Revanchismo sem fim

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: Revanchismo sem fim

#766 Mensagem por rodrigo » Qui Out 27, 2011 11:30 am

A comissão da meia verdade foi aprovada, e tem que levantar a lona do circo rapidamente, porque nessa sucessão catastrófica de quedas de ministros, o governo vai levar o peru do natal naquele lugar.




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Re: Revanchismo sem fim

#767 Mensagem por marcelo bahia » Qui Out 27, 2011 11:42 am

É?? E quem vai ser o "homem" que vai enfiar o "peru" no governo??




Diplomata Alemão: "- Como o senhor receberá as tropas estrangeiras que apoiam os federalistas se elas desembarcarem no Brasil??"

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Re: Revanchismo sem fim

#768 Mensagem por Boss » Qui Out 27, 2011 12:14 pm

Talvez o do avatar dele, devidamente ressuscitado.




REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
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Re: Revanchismo sem fim

#769 Mensagem por marcelo bahia » Qui Out 27, 2011 12:19 pm

Boss escreveu:Talvez o do avatar dele, devidamente ressuscitado.
:lol: :lol: :lol:

Abração.




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Re: Revanchismo sem fim

#770 Mensagem por Wingate » Qui Out 27, 2011 2:44 pm

Este é um verdadeiro arquivo ambulante daqueles tempos:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Sebasti%C3%A3o_Curi%C3%B3


Wingate




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Re: Revanchismo sem fim

#771 Mensagem por rodrigo » Qui Out 27, 2011 3:56 pm

Este é um verdadeiro arquivo ambulante daqueles tempos:
Ele atuou, especificamente, no combate do Araguaia. E depois na administração de diversas localidades no interior do Pará e do hoje estado de Tocantins. Foi mão firme na condução da disciplina de diversos garimpos. Depois, em sua homenagem, foi criada uma cidade com seu nome, e ele foi eleito prefeito.




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Re: Revanchismo sem fim

#772 Mensagem por J.Ricardo » Ter Nov 01, 2011 8:54 am

01/11/2011 - 07h00

Sorriso macabro

Três dias depois da "euforia K" pela vitória de Cristina Kirchner nas eleições, apoiadores da presidente e de sua política de direitos humanos acorreram a um Fórum no bairro portenho de Retiro, na última quarta-feira, para acompanhar a leitura das sentenças contra 16 repressores da última ditadura militar (1976-1983).

Como se sabe, Cristina dá continuidade à política de seu falecido marido e antecessor, Néstor Kirchner, de julgar militares de diversas patentes que estiveram envolvidos em crimes do Estado contra a população civil e contra guerrilheiros que resistiam ao regime. Para isso, foram anuladas leis dos anos 80 que os livravam de serem investigados e presos.

A sessão teve vários momentos que expressam como está dividida a sociedade argentina e como, para muitos, segue aberta a ferida dos anos 70. Havia euforia do lado de fora por parte de militantes, tristeza entre os familiares dos réus, e um silêncio sepulcral por parte destes.

A cena mais impressionante da noite, porém, foi o momento em que se anunciou a sentença de Alfredo Astiz, um dos mais famosos e cruéis repressores da ESMA (Escola Mecânica da Armada), centro de torturas e execuções por onde passaram cerca de 5 mil prisioneiros --dos quais menos de 5% sobreviveram.

Astiz, conhecido com o "o anjo loiro da morte", foi condenado à prisão perpétua. Enquanto escutava a decisão que praticamente sela seu destino daqui para a frente, o repressor abriu um imenso sorriso, com ares de sarcasmo.

"É de se perguntar se adianta condenar um homem assim. Trata-se de um psicopata que não sabe o que significam os crimes que cometeu e muito menos o que é essa pena. Não sei se é realmente uma condenação, porque não há ninguém ali, é uma pessoa doente", disse à Folha o jornalista Uki Goñi, autor de um livro sobre o personagem, "El Infiltrado" (Sudamericana).

O riso de Astiz torna ainda mais cruéis as ações pelas quais ficou famoso, pois expõe a frieza com que serviu à repressão.

Entre os crimes nos quais está envolvido, figuram o sequestro e a morte de uma garota argentina-sueca de 17 anos, Dagmar Hagelin, presa por engano no lugar de uma líder montonera; duas freiras francesas, Alice Domon e Leónie Duquet; e de uma das fundadoras das Mães da Praça de Maio, Azucena Villaflor, entre outros.

A trajetória de Astiz começou cedo. Vindo de uma família ligada à Marinha, tinha 23 anos quando ocorreu o golpe de 1976 e nunca teve dúvidas de que gostaria de ser militar.

