Geopolítica Energética
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Re: Geopolítica Energética
Mas isso está mostrando que no final das contas o gás de xisto extraído via fracking foi mais marketing do que realmente uma resposta a altura da extração de petróleo.
Lógico que os EUA vão se agarrar por ser uma alternativa "nativa" a importação de petroleo, mas ele não é tão competitivo assim quanto se pensava se será subsidiado.
Além dos estragos ambientas permanentes já relatados pelos americanos que acredito de forma alguma o governo e empresas vão considerar por ser estratégico e pelo "capitalismo selvagem".
Por isso que sempre falo, tem que se esperar de olho para ver "essas balas de prata" que resolvem tudo realmente fazem, a realidade é muito mais complexa.
Lógico que os EUA vão se agarrar por ser uma alternativa "nativa" a importação de petroleo, mas ele não é tão competitivo assim quanto se pensava se será subsidiado.
Além dos estragos ambientas permanentes já relatados pelos americanos que acredito de forma alguma o governo e empresas vão considerar por ser estratégico e pelo "capitalismo selvagem".
Por isso que sempre falo, tem que se esperar de olho para ver "essas balas de prata" que resolvem tudo realmente fazem, a realidade é muito mais complexa.
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Re: Geopolítica Energética
Muitas regioes dos EUA estao baixando leis proibindo o xisto devido aos altos custos ambientais. Além disso empresas de xisto estão operando no vermelho, o que tem agradado Riad. Por outro lado as monarquias do golfo tendem a ter déficits orçamentarios. Para quem lembra ouve um princípio de insatisfação na Arábia Saudita na época da primavera árabe que foi prontamente calada com subsídios de 30 bilhões de dólares. Se os preço s do petróleo nao subirem nos próximos meses Riad em um futuro próximo não tera como calar essa gente.
- mmatuso
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Re: Geopolítica Energética
Por conta dessa queda de valor estão havendo cortes de orçamento de alguns reinos da região.
Parece que o calo já começou a apertar para essa gente.
Parece que o calo já começou a apertar para essa gente.
- J.Ricardo
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Re: Geopolítica Energética
Direto de minha cidade, Presidente Prudente:
http://g1.globo.com/sp/presidente-prude ... a-mpf.html
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Prudente e Região Prudente e Região
17/12/2014 19h25 - Atualizado em 18/12/2014 09h18
Exploração do gás de xisto no Oeste Paulista preocupa MPF
Ação civil pede a suspensão dos efeitos da 12ª rodada da ANP.
Blocos exploratórios estão sob 37 municípios da região.
Do G1 Presidente Prudente
O Ministério Público Federal está preocupado com a exploração do gás de xisto no Oeste Paulista, devido a degradação ao meio ambiente. A ação civil pública com pedido de liminar, que pede suspensão dos efeitos da licitação realizada no ano passado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que leiloou a exploração de gás de xisto na bacia do Rio Paraná.
De acordo com o procurador da República, Luís Roberto Gomes, “o MPF pede a suspensão dos efeitos da 12ª rodada da ANP e a suspensão dos contratos de concessão entre os contatos firmados entre a Petrobrás, a Bayar e a Petra Energia, tendo em vista os blocos exploratórios da região de Presidente Prudente, presentes no Estado de São Paulo”.
São cinco blocos que estão no Oeste Paulista, em uma área de 11.090,21 km². Os blocos estão sob 37 municípios das regiões de Presidente Prudente, Dracena e Tupã, e foram arrematados por R$ 10,2 milhões, em um investimento previsto em R$ 55 milhões.
O xisto é um gás natural, barato e que é utilizado principalmente por indústrias e para geração de eletricidade. O gás está concentrado em uma camada profunda de rochas impermeáveis e de difícil acesso. Nos últimos anos, a exploração deste combustível cresceu, principalmente nos Estados Unidos da América (EUA), mas em outros países, ela foi proibida por causa dos danos causados ao meio ambiente.
