Voando o Eurofighter e o Rafale da França
O jornalista Apoorva Prasad, do FRANCE 24, “voa” em duas modernas aeronaves de caça, para uma comparação entre o Eurofighter (foto) e o francês Rafale, que recentemente esteve sob fogo do rei Hamad do Bahrein.
Por Apoorva PRASAD (texto)
"Lá está, no seu HUD, seu alvo terrestre!"
Uma caixa circunda a estação de energia nuclear, mostrando-me as grandes torres de refrigeração do alvo. No display colorido do lado direito, um close-up da imagem da usina apareceu. O avião estava em um mergulho suave: eu estava voando cada vez mais perto do chão a uma velocidade superior a 550 nós, minhas mãos segurando nervosamente a manete de potência e o manche. Ambos eram espessos, pretos e os senti sólidos ao empunhá-los. Formas escuras surgiram na imagem da superfície. Linhas verdes estavam sobrepostas à imagem à minha frente, mostrando o meu ângulo de ataque, a minha velocidade e altitude. O céu estava limpo, mas escuro, ao se aproximar o por-do-sol.
Um sinal vermelho piscou de repente na tela do lado direito, uma caixa vermelha em torno da palavra “Pickle”!
Eu estava voando o Eurofighter Typhoon, comandado por Craig Penrise, líder dos pilotos de ensaio da aeronave.
"Pickle it!" (Lance!)
Eu apertei o botão vermelho no manche. Uma bomba foi lançada da aeronave. Imediatamente, contente, eu puxei o manche, observando a usina passar por debaixo de mim.
"Nivele - Reduza o motor."
Eu nivelei as asas e retardei a manete, cortando a pós-combustão. O punho da manete retornou, sendo evidente o corte da PC, e eu vi a redução de potência do motor indicada na tela LCD da esquerda.
Então eu acionei um interruptor, e o Head-Up Display (HUD) mudou para modo de combate ar-ar. Imediatamente, dois triângulos apareceram, e eu olhei para o telão central abaixo. Tinha um mapa colorido da área que eu estava sobrevoando, com linhas radiais a partir do centro. Dois triângulos apareceram lá também. Havia dois aviões desconhecidos ao longe, além do meu alcance visual - ou BVR.
"Se assim posso dizer, eu ajudei a criar algumas destas coisas", explicou mais tarde Penrise, varrendo a mão sobre o cockpit futurista. Três grandes indicadores multifuncionais - telas de LCD - brilhavam pra mim enquanto eu estava sentado, com botões e interruptores posicionados em ambos os lados da nacele.
O jato que eu tinha voado era o simulador de voo do consórcio Eurofighter GmbH.
O Eurofighter tem uma "interface homem máquina" muito avançada. O cockpit é grande, espaçoso e confortável, e a sensação é muito diferente do cockpit de um F-16, Rafale, Mig-29, como o Jaguar. Mas eu pertenço à geração joystick. Eu fico muito mais confortável com botões e telas do que com interruptores e instrumentos analógicos.
Um dia depois, eu voei o simulador do Dassault Rafale, sob instrução de um piloto de testes e engenheiro. O cockpit do Rafale é mais apertado do que o do Eurofighter. Mas isso não significa necessariamente que o Rafale, um avião um pouco menor, é menos avançado tecnologicamente. O MFD ("multifunction display") central do Eurofighter é substituído por um display sombreado "colimado para o infinito". Do lado de fora, parece estranho, mas, sentado dentro da cabine durante o vôo, tudo faz sentido. A partir da posição correta, o piloto não tem que olhar dentro – o display parece buscar o piloto. Essencialmente, os olhos do piloto não têm que refocar a partir do horizonte externo para imagem da tela interna.
Em ambos os lados, os MFD’s são “touchscreen”. Como no Eurofighter Typhoon, eles são intercambiáveis nas funções, em caso de preferência pessoal ou de danos de batalha. Ambos os aviões têm uma coisa chamada Direct Voice Input, ou DVI. Essencialmente, um piloto pode alterar páginas dos displays, as frequências de rádio e outros parâmetros, apenas falando com o avião. Sim - exatamente como no filme Firefox.
Em muitos desses aviões, sensores avançados coletam toda a informação disponível e a apresenta de forma abrangente para o piloto. Uma espécie de câmera de infravermelho (empresas diferentes usam nomes diversos) montada no nariz do avião pode realmente capturar uma imagem close-up de um avião inimigo que voa além do alcance visual, apresentando-a ao piloto em um dos MFD’s. HMD’s ("Helmet-mounted displays") podem permitir que a um piloto olhar, por cima do seu ombro, um avião-alvo e disparar um míssil em sua direção.
Sentado no Rafale, apertei um botão sob a manete com o meu dedo mindinho, ativando o piloto automático. "Hands-On Throttle And Stick" (HOTAS) reais - ou agora "Voice Throttle and Stick" (VTAS) tecnicamente permitem que um piloto possa completar uma missão de seis horas sem nunca tirar as mãos da manete e do joystick, pois todos os controles são colocados sobre eles.
Os computadores gerenciam tudo, ajustando minha velocidade automaticamente. Tudo o que eu tinha que fazer era pilotar o avião suavemente em direção à pequena cruz que me mostrava o aeródromo. Momentos antes do toque, eu puxei o manche, e a aeronave tocou suavemente. Então eu apertei ambos os pedais de freio para parar.
Como se eu pudesse pousar um avião de combate moderno.
Fonte:
http://www.france24.com/en/20101201-fly ... lanes-jets