Geopolítica Brasileira

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Re: Geopolítica Brasileira

#736 Mensagem por Bourne » Sáb Set 20, 2014 1:40 pm

Suplício na BR-116 “diminui” 6 km
Pista simples ainda é uma realidade em 14 quilômetros da Serra do Cafezal, na ligação entre Curitiba e São Paulo; obra deve ficar pronta em 2017

Publicado em 19/09/2014 | KATIA BREMBATTI

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecid ... minui-6-km

Ainda restam 14 quilômetros de rodovia em pista simples na ligação entre Curitiba e São Paulo pela BR-116. Mas a liberação para o tráfego de seis quilômetros de duplicação na Serra do Cafezal diminuiu o tempo e o desconforto dos 22 mil motoristas que passam pelo local diariamente. São duas pistas novas, com acostamento, no sentido SP-PR, e as três antigas ficaram para o fluxo inverso da Régis Bittencourt.

Para frear o pessoal que era obrigado a dirigir devagar e agora tem pista livre foram instalados radares que multam os veículos que excedem os 60 quilômetros por hora. No trecho ainda em duplicação, o asfalto está esburacado e com desníveis (enquanto as obras estruturais não são concluídas). O trânsito está complicado na região – lento, mas sem barreiras ou paradas forçadas. O que não muda é o forte cheiro de lona de freios queimada.

Andamento

A obra começou em 2010. Os primeiros 11 quilômetros de duplicação foram concluídos em 2012. Há três semanas, mais seis quilômetros foram liberados para o tráfego. A previsão é de que os quatro túneis, os 35 viadutos, duplicações e restaurações restantes estarão prontos até fevereiro de 2017. O investimento total nas obras é de R$ 1 bilhão.

Melhora

Com a experiência de quem passou duas vezes todo mês, nos últimos 30 anos, pelo trecho da Serra do Cafezal, o caminhoneiro Plínio Rizzon fala que o percurso melhorou muito. Ele conta que ficou parado, em diversas situações, por mais de um dia esperando a pista ser liberada depois de acidentes. “Vi muitas famílias inteiras mortas nesta rodovia”, diz.

As condições da Régis Bittencourt surpreenderam Luiz Thadeu Fedalto, que é comerciante em Campo Largo e estava passeando com a família e amigos pelo interior paulista. “Quando a obra estiver pronta, vai ficar uma beleza”, comenta. Ele conta que era caminhoneiro há 35 anos e que, naquela época, levava 8 horas para fazer o trajeto entre as capitais do Paraná e de São Paulo. “Hoje faz em cinco.”

Histórico

Quando a BR-116 foi pavimentada, na década de 1960, a duplicação já era reclamada. O processo para transformar o trecho de serra em pista dupla começou na década de 1990. Faltava dinheiro público para investir no projeto. A rodovia foi concedida à iniciativa privada em 2007 e a responsabilidade por duplicar o trecho na Serra do Cafezal passou a ser da concessionária Autopista Régis Bittencourt. A obra deveria estar pronta em 2012. Preocupado com a preservação de um dos trechos mais intocados de Mata Atlântica, o Ibama foi exigente na avaliação do pedido de licença ambiental para a obra e o processo se arrastou por vários anos.

Imagem
Notem a trajetória de zig-zag do antigo traçado da BR-116. Isso é economia porca para não fazer túneis e viadutos, mas colocando mais tempo no trajeto para os caminhões e elevar a possibilidade de acidente.

Agora falta construírem a BR-101 entre Santa catarina e São paulo. Assim, o sul não fica isolado se algo ocorrer na BR-116. Além de ser extremamente relevante para ligação dos sistemas portuários de Santa catarina, Paraná e São Paulo dando uma alternativa os caminhões enfrentarem uma serra e não três, que gerará economia de tempo combustível e equipamento.

Na verdade, as duas (BR-116 e BR-101) deveriam estar impecáveis e duplicadas até o Rio Grande do Sul. São duas ligações estratégicas para o país.