De acordo com o Ministério Público Federal, a técnica utilizada para fazer a extração do gás coloca em risco os recursos hídricos, localizados na bacia do Rio Paraná. O procurador da república disse que ainda faltam estudos específicos sobre os impactos que o processo poderá causar à região.
“Nenhum estudo com a profundidade necessária com a avaliação ambiental de áreas sedimentares, de forma que não se sabe os efeitos da exploração de gás de xisto na região”, disse o procurador da República. Ele acrescenta ainda que “isto viola o princípio da precaução ao tempo e também não obedece o princípio do desenvolvimento sustentável”.
O processo chamado de "fraturamento hidráulico" consiste na perfuração do solo com uma sonda a mais de 3 mil metros de profundidade. Além disso, para obter o xisto é necessário provocar explosões e, injetar no solo, uma mistura de areia, água e compostos químicos, que criam fissuras nas rochas permitindo que o gás escape. Este processo controverso libera no lençol freático boa parte dessas substâncias e, de acordo com os ambientalistas, colocam em risco a saúde da população e também a atividade econômica.
O advogado ambientalista Carlos Arraes ponta que o processo “vai trazer grandes transtornos ambientais, na forma de como isso será explorado”. “A tecnologia moderna ainda não descobriu como explorar o xisto e o gás sem danificar e sem causar danos ao solo, à água e ao lençol freático. Isso vai ser explorado em cima do lençol freático, que é o aquífero guarani, e causa um grande risco nesse sistema de exploração".
Para o presidente da Bacia Hidrográfica do Pontal do Paranapanema, Ênio Magro, os municípios estão preocupados com a preservação ambiental dos recursos hídricos e por isso, são contra a exploração. “O comitê fez um estudo, tentou se aprofundar e fez uma moção, que foi contrária no sentido de que a preservação dos recursos hídricos aconteça”, destacou.
“A preocupação com a possível poluição do lençol freático, sobre tudo os aquíferos, nós precisamos de mais estudos, que possa dar condições para saber dos impactos ambientais. O comitê continua observando para evitar essa poluição e, se acontecer, que aconteça com toda segurança", acrescentou o presidente da Bacia Hidrográfica do Pontal do Paranapanema.
Por meio de nota, a ANP disse que houve a devida manifestação positiva do órgão estadual ambiental competente e, caso venha ocorrer a exploração, ela será feita de acordo com as melhores práticas da indústria mundial e com respeito ao meio ambiente.
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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- Bourne
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Re: Geopolítica Energética
Pensa na situação que precisa de petróleo e gás. Avalie as duas alternativas.mmatuso escreveu:Por conta dessa queda de valor estão havendo cortes de orçamento de alguns reinos da região.
Parece que o calo já começou a apertar para essa gente.
Pagar ao países estrangeiros o valor de 70 dólares ou mais para os países estrangeiros fornecerem os petrolíferos. Incluindo o risco de flutuações grandes devido ao humor dos produtores, fatores exógenos e mais algumas centenas de bilhões em bondades políticas/intervenção militar. Por exemplo, estimam que o Iraque custou US$ 3 trilhões entre operações militares, custos e indenizações aos soldados e famílias, perda de equipamentos e enfraquecimento da estrutura militar de dissuasão.
Alternativa de arranjar os petrolíferos em caso com estabilidade de preço supostamente pagando os mesmos 70 dólares (ouvi por aí 41 dólares em média para 95% das jazidas), dentro da regulação nacional com regras que podem ser alteradas no congresso com dinheiro que não saí dos eua. Além dos subsídios descaradas ou passageiros para estabilizar e viabilizar a exploração saem mais em conta do que sustentar governos estrangeiros e intervir. Pense que os chineses podem pensar o mesmo.

