 1% do PIB já em 2019.
Dessa forma, o ajuste fiscal de emergência seria capaz de gerar um aumento de receita da ordem de 2,6% a 2,8% do PIB, eliminando completamente o déficit primário das contas públicas o que, em conjunto com a manutenção dos juros em patamares baixos e a aceleração do crescimento, deverá reverter a trajetória de elevação da dívida pública/PIB.
José Luis Oreiro é professor de economia da UNB
https://jlcoreiro.wordpress.com/2018/11 ... Rp2v4thauc
MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Mais uma vez o lembrete: não tem dinheiro. Não discutiram na campanha. Só o Alckmin e Ciro Gomes chegaram a tocar no assunto e ter plano realista de evitar o colapso. Agora não tem mais tempo. Precisa resolver. O 2019 chegou.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Existe baixa competição no setor bancário. A solução mágica é funde o Banco do Brasil com Bank of América. Assim transforma um gigante público do oligopólio dos bancos nacional em privado. sensacional.
Em seguida o Paulo Guedes disse que não não falou isso. Era só uma ideia que não foi bem interpretada.
Para aumentar a competição do setor bancário passa por incentivar e abrir a concorrência novos agentes (bancos estrangeiros, fintechs, pequenos bancos, instituições em geral).
Se querem alterar o papel dos bancos públicos e privatizar passa por uma grande engenharia: retirar exclusividades da CAIXA e BB em operações com governo, incentivar o uso de outros bancos; desmembrar operações e privatizar aos poucos, de preferência para outros agentes que não os grandes bancos nacionais; desmontar redes regionais. Alem disso, reduzir número de agências e empregados como os privados fazem. Já que com a informatização, automatização e internet não precisa mais dessa estrutura física e pessoal. E claro que vai ter que criar agências de fomento e financeiras para fazer administração dos programas que estão com Caixa e BB. Assim como o BNDES faz com empréstimos para setor privado.
Sou favorável a privatizar tudo. No entanto, os efeitos no mercado são de médio e longo prazo. Não vão dar dinheiro para o governo. E se fizerem errado podem criar distorções enormes e muito negativas.
Equipe de Bolsonaro pensa em fusão do Banco do Brasil com Bank of America
Ideia é aumentar a competição no setor
Plano é complexo e de difícil execução
Uma área deve ser privatizada: ‘asset’
Entre as muitas ideias do economista Paulo Guedes para tornar a economia brasileira mais aberta e liberal está propor uma associação do maior banco brasileiro com o líder do setor bancário norte-americano.
O Banco do Brasil e o Bank of America poderiam se fundir ou fazer 1 acordo operacional para operarem juntos.
Guedes acredita que a fusão abriria a porta para o Bank of America atuar no Brasil e assim aumentar a competição no setor bancário, altamente concentrado. Ao mesmo tempo, o Banco do Brasil iria para os EUA e levaria seu expertise para lidar com o público latino.
O Brasil tem 1 problema crônico de falta de crédito. Guedes acredita que uma das razões principais seria o fato de os bancos públicos ficarem com uma imensa carteira e responsáveis por fornecer dinheiro mais barato para alguns setores da economia. Com a abertura do mercado e mais competição –como numa possível fusão do BB com o BofA– essa idiossincrasia do mercado bancário brasileiro começaria a ser matizada.
É claro que uma operação de fusão do BB com o BofA é muito complexa e incerta. Mas esse tipo de ideia indica como fervilham as propostas na equipe econômica de Bolsonaro.
Uma coisa é certa: o BB não vai passar incólume pelos 4 anos do governo de Jair Bolsonaro. O primeiro item a ser colocado à disposição da iniciativa privada deve ser a área de “asset management”.
MARCELO LABUTO: SEM CHANCE
Paulo Guedes não achou uma saída boa o governo de Michel Temer ter indicado Marcelo Augusto Dutra Labuto como presidente efetivo do Banco do Brasil, depois da saída de Paulo Caffarelli (que foi para a Cielo). Labuto não ficará na cadeira em 2019.
