Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO
Enviado: Ter Jan 06, 2009 8:57 am
”FAIT ACCOMPLI” DE ISRAEL EM GAZA.
Por Eric Margolis – 5 de janeiro de 2009.
Há duas versões, completamente diferentes, sobre o que está acontecendo em Gaza.
Na versão da imprensa israelense e americana-canadense, o Hamas – “terroristas islâmicos” apoiados pelo Irã – começaram com um ataque não-provocado, disparando foguetes mortíferos contra um inocente Israel, com a intenção de destruir o estado judeu.
Políticos americanos-canadenses e a mídia dizem que “Israel tem o direito de se defender”.
Sem dúvida. Nenhum governo israelense pode tolerar foguetes atingindo suas cidades, mesmo que o total de baixas tenha sido menos que as fatalidades de acidentes de carros, durante um só feriado nas estradas de Israel.
O disparo dos débeis foguetes “al-Qassam”, de fundo-de-quintal, pelos palestinos, é tanto inútil, quanto contraprodutivo.
Isto danifica a imagem deles como povo oprimido e dá aos extremistas de direita israelenses uma razão perfeita para deslanchar mais ataques contra os árabes e recusar a discutir a paz.
Os apoiadores de Israel insistem que tem um direito absoluto para lançar centenas de toneladas de bombas contra “alvos do Hamas” dentro dos 360 Km² da Faixa de Gaza, para “pegar os terroristas.”
Os civis sofrem, afirma Israel, por causa dos covardes do Hamas que se escondem no meio deles.
Omitindo fatos.
Como usual, esta versão de história-em-quadrinhos dos eventos, omite uma grande parte de nuance e fundo histórico.
Embora o disparo de foguetes contra civis seja um crime, também é o bloqueio israelense de Gaza, que é uma egrégia violação da lei internacional e da Convenção de Genebra.
De acordo com a ONU, a maioria dos 1,5 milhão de refugiados palestinos subsistem próximo ao limiar da fome. Setenta porcento das crianças palestinas, em Gaza, sofrem de severa desnutrição e trauma psicológico.
Instalações médicas estão, criticamente, carentes de médicos, pessoal, equipamento e remédios. Gaza, literalmente, tornou-se uma lixeira humana para todos os árabes que Israel não quer.
Gaza é um dos locais mais populados do mundo, uma vasta prisão à céu aberto, cheia com pessoas desesperadas. No passado, elas arremessavam pedras nos ocupantes israelenses; agora, lançam foguetes caseiros.
Chamem isto de um motim penitenciário.
Visando as eleições.
Quando a denominada trégua entre Tel Aviv e o Hamas expirou, em 19 de dezembro, os políticos israelenses estavam em meio à preparação para as eleições nacionais de 10 de fevereiro.
A política israelense está desempenhando um papel-chave nesta crise.
Ehud Barak, o ministro da defesa e líder do Partido Trabalhista, e Tzipi Livni, a ministra do exterior e líder do Partido Kadima, estão tentando provar que são mais durões um ao outro e ao partido linha-dura Likud de Benjamin Netanyahu.
As eleições israelenses estão, somente, há seis semanas, e o Likud estava liderando, até que as incursões aéreas sobre Gaza, começaram. O Kadima e os Trabalhistas estão, agora, na frente das pesquisas.
Os pesados ataques sobre Gaza, também, são designados para intimidar os vizinhos árabes de Israel, e compensar a humilhante derrota de Israel, em 2006, no Líbano, que, ainda, assombra os políticos e generais do país.
Um fait accompli.
Quando os ataques aéreos, sobre Gaza, começaram, Barak disse: “Nós mudamos, totalmente, as regras do jogo.”
Ele estava certo. Ao incursionar a Gaza controlada pelo Hamas, Barak brindou a administração americana vindoura, com um fait accompli, e, com precisão, deu um xeque-mate no mais novo participante do Grande Jogo do Oriente Médio – Barack Obama, o presidente-eleito dos Estados Unidos – antes mesmo que este pudesse tomar assento à mesa.
A ofensiva israelense contra Gaza, agora, muito provavelmente irá dar curto-circuito em quaisquer planos que Obama pudesse ter tido, para pressionar Israel a se retirar para suas fronteiras pré-1967 e compartilhar Jerusalém.