Quando foi designado para atuar na ESMA, em 1977, passou a integrar o Grupo de Tarefas 332, que organizava sequestros de opositores. Uma vez presos no centro de detenção, eram em geral torturados e executados. Dali saíam os famosos "vuelos de la muerte", em que os prisioneiros eram jogados no rio da Prata.

A operação contra as Mães é talvez a mais horripilante, porque o alvo não eram combatentes da resistência, mas senhoras, cuja atuação era reivindicar pacificamente a vida de seus filhos desaparecidos.

Astiz apresentou-se ao grupo como sendo parente de um desaparecido. Carentes devido à ausência de seus filhos, as mulheres o acolheram carinhosamente, e lhe deram o apelido de "el rubito", por conta de seus volumosos cabelos claros.

No dia 8 de dezembro de 1977, as mães e outros militantes de direitos humanos estavam reunidos numa igreja, e Astiz meteu-se entre eles. Distribuiu abraços, que na verdade eram uma sinalização para que seus companheiros sequestrassem as pessoas marcadas. As prisões ocorreram na saída do local e nas casas de algumas delas, dias depois.

Uma das vítimas foi Azucena Villaflor, nada menos do que uma das fundadoras das Mães da Praça de Maio. Foi levada à ESMA e depois, jogada no rio, através de um dos "vuelos". Tinha 53 anos.

Já Dagmar Hagelin foi presa na rua, tentou fugir, mas Astiz a acertou com um tiro nas costas. Caiu ferida e foi levada a um carro. Testemunhas oculares relatam que a garota ainda estava viva e teriam visto seus braços tentando evitar que a tampa do bagageiro onde foi metida se fechasse.

O anjo da morte ainda tentou infiltrar-se num grupo de exilados argentinos na França, mas foi descoberto e fugiu. Na guerra das Malvinas, ficou encarregado de um comando e acabou preso pelos ingleses. Os governos da França e da Suécia, então, tentaram pedir sua extradição para julgá-lo pelos crimes contra cidadãos de seus países, mas a Inglaterra acabou decidindo devolvê-lo à Argentina.

Os europeus não desistiram dele. Em 1990, a França o julgou em ausência e condenou-o à prisão perpétua. Também foi condenado na Itália. Com isso, passou a evitar sair da Argentina, com medo de ser preso e julgado no exterior.

Em seu país, por conta das leis de Obediência Devida e Ponto Final, decretadas por Alfonsín em 1986/1987, Astiz permaneceu longo tempo impune.

Era conhecido por ser um bon vivant, curtia a noite, esquiava no inverno e ia a praias no verão, onde reforçava seu bronzeado.

Às vésperas de completar 60 anos, Astiz finalmente recebeu sua condenação. "É positivo que vá preso agora, mas não podemos esquecer que ele viveu mais de trinta anos livre. A Justiça precisava ter sido mais rápida, esses homens logo estarão no fim da vida", diz Goñi.

De fato, entre os 16 condenados pelos massacres da ESMA, Astiz era um dos mais jovens. Outro cruel repressor, Jorge Acosta, que dirigiu o centro de torturas e também só foi condenado agora, está hoje com 70 anos.

O fato de a Justiça argentina estar acertando contas com seu passado ditatorial é positivo e pode ser considerado exemplar na América Latina.

Porém, há um outro lado da moeda que também assusta, obviamente que não tanto quanto as atrocidades de Astiz e seu sorriso cruel.

A pequena multidão que estava do lado de fora do fórum vibrava com as condenações, xingando e esbravejando contra os réus. A euforia por cada perpétua anunciada parecia a de uma torcida fanática após um gol de seu time. Uma das Mães mais conhecidas, Tati Almeida, pulava e comemorava.

O espetáculo lembrava as cenas de execuções na Idade Média, quando o povo acorria para assistir a agonia e a morte dos condenados.

Numa noite certamente histórica na Argentina, os limites entre a Justiça e um desejo bárbaro de vingança (bárbaro para ela que não teve o filho ou parante brutalmente assassinado pela ditadura argentina) pareciam muito tênues.