Os sauditas tem reservas financeiras para aguentar por um bom tempo em conjunto com as monarquias árabes como o nanico dubai que vive de especulação financeira. Enquanto outros como Venezuela e Nigéria estão com a corda no pescoço. Começo a achar que o foco dos sauditas é quebras os países fora da OPEP e sacrificar os sócios do cartel mais frágeis. O problema é que se o preço subir, esses países voltam a produzir e vender no mercado internacional para sair da crise. Ou continuam empurrando óleo as preços a baixo do mercado para saudar as contas que vai gerar uma estabilização do preço em patamares baixos.
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Re: Geopolítica Energética
Arábia Saudita: Por que decidiu não cortar a produção de petróleo
No início de outubro, o representante da Arábia Saudita na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) surpreendeu os participantes de um seminário em Nova York ao revelar que seu governo estava contente em deixar os preços do petróleo caírem.
A mensagem de Nasser al-Dossary rompeu com décadas da ortodoxia saudita que buscava manter os preços elevados limitando a produção global de petróleo, disseram participantes do encontro. Isso criou o cenário para os mandarins do petróleo saudita derrubarem os preços do petróleo bruto no fim de novembro, depois de persuadirem outros membros da Opep a manter a produção estável.
Os países mais afetados, como Irã, Rússia e Venezuela, suspeitam que a queda foi um esforço coordenado entre os sauditas e o seu aliado de longa data, os Estados Unidos, para enfraquecer a economia e a posição geopolítica de seus inimigos.
Mas a história da nova estratégia da Arábia Saudita quanto ao petróleo, levantada por meio de entrevistas com autoridades seniores do Oriente Médio, dos EUA e da Europa, não se baseia na velha aliança com os EUA. É, em vez disso, uma história de crescente rivalidade, movida pelo que a Arábia Saudita considera ameaças representadas pelas empresas de petróleo americanas, dizem essas autoridades.
A produção de petróleo de xisto em locais como Texas e Dakota do Norte elevou a oferta americana, substituindo as exportações de membros da Opep para os EUA, o que aumentou o volume excedente global.
A mensagem de outubro de Dossary sinalizava um desafio direto para as empresas de petróleo da América do Norte, já que a monarquia árabe acredita que foram elas que geraram o excesso de oferta através das novas tecnologias de petróleo de xisto, segundo pessoas a par do seminário.
As autoridades sauditas estão convencidas de que não conseguem sozinhas elevar os preços com a nova enxurrada de petróleo disponível. Elas também concluíram que muitos outros membros da Opep se recusariam a promover cortes significativos, assim como grandes produtores fora da organização, como a Rússia e o México. Se a Arábia Saudita cortar a produção sozinha, as autoridades sauditas temem que outros produtores iriam ocupar esse espaço e roubar fatias de mercado.
O ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi, testou essa conclusão apenas 48 horas antes da decisão da Opep de 27 de novembro, quando se reuniu em Viena com lideranças do setor de outras grandes nações produtoras para sugerir um corte coordenado na produção. Como suspeitava, ele não conseguiu um acordo, disseram fontes a par da reunião.
A opção foi deixar os preços caírem para testar por quanto tempo, e em que níveis, os produtores americanos conseguem continuar extraindo petróleo de xisto.
A decisão da Opep ajudou a derrubar os preços do barril para menos de US$ 60, ante mais de US$ 100 em meados do ano. Isso aprofundou a discordância entre os membros da Opep — e entre outros produtores —, que se acostumaram com preços de três dígitos do barril engordando as contas dos governos.
“Em uma situação como essa, é difícil, se não impossível, para o reino ou para a Opep tomar qualquer medida que possa resultar em queda de fatia de mercado e maior participação para os outros, em um momento em que é difícil controlar os preços”, disse Naimi, segundo a imprensa oficial saudita. Naimi não respondeu a perguntas. Os representantes do Ministério do Petróleo saudita não comentaram.