Isto agradou os apoiadores de Israel na América do Norte, que estão saudando a guerra em Gaza e recuando de seu pretenso apoio a um acordo de terra-por-paz.
O sucesso de Israel em fazer com que a mídia ocidenta retrata a ofensiva em Gaza como “operação anti-terrorista”, irá, também, diminuir as esperanças para conversações de paz, em qualquer momento próximo.
Obama herdará esta bagunça em poucas semanas. Durante as eleições, Obama curvou-se ao lobby de Israel, oferecendo uma nova carta-branca dos Estados Unidos para Israel e, até mesmo, aceitando o monopólio permanente de Israel sobre toda a Jerusalém.
Enquanto ele conclui a formação de seu gabinete, sua equipe do Oriente Médio parece estar fortemente carregada com amigos do Partido Trabalhista de Israel.
Obama continua dizendo que precisa ficar em silêncio, à respeito de questões políticas, até que George Bush, o presidente de saída, deixe o cargo, mas sua equipe parece feliz em evitar ter de fazer declarações sobre Gaza, que poderiam antagonizar os apoiadores americanos de Israel.
Obama assumirá o cargo confrontando um Oriente Médio em armas por causa de Gaza, e o mundo muçulmano inteiro culpando os EUA pela carnificina lá.
A não ser que ele se distancie das políticas da administração Bush, irá, em breve, encontrar-se encarando os mesmos problemas e raiva que a Casa Branca de Bush.
Acordo árabe morto.
A ofensiva de Israel em Gaza, provavelmente, também torpedeará o atual plano de paz patrocinado pelos sauditas, que havia sido apoiado por todos os membros da Liga Árabe.
O plano, agora, provavelmente defunto, pedia para Israel retirar-se para suas fronteira de 1967 e compartilhar Jerusalém, em troca pelo pleno reconhecimento e relações normalizadas com o mundo muçulmano.
Os governos árabes, agora, serão incapazes de vender o acordo, enquanto enfrentam uma tempestade de críticas de seu próprio povo, sobre a impotência para ajudar os palestinos de Gaza.
O Egito, em particular, está sendo, amplamente, acusado de colaboracionismo com Israel, no isolamento de Gaza. Parece, altamente improvável, que eles sejam capazes de avançar um plano de paz com Israel, agora.
Este é um bônus para os isralenses de direita, que sempre tem sido totalmente contrários a qualquer retirada e, fortemente, apoiaram o ataque contra Gaza.
Outras facções israelenses, que sempre tem sido pouco calorosos a respeito do plano saudita, agora, é pouco provável que o levem em conta.
A comunidade de segurança de Israel está empenhada em impedir a criação de um estado palestino viável, e recusa-se a negociar com o Hamas. Incapaz de matar todos os homens do Hamas, Israel está, lentamente, destruindo toda a infraestrutura de Gaza, ao redor dele, como fez com a OLP de Yasser Arafat.
Os linhas-duras de Israel apontam para Gaza e afirmam que qualquer estado palestino na Margem Ocidental ameaçaria a segurança deles, ao disparar foguetes contra o heartland de Israel.
Poderosa máquina de informações.
Israel está confiante que sua poderosa máquina de informações lhe permitirá esquivar-se da tempestade de ultraje mundial, por sua punição bíblica sobre Gaza. Quem se lembra do nivelamento, por Israel, de parcelas da cidade palestina de Jenin, ou a destruição americana em Falluja, Iraque, ou os massacres de Sabra e Shatilla, em Beirute?
A mídia americana focaliza nos foguetes sendo disparados contra Israel, a partir de Gaza.
Embora o tormento de Gaza seja visto, por todo o horrorizado mundo muçulmano, como uma moderna versão do Levante do Ghetto de Varsóvia, pelos judeus contra os nazistas, na Segunda Guerra Mundial, os governos ocidentais, ainda parecem inclinados a não tomar ação alguma.
Embora a utilização, por Israel, de armas americanas contra Gaza, viole os Atos de Assistência Externa e Controle de Exportação de Armas dos Estados Unidos, o dócil Congresso americano permanecerá mudo.
