Aviação Regional no Brasil
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Re: Aviação Regional no Brasil
Azul inicia plano de expansão no Norte do país
Quase todos esses destinos, entretanto, ainda dependem da conclusão de investimentos em infraestrutra portuária nos terminais
https://valorinveste.globo.com/mercados ... pais.ghtml
Barcelos, Eirunepé e Humaitá tem como receber os E-190/195 por causa das OM nestas localidades. Isto trás muito mais que apenas pessoal militar para as cidades. Traz investimentos em diversas áreas e também de infraestrutura tanto das prefeituras como do governo estadual e federal. Via de regra as cidades do interior do Amazonas não tem como suportar por si as OM que nelas são alocadas. Então, via de regra os governos em nível estadual e federal fazem com que cada município que acolhe estas OM alcancem mínimos padrões de urbanidade e qualidade de vida via atendimento de serviços públicos capazes de sustentar todo o pessoal militar deslocado e seus familiares, assim como as populações locais.
E uma OM atrai mais gente para as sedes dos municípios, o que gera uma pressão maior por mais serviços públicos, o que faz rodar a economia e ajuda a compor um quadro econômico e social diferente do status quo mantido até então.
Apuí, Itacoatiara, Borba e Novo Aripuanã são localidade pequenas demais para um E-Jet, mas podem receber, a priori, os ATR-42 e/ou Caravan. Mas estes do que aqueles.
Itacoatiara fica a pouco mais de 200 kms de Manaus. E com a previsão de reforma da AM-010, tenho cá minhas dúvidas de que alguém ache mais interessante fazer este percurso de avião, e não de carro e/ou ônibus.
Caso os investimentos acordados com a Infraero venham a termo e permitam uma melhor estrutura dos aeroportos, entendo que no longo prazo estas cidades possam acolher no futuro mais voos, e até mesmo os E-jet, como os novos E175-E2, que como venho dizendo aqui algum tempo, são excelentes para a maioria das rotas para atender o interior do Amazonas.
Além do Amazonas a Azul também está prospectando cidades no interior de Rondônia, com alguns voos de teste já realizados. A princípio seriam atendidos os municípios de Ariquemes, Guajará-Mirim, Vilhena e Ji-paraná. Não tenho informações de que já estejam operando regularmente. Mas soube que pelo menos 1 ou 2 destas cidades receberiam os E-Jet.
No caso do Acre, apenas a cidade de Cruzeiro do Sul recebe voos normalmente da GOL conforme falei antes. Pode ser que mais para frente com a introdução de Eirunepé na rota dos E-Jet a Azul entenda ser conveniente esticar a perna do voo até lá, já que os dois municípios são vizinhos. Para os moradores destas cidades seria excelente poder contar com mais de um voo para Manaus e Rio Branco.
Quase todos esses destinos, entretanto, ainda dependem da conclusão de investimentos em infraestrutra portuária nos terminais
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Barcelos, Eirunepé e Humaitá tem como receber os E-190/195 por causa das OM nestas localidades. Isto trás muito mais que apenas pessoal militar para as cidades. Traz investimentos em diversas áreas e também de infraestrutura tanto das prefeituras como do governo estadual e federal. Via de regra as cidades do interior do Amazonas não tem como suportar por si as OM que nelas são alocadas. Então, via de regra os governos em nível estadual e federal fazem com que cada município que acolhe estas OM alcancem mínimos padrões de urbanidade e qualidade de vida via atendimento de serviços públicos capazes de sustentar todo o pessoal militar deslocado e seus familiares, assim como as populações locais.
E uma OM atrai mais gente para as sedes dos municípios, o que gera uma pressão maior por mais serviços públicos, o que faz rodar a economia e ajuda a compor um quadro econômico e social diferente do status quo mantido até então.
Apuí, Itacoatiara, Borba e Novo Aripuanã são localidade pequenas demais para um E-Jet, mas podem receber, a priori, os ATR-42 e/ou Caravan. Mas estes do que aqueles.
Itacoatiara fica a pouco mais de 200 kms de Manaus. E com a previsão de reforma da AM-010, tenho cá minhas dúvidas de que alguém ache mais interessante fazer este percurso de avião, e não de carro e/ou ônibus.
Caso os investimentos acordados com a Infraero venham a termo e permitam uma melhor estrutura dos aeroportos, entendo que no longo prazo estas cidades possam acolher no futuro mais voos, e até mesmo os E-jet, como os novos E175-E2, que como venho dizendo aqui algum tempo, são excelentes para a maioria das rotas para atender o interior do Amazonas.
Além do Amazonas a Azul também está prospectando cidades no interior de Rondônia, com alguns voos de teste já realizados. A princípio seriam atendidos os municípios de Ariquemes, Guajará-Mirim, Vilhena e Ji-paraná. Não tenho informações de que já estejam operando regularmente. Mas soube que pelo menos 1 ou 2 destas cidades receberiam os E-Jet.