A abordagem saudita é parte de uma evolução significativa da relação de Riad com Washington ao longo dos últimos dez anos. Aliados próximos desde a Segunda Guerra Mundial, os países prosperaram com o acordo pelo qual a Arábia forneceu um fluxo constante de petróleo em troca de os EUA garantirem a segurança de suas fronteiras.
Mas o surgimento dos EUA como um concorrente do setor de petróleo está testando esse alicerce de uma forma ainda não totalmente compreendida, dizem autoridades americanas e sauditas, assim como as principais diferenças em relação à política americana no Oriente Médio.
A Arábia Saudita está se arriscando ao deixar os preços despencarem, dizem autoridades árabes, americanas e europeias. Autoridades sauditas já disseram que sua economia pode sobreviver pelo menos mais dois anos com os preços baixos, graças em parte a reservas de US$ 750 bilhões em moeda estrangeira. As autoridades árabes acreditam que muitas petrolíferas menos eficientes terão que deixar o mercado.
Ainda assim, alguns executivos do setor dizem que governo da Arábia Saudita e Naimi podem estar subestimando o modo como a tecnologia e o boom da exploração de formações de xisto nos EUA mudaram fundamentalmente os mercados de petróleo. Muitas empresas americanas, dizem esses executivos, podem lucrar mesmo com o petróleo abaixo de US$ 40.
A posição da Arábia Saudita também expôs rachaduras dentro do seu círculo de poder. Em outubro, enquanto os preços do petróleo caíam, o príncipe bilionário al-Waleed Bin Talal, sobrinho do Rei Abdullah, criticou severamente Naimi em uma carta aberta pelo que parece ser uma falta de preocupação com as quedas nos preços. Menosprezar o impacto, escreveu o príncipe, “é uma catástrofe que não pode deixar de ser mencionada”.
Um porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos EUA disse, no domingo, que a aliança entre o país e a Arábia Saudita permanece forte e concentrada na cooperação em várias questões econômicas e de segurança. “Nossa relação bilateral foi construída durante 70 anos de cooperação próxima, seja em contraterrorismo, treinamento militar, trocas educacionais, segurança energética ou incentivos ao comércio e investimentos, diz o porta-voz do órgão, Alistar Baskey.
Mas as relações entre EUA e o país árabe azedaram nos últimos anos devido a divergências sobre como o governo americano tem lidado com a instabilidade no Oriente Médio, inclusive a decisão dos EUA de não atacar a Síria após as forças do presidente Bashar al-Assad terem supostamente usado gás venenoso contra civis.
“A dependência que a Arábia Saudita tinha da proteção americana é coisa do passado”, diz Nawaf Obaid, que é acadêmico visitante do Belfer Center, da Universidade Harvard, e já assessorou o governo saudita em política externa. “Os sauditas continuarão sendo os mais importantes parceiros estratégicos dos EUA no Oriente Médio, mas não os mais próximos.”
Washington está entrando em uma nova era de sua relação com a Arábia Saudita, embora a aliança permaneça crucial para a economia global, diz Amos Hochstein, enviado especial do Departamento de Estado e coordenador internacional dos EUA para assuntos de energia.
“Nossa relação com a Arábia Saudita nunca foi dependente da energia. Nossa relação está evoluindo”, diz. “Nunca seremos independentes do petróleo porque ele é uma commodity global. Mas podemos ser mais eficientes e autossuficientes.”
Ao defender a manutenção da produção pela Opep, Naimi não estava forçando uma queda nos preços para prejudicar as petrolíferas que exploram petróleo de xisto nos EUA, dizem pessoas a par da questão, mas alertando que, se a Opep cortasse a oferta, petróleo de fora do cartel iria substituí-lo.
Ordens de venda inundaram os mercados, as ações das grandes empresas de petróleo caíram e as moedas dos grandes exportadores, como Rússia e Nigéria, recuaram ante o dólar.