O assalto israelense contra Gaza, foi, claramente, sincronizado para o intervalo entre as administrações da América e os feriados de fim de ano, uma tática israelense corriqueira.
O Hamas recusa-se a reconhecer Israel, enquanto Israel recusar a reconhecer o Hamas e os direitos de milhões de refugiados sem-lar palestinos.
Ele clama por um estado não-religioso a ser criado na Palestina, significando um fim ao Sionismo. Ironicamente, o Xeque Ahmed Yassin, o fundador e finado líder do Hamas, tinha falado de um compromisso com Tel Aviv, um pouco antes de ser assassinado por Israel, em 2004.
Uma bagunça herdada.
As esperanças de Israel que, por meio de bombas, os habitantes de Gaza rejeitarão o Hamas são mal-concebidas como sua tentativa, em 2006, de explodir o Líbano, para fazê-lo rejeitar o Hezbollah.
O regime do Fatah, na Margem Ocidental, instalado pelos EUA e Israel, após a suspeita morte de Yasser Arafat, será, ainda mais, desacreditado, deixando os militantes do Hamas como a única voz autêntica do nacionalismo palestino.
O Hamas, militante, mas, ainda assim, o governo democraticamente eleito de Gaza, estará, ainda menos, disposto a fazer compromissos.
O mundo muçulmano está em cólera. Mas, e daí? Stalin gostava de dizer, “os cães ladram, mas a caravana passa,” e, enquanto os Estados Unidos derem carta-branca à Israel, este poderá fazer qualquer coisa que desejar.
A tragédia da Palestina, portanto, continuará a envenenar as relações americanas com o mundo muçulmano.
Aqueles americanos que ainda não compreendem por quê sua nação foi atacada no 11 de Setembro, precisam, apenas, olhar para Gaza, pela que os Estados Unidos estão sendo tão culpados quanto Israel.
A não ser que Israel faça com que 5 ou 7 milhões de palestinos desapareçam, ele precisa achar algum modo de coexistir com eles. Os líderes israelenses, ao centro e à direita, continuam a evitar confrontar este fato.
A brutal punição coletiva infligida contra Gaza, provavelmente, reforçará o Hamas e reverterá quaisquer esperanças de uma paz no Oriente Médio, nos anos vindouros.
Por Eric Margolis – 5 de janeiro de 2009.
Há duas versões, completamente diferentes, sobre o que está acontecendo em Gaza.
Na versão da imprensa israelense e americana-canadense, o Hamas – “terroristas islâmicos” apoiados pelo Irã – começaram com um ataque não-provocado, disparando foguetes mortíferos contra um inocente Israel, com a intenção de destruir o estado judeu.
Políticos americanos-canadenses e a mídia dizem que “Israel tem o direito de se defender”.
Sem dúvida. Nenhum governo israelense pode tolerar foguetes atingindo suas cidades, mesmo que o total de baixas tenha sido menos que as fatalidades de acidentes de carros, durante um só feriado nas estradas de Israel.
O disparo dos débeis foguetes “al-Qassam”, de fundo-de-quintal, pelos palestinos, é tanto inútil, quanto contraprodutivo.
Isto danifica a imagem deles como povo oprimido e dá aos extremistas de direita israelenses uma razão perfeita para deslanchar mais ataques contra os árabes e recusar a discutir a paz.
Os apoiadores de Israel insistem que tem um direito absoluto para lançar centenas de toneladas de bombas contra “alvos do Hamas” dentro dos 360 Km² da Faixa de Gaza, para “pegar os terroristas.”
Os civis sofrem, afirma Israel, por causa dos covardes do Hamas que se escondem no meio deles.
Omitindo fatos.
Como usual, esta versão de história-em-quadrinhos dos eventos, omite uma grande parte de nuance e fundo histórico.
Embora o disparo de foguetes contra civis seja um crime, também é o bloqueio israelense de Gaza, que é uma egrégia violação da lei internacional e da Convenção de Genebra.
De acordo com a ONU, a maioria dos 1,5 milhão de refugiados palestinos subsistem próximo ao limiar da fome. Setenta porcento das crianças palestinas, em Gaza, sofrem de severa desnutrição e trauma psicológico.
Instalações médicas estão, criticamente, carentes de médicos, pessoal, equipamento e remédios. Gaza, literalmente, tornou-se uma lixeira humana para todos os árabes que Israel não quer.