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Re: Geopolítica Brasileira

#737 Mensagem por prp » Sáb Set 20, 2014 2:44 pm

A 1116 e a 101 deveriam estar duplicadas de norte a sul.




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Re: Geopolítica Brasileira

#738 Mensagem por Allan2M » Sáb Set 20, 2014 3:45 pm

prp escreveu:A 1116 e a 101 deveriam estar duplicadas de norte a sul.
E uma ferrovia no mesmo trajeto.




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Re: Geopolítica Brasileira

#739 Mensagem por Bourne » Sáb Set 20, 2014 5:36 pm

Não deveria estar no mesmo trajeto. Rodovia, ferrovia e fluvial são complementares e não excludentes. Existem cargas e necessidades diferentes para transporte. O que não tem pressa e com valor agregado vai de trem ou navio, enquanto os demais em cima de caminhão. Isso no mundo inteiro.

Por exemplo, no sul de Curitiba, perto da divisa com Santa catarina, existe o plano de construir porto seco (ferrovia e rodoviário), junto com um ramal ferroviário moderno até o novo super porto de contêiner que parece que saí. Ao mesmo tempo facilitaria a distribuição e administração das cargas entre portos do Paraná e Santa catariana por rodovia.

Sobre ferrovia, olhem o ramal ferroviário que tem no meio do sul. O porto seco do sul de Curitiba seria o elo logístico importante para sul-sudeste-centro-oeste.

Imagem

Observem as rodovias abertas direção norte e sul. inclusive um ramal que cruza o centro oeste de goias à porto velho e outra que liga Cuiabá à porto no rio amazonas. Ambos potencialmente importantes para chegar ao pacifico pelo Peru. Outra possibilidade, a partir do mato grosso do sul cruzar Paraguai, norte da argentina e chegar no chile.

É claro que precisam ser modernizadas e construídas, mas estão em curso. Estilo Br huehue, devagar e sempre. :mrgreen:




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Re: Geopolítica Brasileira

#740 Mensagem por Marechal-do-ar » Sáb Set 20, 2014 6:10 pm

Bourne escreveu:Não deveria estar no mesmo trajeto. Rodovia, ferrovia e fluvial são complementares e não excludentes. Existem cargas e necessidades diferentes para transporte. O que não tem pressa e com valor agregado vai de trem ou navio, enquanto os demais em cima de caminhão. Isso no mundo inteiro.
Isso nos EUA, em uma parte dos casos.

Na questão do transporte tem que separar teoria da realidade:

A teoria diz que a mercadoria deve ser pega no produtor, levada um centro que escolheria a alternativa mais indicada de acordo com a necessidade do cliente, embarcaria a mercadoria em um avião, trem de alta velocidade, trem de baixa velocidade ou navio e um outro centro próximo ao destino desembarcaria e levaria até o consumidor final, e isso deveria ser mais eficiente que qualquer opção existente hoje

Mas a realidade é que o transporte corresponde a uma pequena parcela do custo da maioria dos produtos e o ideal só é possível com um planejamento amplo, algo quase impossível quando se tem que coordenar múltiplos agentes autônomos.

No fim, quase sempre o mais rápido e mais barato é comprar um caminhão, contratar um motorista e mandar ele pegar a estrada.




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Re: Geopolítica Brasileira

#741 Mensagem por Allan2M » Sáb Set 20, 2014 8:45 pm

Marechal-do-ar escreveu:
Bourne escreveu: ...
Mas a realidade é que o transporte corresponde a uma pequena parcela do custo da maioria dos produtos e o ideal só é possível com um planejamento amplo, algo quase impossível quando se tem que coordenar múltiplos agentes autônomos.