Autoridades americanas e árabes secretamente desejaram que a queda poderia reduzir a capacidade do Irã, Rússia e Venezuela de desestabilizar o mercado global e se mostraram otimistas que os problemas financeiros do Irã poderiam forçá-lo a fazer mais concessões quanto a seu programa nuclear.
“Se, no processo, 30% da receita do Irã sumir, tudo bem”, disse uma autoridade árabe envolvida nas discussões sobre petróleo. “Se, no processo, 30% da receita da receita da Rússia sumir, tudo bem.”
Há o risco de que os preços não se recuperem tão cedo. Parte da mídia saudita vem criticando Naimi por uma política que pode ser desastrosa para a economia do reino. A Arábia Saudita depende do petróleo para 90% de seu orçamento.
“Todas as autoridades da Opep e fora dela estão em estado de choque”, diz Muhammad al-Sabban, ex-consultor de Naimi. “Esperar para ver é a única opção.”
http://www.defesanet.com.br/crise/notic ... -petroleo/
No início de outubro, o representante da Arábia Saudita na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) surpreendeu os participantes de um seminário em Nova York ao revelar que seu governo estava contente em deixar os preços do petróleo caírem.
A mensagem de Nasser al-Dossary rompeu com décadas da ortodoxia saudita que buscava manter os preços elevados limitando a produção global de petróleo, disseram participantes do encontro. Isso criou o cenário para os mandarins do petróleo saudita derrubarem os preços do petróleo bruto no fim de novembro, depois de persuadirem outros membros da Opep a manter a produção estável.
Os países mais afetados, como Irã, Rússia e Venezuela, suspeitam que a queda foi um esforço coordenado entre os sauditas e o seu aliado de longa data, os Estados Unidos, para enfraquecer a economia e a posição geopolítica de seus inimigos.
Mas a história da nova estratégia da Arábia Saudita quanto ao petróleo, levantada por meio de entrevistas com autoridades seniores do Oriente Médio, dos EUA e da Europa, não se baseia na velha aliança com os EUA. É, em vez disso, uma história de crescente rivalidade, movida pelo que a Arábia Saudita considera ameaças representadas pelas empresas de petróleo americanas, dizem essas autoridades.
A produção de petróleo de xisto em locais como Texas e Dakota do Norte elevou a oferta americana, substituindo as exportações de membros da Opep para os EUA, o que aumentou o volume excedente global.
A mensagem de outubro de Dossary sinalizava um desafio direto para as empresas de petróleo da América do Norte, já que a monarquia árabe acredita que foram elas que geraram o excesso de oferta através das novas tecnologias de petróleo de xisto, segundo pessoas a par do seminário.
As autoridades sauditas estão convencidas de que não conseguem sozinhas elevar os preços com a nova enxurrada de petróleo disponível. Elas também concluíram que muitos outros membros da Opep se recusariam a promover cortes significativos, assim como grandes produtores fora da organização, como a Rússia e o México. Se a Arábia Saudita cortar a produção sozinha, as autoridades sauditas temem que outros produtores iriam ocupar esse espaço e roubar fatias de mercado.
O ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi, testou essa conclusão apenas 48 horas antes da decisão da Opep de 27 de novembro, quando se reuniu em Viena com lideranças do setor de outras grandes nações produtoras para sugerir um corte coordenado na produção. Como suspeitava, ele não conseguiu um acordo, disseram fontes a par da reunião.
A opção foi deixar os preços caírem para testar por quanto tempo, e em que níveis, os produtores americanos conseguem continuar extraindo petróleo de xisto.
A decisão da Opep ajudou a derrubar os preços do barril para menos de US$ 60, ante mais de US$ 100 em meados do ano. Isso aprofundou a discordância entre os membros da Opep — e entre outros produtores —, que se acostumaram com preços de três dígitos do barril engordando as contas dos governos.