No caso do Acre, apenas a cidade de Cruzeiro do Sul recebe voos normalmente da GOL conforme falei antes. Pode ser que mais para frente com a introdução de Eirunepé na rota dos E-Jet a Azul entenda ser conveniente esticar a perna do voo até lá, já que os dois municípios são vizinhos. Para os moradores destas cidades seria excelente poder contar com mais de um voo para Manaus e Rio Branco.
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Re: Aviação Regional no Brasil
É um documento de 2013, quase dez anos atrás, mas vale, e muito, como comparativo com a realidade atual e as possibilidades futuras da aviação na região norte.
Claro, mais importante, trata-se de um documento da Câmara dos Deputados.
A ver se existem outros como este mais atualizados.
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Re: Aviação Regional no Brasil
AVIAÇÃO CIVIL
Infraero vai adequar aeroportos para permitir retomada de voos no interior do Amazonas
Ministério da Infraestrutura investe na expansão do transporte aéreo regular na região Norte
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br ... o-amazonas
Infraero vai adequar aeroportos para permitir retomada de voos no interior do Amazonas
Ministério da Infraestrutura investe na expansão do transporte aéreo regular na região Norte
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Re: Aviação Regional no Brasil
Integração nacional
Governo espera ampliar o número de voos na Região Norte
Novas cidades do Amazonas terão operação regular regional e melhoria na infraestrutura aeroportuária
https://aeromagazine.uol.com.br/artigo/ ... _6345.html
O calo de sempre dos municípios é a questão da infraestrutura. Mas finalmente, parece, que a Infraero vai voltar a fazer o que sempre lhe foi mister como empresa pública.
Fonte Boa é no Alto Solimões e dista mais de 700 kms de Manaus. Já operou voos regulares anteriormente, mas foram cancelados depois da absorção da Trip pela Azul.
Maués dista pouco mais de 300 kms de Manaus, enquanto Itacoatiara é como falei, pouco mais de 200 kms e com uma rodovia sendo duplicada.
Os investimentos feitos pelo governo federal nestes aeroportos podem trazer a aviação novamente como uma alternativa de transporte.
Só para comparar, uma lancha Expresso como chamamos aqui e que faz o trajeto Manaus-Tabatinga em 24 horas, cobra uma passagem em torno de 700 a 800 reais ida, e outros 500 a 600 reais na volta. Os valores cobrados pelos barcos recreio que levam mais de 400 pax, dependendo do tamanho do mesmo, cobram valores mais ou menos parecidos, e levam 7 dias para chegar em Tabatinga e outros 6 para voltar à Manaus.
Hoje como não tem ninguém para concorrer com a Azul, eles cobram facilmente mais de mil reais em uma passagem só de ida entre MAO-TBT. A volta costuma ser até mais cara, pois eles sabem que não há alternativas. O aeroporto de Letícia que poderia ser uma opção não opera com voos do lado colombiano para Manaus, outra coisa que vem sendo perseguida há anos pela comunidade da tríplice fronteira e até hoje nada.
Governo espera ampliar o número de voos na Região Norte
Novas cidades do Amazonas terão operação regular regional e melhoria na infraestrutura aeroportuária
https://aeromagazine.uol.com.br/artigo/ ... _6345.html
O calo de sempre dos municípios é a questão da infraestrutura. Mas finalmente, parece, que a Infraero vai voltar a fazer o que sempre lhe foi mister como empresa pública.
Fonte Boa é no Alto Solimões e dista mais de 700 kms de Manaus. Já operou voos regulares anteriormente, mas foram cancelados depois da absorção da Trip pela Azul.
Maués dista pouco mais de 300 kms de Manaus, enquanto Itacoatiara é como falei, pouco mais de 200 kms e com uma rodovia sendo duplicada.
Os investimentos feitos pelo governo federal nestes aeroportos podem trazer a aviação novamente como uma alternativa de transporte.
Só para comparar, uma lancha Expresso como chamamos aqui e que faz o trajeto Manaus-Tabatinga em 24 horas, cobra uma passagem em torno de 700 a 800 reais ida, e outros 500 a 600 reais na volta. Os valores cobrados pelos barcos recreio que levam mais de 400 pax, dependendo do tamanho do mesmo, cobram valores mais ou menos parecidos, e levam 7 dias para chegar em Tabatinga e outros 6 para voltar à Manaus.
Hoje como não tem ninguém para concorrer com a Azul, eles cobram facilmente mais de mil reais em uma passagem só de ida entre MAO-TBT. A volta costuma ser até mais cara, pois eles sabem que não há alternativas. O aeroporto de Letícia que poderia ser uma opção não opera com voos do lado colombiano para Manaus, outra coisa que vem sendo perseguida há anos pela comunidade da tríplice fronteira e até hoje nada.
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Re: Aviação Regional no Brasil
Parte 1.