O atual ministro da Fazenda Eduardo Guardia explicou nesta semana a Paulo Guedes as razões para nomeação. Primero, porque Guardia considera Labuto 1 excelente quadro do BB. Segundo, porque se a opção fosse indicar 1 interino seria necessário colocar o diretor que está lá há mais tempo na instituição —critério de antiguidade— e isso seria muito ruim para o banco.
ALEXANDRE BETTAMIO
O presidente do Bank of America para a América Latina não aceitou o convite para comandar o Banco do Brasil, apesar de ter excelente relação com Guedes. A recusa se deu por uma razão pessoal. Bettamio deve ajudar em caso de prosperar a ideia da fusão do BofA com o BB.
https://www.poder360.com.br/economia/eq ... f-america/
Em seguida o Paulo Guedes disse que não não falou isso. Era só uma ideia que não foi bem interpretada.
Para aumentar a competição do setor bancário passa por incentivar e abrir a concorrência novos agentes (bancos estrangeiros, fintechs, pequenos bancos, instituições em geral).
Se querem alterar o papel dos bancos públicos e privatizar passa por uma grande engenharia: retirar exclusividades da CAIXA e BB em operações com governo, incentivar o uso de outros bancos; desmembrar operações e privatizar aos poucos, de preferência para outros agentes que não os grandes bancos nacionais; desmontar redes regionais. Alem disso, reduzir número de agências e empregados como os privados fazem. Já que com a informatização, automatização e internet não precisa mais dessa estrutura física e pessoal. E claro que vai ter que criar agências de fomento e financeiras para fazer administração dos programas que estão com Caixa e BB. Assim como o BNDES faz com empréstimos para setor privado.
Sou favorável a privatizar tudo. No entanto, os efeitos no mercado são de médio e longo prazo. Não vão dar dinheiro para o governo. E se fizerem errado podem criar distorções enormes e muito negativas.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
precisam de grana, mas aprovam reajuste do judiciário e beneficio fiscal pras montadoras.
Ta tudo bem, a população paga.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
O Rota 2030 serve para proteger a eterna industria automobilistica nascente. Sem governo, eles não teriam como manter as montadoras no Brasil. Assim teriam que voltar para o país de origem e só exportar
Na real são tudo cascateiros. É um dos aspectos dos grupos de interesse e capitalismo de laços que tem no Brasil. Eles usam o governo para aumentar o lucro e ganhar diversos benefícios sob a justificativa que os negócios seriam inviáveis. Ao mesmo elevam preço, esquecem a qualidade e matam potenciais concorrentes. O efeito é reduzir produtividade, crescer menos e ser o país mais pobre.
O Brasil entravou na década de 1980 nesse capitalismo industrial com alta intervenção do governo e burocracia. Não conseguiu dar o salto para o capitalismo de mercado e estado regulador que tenta não interferir na alocação de fatores e renda. Ao mesmo tempo em que o governo oferta bens públicos (saúde, educação e segurança, por exemplo) que uma sociedade democrática demanda, somados simplificação da burocracia, legislação e respeito aos contratos privados.
A Constituição de 1988 tentou, mas não conseguiu quebrar os esquemas. A centro esquerda e centro direita foram contaminados pelas ideias positivistas e intervencionistas. Agora, quem sabe e com muita fé, a nova centro esquerda e centro direita sejam de fato liberais e façam a constituição funcionar.
Na real são tudo cascateiros. É um dos aspectos dos grupos de interesse e capitalismo de laços que tem no Brasil. Eles usam o governo para aumentar o lucro e ganhar diversos benefícios sob a justificativa que os negócios seriam inviáveis. Ao mesmo elevam preço, esquecem a qualidade e matam potenciais concorrentes. O efeito é reduzir produtividade, crescer menos e ser o país mais pobre.