Sylvia Colombo, 39, está na Folha desde 1993 e já foi repórter, editora do Folhateen e Ilustrada e correspondente do jornal em Londres. É formada em jornalismo e história.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/sy ... abro.shtml




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Re: Revanchismo sem fim

#773 Mensagem por marcelo bahia » Seg Nov 07, 2011 12:39 pm

:shock:
Numa noite certamente histórica na Argentina, os limites entre a Justiça e um desejo bárbaro de vingança pareciam muito tênues.
O espetáculo lembrava as cenas de execuções na Idade Média, quando o povo acorria para assistir a agonia e a morte dos condenados.
"bárbaro para ela que não teve o filho ou parante brutalmente assassinado pela ditadura argentina"

Ricardo,

Essa Sylvia Colombo é uma FDP!! Além dos assassinatos de militantes e "simpatizantes" do comunismo, peronismo, socialismo, social-democracismo e todos os outros "ismos", eles mataram os amigos, colegas de escola, parentes e qualquer pessoa que tivesse algum tipo de vínculo com os "simpatizantes". Sem falar no esquema de raptos de crianças, que depois eram comercializadas como se fossem mercadorias.

Sds.




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Re: Revanchismo sem fim

#774 Mensagem por J.Ricardo » Seg Nov 07, 2011 2:20 pm

É verdade Marcelo, do pouco que lí e conheci da ditadura argentina, me fez ter nojo deste período portenho, e inclusive a mesma repulsa por argumentos que a defendam, a pena de morte seria pouco para os que dela participaram!




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Re: Revanchismo sem fim

#775 Mensagem por rodrigo » Seg Nov 07, 2011 2:50 pm

Cada vez mais acredito que aqui foi ditabranda MESMO! Tinha um general argentino que dizia que primeiro iria matar os comunistas, depois os simpatizantes, e no fim, os indiferentes.




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Re: Revanchismo sem fim

#776 Mensagem por marcelo bahia » Seg Nov 07, 2011 3:46 pm

rodrigo escreveu:Cada vez mais acredito que aqui foi ditabranda MESMO! Tinha um general argentino que dizia que primeiro iria matar os comunistas, depois os simpatizantes, e no fim, os indiferentes.
E fizeram isso mesmo!! Chegaram até aos indiferentes; mataram 1 de cada 1000 habitantes.




Editado pela última vez por marcelo bahia em Seg Nov 07, 2011 3:55 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Revanchismo sem fim

#777 Mensagem por marcelo bahia » Seg Nov 07, 2011 3:54 pm

J.Ricardo escreveu:É verdade Marcelo, do pouco que lí e conheci da ditadura argentina, me fez ter nojo deste período portenho, e inclusive a mesma repulsa por argumentos que a defendam, a pena de morte seria pouco para os que dela participaram!
Ricardo,

Os caras eram tão loucos que torturaram vários soldados próprios durante o conflito nas Malvinas. Sem falar que desviavam os chocolates, biscoitos e outros mantimentos que a população civil mandava para os recrutas durante a guerra. Houve vários soldados argentinos que disseram que só foram tratados humanamente pelos INGLESES quando capturados. Não é lenda! Já vi vários relatos de soldados e oficiais envolvidos nos maus tratos. Muitos soldados passavam fome nas Malvinas enquanto o governo enviava as tropas profissionais para a fronteira com o Chile pensando que seriam invadidos por Pinochet. :shock: Estavam loucos e eram burros!!

Sds.




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Re: Revanchismo sem fim

#778 Mensagem por rodrigo » Seg Nov 07, 2011 4:30 pm

http://es.wikipedia.org/wiki/Mart%C3%ADn_Balza

General Martin Balza:

Sin buscar palabras innovadoras, sino apelando a los viejos reglamentos militares, aprovecho esta oportunidad para ordenar una vez más al Ejército, en presencia de toda la sociedad: nadie está obligado a cumplir una orden inmoral o que se aparte de las leyes o reglamentos militares. Quien lo hiciera incurre en una conducta viciosa, digna de la sanción que su gravedad requiera. Sin eufemismos, digo claramente: delinque quien vulnera la Constitución Nacional. Delinque quien imparte órdenes inmorales. Delinque quien para cumplir un fin que cree justo emplea medios injustos e inmorales. La comprensión de estos aspectos esenciales hace a la vida republicana de un Estado... Comprender esto, abandonar definitivamente la visión apocalíptica, la soberbia, aceptar el disenso y respetar la voluntad soberana, es el primer paso que estamos transitando desde hace años, para dejar atrás el pasado, para ayudar a construir la Argentina del futuro, una Argentina madurada en el dolor, que pueda llegar algún día al abrazo fraterno. Si no logramos elaborar el duelo y cerrar las heridas no tendremos futuro. No debemos negar más el horror vivido, y así poder pensar en nuestra vida como sociedad hacia delante, superando la pena y el sufrimiento.