Eu não sei como as empresas aéreas fazem para definir a quantidade e os tipos de aeronaves para as suas frotas, mas levando em consideração uma conta simples, e que nem todos os aviões estão 100% do tempo disponíveis, tomo como referência a lógica de X + 1/2X.
No mapa acima, se eu fosse o dono de uma empresa regional, e pensando nos aviões da Embraer, começaria pelo seguinte:
Capitais de Estado: 9 cidades + Brasília = 10 cidades.
Avião Adequado: E-190/195
Frota Necessária: 15 aviões
Conexões diárias entre todas as 10 cidades, com 4 voos por dia.
Suponho que este seria o número mínimo adequado para começar a operar. E como existem pelo menos outras 10 cidades no interior dos estados do Amazonas e Pará que podem receber voos com os mesmos aviões, seja por possuir infraestrutura aeroportuária, seja por questões sócio-econômicas, seria possível aventar outros 15 aviões para poder suprir as mesmas, utilizando a mesma regra disposta acima. Só aí temos, hipoteticamente, uma frota de 30 aviões.
Por outro lado, seria possível também imaginar que esta frota que atenderia o interior possa ser suprida pelos novos E-175 E-2, ou mesmo, como forma de dispor melhores termos de negociação, formar a frota na íntegra com estes mesmos aviões, já que se trata aqui de uma empresa regional, com o objetivo claro de ligar as cidades do interior entre si e com os principais centros urbanos da região norte, assim como Brasília, que também poderia receber voos diretos do interior utilizando aqueles aviões.
Cássio, diz aí se eu estou delirando muito... ainda tem a parte 2.
Eu não sei como as empresas aéreas fazem para definir a quantidade e os tipos de aeronaves para as suas frotas, mas levando em consideração uma conta simples, e que nem todos os aviões estão 100% do tempo disponíveis, tomo como referência a lógica de X + 1/2X.
No mapa acima, se eu fosse o dono de uma empresa regional, e pensando nos aviões da Embraer, começaria pelo seguinte:
Capitais de Estado: 9 cidades + Brasília = 10 cidades.
Avião Adequado: E-190/195
Frota Necessária: 15 aviões
Conexões diárias entre todas as 10 cidades, com 4 voos por dia.
Suponho que este seria o número mínimo adequado para começar a operar. E como existem pelo menos outras 10 cidades no interior dos estados do Amazonas e Pará que podem receber voos com os mesmos aviões, seja por possuir infraestrutura aeroportuária, seja por questões sócio-econômicas, seria possível aventar outros 15 aviões para poder suprir as mesmas, utilizando a mesma regra disposta acima. Só aí temos, hipoteticamente, uma frota de 30 aviões.
Por outro lado, seria possível também imaginar que esta frota que atenderia o interior possa ser suprida pelos novos E-175 E-2, ou mesmo, como forma de dispor melhores termos de negociação, formar a frota na íntegra com estes mesmos aviões, já que se trata aqui de uma empresa regional, com o objetivo claro de ligar as cidades do interior entre si e com os principais centros urbanos da região norte, assim como Brasília, que também poderia receber voos diretos do interior utilizando aqueles aviões.
Cássio, diz aí se eu estou delirando muito... ainda tem a parte 2.
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Re: Aviação Regional no Brasil
Que a região Norte carece, e muito de transporte aéreo regular, isto é fato. Mas inferir meios (aeronaves) e quantidades é um exercício um tanto "exotérico". Não acho que a quantidade citada seja alta, nem baixa... só acho irreal para nosso cenário.
Mais uma vez ter habitantes num cidade não significa que seja viável uma operação aérea regular diária. Muita coisa tem que ser levada em conta, com poder aquisitivo, frequencia de viagens, perfil da operação, integração da malha, etc. Se tem cidades que hoje não recebem regularmente nem ATR, não vejo muito espaço para um E175E2, que tem custo operacional bem mais elevado.
É preciso saber se vale a pena para as empresas aéreas... No final do dia o que importa é a rentabilidade da rota.
Ainda acho que, em muita localidades da Amazônia, o transporte aéreo tem que ser subsidiado para atrair as empresas aéreas. Já em outras localidades, com a melhora da infra poderá atrair a atenção das empresas, mesmo sem subsídios. Vamos ver quando tudo isso acontece.
Mais uma vez ter habitantes num cidade não significa que seja viável uma operação aérea regular diária. Muita coisa tem que ser levada em conta, com poder aquisitivo, frequencia de viagens, perfil da operação, integração da malha, etc. Se tem cidades que hoje não recebem regularmente nem ATR, não vejo muito espaço para um E175E2, que tem custo operacional bem mais elevado.
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Ainda acho que, em muita localidades da Amazônia, o transporte aéreo tem que ser subsidiado para atrair as empresas aéreas. Já em outras localidades, com a melhora da infra poderá atrair a atenção das empresas, mesmo sem subsídios. Vamos ver quando tudo isso acontece.
