Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
O pior é que se os EUA, toma-se mesmo parte do pré-sal...tem gente aqui no Brasil que ficaria do lado deles. Principalmente a nossa midia.
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
WalterGaudério respondendo sua pergunta, grupo RBS/TV (seu fundador/proprietário é daquelas bandas) aqui no Sul, que são afiliados da tv que foi criada por um ato secreto.
Saudações
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- Boss
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
A OTAN então está fazendo a estratégia mais estúpida que já vi. Se querem tomar a porcaria do pré-sal, a Amazônia e o diabo a quatro, é só invadirem agora e pronto, não precisam de lenga-lenga. Com o atual estado das nossas FA's, duramos 2 dias (com pausas para café) contra a OTAN
Não precisam ficar bailando seus navios ao longo do Atlântico para nos invadir. Já que é essa a neura, eles deveriam invadir já, seria mais fácil.
Mas então porque os pobres diabos ficam nos armando com seus tratados de cooperação ? Estão a dar armas para o país que querem invadir ? Que estratégia maluca... Vão esperar o Brasil aumentar seu poderio militar-econômico e seu peso na economia mundial para daí invadir o pré-sal ? Não seria mais fácil agora ?
Não entendo a estratégia dos nortistas... Se o Brasil é assim, tão vulnerável e tão inútil para eles, porque não invadem quando está mais fácil ? Vão esperar termos mais caças, submarinos e navios (a maior parte vinda da própria OTAN) para que fim ? Ter mais mortes para fabricarem novos heróis ? Darem combustível para as produtoras de jogos e filmes em uma guerra mais "animada" ? (afinal, que graça teria uma invasão da OTAN hoje aqui ? Eles atacariam e nós nos renderíamos, pronto. Não dá nem para fazer um joguinho ou um filme).
Inexplicável. Talvez seja uma estratégia muito complexa para minha mente leiga.
Não precisam ficar bailando seus navios ao longo do Atlântico para nos invadir. Já que é essa a neura, eles deveriam invadir já, seria mais fácil.
Mas então porque os pobres diabos ficam nos armando com seus tratados de cooperação ? Estão a dar armas para o país que querem invadir ? Que estratégia maluca... Vão esperar o Brasil aumentar seu poderio militar-econômico e seu peso na economia mundial para daí invadir o pré-sal ? Não seria mais fácil agora ?
Não entendo a estratégia dos nortistas... Se o Brasil é assim, tão vulnerável e tão inútil para eles, porque não invadem quando está mais fácil ? Vão esperar termos mais caças, submarinos e navios (a maior parte vinda da própria OTAN) para que fim ? Ter mais mortes para fabricarem novos heróis ? Darem combustível para as produtoras de jogos e filmes em uma guerra mais "animada" ? (afinal, que graça teria uma invasão da OTAN hoje aqui ? Eles atacariam e nós nos renderíamos, pronto. Não dá nem para fazer um joguinho ou um filme).
Inexplicável. Talvez seja uma estratégia muito complexa para minha mente leiga.
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- cabeça de martelo
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Os únicos que falam em invasão são os Brasileiros, já li sobre milionários e ONG a comprarem terrenos no Brasil para a preservação da floresta e a protecção dos indigenas, já li sobre ONG mais extremistas a colocarem bandeiras de outros países sem serem a Brasileira nos seus acampamentos, já li sobre algumas pessoas quererem a internacionalização da amazónia, já li muita coisa, mas invasão só li Brasileiros a falarem disso mesmo.
- rodrigo
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Aceitar como? É fato. Contra isso, só podemos nos preparar. Discurso sem dissuação é coisa de político ou bêbado.Mas isso não quer dizer que temos que aceitar né Rodrigo.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
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- Boss
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
A OTAN está no direito dela de fazer operações no Atlântico Sul. Um dos países membros possui dependências importantes na região, e faz o que quiser por essas bandas. É uma extensão territorial da OTAN. É diferente, se aqui não tivesse nada de britânicos e eles mandassem frotas para cá, seria bem diferente.
Esse medo é igual ao que os países do Cone Sul tem de nós. E nós rimos desse medo deles.