Gaza é um dos locais mais populados do mundo, uma vasta prisão à céu aberto, cheia com pessoas desesperadas. No passado, elas arremessavam pedras nos ocupantes israelenses; agora, lançam foguetes caseiros.
Chamem isto de um motim penitenciário.
Visando as eleições.
Quando a denominada trégua entre Tel Aviv e o Hamas expirou, em 19 de dezembro, os políticos israelenses estavam em meio à preparação para as eleições nacionais de 10 de fevereiro.
A política israelense está desempenhando um papel-chave nesta crise.
Ehud Barak, o ministro da defesa e líder do Partido Trabalhista, e Tzipi Livni, a ministra do exterior e líder do Partido Kadima, estão tentando provar que são mais durões um ao outro e ao partido linha-dura Likud de Benjamin Netanyahu.
As eleições israelenses estão, somente, há seis semanas, e o Likud estava liderando, até que as incursões aéreas sobre Gaza, começaram. O Kadima e os Trabalhistas estão, agora, na frente das pesquisas.
Os pesados ataques sobre Gaza, também, são designados para intimidar os vizinhos árabes de Israel, e compensar a humilhante derrota de Israel, em 2006, no Líbano, que, ainda, assombra os políticos e generais do país.
Um fait accompli.
Quando os ataques aéreos, sobre Gaza, começaram, Barak disse: “Nós mudamos, totalmente, as regras do jogo.”
Ele estava certo. Ao incursionar a Gaza controlada pelo Hamas, Barak brindou a administração americana vindoura, com um fait accompli, e, com precisão, deu um xeque-mate no mais novo participante do Grande Jogo do Oriente Médio – Barack Obama, o presidente-eleito dos Estados Unidos – antes mesmo que este pudesse tomar assento à mesa.
A ofensiva israelense contra Gaza, agora, muito provavelmente irá dar curto-circuito em quaisquer planos que Obama pudesse ter tido, para pressionar Israel a se retirar para suas fronteiras pré-1967 e compartilhar Jerusalém.
Isto agradou os apoiadores de Israel na América do Norte, que estão saudando a guerra em Gaza e recuando de seu pretenso apoio a um acordo de terra-por-paz.
O sucesso de Israel em fazer com que a mídia ocidenta retrata a ofensiva em Gaza como “operação anti-terrorista”, irá, também, diminuir as esperanças para conversações de paz, em qualquer momento próximo.
Obama herdará esta bagunça em poucas semanas. Durante as eleições, Obama curvou-se ao lobby de Israel, oferecendo uma nova carta-branca dos Estados Unidos para Israel e, até mesmo, aceitando o monopólio permanente de Israel sobre toda a Jerusalém.
Enquanto ele conclui a formação de seu gabinete, sua equipe do Oriente Médio parece estar fortemente carregada com amigos do Partido Trabalhista de Israel.
Obama continua dizendo que precisa ficar em silêncio, à respeito de questões políticas, até que George Bush, o presidente de saída, deixe o cargo, mas sua equipe parece feliz em evitar ter de fazer declarações sobre Gaza, que poderiam antagonizar os apoiadores americanos de Israel.
Obama assumirá o cargo confrontando um Oriente Médio em armas por causa de Gaza, e o mundo muçulmano inteiro culpando os EUA pela carnificina lá.
A não ser que ele se distancie das políticas da administração Bush, irá, em breve, encontrar-se encarando os mesmos problemas e raiva que a Casa Branca de Bush.
Acordo árabe morto.
A ofensiva de Israel em Gaza, provavelmente, também torpedeará o atual plano de paz patrocinado pelos sauditas, que havia sido apoiado por todos os membros da Liga Árabe.
O plano, agora, provavelmente defunto, pedia para Israel retirar-se para suas fronteira de 1967 e compartilhar Jerusalém, em troca pelo pleno reconhecimento e relações normalizadas com o mundo muçulmano.
Os governos árabes, agora, serão incapazes de vender o acordo, enquanto enfrentam uma tempestade de críticas de seu próprio povo, sobre a impotência para ajudar os palestinos de Gaza.