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Re: Aviação Regional no Brasil
Cassio escreveu: ↑Sex Ago 27, 2021 9:11 am Que a região Norte carece, e muito de transporte aéreo regular, isto é fato. Mas inferir meios (aeronaves) e quantidades é um exercício um tanto "exotérico". Não acho que a quantidade citada seja alta, nem baixa... só acho irreal para nosso cenário.
Mais uma vez ter habitantes num cidade não significa que seja viável uma operação aérea regular diária. Muita coisa tem que ser levada em conta, com poder aquisitivo, frequencia de viagens, perfil da operação, integração da malha, etc. Se tem cidades que hoje não recebem regularmente nem ATR, não vejo muito espaço para um E175E2, que tem custo operacional bem mais elevado.
É preciso saber se vale a pena para as empresas aéreas... No final do dia o que importa é a rentabilidade da rota.
Ainda acho que, em muita localidades da Amazônia, o transporte aéreo tem que ser subsidiado para atrair as empresas aéreas. Já em outras localidades, com a melhora da infra poderá atrair a atenção das empresas, mesmo sem subsídios. Vamos ver quando tudo isso acontece.
Me impressiona te ver tentando pela trocentésima vez explicar o óbvio pro nosso amigo Policarpo, então deixa eu tentar: aqui em Tramandaí tem uns 50 mil hab e ali do lado, em Osório, quase isso. Em "policarpês" ia ser moleza fazer dezenas de voos em E-Jet por dia até Porto Alegre (uns 100 km por aerovia, ou seja, nem precisa a Comissária servir lanche, o bicho já começa a se preparar para o pouso logo após decolar) e Osório tem Aeroclube, que pode "facilmente" ser convertido em Aeroporto. Aliás, dada a distância, talvez até aqueles helis tipo "última Coca-Cola gelada do deserto" que o Putin e o Xing Ling mostram e que todo mundo sabe que a logística é simples, rápida e balatim balatim fossem a solução ideal, uns 25 min após a decolagem já estariam pousando lá/aqui e por certo um Heliporto é mais barato de fazer que um Aeroporto .
Tudo é fácil no Mundo de Policarpo Quaresma, onde essa irrelevância chamada Realidade nunca dá as caras mesmo...
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Re: Aviação Regional no Brasil
Cassio escreveu: ↑Sex Ago 27, 2021 9:11 am Que a região Norte carece, e muito de transporte aéreo regular, isto é fato. Mas inferir meios (aeronaves) e quantidades é um exercício um tanto "exotérico". Não acho que a quantidade citada seja alta, nem baixa... só acho irreal para nosso cenário.
Atentar para o cenário de médio e longo prazo. A aviação regional tende a retomar no mínimo aos níveis anteriores de movimento pax/carga, em uma ação que se traduz no investimento que hora tem sido feito pela ANAC/SAC e governos nos últimos anos. A infraestrutura ainda é um ponto nevrálgico na região norte, mas com a Infraero voltando a fazer o dever de casa, é mister que as possibilidades de novas linhas e aeroportos capazes de receber voos comerciais - se turbohélice ou jatos ainda veremos - no futuro deve ser visto com critério.
Mais uma vez ter habitantes num cidade não significa que seja viável uma operação aérea regular diária. Muita coisa tem que ser levada em conta, com poder aquisitivo, frequencia de viagens, perfil da operação, integração da malha, etc. Se tem cidades que hoje não recebem regularmente nem ATR, não vejo muito espaço para um E175E2, que tem custo operacional bem mais elevado.
Posso dizer que conheço bem a minha região. E tomando como referencial as rotas hoje existentes, muitas cidades do interior só não recebem jatos simplesmente porque não existe concorrência. No caso das questões citas por ti, elas até existem em algumas cidades maiores do interior, mas, como disse aqui várias vezes, como as grandes empresas aéreas que operam na região via de regra não competem entre si por determinadas rotas no interior, menos por questões econômicas e/ou técnicas do que simplesmente por "acordos de cavalheiros" entre elas, fica difícil para quem quer operar na aviação regional se estabelecer. Eu vi isso com a MAP e outras empresas várias vezes em Tabatinga(e outros lugares). Foram defenestradas de pronto pelas grandes. E sem concorrência... sem melhorias, sem alternativas, sem ter o que fazer. A ver como o poder público lida com isto.
É preciso saber se vale a pena para as empresas aéreas... No final do dia o que importa é a rentabilidade da rota.
As rotas mais rentáveis estão nas mãos das grandes, Azul, Gol e Latam. E via de regra operam as ligações entre as capitais. Poucas cidades do interior são atendidas por jatos. E as que são, estão divididas em comum acordo entre aquelas empresas. Jamais competem numa mesma linha pelos motivos que já aludi acima. E nenhuma regional aqui tem condições de peitar o lobby delas. Assim fica difícil para qualquer um.