“Em uma situação como essa, é difícil, se não impossível, para o reino ou para a Opep tomar qualquer medida que possa resultar em queda de fatia de mercado e maior participação para os outros, em um momento em que é difícil controlar os preços”, disse Naimi, segundo a imprensa oficial saudita. Naimi não respondeu a perguntas. Os representantes do Ministério do Petróleo saudita não comentaram.
A abordagem saudita é parte de uma evolução significativa da relação de Riad com Washington ao longo dos últimos dez anos. Aliados próximos desde a Segunda Guerra Mundial, os países prosperaram com o acordo pelo qual a Arábia forneceu um fluxo constante de petróleo em troca de os EUA garantirem a segurança de suas fronteiras.
Mas o surgimento dos EUA como um concorrente do setor de petróleo está testando esse alicerce de uma forma ainda não totalmente compreendida, dizem autoridades americanas e sauditas, assim como as principais diferenças em relação à política americana no Oriente Médio.
A Arábia Saudita está se arriscando ao deixar os preços despencarem, dizem autoridades árabes, americanas e europeias. Autoridades sauditas já disseram que sua economia pode sobreviver pelo menos mais dois anos com os preços baixos, graças em parte a reservas de US$ 750 bilhões em moeda estrangeira. As autoridades árabes acreditam que muitas petrolíferas menos eficientes terão que deixar o mercado.
Ainda assim, alguns executivos do setor dizem que governo da Arábia Saudita e Naimi podem estar subestimando o modo como a tecnologia e o boom da exploração de formações de xisto nos EUA mudaram fundamentalmente os mercados de petróleo. Muitas empresas americanas, dizem esses executivos, podem lucrar mesmo com o petróleo abaixo de US$ 40.
A posição da Arábia Saudita também expôs rachaduras dentro do seu círculo de poder. Em outubro, enquanto os preços do petróleo caíam, o príncipe bilionário al-Waleed Bin Talal, sobrinho do Rei Abdullah, criticou severamente Naimi em uma carta aberta pelo que parece ser uma falta de preocupação com as quedas nos preços. Menosprezar o impacto, escreveu o príncipe, “é uma catástrofe que não pode deixar de ser mencionada”.
Um porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos EUA disse, no domingo, que a aliança entre o país e a Arábia Saudita permanece forte e concentrada na cooperação em várias questões econômicas e de segurança. “Nossa relação bilateral foi construída durante 70 anos de cooperação próxima, seja em contraterrorismo, treinamento militar, trocas educacionais, segurança energética ou incentivos ao comércio e investimentos, diz o porta-voz do órgão, Alistar Baskey.
Mas as relações entre EUA e o país árabe azedaram nos últimos anos devido a divergências sobre como o governo americano tem lidado com a instabilidade no Oriente Médio, inclusive a decisão dos EUA de não atacar a Síria após as forças do presidente Bashar al-Assad terem supostamente usado gás venenoso contra civis.
“A dependência que a Arábia Saudita tinha da proteção americana é coisa do passado”, diz Nawaf Obaid, que é acadêmico visitante do Belfer Center, da Universidade Harvard, e já assessorou o governo saudita em política externa. “Os sauditas continuarão sendo os mais importantes parceiros estratégicos dos EUA no Oriente Médio, mas não os mais próximos.”
Washington está entrando em uma nova era de sua relação com a Arábia Saudita, embora a aliança permaneça crucial para a economia global, diz Amos Hochstein, enviado especial do Departamento de Estado e coordenador internacional dos EUA para assuntos de energia.
“Nossa relação com a Arábia Saudita nunca foi dependente da energia. Nossa relação está evoluindo”, diz. “Nunca seremos independentes do petróleo porque ele é uma commodity global. Mas podemos ser mais eficientes e autossuficientes.”
Ao defender a manutenção da produção pela Opep, Naimi não estava forçando uma queda nos preços para prejudicar as petrolíferas que exploram petróleo de xisto nos EUA, dizem pessoas a par da questão, mas alertando que, se a Opep cortasse a oferta, petróleo de fora do cartel iria substituí-lo.