Quando o Brasil faz exercícios militares no sul, estampam nos jornais como se o Brasil fosse invadir a qualquer momento aqueles países. E muitos brasileiros soltam risadas do medo deles, alegando que nunca aconteceria isso.
Os europeus e americanos devem rir de nós também. Qualquer coisa que eles façam nós já cavamos nossas covas e encomendamos os caixões.
Esse medo é igual ao que os países do Cone Sul tem de nós. E nós rimos desse medo deles.
Quando o Brasil faz exercícios militares no sul, estampam nos jornais como se o Brasil fosse invadir a qualquer momento aqueles países. E muitos brasileiros soltam risadas do medo deles, alegando que nunca aconteceria isso.
Os europeus e americanos devem rir de nós também. Qualquer coisa que eles façam nós já cavamos nossas covas e encomendamos os caixões.
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- tflash
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Até porque a OTAN só tem forças que podem derrotar o Brasil militarmente. Ocupar de forma a poder extrair recursos nem pensar.
Isto sem contar com opiniões públicas,ONU, Rússia ou China. O único país que tem exército para ocupar o Brasil é a China (E curiosamente não tem meios para invadir o Brasil)
Isto sem contar com opiniões públicas,ONU, Rússia ou China. O único país que tem exército para ocupar o Brasil é a China (E curiosamente não tem meios para invadir o Brasil)
Kids - there is no Santa. Those gifts were from your parents. Happy New Year from Wikileaks
- Bourne
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Se tiver pensando em lutar como na Segunda Guerra Mundial quem sabe.
- cabeça de martelo
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Eu proponho a invasão imediata do Brasil, os homens vão para escravos e as mulheres...bem depois de passar o crivo as melhores vão ter a honra de serem minhas concubinas (já tenho mulher).
O Bourne pode vir para Portugal que o mulherio gosta de emos.
O Bourne pode vir para Portugal que o mulherio gosta de emos.
- Marino
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Muita bobagem, mas vou deixar os DBistas portugueses comentarem primeiro:
2010/09/17
Portugal, a NATO, o Atlântico Sul e o Brasil
João Brandão Ferreira
Decorreu, recentemente, no Instituto de Defesa Nacional – casa onde
não se discute futebol, novelas ou rock and roll, mas coisas sérias
que interessam ao futuro do país – um seminário sobre o futuro
conceito estratégico da NATO a que não é, certamente, estranha a
próxima cimeira daquela organização, em Lisboa, em Novembro próximo.
O debate foi encerrado pelos ministro da defesa (MDN) português e pelo
seu homólogo brasileiro, que estava de visita à terra de onde partiu
um tal de Cabral, que haveria de arribar a Porto Seguro, por alturas
da primavera de 1500. Só por ter ouvido o ministro brasileiro valeu a
pena a deslocação, mas já lá iremos.
Sem pretender tocar em tudo o que se debateu, direi que a focalização
das intervenções se centrou na importância que o “mar” parece ter
voltado a ter para Portugal – e não só como projecção de poder, mas
como exploração de recursos – e no “súbito” interesse que o governo
português passou a ter em mostrar a importância que o Atlântico Sul
deve ter para a NATO. O que se passou, naquele âmbito, naquele dia,
mostrou à saciedade como, em politica, não se pode ter razão,
infelizmente, antes de tempo. Mas, em Estratégia, pode e deve-se.
Expliquemo-nos: há cerca de 50 anos, o governo português da altura,
defendeu que a NATO se deveria estender ao Atlântico Sul, pois era
necessário defender a África do ataque comunista e garantir a
liberdade de comunicações marítimas, sobretudo a Rota do Cabo, por
onde passavam (e passam!), a maioria dos abastecimentos para o mundo
ocidental. Na altura, é claro, ninguém deu ouvidos ao que disseram os
governantes em Lisboa. Nem a NATO, nem a CEE, nem os EUA nem, tão
pouco os Ibero-Americanos, Brasil incluído. Se alguns políticos de
nomeada – e havia-os – acharam a ideia boa e pertinente, mantiveram a
prudência do recato, face ao politicamente correcto – uma constante de
sempre.