O Brasil entravou na década de 1980 nesse capitalismo industrial com alta intervenção do governo e burocracia. Não conseguiu dar o salto para o capitalismo de mercado e estado regulador que tenta não interferir na alocação de fatores e renda. Ao mesmo tempo em que o governo oferta bens públicos (saúde, educação e segurança, por exemplo) que uma sociedade democrática demanda, somados simplificação da burocracia, legislação e respeito aos contratos privados.
A Constituição de 1988 tentou, mas não conseguiu quebrar os esquemas. A centro esquerda e centro direita foram contaminados pelas ideias positivistas e intervencionistas. Agora, quem sabe e com muita fé, a nova centro esquerda e centro direita sejam de fato liberais e façam a constituição funcionar.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Na verdade temos que dar subsídios porque nossa carga tributária é gigantesca, fossemos um país competitivo tanto tributariamente como em infraestrutura não precisaríamos disso.
Não temais ímpias falanges,
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Agradeci sem querer seu post. Discordo completamente.
A sociedade paga por política setorial. Paga mais ainda quando mal feita. A carga tributária é alta justamente por isso: parte da cadeia é onerada e sobra pro contribuinte.
Nossa economia é um samba do criolo doido. É distorção em cima de distorção pra corrigir cagada em cima de cagada.
Não tem o menor perigo de dar certo.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Nossa carga tributária é alta porque o governo é gordo e precisa de muito dinheiro pra manter o paquidermo de pé, por isso fica fazendo essas jabuticabas, porque se não as indústrias acabam indo embora.
Precisamos manter uma casta de funcionários públicos caros e ineficientes nos três poderes, precisamos manter políticos muito mais caros e ineficientes e que ainda criam um mar de funcionários inúteis que chamamos de comissionados.
Se fossemos um país racional e competitivo não seria necessário nada disso.
Precisamos manter uma casta de funcionários públicos caros e ineficientes nos três poderes, precisamos manter políticos muito mais caros e ineficientes e que ainda criam um mar de funcionários inúteis que chamamos de comissionados.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
e È nessa logica de acreditar no conto "elas vão fugir, help elas" que continuamos no modo atual.
Ao dar salvaguardas fiscais a industria precisa-se compensar com mais impostos. As industrias escolhidas continuam sua vidinha privatizando os lucros e socializando os prejuízos.
A logica faria algum sentido se fosse voltada para pequena e medias empresas, muito +responsáveis por empregos diretos e crescimento econômico. Mas não, são dadas justamente as empresas que menos precisam delas. Montadoras de carro, alimentos ultraprocessados, construtoras e quem mais conseguir um ouvido e uma boca pra falar em brasília.
Vide o suporte fiscal a coca-cola por exemplo.
Ao dar salvaguardas fiscais a industria precisa-se compensar com mais impostos. As industrias escolhidas continuam sua vidinha privatizando os lucros e socializando os prejuízos.
A logica faria algum sentido se fosse voltada para pequena e medias empresas, muito +responsáveis por empregos diretos e crescimento econômico. Mas não, são dadas justamente as empresas que menos precisam delas. Montadoras de carro, alimentos ultraprocessados, construtoras e quem mais conseguir um ouvido e uma boca pra falar em brasília.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Esse fantasma do "elas vão fugir, a industria nacional será destruída" é uma enorme bobagem. Até parece que as multinacionais (montadoras de carros, motos, caminhões, implementos e máquinas agrícolas) vão embora se não tiver subsídio. Elas não podem ignorar um dos 10 maiores mercados do mundo, demanda gigantes por tipo de produtos que precisam ser adaptados e desenvolvidos para o mercado local. Por isso, estar no Brasil e ter fornecedores locais é estratégico para as montadoras.