Ainda acho que, em muita localidades da Amazônia, o transporte aéreo tem que ser subsidiado para atrair as empresas aéreas. Já em outras localidades, com a melhora da infra poderá atrair a atenção das empresas, mesmo sem subsídios. Vamos ver quando tudo isso acontece.
Já é, e vai continuar sendo por muitos anos, face a ausência do Estado na maior parte do interior amazônico. Principalmente nas fronteiras. Sem investimento que torne possível uma evolução econômica e social dos municípios interioranos, fica difícil fazer o pessoal optar por voar ao invés dos tradicionais barcos regionais.
No mais, no longo prazo, o investimento que agora tenta-se novamente ser feito para a melhoria da infraestrutura aeroportuária de diversas cidades tem de vir acompanhado também de investimento na economia dos municípios. Sem isso, pode ter o melhor aeroporto do mundo, receber 747, mas vai ficar só nisso. Um belo elefante branco no meio do mato enfeitando a cidade.
A ver se o pessoal aprendeu dessa vez.
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Re: Aviação Regional no Brasil
Eu poderia tecer comentários com base técnica aqui - e tenho recursos para isso - e prolongar esta conversa, mas isto seria útil somente a você, e não à maioria que acompanha este tópico e não tem interesse e/ou condições de ficar discutindo tecnicismos pontuais de cunho econômico, legal, político e de administração.Túlio escreveu: ↑Sex Ago 27, 2021 10:14 amMe impressiona te ver tentando pela trocentésima vez explicar o óbvio pro nosso amigo Policarpo, então deixa eu tentar: aqui em Tramandaí tem uns 50 mil hab e ali do lado, em Osório, quase isso. Em "policarpês" ia ser moleza fazer dezenas de voos em E-Jet por dia até Porto Alegre (uns 100 km por aerovia, ou seja, nem precisa a Comissária servir lanche, o bicho já começa a se preparar para o pouso logo após decolar) e Osório tem Aeroclube, que pode "facilmente" ser convertido em Aeroporto. Aliás, dada a distância, talvez até aqueles helis tipo "última Coca-Cola gelada do deserto" que o Putin e o Xing Ling mostram e que todo mundo sabe que a logística é simples, rápida e balatim balatim fossem a solução ideal, uns 25 min após a decolagem já estariam pousando lá/aqui e por certo um Heliporto é mais barato de fazer que um Aeroporto .
Tudo é fácil no Mundo de Policarpo Quaresma, onde essa irrelevância chamada Realidade nunca dá as caras mesmo...
Então, posso me dar o trabalho e o direito de omitir tais questões, que caso se lhe sejam caras, e oportunas, podes contribuir citando-as e comentando a fim de colaborar com o tópico e o debate.
Sou todo ouvidos.
E Policarpo é o c...lho.
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Re: Aviação Regional no Brasil
FCarvalho escreveu: ↑Ter Ago 31, 2021 10:40 am
Eu poderia tecer comentários com base técnica aqui - e tenho recursos para isso - e prolongar esta conversa, mas isto seria útil somente a você, e não à maioria que acompanha este tópico e não tem interesse e/ou condições de ficar discutindo tecnicismos pontuais de cunho econômico, legal, político e de administração.
Então, posso me dar o trabalho e o direito de omitir tais questões, que caso se lhe sejam caras, e oportunas, podes contribuir citando-as e comentando a fim de colaborar com o tópico e o debate.
Sou todo ouvidos.
E Policarpo é o c...lho.
PQP, fiz um post bem elaborado comparando o desenvolvimento dos EUA (focando especialmente no Oeste, porque é a parte da História deles que conhecemos melhor) com o do Brasil; lá o GO WEST foi essencialmente o Estado se metendo apenas em alguns pequenos nichos (Defesa, depois Justiça, coisas essenciais, em suma) e o resto ficou por conta de quem quisesse prosperar; olha no que deu!
Já aqui é o contrário, espera-se e sempre esperou-se que o teu adorado ESTADO ÜBER ALLES, em $ua infinita $abedoria, faça o que deve ser feito e que prospere quem deve prosperar, com a nece$$ária bênção d'Ele, que sempre irá apenas para o$ justo$; olha no que deu.
A josta foi que, ao clicar em enviar, meu login caiu e perdi tudo, POWS!!!
Ah, tinha estabelecido uma comparação intermediária: a Argentina da segunda metade do século XIX que, ao estabelecer o laissez-faire, se cobriu de trilhos e indústrias, chegando a ter um dos três maiores PIBs do mundo (muito mais do que todos os Países da América Latina juntos) e banalizando a expressão "rico como um Argentino"; levou bem mais de meio século até acharem um Perón para reverter tudo e transformar na tristeza estatista que é hoje.