Na altura pretendeu, ainda, o governo português lançar e desenvolver a
“Comunidade Luso-Brasileira”, que poderia ter sido um instrumento de
grande alcance para a segurança, desenvolvimento e aproximação das
duas nações irmãs, que até há menos de 200 anos tinham sido uma só
realidade política. O projecto gorou-se para além das palavras de
circunstância, sobretudo por manifesto desinteresse do Brasil que
preferiu apostar no seu “dolce farniente” tropical, baseado no samba,
futebol e carnaval, sustentado pelo que colhe no seu úbere solo e
subsolo. E, ainda, por causa da aposta que fez em nos substituir em
África, acaso a Ideia portuguesa do Minho a Timor claudicasse, como
veio a suceder.
Acontece que os povos podem viver nos mais diferentes regimes
políticos ou ter da democracia a ideia mais díspar, mas vivem –
normalmente sem darem conta – numa verdadeira ditadura geográfica. Ou
seja a Geografia acaba sempre por se impor à Politica e não esta
àquela.
Sem embargo, um lance político/social em que a história dos povos é
pródiga, fez com que uns “adiantados mentais” tomassem de assalto o
Terreiro do Paço e tivessem decretado que o Infante D. Henrique, o D.
João II, mais o Bartolomeu Dias, o Diogo Cão, o Vasco da Gama e um rol
extenso de outros de semelhante coturno, eram gente pouco estimável,
quiçá responsáveis pelas desgraças da Nação – os outros, piores ainda,
eram os seus herdeiros mais modernos. Estas ideias peregrinas tiveram
como consequência que o país voltasse costas ao mar.
Passados mais de 30 anos após este erro trágico, a força das
circunstâncias (e da Geografia...), está a fazer com que os
responsáveis políticos actuais estejam a rever os erros (grosseiros)
efectuados. A proposta de extensão da Plataforma Continental - que tão
bem tem sido conduzida - aparece, assim, como uma espécie de “milagre”
da N. Sª de Fátima! Vamos a ver se em vez de reverter a nosso favor
não vai ser pasto dos tubarões europeus...
O Brasil, por sua vez, só acordou há poucos anos da sua letargia, foi
desenvolvendo indústrias de ponta e de grande mais-valia económico/
financeira; tornou-se auto-suficiente em energia – que era a sua
grande vulnerabilidade – e, de uma potencia regional centrada no seu
umbigo, sem qualquer espírito marítimo, de repente aparece a crescer
brutalmente, a querer um lugar permanente no Conselho de Segurança da
ONU e a promover acordos nucleares com o Irão!
Em Portugal, os políticos ofuscados pela Europa – de onde, no passado,
quase nunca nos veio proveito algum – deram uns passos tímidos junto
de quem falava português no mundo e criaram, em 1996, a CPLP, cujo
maior cultor foi o embaixador brasileiro José Aparecido de Oliveira
que, só por isso, já merece ficar na História. Esta organização tem
tido um desenvolvimento muito periclitante em parte pelo pouco
empenhamento português, desinteresse brasileiro e fragilidades de toda
a sorte, de que sofrem os antigos territórios portugueses vitimas da
malfadada “descolonização”.
Chegámos a 2010, com uma crise económico/financeira grave no mundo e
outra pior em casa; com a UE cheia de problemas; sem peso especifico
em nenhuma organização internacional de que Portugal é parte;
endividados até ao tutano; com os partidos políticos em guerra civil
permanente; a perder soberania e capacidades quase diariamente para
Bruxelas (e Madrid) - muitos até gostam!, etc.
Com este pano de fundo, os políticos do rectângulo dão-se, finalmente,
conta dos erros feitos relativamente à “maritimidade” e o governo
acorda para a realidade da NATO querer fechar o comando que a Aliança
tem em Oeiras, faz muitas décadas. Realiza, também, que tem que
diversificar opções e mercados. O tempo que se perdeu!...
O Brasil e o mar aparecem, deste modo, como alternativas óbvias e
válidas. Estando o ministro Jobim, de visita a Portugal e a assinar
negócios, pareceu ao governo luso ser boa altura para lhe pedir um
acordo que ajudasse à manutenção do comando da NATO em Oeiras,
alegando-se uma parceria (“um olhar”), para o Atlântico Sul. A jogada
foi bem vista e permitia, ainda, a Portugal aumentar a sua importância
junto daquela organização de Segurança e dar um ar da sua graça.
