Orestes e Palpiteiro
Tomo a liberdade de entrar no meio da discussão de vocês, que como sempre, é recheada de qualidade, respeito e cordialidade.
Tenho dois pontos a opinar.
Palpiteiro, pelo visto, você tem conhecimento do que se passa. O RFI conteve algumas informações repetidas, uma vez que muitas delas já se sabiam de antemão. Quando os brasileiros foram para Moscou, não foram para ver o Su-35 dar rasantes. Foram para ver que se o quesito transferência de tecnologia seria colocado no papel. Isso foi negado.
Com o RFI, a mesma informação foi contida. Assim foi descartado de vez o caça russo, já que tal quesito é vital para a concorrência. Aos poucos, os quesitos foram preenchidos, e aqueles com maiores assertivas concluídas, foram postos no short list.
Ocorre que passada essa fase, a coisa torna-se puramente política. Quem dá a palavra final é o Presidente. Vamos recordar que a Dassault financiou parte da campanha petista do Molusco, assim como a do tucano Serra (para os que apreciam teorias conspiratórias, já digo de antemão que tal financiamento foi legal, tanto é que os dois apareceram na Tv defendendo o M2000BR). A predileção dos franceses não é de agora, já é de muito tempo.
Se tivéssemos F-22, F-35 como requisito de 5° geração, não tenha dúvida que o rafaleco estaria no rol. Seria aquela velha máxima “não precisamos de tudo isso”. Agora, só com caças de 4° geração, o que se prega é “vamos ter o melhor”.
Palpiteiro disse:
E aí então, seria muita ingenuidade acreditar que uma pessoa física, com passado de advogado, juiz e político, sem qualquer experiência prévia com assuntos de defesa, teria a capacidade de fazer escolhas mais corretas do que uma organização, do seu próprio ministério, abarrotada de profissionais do setor.
Essa é a triste realidade do nosso Ministro. Para este cargo, seja qual for, o que se busca é alguém que tenha conhecimento no assunto. É alguém que saiba o que irá tratar. Como pode um advogado sem conhecimento algum sobre o tema militar, do nada, partir para essa? Em sua atuação como Magistrado (exemplar, por sinal) nunca tratou o tema e nem teria como. Foi indicado ao atual cargo por pura politicagem.
Caros, estamos falando do Ministério da
Defesa.
Eu ouvi em MP3 todas as palestras e apresentações que ele fez sobre o tema Transferência de Tecnologia. Ele repete essa expressão N vezes. Mas em nenhum momento, repito, em nenhum momento ele diz qual a definição. Porque não ele sabe o que é isso. Basta ver a completa falta de noção do que faz quando aceitou a possibilidade de rever as propostas russas. Isso foi um disparate de envergonhar um processo todo!!! E dizem que tudo é sério e as mil maravilhas.
Neste ponto, Orestes, você diz:
O perfil desejado para um ministro da Defesa é alguém que vista a camisa, que promova o debate em âmbito nacional, que leve o assunto para a agenda política do País, que promova investimentos no setor industrial em particular, que introduza mudanças expressivas na forma-pensamento-ação, que vá às bases e conheça as duras realidades, que promova compras de equipamentos militares de forma efetiva e não na base do cala-boca, que consiga aglutinar governistas e oposicionistas dentro do tema Defesa, que amplie os campos de ação e lute por melhores recursos, sem perder de vista as questões dos soldos e salários, que não teme se expor e conduzir de frente o processo, mesmo sendo apedrejado, etc.
Essa é justamente a figura do político.
Isso qualquer um faz. Podemos colocar nessa definição pessoas como Lula, Maluf, Sarney, Marta Suplicy, Genoíno, Fidélix, Renan Calheiros, etc.
Aí pergunto: qual seria o perfil de um Ministro que deve tratar um tema específico, que no caso, é o de Defesa? A resposta é simples. Alguém que conheça o tema. Não necessariamente militar.
A coisa melhora quando a pessoa que ocupa o cargo já tem politicagem com quem o indicou. Vocês
jamais viram o Jobim fazendo qualquer crítica aos franceses.
Assim sendo, agora, não existe nada técnico. Essa decisão, já tomada, foi puramente política.
Por favor, voltem ao diálogo, minhas escusas por esta breve participação.
Abraços
Alfredo