Os produtos adaptados ou desenvolvidos no Brasil são muito bem recebidos na América Latina, África e Oriente Médio porque as características de operação e necessidades são similares aos brasileiros. Bem mais do que europeus, americanos, chineses. Por exemplo, a Randon, conglomerado nacional de implementos rodoviários, peças e componentes, tem uma aceitação muito elevada no Mercosul e oriente Médio/Norte da África. A primeira grande exportação de implemento da Randon foi para Argélia nos anos 1980. O motivo é que os argelinos descobriram que as soluções das carretas Randon funcionavam muito bem para condições de operação argelinas (clima quente, estradas ruins, muita poeira e sujeira, excesso de peso, manutenção) do que os concorrentes europeus e norte-americanos. A VW vendeu muito Passat para Iraque
Outro exemplo, a VW nacional desenvolveu o Titan para tracionar carretas três eixos, vendeu muito bem no Brasil e até pouco tempo atrás era exportados para um monte de país em desenvolvimento porque era uma solução boa e barata. Depois a MAN comprou e manteve a linha porque são adequados ao Brasil, não adianta trazer o modelo europeu. E nos últimos anos as exportações das montadoras tiveram um boom pela baixa do mercado interno. Se fosse tão ruim no Brasil, as montadoras não usariam as filiais brasileiras para plataforma de exportação. E menos ainda investiriam em plantas e projetos voltados para o mercado local.
Nos tempos da Dilma, os projetos de subsídios diversos e isenções tiveram um boom, que serviu para elevar lucro, matar a competição. Os casos diversos como proteína animal e patrocínio a JBS. O governo deu choque no mercado fragmentado de proteína que ia muito bem em que conquistava novos mercados, relações equilibradas entre frigoríficos e pecuaristas, incentivo maior eficiência, produtividade e competição.Aí o governo entra, cria um gigante que a JBS com subsídios públicos, derruba a qualidade interna, pressiona os fornecedores e os consumidores. Agora que está se reorganizando como fragmentado como era anteriormente.
A política de incentivo a "eterna nascente industria nacional" afundou a economia brasileira. Isso mesmo, até meus amigos petistas concordam que não foi feliz. Está sendo deixada de lado ou perdendo muita força porque o governo tá quebrado. O Rota 2030 era muito, muito maior do que anunciaram. Não é modo de falar, está de fato. Não tem dinheiro para pagar salário e pensões em 2019, usa dívida pública para fechar as contas uns 4 anos e está cada vez mais arriscado usar a dívida.
O governo está paralisado. Agora começa a estourar problema de infraestrutura pelo baixo investimento, piora substancial dos serviços públicos na ponta do usuário (educação, saúde e segurança, especialmente) por falta de dinheiro para custeio, manutenção de salários e contratação de pessoal. Não estou falando dos altos burocratas de brasília e capital, nem dos magistrados. Mas sim aquele pessoal oferece o serviço à população.
Os produtos adaptados ou desenvolvidos no Brasil são muito bem recebidos na América Latina, África e Oriente Médio porque as características de operação e necessidades são similares aos brasileiros. Bem mais do que europeus, americanos, chineses. Por exemplo, a Randon, conglomerado nacional de implementos rodoviários, peças e componentes, tem uma aceitação muito elevada no Mercosul e oriente Médio/Norte da África. A primeira grande exportação de implemento da Randon foi para Argélia nos anos 1980. O motivo é que os argelinos descobriram que as soluções das carretas Randon funcionavam muito bem para condições de operação argelinas (clima quente, estradas ruins, muita poeira e sujeira, excesso de peso, manutenção) do que os concorrentes europeus e norte-americanos. A VW vendeu muito Passat para Iraque
Outro exemplo, a VW nacional desenvolveu o Titan para tracionar carretas três eixos, vendeu muito bem no Brasil e até pouco tempo atrás era exportados para um monte de país em desenvolvimento porque era uma solução boa e barata. Depois a MAN comprou e manteve a linha porque são adequados ao Brasil, não adianta trazer o modelo europeu. E nos últimos anos as exportações das montadoras tiveram um boom pela baixa do mercado interno. Se fosse tão ruim no Brasil, as montadoras não usariam as filiais brasileiras para plataforma de exportação. E menos ainda investiriam em plantas e projetos voltados para o mercado local.