Só que o ministro brasileiro, em resposta ao MDN português estragou,
ainda por cima com uma franqueza brutal, a bem delineada jogada de
poker portuguesa. O discurso do ministro Jobim valeu pela substancia
mas, também, pela clareza e pela determinação que colocou nas ideias
que defendeu. Nada, mas mesmo nada, usual num político. Também denotou
alguma arrogância, sinal claro de que o aumento do poder real do
Brasil, logo funcional, lhes está, já, a subir à cabeça (cabe aqui
referir que um orador brasileiro que falou no painel anterior,
querendo salientar a importância do mar para o Brasil referiu que o
único ataque que o seu pais sofreu veio por mar – o ataque ao Rio de
Janeiro, por parte de franceses; ora a verdade é que o Brasil nunca
sofreu qualquer ataque por mar, já que na altura do conflito, a terra
de Vera Cruz pertencia à corte portuguesa...).
Durante a sua intervenção o MDN do país irmão – onde os portugueses
são um dos pratos fortes do anedotário nacional – referiu a continuada
fraqueza dos países europeus da NATO, face aos EUA; condenou a
expansão a leste; idem para a tentativa de colocar mísseis americanos
em alguns desses países (no que tem razão), bem como a alteração dos
limites de actuação do artº 5º- que afirmou apenas servirem interesses
dos EUA – no que também, penso, tem razão, etc. No fundo defendeu que
a Nato já não tem razão de existir, pois já não existem as razões que
levaram à sua fundação (no que está claramente enganado). Pelo meio
desferiu uma tremenda catilinária sobre os EUA, que deve ter deixado o
adido militar daquele país com as orelhas a arder, e o ministro Santos
Silva com um sorriso de circunstancia...amarelo.
Bom, a NATO para o Brasil tem apenas um interesse residual e talvez
lhes escape que os europeus desenvolveram-se extraordinariamente à
sombra do guarda-chuva convencional e nuclear americano. E,
seguramente, não fazem ideia do que é ter 150 divisões soviéticas do
outro lado da fronteira...
Andar para leste foi o corolário natural dos russos terem perdido a
“guerra” e a União Soviética ter implodido. E se houve algum acordo
com o senhor Gorbachev, sobre isso, não se sabe publicamente. Humilhar
ou despertar ameaças na grande nação russa é que já parece ser
politicamente insensato e aí tem o sr ministro razão.
Que o Brasil possa ter razões de queixa dos EUA, por causa de muita
politica de canhoneira por parte daqueles no Hemisfério Centro e Sul-
americano, é razoável; que os critiquem sobre as diatribes do Tio Sam
sobre a Amazónia, também se aceita; e que vá passar a haver mais
choques agora que o Brasil aspira a ser uma (super)potência é,
outrossim, natural. O facto de o ministro pertencer ao Partido dos
Trabalhadores é apenas uma contingencia ideológica, que ajuda a alguma
radicalização do discurso.
Que tudo isto deva interferir com a posição portuguesa é que já é
discutível. Vejamos mais em detalhe:
A proposta de Lisboa não é geopoliticamente despropositada, nem ofende
quaisquer interesses ou brios brasileiros. Permite uma eventual
parceria que seria útil a ambos os países e oferecia-lhes uma posição
reforçada, para quando os EUA quisessem unilateralmente e fora do
âmbito da NATO, instalar um comando qualquer que lhes permita operar
no Atlântico Sul e em África. Dizer o senhor ministro Jobim que não
quer países estranhos à região, por lá, pode ser uma tirada
grandiloquente, mas que não colhe no campo prático, já que as águas
internacionais são livres e nada obsta a que países terceiros façam
acordos entre si.
Porém, acredito que uma outra abordagem ao problema teria sido
preferível, por parte do governo português: a de lançar a ideia de que
o estabelecimento de uma zona de paz e segurança para a ária em
questão, dever constituir o esteio politico/doutrinário da CPLP – onde
parece que o Brasil não se quer empenhar, vide o recente acordo que
fez com a CEDEAO[1]. E Portugal não é estranho ao Atlântico Sul,
andámos por lá uns cinco séculos e nas costas brasileiras 322 anos –
mais do que aqueles que o Brasil leva de vida própria...