Mas esqueci a maior parte, assim, me permitas apenas uma sugestão: experimentes mandar o estado pra PQP! Ele que conserve apenas o que já tem aí (principalmente EB) e quem estiver no comando que proclame o seu próprio GO NORTH, com uma moratória de impostos e buRRocracia e especialmente que bote uma boa focinheira nos ecoxiitas do nefasto IBAMA. Seria a versão que dá certo do Calha Norte e poderia até acontecer uma coisa de que gostas: viabilizar aquele avião da Desaer, pois não é de financiamento e necessidade estatal que Indústria Aeronáutica e Companhia de Aviação vive e prospera (ex Argentina), mas aparentemente é meio assim que "funciona" no coitado do Norte do Brasil.
Já aqui é o contrário, espera-se e sempre esperou-se que o teu adorado ESTADO ÜBER ALLES, em $ua infinita $abedoria, faça o que deve ser feito e que prospere quem deve prosperar, com a nece$$ária bênção d'Ele, que sempre irá apenas para o$ justo$; olha no que deu.
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Ah, tinha estabelecido uma comparação intermediária: a Argentina da segunda metade do século XIX que, ao estabelecer o laissez-faire, se cobriu de trilhos e indústrias, chegando a ter um dos três maiores PIBs do mundo (muito mais do que todos os Países da América Latina juntos) e banalizando a expressão "rico como um Argentino"; levou bem mais de meio século até acharem um Perón para reverter tudo e transformar na tristeza estatista que é hoje.
Mas esqueci a maior parte, assim, me permitas apenas uma sugestão: experimentes mandar o estado pra PQP! Ele que conserve apenas o que já tem aí (principalmente EB) e quem estiver no comando que proclame o seu próprio GO NORTH, com uma moratória de impostos e buRRocracia e especialmente que bote uma boa focinheira nos ecoxiitas do nefasto IBAMA. Seria a versão que dá certo do Calha Norte e poderia até acontecer uma coisa de que gostas: viabilizar aquele avião da Desaer, pois não é de financiamento e necessidade estatal que Indústria Aeronáutica e Companhia de Aviação vive e prospera (ex Argentina), mas aparentemente é meio assim que "funciona" no coitado do Norte do Brasil.
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Re: Aviação Regional no Brasil
Túlio escreveu: ↑Ter Ago 31, 2021 12:18 pmPQP, fiz um post bem elaborado comparando o desenvolvimento dos EUA (focando especialmente no Oeste, porque é a parte da História deles que conhecemos melhor) com o do Brasil; lá o GO WEST foi essencialmente o Estado se metendo apenas em alguns pequenos nichos (Defesa, depois Justiça, coisas essenciais, em suma) e o resto ficou por conta de quem quisesse prosperar; olha no que deu!Para quem vive aqui, depender do Estado, diria, é praticamente uma cultura endógena. Não há nada aqui que prospere sem a presença, ou omissão, do Estado. Se deixarmos as coisas como estão, por exemplo no interior como tenho dito, vamos passar à eternidade na sombra de um país que nos ignora, desconhece e descrimina desde sempre. As pessoas aqui em sua grande maioria não tem educação suficiente para contestar sua dependência dos SUS e Semed/Seduc da vida, para ficar nestes exemplos mais simples. Mas sabem fazer um barulho enorme quando estes lhe faltam. Pão e circo é a regra aqui desde sempre. E continuará assim por anos incontestes. Então, o que vier depois disso é lucro. Inclusive um aeroporto e poder viajar de avião. Que para a imensa maioria da população continua sendo um luxo para poucos, bem poucos.
Não me parece muito lógico comparar a história do Brasil com a dos USA. Realidades bem diferentes. Relações entre sociedade e Estado completamente diferente da nossa ao longo da história.
Já aqui é o contrário, espera-se e sempre esperou-se que o teu adorado ESTADO ÜBER ALLES, em $ua infinita $abedoria, faça o que deve ser feito e que prospere quem deve prosperar, com a nece$$ária bênção d'Ele, que sempre irá apenas para o$ justo$; olha no que deu.
Bem, eu entendo o papel do Estado como um mal necessário onde a sociedade não é capaz, ou omissa, de fazer o que lhe é mister para o seu próprio bem. Se levamos isso de forma negativa, faz parte do nosso processo de colonização, histórico e cultural, do qual ainda não conseguimos, ou não queremos, abrir mão. Na minha região, para quase tudo de depende do poder e da ação, ou omissão, do Estado até para as menores coisas. Quase não existe empreendedorismo privado na região norte, e o pouco que há, está amarrado aos ditames da burrocracia estatal, onde ela existe, claro. Quem sabe um dia isso muda.
A josta foi que, ao clicar em enviar, meu login caiu e perdi tudo, POWS!!!