O Egito, em particular, está sendo, amplamente, acusado de colaboracionismo com Israel, no isolamento de Gaza. Parece, altamente improvável, que eles sejam capazes de avançar um plano de paz com Israel, agora.
Este é um bônus para os isralenses de direita, que sempre tem sido totalmente contrários a qualquer retirada e, fortemente, apoiaram o ataque contra Gaza.
Outras facções israelenses, que sempre tem sido pouco calorosos a respeito do plano saudita, agora, é pouco provável que o levem em conta.
A comunidade de segurança de Israel está empenhada em impedir a criação de um estado palestino viável, e recusa-se a negociar com o Hamas. Incapaz de matar todos os homens do Hamas, Israel está, lentamente, destruindo toda a infraestrutura de Gaza, ao redor dele, como fez com a OLP de Yasser Arafat.
Os linhas-duras de Israel apontam para Gaza e afirmam que qualquer estado palestino na Margem Ocidental ameaçaria a segurança deles, ao disparar foguetes contra o heartland de Israel.
Poderosa máquina de informações.
Israel está confiante que sua poderosa máquina de informações lhe permitirá esquivar-se da tempestade de ultraje mundial, por sua punição bíblica sobre Gaza. Quem se lembra do nivelamento, por Israel, de parcelas da cidade palestina de Jenin, ou a destruição americana em Falluja, Iraque, ou os massacres de Sabra e Shatilla, em Beirute?
A mídia americana focaliza nos foguetes sendo disparados contra Israel, a partir de Gaza.
Embora o tormento de Gaza seja visto, por todo o horrorizado mundo muçulmano, como uma moderna versão do Levante do Ghetto de Varsóvia, pelos judeus contra os nazistas, na Segunda Guerra Mundial, os governos ocidentais, ainda parecem inclinados a não tomar ação alguma.
Embora a utilização, por Israel, de armas americanas contra Gaza, viole os Atos de Assistência Externa e Controle de Exportação de Armas dos Estados Unidos, o dócil Congresso americano permanecerá mudo.
O assalto israelense contra Gaza, foi, claramente, sincronizado para o intervalo entre as administrações da América e os feriados de fim de ano, uma tática israelense corriqueira.
O Hamas recusa-se a reconhecer Israel, enquanto Israel recusar a reconhecer o Hamas e os direitos de milhões de refugiados sem-lar palestinos.
Ele clama por um estado não-religioso a ser criado na Palestina, significando um fim ao Sionismo. Ironicamente, o Xeque Ahmed Yassin, o fundador e finado líder do Hamas, tinha falado de um compromisso com Tel Aviv, um pouco antes de ser assassinado por Israel, em 2004.
Uma bagunça herdada.
As esperanças de Israel que, por meio de bombas, os habitantes de Gaza rejeitarão o Hamas são mal-concebidas como sua tentativa, em 2006, de explodir o Líbano, para fazê-lo rejeitar o Hezbollah.
O regime do Fatah, na Margem Ocidental, instalado pelos EUA e Israel, após a suspeita morte de Yasser Arafat, será, ainda mais, desacreditado, deixando os militantes do Hamas como a única voz autêntica do nacionalismo palestino.
O Hamas, militante, mas, ainda assim, o governo democraticamente eleito de Gaza, estará, ainda menos, disposto a fazer compromissos.
O mundo muçulmano está em cólera. Mas, e daí? Stalin gostava de dizer, “os cães ladram, mas a caravana passa,” e, enquanto os Estados Unidos derem carta-branca à Israel, este poderá fazer qualquer coisa que desejar.
A tragédia da Palestina, portanto, continuará a envenenar as relações americanas com o mundo muçulmano.
Aqueles americanos que ainda não compreendem por quê sua nação foi atacada no 11 de Setembro, precisam, apenas, olhar para Gaza, pela que os Estados Unidos estão sendo tão culpados quanto Israel.
A não ser que Israel faça com que 5 ou 7 milhões de palestinos desapareçam, ele precisa achar algum modo de coexistir com eles. Os líderes israelenses, ao centro e à direita, continuam a evitar confrontar este fato.
A brutal punição coletiva infligida contra Gaza, provavelmente, reforçará o Hamas e reverterá quaisquer esperanças de uma paz no Oriente Médio, nos anos vindouros.