Ora estando a CPLP estruturada neste sentido, já seria mais fácil ao
Brasil aceitar uma parceria com a Nato. Mas agora só se pode pensar
nisso para a próxima cimeira.
2010/09/17
Portugal, a NATO, o Atlântico Sul e o Brasil
João Brandão Ferreira
Decorreu, recentemente, no Instituto de Defesa Nacional – casa onde
não se discute futebol, novelas ou rock and roll, mas coisas sérias
que interessam ao futuro do país – um seminário sobre o futuro
conceito estratégico da NATO a que não é, certamente, estranha a
próxima cimeira daquela organização, em Lisboa, em Novembro próximo.
O debate foi encerrado pelos ministro da defesa (MDN) português e pelo
seu homólogo brasileiro, que estava de visita à terra de onde partiu
um tal de Cabral, que haveria de arribar a Porto Seguro, por alturas
da primavera de 1500. Só por ter ouvido o ministro brasileiro valeu a
pena a deslocação, mas já lá iremos.
Sem pretender tocar em tudo o que se debateu, direi que a focalização
das intervenções se centrou na importância que o “mar” parece ter
voltado a ter para Portugal – e não só como projecção de poder, mas
como exploração de recursos – e no “súbito” interesse que o governo
português passou a ter em mostrar a importância que o Atlântico Sul
deve ter para a NATO. O que se passou, naquele âmbito, naquele dia,
mostrou à saciedade como, em politica, não se pode ter razão,
infelizmente, antes de tempo. Mas, em Estratégia, pode e deve-se.
Expliquemo-nos: há cerca de 50 anos, o governo português da altura,
defendeu que a NATO se deveria estender ao Atlântico Sul, pois era
necessário defender a África do ataque comunista e garantir a
liberdade de comunicações marítimas, sobretudo a Rota do Cabo, por
onde passavam (e passam!), a maioria dos abastecimentos para o mundo
ocidental. Na altura, é claro, ninguém deu ouvidos ao que disseram os
governantes em Lisboa. Nem a NATO, nem a CEE, nem os EUA nem, tão
pouco os Ibero-Americanos, Brasil incluído. Se alguns políticos de
nomeada – e havia-os – acharam a ideia boa e pertinente, mantiveram a
prudência do recato, face ao politicamente correcto – uma constante de
sempre.
Na altura pretendeu, ainda, o governo português lançar e desenvolver a
“Comunidade Luso-Brasileira”, que poderia ter sido um instrumento de
grande alcance para a segurança, desenvolvimento e aproximação das
duas nações irmãs, que até há menos de 200 anos tinham sido uma só
realidade política. O projecto gorou-se para além das palavras de
circunstância, sobretudo por manifesto desinteresse do Brasil que
preferiu apostar no seu “dolce farniente” tropical, baseado no samba,
futebol e carnaval, sustentado pelo que colhe no seu úbere solo e
subsolo. E, ainda, por causa da aposta que fez em nos substituir em
África, acaso a Ideia portuguesa do Minho a Timor claudicasse, como
veio a suceder.
Acontece que os povos podem viver nos mais diferentes regimes
políticos ou ter da democracia a ideia mais díspar, mas vivem –
normalmente sem darem conta – numa verdadeira ditadura geográfica. Ou
seja a Geografia acaba sempre por se impor à Politica e não esta
àquela.
Sem embargo, um lance político/social em que a história dos povos é
pródiga, fez com que uns “adiantados mentais” tomassem de assalto o
Terreiro do Paço e tivessem decretado que o Infante D. Henrique, o D.
João II, mais o Bartolomeu Dias, o Diogo Cão, o Vasco da Gama e um rol
extenso de outros de semelhante coturno, eram gente pouco estimável,
quiçá responsáveis pelas desgraças da Nação – os outros, piores ainda,
eram os seus herdeiros mais modernos. Estas ideias peregrinas tiveram
como consequência que o país voltasse costas ao mar.