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Re: Revanchismo sem fim

#779 Mensagem por marcelo bahia » Seg Nov 07, 2011 4:38 pm

Lindo discurso! :wink:




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Re: Revanchismo sem fim

#780 Mensagem por rodrigo » Qua Nov 16, 2011 2:45 pm

Fernando Meirelles e os Villas Boas

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Mário Ivan Araújo Bezerra

Fiquei sabendo, por um dos noticiários da tarde, que está a se realizar em Manaus o 8º Amazonas Film Festival. Naturalmente uma das estrelas do evento é o grande produtor nacional Fernando Meirelles, de quem sou admirador e de quem já vi muitas obras. Sem nenhum favor, considero-o um dos maiores gênios de nossa arte cinematográfica.

Em dado momento do noticiário ele fala de sua nova produção, o filme XINGU, de Cao Hamburguer, e, como não podia deixar de ser, tece merecidos elogios aos três irmãos Villas Boas: Orlando, Cláudio e Leonardo. Comete, todavia, lamentável erro histórico ao dizer que, na década de 70, quando foi aberta a rodovia Cuiabá-Santarém, “houve sério risco de o Exército Brasileiro dizimar milhares de índios”, o que apenas não ocorreu por intervenção dos Villas Boas. Felizmente estou aqui para contradizer tamanha inverdade.

Nunca, desde sua formação nas guerras contra os holandeses, o Exército Brasileiro adotou ou apoiou políticas de seleção e, muito menos, de eliminação de etnias. Basta lembrar que Felipe Camarão, índio potiguar, foi um dos fundadores do que hoje é o Exército.

Em época mais recente, no século XX, o índio matogrossense Cândido Mariano da Silva Rondon ascendeu, no Exército, ao posto de marechal e alcançou renome mundial por sua saga desbravando os sertões, desenvolvendo nosso sistema de comunicações e fazendo contatos com índios ainda bravios. É dele a frase: “morrer, se preciso; matar, nunca”. Universalmente respeitado, realizou, no interior do país, ao contrário do que ocorreu em outras nações americanas, um trabalho ímpar, sem paralelo no mundo.

Em minhas andanças pela Amazônia muitas vezes conversei com pessoas que o conheceram e dele se tornaram admiradoras. Rondon e os Villas Boas foram contemporâneos e se davam muito bem. Realizaram vários excelentes trabalhos em conjunto. Se algumas vezes divergiram foi na busca da melhor maneira de servir ao país. (Até entre os próprios irmãos, por vezes, havia divergências).

Em 1969 o governo federal, considerando a vastíssima experiência do Exército no trato dos problemas amazônicos, decidiu engajá-lo na construção de estradas naquela área. Logo no início houve um problema sério na BR 174 (Manaus-Boa Vista) em que onze homens não pertencentes ao Exército – entre os quais um padre – foram massacrados por índios waimiris/atroaris. Nossa pronta intervenção impediu que o conflito se alastrasse e permitiu o prosseguimento da obra sem ocorrência de nenhum outro incidente grave até hoje.

Tempos depois, na construção da BR 163 (Cuiabá-Santarém), foram flechados alguns funcionários do 9º Batalhão de Engenharia de Construção pertencentes a uma turma de topografia. Imediatamente foram tomadas todas as providências cabíveis, inclusive com a colaboração dos próprios Villas Boas, para que os trabalhos pudessem prosseguir em harmonia com os índios, feito esse que mereceu aplausos internacionais.

Em nenhum momento índios foram mortos por soldados e, graças à experiência e à habilidade do Exército e dos Villas Boas, da mesma forma soldados não foram mortos por índios. Soldados, índios e Villas Boas sempre se deram bem. Quem pensa diferente precisa conhecer nossas guarnições existentes na Cabeça do Cachorro. Certamente ficará entusiasmado ao ver o orgulho com que o índio enverga a farda de soldado.

Minhas palavras expressam a mais pura verdade e disso dou fé. E, graças a Deus, ainda estão por aí dezenas e dezenas de oficiais, sargentos e praças do Exército que vivenciaram os fatos aqui citados e podem comprová-los. Insinuar que o Exército é genocida é distorcer a verdade ou, no mínimo, desconhecer a História.

São inúmeros os filmes nacionais que rememoram façanhas de conhecidos bandidos, como Lampião, Fernando da Gata, Lúcio Flávio e muitos outros. Seria assaz interessante produzir também mais algumas obras que realmente informassem a juventude sobre a verdadeira atuação dos nossos grandes heróis. O Barão de Mauá já foi contemplado.

Que tal, agora, um filme sobre o Duque de Caxias? Sobre Rondon?

Mário Ivan Araújo Bezerra é General reformado.




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