cb_lima escreveu:glauberprestes escreveu:Estou tendo um Workshop na faculdade (
"Um Cenário Nacional: Ciência & Mercado"), e entre outros que serão comentados por aqui, vi uma palestra do Eng. Gustavo Ribeiro Alves, da Omnisys (Thales). Muito esclarecedora no que tange a ToT, se der Rafale.
Pegando carona no seu post...
Fui hoje a uma palestra bem interessante cujo tema era:
Reverse Outsorcing - "um conto sul americano".
Bom... qual não foi a minha surpresa ao contarem que a empresa pioneira e ponto de referência nesse modelo de capacidade industrial é ... A Embraer!
Vai gente do mundo inteiro aprender com os caras... e eles fazem tão bem que são muito bem cotados $$$$$$$$$$$$$$$$ no mercado.
O que vem a ser isso afinal de contas, CB?
Basicamente é o seguinte. A Embraer é responsável por Projetar e Desenhar e Especificar os principais elementos das suas aeronaves e isso em conjunto desde os momentos iniciais com os "Parceiros", e em seguida
Repassar esse trabalho para empresas estrangeiras executarem... com isso vários ítens bem caros mas que não necessariamente agregam valor a nossa Industria ficam por conta dos parceiros, que continuam "no business", aprendem algo e não montam custos desnecessários na Embraer.
Ao fim da execução, as empresas retornam com as "partes" prontas e a Embraer se encarrega de colocar tudo junto e ser responsável pelo "Final Assembly", certificações, correções.
De acordo com os palestrantes (um americano e um Japonês que até acho que era brasileiro) empresas até como a Boeing tentaram copiar esse modelo, como no caso do 787, mas não foram bem sucedidas porque não levaram em consideração ínumeros detalhes importantes como particularidades de cada industria 'consorciada" e como utilizavam os seus fornecedores como meros "fabricantes" e não "parceiros de risco" quase sempre acabavam com problemas nos momentos da integração dos componentes.
Outra coisa é que nessas parcerias os fornecedores também injetam capital no projeto das aeroanves ganhando dividendos... em alguns casos mesmo "Empresas Aéreas" fizeram parte do Consórcio tendo elas algumas vantagens como parceiras no projeto.
Alguém perguntou se a Airbus utilizava esse mesmo modelo, e eles disseram que é uma variação do modelo da Embraer, mas existiam problemas políticos pois a Airbus é uma empresa "Européia" ao invés de ser uma empresa nacional como a Boeing ou Embraer (por exemplo).
Esse modelo da Embraer virou ponto de referência na Industria.
Fiquei pensando em todas essas coisas que rondam em torno do F-X 2.0 e isso me faz pensar que o ToT que realmente vai nos beneficiar passa muito longe de fabricar esses aviões no Brasil... isso foi mais uma confirmação para ser honesto, pois eu sempre achei isso.
Enfim... fiquei com um P... orgulho!
[]s
CB_Lima
Muito bacana seu relato Lima!
A Embraer é um assunto saboroso sempre,e os brasileiros que se interessam por aeronáutica tem uma relação com ela onde vários sentimentos se misturam,das críticas de quem admira e quer o melhor sempre, a um orgulho muito puro que as vezes parecece provinciano,é uma verdadeira paixão nacional.
Este seu relato deveria servir para aqueles que insistem em querer extrapolar na imaginação do que resultará para o Brasil do FX,para que voltem para terra, ponham os pés no chão e compreendam finalmente o porque da insistência em filtrar o fornecedor dos caças pelo quesito de independência tecnológica dos Eua.
Se para o mercado da aviação civil os insumos norte americanos caem como uma luva de parceria com agregação de confiabilidade,prestigio e segurança inclusive por ser américa do norte o seu maior mercado,a opção estratégica do governo federal de fazer uso da expertize mais que reconhecida da Embraer como desenvolvedora e condutora de projetos,mostrando a ela desde de o princípio que os insumos desta vez teriam que ter origem definida pelas politicas de estado que propiciassem para a aeronave militar que será a base de caça da Força Aérea Brasileira um tipo de fornecedor verticalizado com compromissos contratuais e diplomáticos as margens de insegurança de possíveis embargos politicos como a França.
A Embraer vai continuar a ser uma integradora e montadora no FX,e baseados neste fato devemos tentar imaginar quais os pontos fundamentais dos tots e qual a abrangência do impacto da compra sobre a capacidade de
inteligência da empresa e não na capacidade de "manufatura"! Aqueles muito preocupados com fabricação de "caixões" das asas e outros itens semelhantes,talvez devessem imaginar que a empresa busca um ganho com uma escala de valor diretamente ligada ao papél que sabe executar com maestria como demonstra o post do Lima,sabe criar projetos e agregar parcerias para que manufaturem por ela.
O numero de aeronaves previstas mesmo que alcancem 200 unidades em um futuro de longo prazo,não permitiriam que o país através da Embraer duplicasse a verticalização francesa aqui no Brasil,aliás isso é um sonho somente,o país ainda não demonstrou vontade politica que se reverta em verbas dirigidas da ordem de grandeza das centenas de bilhões investidos em C&T que uma empreitada deste nível necessitaria,muito menos utópicos radares e motores. Muito pé no chão portanto.
Para o projeto de relativa autonomia e independência imaginado pelo governo,o Fx2 estará em excelentes mãos com a Embraer:pouco investimento,um só fornecedor básico,relativa independência com um custo benefício bom para um país com uma defasagem científica e tecnológica gritante como o nosso,portanto os acordos de tots em
"inteligência" tem que ser os mais amplos possíveis.
Para muitos pode não ser o ideal e melhor dos mundos,mas para o momento vai ser o melhor possível e pode render bons frutos e novas parcerias futuras.
SDS.