Nos tempos da Dilma, os projetos de subsídios diversos e isenções tiveram um boom, que serviu para elevar lucro, matar a competição. Os casos diversos como proteína animal e patrocínio a JBS. O governo deu choque no mercado fragmentado de proteína que ia muito bem em que conquistava novos mercados, relações equilibradas entre frigoríficos e pecuaristas, incentivo maior eficiência, produtividade e competição.Aí o governo entra, cria um gigante que a JBS com subsídios públicos, derruba a qualidade interna, pressiona os fornecedores e os consumidores. Agora que está se reorganizando como fragmentado como era anteriormente.
A política de incentivo a "eterna nascente industria nacional" afundou a economia brasileira. Isso mesmo, até meus amigos petistas concordam que não foi feliz. Está sendo deixada de lado ou perdendo muita força porque o governo tá quebrado. O Rota 2030 era muito, muito maior do que anunciaram. Não é modo de falar, está de fato. Não tem dinheiro para pagar salário e pensões em 2019, usa dívida pública para fechar as contas uns 4 anos e está cada vez mais arriscado usar a dívida.
O governo está paralisado. Agora começa a estourar problema de infraestrutura pelo baixo investimento, piora substancial dos serviços públicos na ponta do usuário (educação, saúde e segurança, especialmente) por falta de dinheiro para custeio, manutenção de salários e contratação de pessoal. Não estou falando dos altos burocratas de brasília e capital, nem dos magistrados. Mas sim aquele pessoal oferece o serviço à população.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Foi o que ocorreu na Austrália, agora os carros de lá vem da Coréia e Japão, a indústria vai pra é mais barato e competitivo, não tem segredo. Libera a importação sem critério pra ver se rapidinho o grosso aqui não vai ser só carro do México, Coréia e China.Sterrius escreveu: ↑Sex Nov 09, 2018 2:13 pm e È nessa logica de acreditar no conto "elas vão fugir, help elas" que continuamos no modo atual.
Ao dar salvaguardas fiscais a industria precisa-se compensar com mais impostos. As industrias escolhidas continuam sua vidinha privatizando os lucros e socializando os prejuízos.
A logica faria algum sentido se fosse voltada para pequena e medias empresas, muito +responsáveis por empregos diretos e crescimento econômico. Mas não, são dadas justamente as empresas que menos precisam delas. Montadoras de carro, alimentos ultraprocessados, construtoras e quem mais conseguir um ouvido e uma boca pra falar em brasília.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
A Austrália não produz automóveis em parte, mas produz caminhões e outros equipamentos.
A ideia de que com a abertura comercial o Brasil vira uma grande fazenda é bizarra. Nem a FIESP e tão doida a esse ponto. Está no mesmo nível do delírio de que a China iria destruir a industria do mundo. Não aconteceu. Ao contrário. Os produtos chineses estão adensando cadeias produtivas, reduzindo custos e aumentando a produtividade. Por exemplo, o Brasil com o superávit gigante com China acaba empurrando importação de bens de capital e tecnologias chinesas que tem impacto positivo na estrutura produtiva brasileira.
Existe uma grande diferença entre Brasil e Austrália. O mercado brasileiro automotivo tem muitas particularidades, muito maior, está distante e é central para estratégia das montadoras. Por exemplo, a base produtiva e de desenvolvimento de carros baratos ou para emergentes da FCA fica no Brasil. Os caminhões tem modelos que foram desenvolvidos para mercados emergentes como a linha cargo da ford que nasceu na Turquia/Brasil.
O que pode acontecer com a abertura é ter uma onda inicial das montadoras marginalizadas no mercado de importar novos produtos, mas em seguida verificar que é interessante integrar o Brasil na organização da produção de insumos e carros mundial. Assim se especializar na produção de modelos específicos, usar insumos locais e fortalecer o Brasil como plataforma de exportação. Ao mesmo tempo em que chegam tecnologias, modelos atualizados e potencialmente com menor preço.