Ordens de venda inundaram os mercados, as ações das grandes empresas de petróleo caíram e as moedas dos grandes exportadores, como Rússia e Nigéria, recuaram ante o dólar.
Autoridades americanas e árabes secretamente desejaram que a queda poderia reduzir a capacidade do Irã, Rússia e Venezuela de desestabilizar o mercado global e se mostraram otimistas que os problemas financeiros do Irã poderiam forçá-lo a fazer mais concessões quanto a seu programa nuclear.
“Se, no processo, 30% da receita do Irã sumir, tudo bem”, disse uma autoridade árabe envolvida nas discussões sobre petróleo. “Se, no processo, 30% da receita da receita da Rússia sumir, tudo bem.”
Há o risco de que os preços não se recuperem tão cedo. Parte da mídia saudita vem criticando Naimi por uma política que pode ser desastrosa para a economia do reino. A Arábia Saudita depende do petróleo para 90% de seu orçamento.
“Todas as autoridades da Opep e fora dela estão em estado de choque”, diz Muhammad al-Sabban, ex-consultor de Naimi. “Esperar para ver é a única opção.”
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Re: Geopolítica Energética
Muito bom, será que virá um nova crise com um monte de países quebrando com o petroleo baixo?
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Re: Geopolítica Energética
Acho que o petróleo a preço baixo trará uma crise para os países cuja economia dependem dele e para as empresas envolvidas com sua extração, mas para o restante do mundo e da economia será um alívio. Na média acredito que isso impulsionará o crescimento econômico geral, e não o contrário.mmatuso escreveu:Muito bom, será que virá um nova crise com um monte de países quebrando com o petroleo baixo?
Leandro G. Card
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Re: Geopolítica Energética
Que diga Dona Dilma anda assim toda vez que vê o preço do petróleo no mercado internacional.

Acabou com o gap de preços interno e externo, eliminou a distorção do câmbio mais alto e, se duvidar, abre margem para reduzir preço. As finanças da Petrobras perderam um dreno e ganharam uma turbinada enquanto o preço dos derivativos não é corrigido.
É claro que a correção vai demorar e também abre espaço para voltar os impostos .
------------
E deve acabar de matar a produção de etanol no Brasil. Não arrumaram a regulação do mercado quando estava bem, degringolou e agora está difícil e vai ficar ainda mais.
As petroleiras continuam faturando com xisto, refinarias e distribuição. os países que tem orçamentos públicos vinculados a exportação de petróleo (Irã, Venezuela, Nigéria) ou usam para fechar as contas externas (Rússia) estão em uma situação muito difícil. Os títulos vencem e os financiadores ficam nervosos muito rápido para aceitar rolar as dívidas nas mesmas condições de antes. Apesar da situação do primeiro grupo ser bem pior.
Em uns dois ou três anos os sauditas caem também. O orçamento depende basicamente do petróleo e são grandes demais para viver da especulação financeira como as monarquias vizinhas. Por que corta o fluxo de venda de petróleo, corta a circulação de dinheiro e especulação no oriente médio. Assim, afunda todo mundo.

Acabou com o gap de preços interno e externo, eliminou a distorção do câmbio mais alto e, se duvidar, abre margem para reduzir preço. As finanças da Petrobras perderam um dreno e ganharam uma turbinada enquanto o preço dos derivativos não é corrigido.
É claro que a correção vai demorar e também abre espaço para voltar os impostos .

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E deve acabar de matar a produção de etanol no Brasil. Não arrumaram a regulação do mercado quando estava bem, degringolou e agora está difícil e vai ficar ainda mais.