Ah, tinha estabelecido uma comparação intermediária: a Argentina da segunda metade do século XIX que, ao estabelecer o laissez-faire, se cobriu de trilhos e indústrias, chegando a ter um dos três maiores PIBs do mundo (muito mais do que todos os Países da América Latina juntos) e banalizando a expressão "rico como um Argentino"; levou bem mais de meio século até acharem um Perón para reverter tudo e transformar na tristeza estatista que é hoje.
Sim, eles evoluíram enquanto nós aqui éramos uma relação nada cordial entre fazenda e senzala. Faz parte da história. Não temos como consertar isso. E mesmo assim, comparativamente, investimos mais no século XIX em infraestrutura e desenvolvimento no país do que no século XX todo. E o que logramos conseguir foi defenestrado nos anos iniciais da república de bananas que viria a ser o país, comandado pelos coronéis de barranco de sempre até hoje. Nem pseudos salvadores da pátria como Getúlio Vargas ou Juscelino Kubichek mudaram isso. Somos e continuamos a ser a mesma relação vexatória de fazendo e senzala. Agora travestida de democracia. E eu continuo tendo que pagar não menos que 2 mil reais para sair de Manaus e voltar para qualquer lugar.
Mas esqueci a maior parte, assim, me permitas apenas uma sugestão: experimentes mandar o estado pra PQP! Ele que conserve apenas o que já tem aí (principalmente EB) e quem estiver no comando que proclame o seu próprio GO NORTH, com uma moratória de impostos e buRRocracia e especialmente que bote uma boa focinheira nos ecoxiitas do nefasto IBAMA.
Já tentaram várias vezes fazer isso Túlio e não deu certo. E não foi apenas por causa dos tais ecoxiitas. A coisa é bem mais complicada. Ecologia é só uma desculpa.
Seria a versão que dá certo do Calha Norte e poderia até acontecer uma coisa de que gostas: viabilizar aquele avião da Desaer, pois não é de financiamento e necessidade estatal que Indústria Aeronáutica e Companhia de Aviação vive e prospera (ex Argentina), mas aparentemente é meio assim que "funciona" no coitado do Norte do Brasil.
E sim, manter uma empresa aérea na Amazônia depende essencialmente de se conseguir o apoio certo do Estado, seja ele municipal, estadual ou federal. Não tem o que fazer. Sem um povo com educação e iniciativa própria, é o que temos para hoje.
Notar que o processo de desenvolvimento da região norte começou muito mais tarde do que o restante do país. Fomos e ainda somos a última fronteira a ser desbravada. E com apenas as três forças armadas fazendo o papel do Estado na maior parte da região, com raros casos de outros órgãos públicos, em qualquer nível de ação, lamento dizer, mas vamos continuar dependentes do Estado para quase tudo que existe aqui. Do arroz com feijão até a passagem de avião.
Carpe Diem
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Re: Aviação Regional no Brasil
Desculpes mas me reservo o direito de não responder quando escrevem no meu post.
O que há de tão difícil em recortar se e quando necessário?
O que há de tão difícil em recortar se e quando necessário?
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P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Aviação Regional no Brasil
Não me parece muito lógico comparar a história do Brasil com a dos USA. Realidades bem diferentes. Relações entre sociedade e Estado completamente diferente da nossa ao longo da história.
Bem, eu entendo o papel do Estado como um mal necessário onde a sociedade não é capaz, ou omissa, de fazer o que lhe é mister para o seu próprio bem. Se levamos isso de forma negativa, faz parte do nosso processo de colonização, histórico e cultural, do qual ainda não conseguimos, ou não queremos, abrir mão. Na minha região, para quase tudo de depende do poder e da ação, ou omissão, do Estado até para as menores coisas. Quase não existe empreendedorismo privado na região norte, e o pouco que há, está amarrado aos ditames da burrocracia estatal, onde ela existe, claro. Quem sabe um dia isso muda.
Sim, eles evoluíram enquanto nós aqui éramos uma relação nada cordial entre fazenda e senzala. Faz parte da história. Não temos como consertar isso. E mesmo assim, comparativamente, investimos mais no século XIX em infraestrutura e desenvolvimento no país do que no século XX todo. E o que logramos conseguir foi defenestrado nos anos iniciais da república de bananas que viria a ser o país, comandado pelos coronéis de barranco de sempre até hoje. Nem pseudos salvadores da pátria como Getúlio Vargas ou Juscelino Kubichek mudaram isso. Somos e continuamos a ser a mesma relação vexatória de fazendo e senzala. Agora travestida de democracia. E eu continuo tendo que pagar não menos que 2 mil reais para sair de Manaus e voltar para qualquer lugar.
Já tentaram várias vezes fazer isso Túlio - mandar para a PQP - e não deu certo. E não foi apenas por causa dos tais ecoxiitas. A coisa é bem mais complicada. Ecologia é só uma desculpa.