Porém, mesmo com a abertura, existe uma coisa insana que é estrutura tributária. As empresas não sabem calcular o imposto. Porque é impossível dada a complexidade dos impostos federais e locais, normas aleatórias de taxação e técnicas. Assim empresas de fora só entram se gastam muito dinheiro com consultorias locais ou firmam parcerias com quem entenda do sistema.
A ideia do comércio internacional é ter acesso as tecnologias, bens de capital e consumo, insumos de maior qualidade e mais baratos. Assim forma maior competição entre as firmas, reduz a taxa de sobrevivência de setores ou firmas ineficientes, incentivando a economia a ter mais produtividade. Não vai destruir a industria nacional. É possível que o efeito seja contrário e incentive a industria e as exportações como no pós-abertura da década de 1990 e 2000.DAF começa a produzir caminhões na Austrália
Montagem ocorre em Bayswater, dividindo espaço com Kenworth
http://www.automotivebusiness.com.br/no ... -australia
A ideia de que com a abertura comercial o Brasil vira uma grande fazenda é bizarra. Nem a FIESP e tão doida a esse ponto. Está no mesmo nível do delírio de que a China iria destruir a industria do mundo. Não aconteceu. Ao contrário. Os produtos chineses estão adensando cadeias produtivas, reduzindo custos e aumentando a produtividade. Por exemplo, o Brasil com o superávit gigante com China acaba empurrando importação de bens de capital e tecnologias chinesas que tem impacto positivo na estrutura produtiva brasileira.
Existe uma grande diferença entre Brasil e Austrália. O mercado brasileiro automotivo tem muitas particularidades, muito maior, está distante e é central para estratégia das montadoras. Por exemplo, a base produtiva e de desenvolvimento de carros baratos ou para emergentes da FCA fica no Brasil. Os caminhões tem modelos que foram desenvolvidos para mercados emergentes como a linha cargo da ford que nasceu na Turquia/Brasil.
O que pode acontecer com a abertura é ter uma onda inicial das montadoras marginalizadas no mercado de importar novos produtos, mas em seguida verificar que é interessante integrar o Brasil na organização da produção de insumos e carros mundial. Assim se especializar na produção de modelos específicos, usar insumos locais e fortalecer o Brasil como plataforma de exportação. Ao mesmo tempo em que chegam tecnologias, modelos atualizados e potencialmente com menor preço.
Porém, mesmo com a abertura, existe uma coisa insana que é estrutura tributária. As empresas não sabem calcular o imposto. Porque é impossível dada a complexidade dos impostos federais e locais, normas aleatórias de taxação e técnicas. Assim empresas de fora só entram se gastam muito dinheiro com consultorias locais ou firmam parcerias com quem entenda do sistema.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Mudamos pra tributos de importação agora?J.Ricardo escreveu: ↑Seg Nov 12, 2018 2:39 pmFoi o que ocorreu na Austrália, agora os carros de lá vem da Coréia e Japão, a indústria vai pra é mais barato e competitivo, não tem segredo. Libera a importação sem critério pra ver se rapidinho o grosso aqui não vai ser só carro do México, Coréia e China.Sterrius escreveu: ↑Sex Nov 09, 2018 2:13 pm e È nessa logica de acreditar no conto "elas vão fugir, help elas" que continuamos no modo atual.
Ao dar salvaguardas fiscais a industria precisa-se compensar com mais impostos. As industrias escolhidas continuam sua vidinha privatizando os lucros e socializando os prejuízos.
A logica faria algum sentido se fosse voltada para pequena e medias empresas, muito +responsáveis por empregos diretos e crescimento econômico. Mas não, são dadas justamente as empresas que menos precisam delas. Montadoras de carro, alimentos ultraprocessados, construtoras e quem mais conseguir um ouvido e uma boca pra falar em brasília.