As petroleiras continuam faturando com xisto, refinarias e distribuição. os países que tem orçamentos públicos vinculados a exportação de petróleo (Irã, Venezuela, Nigéria) ou usam para fechar as contas externas (Rússia) estão em uma situação muito difícil. Os títulos vencem e os financiadores ficam nervosos muito rápido para aceitar rolar as dívidas nas mesmas condições de antes. Apesar da situação do primeiro grupo ser bem pior.
Em uns dois ou três anos os sauditas caem também. O orçamento depende basicamente do petróleo e são grandes demais para viver da especulação financeira como as monarquias vizinhas. Por que corta o fluxo de venda de petróleo, corta a circulação de dinheiro e especulação no oriente médio. Assim, afunda todo mundo.
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Re: Geopolítica Energética
Será que não haverá contaminação de mercado com Rússia, Nigéria, Venezuela e países árabes indo a bancarrota?LeandroGCard escreveu:Acho que o petróleo a preço baixo trará uma crise para os países cuja economia dependem dele e para as empresas envolvidas com sua extração, mas para o restante do mundo e da economia será um alívio. Na média acredito que isso impulsionará o crescimento econômico geral, e não o contrário.mmatuso escreveu:Muito bom, será que virá um nova crise com um monte de países quebrando com o petroleo baixo?
Leandro G. Card
É muita gente junta que pode quebrar.
Para o Brasil pode ser bom porque vai atrair investimento de alguns desses países, mas não sei não, se até uma Grécia quebrando outro dia afetou o mundo...
- Bourne
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Re: Geopolítica Energética
Os países são muito diferentes. Arrisco nem colocar a Rússia no mesmo saco que Venezuela e Nigéria.
Para ter contaminação e crise pesada precisam de existência de fragilidades em outros países que não é aparente. Não agora. Os efeitos positivos para quem nada ter a ver com isso são maiores que os problemas.
O Brasil, China, Índia e outros emergentes que são importadores de petróleo estão do lado que vai se dar bem na onda da política energética norte-americana. Eles perderam um grande peso nos gastos privados e importação.
Ou seja
Para ter contaminação e crise pesada precisam de existência de fragilidades em outros países que não é aparente. Não agora. Os efeitos positivos para quem nada ter a ver com isso são maiores que os problemas.
O Brasil, China, Índia e outros emergentes que são importadores de petróleo estão do lado que vai se dar bem na onda da política energética norte-americana. Eles perderam um grande peso nos gastos privados e importação.
Ou seja
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Re: Geopolítica Energética
Preço do petróleo cai para valores abaixo dos 55 dólares por barril
Sérgio Aníbal
05/01/2015 - 17:18
Indicadores que dão conta de aumento da produção de crude na Rússia e Iraque acentuam tendência de descida dos preços
http://www.publico.pt/economia/noticia/ ... il-1681251
Sérgio Aníbal
05/01/2015 - 17:18
Indicadores que dão conta de aumento da produção de crude na Rússia e Iraque acentuam tendência de descida dos preços
http://www.publico.pt/economia/noticia/ ... il-1681251
- Bourne
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Re: Geopolítica Energética
Por acaso, os dois países, Rússia e Iraque, que estão em crise e precisa levantar dinheiro no mercado internacional.
No iraque que é caso de vida ou morte. Se não produz, implode por não ter como pagar as contas do governo, reconstrução e eliminar a ISIS.
No iraque que é caso de vida ou morte. Se não produz, implode por não ter como pagar as contas do governo, reconstrução e eliminar a ISIS.
- mmatuso
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Re: Geopolítica Energética
Aumenta essa lista ai: Venezuela, Nigeria e Irã.
Venezuela está fazendo uma excursão pelo Oriente Médio nesse momento em busca de ajuda e para reclamar na OPEP, 90% do orçamento do governo deles depende de petróleo.
Venezuela está fazendo uma excursão pelo Oriente Médio nesse momento em busca de ajuda e para reclamar na OPEP, 90% do orçamento do governo deles depende de petróleo.