Para quem vive aqui, depender do Estado, diria, é praticamente uma cultura endógena. Não há nada aqui que prospere sem a presença, ou omissão, do Estado. Se deixarmos as coisas como estão, por exemplo no interior como tenho dito, vamos passar à eternidade na sombra de um país que nos ignora, desconhece e descrimina desde sempre. As pessoas aqui em sua grande maioria não tem educação suficiente para contestar sua dependência dos SUS e Semed/Seduc da vida, para ficar nestes exemplos mais simples. Mas sabem fazer um barulho enorme quando estes lhe faltam. Pão e circo é a regra aqui desde sempre. E continuará assim por anos incontestes. Então, o que vier depois disso é lucro. Inclusive um aeroporto e poder viajar de avião. Que para a imensa maioria da população continua sendo um luxo para poucos, bem poucos.
E sim, manter uma empresa aérea na Amazônia depende essencialmente de se conseguir o apoio certo do Estado, seja ele municipal, estadual ou federal. Não tem o que fazer. Sem um povo com educação e iniciativa própria, é o que temos para hoje. Notar que o processo de desenvolvimento da região norte começou muito mais tarde do que o restante do país. Fomos e ainda somos a última fronteira a ser desbravada. E com apenas as três forças armadas fazendo o papel do Estado na maior parte da região, com raros casos de outros órgãos públicos, em qualquer nível de ação, lamento dizer, mas vamos continuar dependentes do Estado para quase tudo que existe aqui. Do arroz com feijão até a passagem de avião.
Vá lá. Assim está melhor.
Bem, eu entendo o papel do Estado como um mal necessário onde a sociedade não é capaz, ou omissa, de fazer o que lhe é mister para o seu próprio bem. Se levamos isso de forma negativa, faz parte do nosso processo de colonização, histórico e cultural, do qual ainda não conseguimos, ou não queremos, abrir mão. Na minha região, para quase tudo de depende do poder e da ação, ou omissão, do Estado até para as menores coisas. Quase não existe empreendedorismo privado na região norte, e o pouco que há, está amarrado aos ditames da burrocracia estatal, onde ela existe, claro. Quem sabe um dia isso muda.
Sim, eles evoluíram enquanto nós aqui éramos uma relação nada cordial entre fazenda e senzala. Faz parte da história. Não temos como consertar isso. E mesmo assim, comparativamente, investimos mais no século XIX em infraestrutura e desenvolvimento no país do que no século XX todo. E o que logramos conseguir foi defenestrado nos anos iniciais da república de bananas que viria a ser o país, comandado pelos coronéis de barranco de sempre até hoje. Nem pseudos salvadores da pátria como Getúlio Vargas ou Juscelino Kubichek mudaram isso. Somos e continuamos a ser a mesma relação vexatória de fazendo e senzala. Agora travestida de democracia. E eu continuo tendo que pagar não menos que 2 mil reais para sair de Manaus e voltar para qualquer lugar.
Já tentaram várias vezes fazer isso Túlio - mandar para a PQP - e não deu certo. E não foi apenas por causa dos tais ecoxiitas. A coisa é bem mais complicada. Ecologia é só uma desculpa.
Para quem vive aqui, depender do Estado, diria, é praticamente uma cultura endógena. Não há nada aqui que prospere sem a presença, ou omissão, do Estado. Se deixarmos as coisas como estão, por exemplo no interior como tenho dito, vamos passar à eternidade na sombra de um país que nos ignora, desconhece e descrimina desde sempre. As pessoas aqui em sua grande maioria não tem educação suficiente para contestar sua dependência dos SUS e Semed/Seduc da vida, para ficar nestes exemplos mais simples. Mas sabem fazer um barulho enorme quando estes lhe faltam. Pão e circo é a regra aqui desde sempre. E continuará assim por anos incontestes. Então, o que vier depois disso é lucro. Inclusive um aeroporto e poder viajar de avião. Que para a imensa maioria da população continua sendo um luxo para poucos, bem poucos.
E sim, manter uma empresa aérea na Amazônia depende essencialmente de se conseguir o apoio certo do Estado, seja ele municipal, estadual ou federal. Não tem o que fazer. Sem um povo com educação e iniciativa própria, é o que temos para hoje. Notar que o processo de desenvolvimento da região norte começou muito mais tarde do que o restante do país. Fomos e ainda somos a última fronteira a ser desbravada. E com apenas as três forças armadas fazendo o papel do Estado na maior parte da região, com raros casos de outros órgãos públicos, em qualquer nível de ação, lamento dizer, mas vamos continuar dependentes do Estado para quase tudo que existe aqui. Do arroz com feijão até a passagem de avião.
Vá lá. Assim está melhor.
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Re: Aviação Regional no Brasil
FCarvalho,
Sem entrar no mérito de questões como demanda, viabilidade e infra, entre outros assuntos, seria ótimo ver muitos E175E2 voando por aqui...
Sem entrar no mérito de questões como demanda, viabilidade e infra, entre outros assuntos, seria ótimo ver muitos E175E2 voando por aqui...
- FCarvalho
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