J.Ricardo escreveu:F-Carvalho, não acho que este desenvolvimento seria tão complicado assim, quando desenvolvemos o E-99 também desenvolvemos sozinhos e exportamos apenas para dois países, O R-99 creio quem nem exportado foi.
Nada impediria de trilharmos o mesmo caminho novamente, e até poderia ocorrer algumas exportações ou não...
Ainda acho bem válida a opção por um P-99 atualizado e utilizando a plataforma do E-190.
Olá J.Ricardo.
É bem verdade que desenvolvemos os E/R-99, mas não sozinhos. A Embraer teve que contar com a expertise de várias empresas para a integração e operacionalidade dos sistemas que foram em embarcados naqueles aviões. Mesmo hoje, por exemplo, os E-99 estão sendo refitados com a ajuda sueca no que compete ao radar e sistemas de apoio. Da mesma forma seria com um eventual P-99 baseado na célula do E-190.
Não é, ou seria, um trabalho exatamente fácil, mas complexo, já que se deve apor sistemas os quais não foram projetados, a priori, para o E-190, bem como a célula também não foi projetada originalmente para receber tal tipo de sistemas. Em todo caso, a Embraer tem planos para usar esta aeronave como base, também, para um patrulheiro. A questão, como tenho insistido aqui é: quem via pagar a conta?
Um E-190 hoje não sai por menos de US 35-40 mi, enquanto um E-195 pode chegar até US 45 mi, dependendo do que se quiser colocar neles. Os E-2 terão um preço base com certeza uns 10-15% mais caro que isso. Imaginemos então uma versão especializada para ASW/ASupW com todos os sistemas embarcados que hoje possui. Para uma simples comparação, os E-99 AEW, diz-se por aí, saíram para a FAB pela bagatela de US 85 mi cada um. Isso por baixo. E só foram possíveis de serem adquiridos porque estavam dentro do escopo do projeto SIVAM que tinha financiamento externo próprio. Da mesma forma, diz-se que os KC-390 não saem por menos de US 65-110 mi cada. Pode-se ver que um eventual P-99, dependendo do que quisermos que eles realmente façam, pode, no mínimo, duplicar de preço. Ou seja, temos de saber se daqui a 10/15 anos ainda vamos estar dispostos a pagar, desconsiderando inflação e coisas afins, entre US 80-90 mi, ou até US 120 mi por uma aeronave de patrulha, isto em uma conta de padaria, como o povo gosta de dizer aqui.
Agora imagines a cara de um MD indo no congresso e tentando explicar porque temos de gastar, vamos dizer, US 800 milhões só para substituir os P-3 operacionais, que são apenas míseras 8 undes? Sem considerar toda a logística de apoio, treinamento, peças de reposição, armamento, etc... E tudo isso sem contar ao menos com a desculpa da capacidade de esta aeronave ser exportada? E se quisermos colocar 8 P-99 nos 4 esquadrões do 7o Gav? 32 X 120 = US 3.840 bilhões. Novamente, somente os aviões, sem considerar reservas e aeronaves dedicadas ao treinamento e suporte operacional.
Para que estou escrevendo tudo isso? Para ilustrar/exemplificar a você que somente dentro de um projeto maior como o SIGAAZ, este eventual P-99 conseguirá sair efetivamente do papel. Assim como o SIVAM possibilitou os E/R-99 para a FAB. De outra forma, por assim dizer, sem parceiros externos, e sem possibilidade críveis de exportações, como no caso do KC-390, nossos políticos dificilmente irão corroborar qualquer tipo de apoio financeiro para o desenvolvimento desta aeronave. Por mais que os motivos e justificativas sejam plausíveis, notórios e aceitáveis. Simplesmente porque eles não terão como explicar/justificar para o populacho o porque do GF querer gastar mais de US 4 bi de dólares em um punhado em aviões para a MB patrulhar o alto mar, onde afinal "não tem coisa nenhuma", quando temos tantas coisas para fazer bem aqui pertinho nas nossas praias.
Eu entendo, que se e quando a MB incorporar a aviação de patrulha, ela poderá adicionar mais um esquadrão a organização atual, que possui somente 4 OM's nesta tarefa. Um sexto poderá vir a ser interessante, na medida em que pudermos fazer dispor a cada DN deste recurso. 6 esquadrões pode até parecer muito, mas temos de lembrar que a missão da patrulha naval não é apenas de vigiar o litoral e a ZEE, pelo contrário, vai muito além disso. O seu TO é todo o Atlântico Sul. Além dos atuais 4 esquadrões não darem conta nem do litoral e menos ainda da ZEE, atualmente não podemos nem sequer pensar em uma aviação de patrulha com capacidade efetivamente oceânica. Bom, com 6 esquadrões a situação ficaria um pouco mais satisfatória, naquilo que nos compete a capacidade de prover a não somente a patrulha naval, como e também, a nossa capacidade SAR no TON, e pela qual temos a responsabilidade de apenas 15 milhões de km2.
Uma coisa. Não precisamos necessariamente, pensando nestes hipotéticos 6 esquadrões, dotá-los todos com 12, 15 ou 18 aeronaves, como se esperaria de um esquadrão de um país que leva defesa a sério. Com 8 em cada um, já daria para fazer muita coisa, uma vez que este trabalho seria dividido também com outras aeronaves menores, em complemento aqueles aviões.
Não creio que comprar cerca de 48 P-99 baseados nos E-190 seja algo espetaculoso. Mesmo para os nossos paupérrimos padrões de investimento. Talvez lá na frente isto seja algo um tanto menos escandaloso para a sociedade, para os políticos e para o governo. Quem sabe.
Estamos comprando 30 KC-390, com boas chances de adquirir outros mais. E tudo dentro de um projeto maior do que a própria aeronave em si.
Já é um bom primeiro passo para nós, não é mesmo?
abs.