Passados mais de 30 anos após este erro trágico, a força das
circunstâncias (e da Geografia...), está a fazer com que os
responsáveis políticos actuais estejam a rever os erros (grosseiros)
efectuados. A proposta de extensão da Plataforma Continental - que tão
bem tem sido conduzida - aparece, assim, como uma espécie de “milagre”
da N. Sª de Fátima! Vamos a ver se em vez de reverter a nosso favor
não vai ser pasto dos tubarões europeus...
O Brasil, por sua vez, só acordou há poucos anos da sua letargia, foi
desenvolvendo indústrias de ponta e de grande mais-valia económico/
financeira; tornou-se auto-suficiente em energia – que era a sua
grande vulnerabilidade – e, de uma potencia regional centrada no seu
umbigo, sem qualquer espírito marítimo, de repente aparece a crescer
brutalmente, a querer um lugar permanente no Conselho de Segurança da
ONU e a promover acordos nucleares com o Irão!
Em Portugal, os políticos ofuscados pela Europa – de onde, no passado,
quase nunca nos veio proveito algum – deram uns passos tímidos junto
de quem falava português no mundo e criaram, em 1996, a CPLP, cujo
maior cultor foi o embaixador brasileiro José Aparecido de Oliveira
que, só por isso, já merece ficar na História. Esta organização tem
tido um desenvolvimento muito periclitante em parte pelo pouco
empenhamento português, desinteresse brasileiro e fragilidades de toda
a sorte, de que sofrem os antigos territórios portugueses vitimas da
malfadada “descolonização”.
Chegámos a 2010, com uma crise económico/financeira grave no mundo e
outra pior em casa; com a UE cheia de problemas; sem peso especifico
em nenhuma organização internacional de que Portugal é parte;
endividados até ao tutano; com os partidos políticos em guerra civil
permanente; a perder soberania e capacidades quase diariamente para
Bruxelas (e Madrid) - muitos até gostam!, etc.
Com este pano de fundo, os políticos do rectângulo dão-se, finalmente,
conta dos erros feitos relativamente à “maritimidade” e o governo
acorda para a realidade da NATO querer fechar o comando que a Aliança
tem em Oeiras, faz muitas décadas. Realiza, também, que tem que
diversificar opções e mercados. O tempo que se perdeu!...
O Brasil e o mar aparecem, deste modo, como alternativas óbvias e
válidas. Estando o ministro Jobim, de visita a Portugal e a assinar
negócios, pareceu ao governo luso ser boa altura para lhe pedir um
acordo que ajudasse à manutenção do comando da NATO em Oeiras,
alegando-se uma parceria (“um olhar”), para o Atlântico Sul. A jogada
foi bem vista e permitia, ainda, a Portugal aumentar a sua importância
junto daquela organização de Segurança e dar um ar da sua graça.
Só que o ministro brasileiro, em resposta ao MDN português estragou,
ainda por cima com uma franqueza brutal, a bem delineada jogada de
poker portuguesa. O discurso do ministro Jobim valeu pela substancia
mas, também, pela clareza e pela determinação que colocou nas ideias
que defendeu. Nada, mas mesmo nada, usual num político. Também denotou
alguma arrogância, sinal claro de que o aumento do poder real do
Brasil, logo funcional, lhes está, já, a subir à cabeça (cabe aqui
referir que um orador brasileiro que falou no painel anterior,
querendo salientar a importância do mar para o Brasil referiu que o
único ataque que o seu pais sofreu veio por mar – o ataque ao Rio de
Janeiro, por parte de franceses; ora a verdade é que o Brasil nunca
sofreu qualquer ataque por mar, já que na altura do conflito, a terra
de Vera Cruz pertencia à corte portuguesa...).
Durante a sua intervenção o MDN do país irmão – onde os portugueses
são um dos pratos fortes do anedotário nacional – referiu a continuada
fraqueza dos países europeus da NATO, face aos EUA; condenou a
expansão a leste; idem para a tentativa de colocar mísseis americanos
em alguns desses países (no que tem razão), bem como a alteração dos
limites de actuação do artº 5º- que afirmou apenas servirem interesses
dos EUA – no que também, penso, tem razão, etc. No fundo defendeu que
a Nato já não tem razão de existir, pois já não existem as razões que
levaram à sua fundação (no que está claramente enganado). Pelo meio
desferiu uma tremenda catilinária sobre os EUA, que deve ter deixado o
adido militar daquele país com as orelhas a arder, e o ministro Santos
Silva com um sorriso de circunstancia...amarelo.