Vide o suporte fiscal a coca-cola por exemplo.
Já que estávamos discutindo benefícios fiscais para empresas já super beneficiadas que são hoje "beneficiadas d+ pra quebrar", que matam a produção, competitividade e desenvolvimento do mercado.
JBS ta com um caso clássico onde pediu mudanças na lei para tornar impossivel que pequenas e medias empresas entrassem no mercado de exportação. Monopolizando e assim garantindo um custo menor para si, e apenas para si. (A carne continuará indo cara pra vc.... sabe como é... a crise ta logo ali).
Protecionismo excessivo leva a estagnação econômica ao matar a capacidade do mercado de se adaptar ao mercado global. Não a necessidade quando sua empresa é uma amiga do rei e pode mudar a lei e ganhar $$$$ público para manter-se sempre solvente.
Quanto a tributos de importação. È uma ferramenta para a perpetuação do sistema ae.
O que não significa que deva ir a 0% exceto em casos específicos como acordos de livre comercio.
Não tem como se imitar a estratégia Sul Koreana de crescimento sem a importância geopolítica da Koreia no contexto da guerra fria onde a mesma falhar não era opção.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
É o modelo Embraer: ela não produz o avião todo, apenas as partes que consegue de maneira eficiente e competitiva. O restante busca no mercado. Tentar produzir tudo aqui deu errado.Bourne escreveu: ↑Seg Nov 12, 2018 3:58 pm A Austrália não produz automóveis em parte, mas produz caminhões e outros equipamentos.
A ideia do comércio internacional é ter acesso as tecnologias, bens de capital e consumo, insumos de maior qualidade e mais baratos. Assim forma maior competição entre as firmas, reduz a taxa de sobrevivência de setores ou firmas ineficientes, incentivando a economia a ter mais produtividade. Não vai destruir a industria nacional. É possível que o efeito seja contrário e incentive a industria e as exportações como no pós-abertura da década de 1990 e 2000.DAF começa a produzir caminhões na Austrália
Montagem ocorre em Bayswater, dividindo espaço com Kenworth
http://www.automotivebusiness.com.br/no ... -australia
A ideia de que com a abertura comercial o Brasil vira uma grande fazenda é bizarra. Nem a FIESP e tão doida a esse ponto. Está no mesmo nível do delírio de que a China iria destruir a industria do mundo. Não aconteceu. Ao contrário. Os produtos chineses estão adensando cadeias produtivas, reduzindo custos e aumentando a produtividade. Por exemplo, o Brasil com o superávit gigante com China acaba empurrando importação de bens de capital e tecnologias chinesas que tem impacto positivo na estrutura produtiva brasileira.
Existe uma grande diferença entre Brasil e Austrália. O mercado brasileiro automotivo tem muitas particularidades, muito maior, está distante e é central para estratégia das montadoras. Por exemplo, a base produtiva e de desenvolvimento de carros baratos ou para emergentes da FCA fica no Brasil. Os caminhões tem modelos que foram desenvolvidos para mercados emergentes como a linha cargo da ford que nasceu na Turquia/Brasil.
O que pode acontecer com a abertura é ter uma onda inicial das montadoras marginalizadas no mercado de importar novos produtos, mas em seguida verificar que é interessante integrar o Brasil na organização da produção de insumos e carros mundial. Assim se especializar na produção de modelos específicos, usar insumos locais e fortalecer o Brasil como plataforma de exportação. Ao mesmo tempo em que chegam tecnologias, modelos atualizados e potencialmente com menor preço.
Porém, mesmo com a abertura, existe uma coisa insana que é estrutura tributária. As empresas não sabem calcular o imposto. Porque é impossível dada a complexidade dos impostos federais e locais, normas aleatórias de taxação e técnicas. Assim empresas de fora só entram se gastam muito dinheiro com consultorias locais ou firmam parcerias com quem entenda do sistema.