Bom, a NATO para o Brasil tem apenas um interesse residual e talvez
lhes escape que os europeus desenvolveram-se extraordinariamente à
sombra do guarda-chuva convencional e nuclear americano. E,
seguramente, não fazem ideia do que é ter 150 divisões soviéticas do
outro lado da fronteira...
Andar para leste foi o corolário natural dos russos terem perdido a
“guerra” e a União Soviética ter implodido. E se houve algum acordo
com o senhor Gorbachev, sobre isso, não se sabe publicamente. Humilhar
ou despertar ameaças na grande nação russa é que já parece ser
politicamente insensato e aí tem o sr ministro razão.
Que o Brasil possa ter razões de queixa dos EUA, por causa de muita
politica de canhoneira por parte daqueles no Hemisfério Centro e Sul-
americano, é razoável; que os critiquem sobre as diatribes do Tio Sam
sobre a Amazónia, também se aceita; e que vá passar a haver mais
choques agora que o Brasil aspira a ser uma (super)potência é,
outrossim, natural. O facto de o ministro pertencer ao Partido dos
Trabalhadores é apenas uma contingencia ideológica, que ajuda a alguma
radicalização do discurso.
Que tudo isto deva interferir com a posição portuguesa é que já é
discutível. Vejamos mais em detalhe:
A proposta de Lisboa não é geopoliticamente despropositada, nem ofende
quaisquer interesses ou brios brasileiros. Permite uma eventual
parceria que seria útil a ambos os países e oferecia-lhes uma posição
reforçada, para quando os EUA quisessem unilateralmente e fora do
âmbito da NATO, instalar um comando qualquer que lhes permita operar
no Atlântico Sul e em África. Dizer o senhor ministro Jobim que não
quer países estranhos à região, por lá, pode ser uma tirada
grandiloquente, mas que não colhe no campo prático, já que as águas
internacionais são livres e nada obsta a que países terceiros façam
acordos entre si.
Porém, acredito que uma outra abordagem ao problema teria sido
preferível, por parte do governo português: a de lançar a ideia de que
o estabelecimento de uma zona de paz e segurança para a ária em
questão, dever constituir o esteio politico/doutrinário da CPLP – onde
parece que o Brasil não se quer empenhar, vide o recente acordo que
fez com a CEDEAO[1]. E Portugal não é estranho ao Atlântico Sul,
andámos por lá uns cinco séculos e nas costas brasileiras 322 anos –
mais do que aqueles que o Brasil leva de vida própria...
Ora estando a CPLP estruturada neste sentido, já seria mais fácil ao
Brasil aceitar uma parceria com a Nato. Mas agora só se pode pensar
nisso para a próxima cimeira.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Tirando uns pontos, concordo com o texto em linhas gerais.
Partilho a opinião do MD Brasileiro sobre o peso dos EUA na NATO mas isso também acontece porque todos os outros encostaram-se à sombra da bananeira americana. É um facto que durante a guerra fria, a NATO garantia a defesa da Europa de uma ameaça poderosa e real. O resto da retórica comunista soa tão mal como um Europeu a falar da América Latina sem conhecer.
Portugal, devia ter sido logo no fim da segunda guerra mundial, o interlocutor preferencial para a América Latina mas isso ia contra o conceito do "quintal americano, daí que nada seguiu para a frente, acredito, por ingerência dos EUA.
Hoje querem que Portugal lhes ande a fazer recados, tentando aproximar o Brasil à NATO. Não faz tanto sentido já que Portugal tem muito menos interesses no Atlântico Sul, mas de qualquer modo, ainda está bem posicionado para uma parceria. Essa parceria, a acontecer, teria que existir no âmbito da CPLP e com o mínimo de EUA, já que as atitudes passadas (e presentes) destes não deixaram saudades pelos países a sul.
Partilho a opinião do MD Brasileiro sobre o peso dos EUA na NATO mas isso também acontece porque todos os outros encostaram-se à sombra da bananeira americana. É um facto que durante a guerra fria, a NATO garantia a defesa da Europa de uma ameaça poderosa e real. O resto da retórica comunista soa tão mal como um Europeu a falar da América Latina sem conhecer.
Portugal, devia ter sido logo no fim da segunda guerra mundial, o interlocutor preferencial para a América Latina mas isso ia contra o conceito do "quintal americano, daí que nada seguiu para a frente, acredito, por ingerência dos EUA.
Hoje querem que Portugal lhes ande a fazer recados, tentando aproximar o Brasil à NATO. Não faz tanto sentido já que Portugal tem muito menos interesses no Atlântico Sul, mas de qualquer modo, ainda está bem posicionado para uma parceria. Essa parceria, a acontecer, teria que existir no âmbito da CPLP e com o mínimo de EUA, já que as atitudes passadas (e presentes) destes não deixaram saudades pelos países a sul.
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- prp
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Expliquem ao autor do texto que o Brasil é Brasil desde o dia em que Cabral traçou uma india e um negão africano traçou a Sinhá Moça.Brasil referiu que o
único ataque que o seu pais sofreu veio por mar – o ataque ao Rio de
Janeiro, por parte de franceses; ora a verdade é que o Brasil nunca
sofreu qualquer ataque por mar, já que na altura do conflito, a terra
de Vera Cruz pertencia à corte portuguesa...)
Isso mostra o tanto que o autor desconhece a história brasileira e portuguesa.
E outra falar que o Jobim é Petista é abusar da minha paciencia.
Editado pela última vez por prp em Sex Set 17, 2010 3:35 pm, em um total de 1 vez.
- suntsé
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Quanto a essas pessoas que falam em internacionalização...se esta internacionalização fosse levada a cabo mesmo, ela seria por meios pacificos?cabeça de martelo escreveu:Os únicos que falam em invasão são os Brasileiros, já li sobre milionários e ONG a comprarem terrenos no Brasil para a preservação da floresta e a protecção dos indigenas, já li sobre ONG mais extremistas a colocarem bandeiras de outros países sem serem a Brasileira nos seus acampamentos, já li sobre algumas pessoas quererem a internacionalização da amazónia, já li muita coisa, mas invasão só li Brasileiros a falarem disso mesmo.
Saudações.
- alexmabastos
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
Flotilha com armas yankes/otan e orions yankes. Legal.Wingate escreveu:O governo
brasileiro não descarta que a descoberta da potencial reserva do pré-sal abriu
os olhos dos ianques para a região. Os EUA, agora, só falam em fazer
manobras permanentes em águas continentais na altura do Brasil.
Ótimo! Bom para treinar nossa flotilha de submarinos e os Orions !
Wingate
Queremos falar grosso? ICBMs anti navios, armas anti satélies, subs totalmente nacionais e NUKES!!!
Abs
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Re: Jobim quer OTAN fora do Atlântico Sul
O autor falhou em muita coisa e vosso ministro também. O Brasil é Brasil desde que alguém disse que aquelas terras iam-se chamar Brasil. Foi colónia, principado, vice-reino e reino, antes de ser independente. Por esse motivo é que o EB e a MB traçam as suas origens às forças portuguesas e as batalhas travadas no Brasil são legitimamente Portuguesas e Brasileiras.prp escreveu:Expliquem ao autor do texto que o Brasil é Brasil desde o dia em que Cabral traçou uma india e um negão africano traçou a Sinhá Moça.Brasil referiu que o
único ataque que o seu pais sofreu veio por mar – o ataque ao Rio de
Janeiro, por parte de franceses; ora a verdade é que o Brasil nunca
sofreu qualquer ataque por mar, já que na altura do conflito, a terra
de Vera Cruz pertencia à corte portuguesa...)
Isso mostra o tanto que o autor desconhece a história brasileira e portuguesa.
E outra falar que o Jobim é Petista é abusar da minha paciencia.
O que o ministro e o autor se esqueceram é que o Brasil foi invadido por terra depois de ser independente.
Se fosse um português ainda passava mas um MD Brasileiro. De qualquer modo, o que vale é que ele não foi contratado para historiador e a mim parece-me que ele até faz um bom trabalho.
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