No fim, quase sempre o mais rápido e mais barato é comprar um caminhão, contratar um motorista e mandar ele pegar a estrada.
Concordo que muitas vezes é mais simples e barato comprar caminhões e contratar motoristas. Só discordo sobre a parcela com transporte ser pequena, lembro que a algum tempo atrás vi um artigo muito bom sobre o custo Brasil, tentei encontrar ele e acabei de deparando com um sobre logística que achei muito interessante, vale a pena ler.

http://www.coppead.ufrj.br/pt-br/upload ... _2006.pdf/




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Re: Geopolítica Brasileira

#742 Mensagem por Marechal-do-ar » Dom Set 21, 2014 12:19 am

Em um pais que boa parte do PIB vem de grãos e tem distâncias continentais 7,5% do PIB meio que prova o que eu disse, fiz uma pesquisa rápida, a soja está sendo cotada por cerca de R$ 900,00 a tonelada, o frete dela R$ 300,00 de Cuiabá para Santos em caminhão, para a soja esse valor realmente é significativo, mas, se trocasse por uma tonelada de um produto de alto valor agregado esses 300 reais seriam quase nada, em uma tonelada de carro isso da 1%, em uma tonelada de computadores 0,1%, em uma tonelada de chips o percentual seria tão baixo que qualquer um em são consciência mandaria por frete aéreo.




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Re: Geopolítica Brasileira

#743 Mensagem por Bourne » Dom Set 21, 2014 10:56 am

As commodity qualquer redução de custo faz uma grande diferença no fim das contas. Por que o produto é "barato" por tonelada e o custos de transporte pesam. Por isso, a preferencia é por transporte de quantidade e menor custo, mesmo que demore mais.

A aberração no Brasil é fazer isso de caminhão que cruza dois, três mil quilômetros até o destino. Ainda mais, desperdiçar portos com posicionamentos estratégicos no sul e sudeste para embarcar commodities. E caminhões que ficaram maiores nos últimos 20 anos. Das carretas de 45 toneladas de peso total, hoje tem bitrenzões e rodotrens com 74 toneladas. Ao mesmo tempo em que surgiram tantas restrições legais á circulação devido ao peso, tamanho, lentidão e outros incômodos que são implementos abandonados em nome dos tradicionais cavalos mecânicos e composição articulada.

Acredito que no futuro os biarticulados vão sumir e sua carga ser transportada em grande parte por trem ou navio. As obras de infraestrutura de ferrovias e hidrovias interligando os portos ao norte, sul e pacifico indicam isso. Enquanto insumos como calcário e adubo tende a serem substituíveis por trens. os caminhões ficarão restritos as regiões e fazer o transporte entre produtor e embarque. O que realmente deveriam ser as funções de caminhões para esse tipo de serviço. Como ocorrer em um grande produtor de grãos e minérios que são EUA. O caminhão tem uma rota de 200-300 quilômetros.

Não quer dizer que os caminhões desapareçam. Para industria, produtos de maior valor agregado e permitir o Just in time vão continuar utilizando caminhões. O custo maior é compensado pela agilidade e flexibilidade. Nos EUA e Europa o caminhão é fundamental e não deixará de ser, mesmo em rotas de milhares de quilômetros como Espanha-europa oriental, costa leste-oeste ou norte-sul nos EUA. Existem produtos que não podem esperar.

Hoje, no trecho florianopolis-Curitiba e Curitiba-São Paulo, a maioria dos caminhões trazem produtos industrializados, maioria baú, sider, contêiner ou tanque. Uma região com portos, centros logísticos e industriais. Não precisa ser chip. Uma carreta de comida congelada vale mais de um milhão de reais fácil.




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Re: Geopolítica Brasileira

#744 Mensagem por mmatuso » Dom Set 21, 2014 11:30 am

Estima-se em algo como 1.000 toneladas de grão por habitantes do brasil, se cada caminhão leva sei lá 45 toneladas da para se ter uma idéia de quanto seria a economia se baixar apenas 1 real no valor de frete.

E outra a conta não é só essa não, comercio eletrônico trabalha muito com correios, manda 10gr de encomenda de São Paulo para manaus e vê quanto sai frete atravessando os EUA por exemplo.




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Re: Geopolítica Brasileira

#745 Mensagem por Bourne » Dom Set 21, 2014 2:06 pm

imagine se a estrada ao invés de ter o caminhão de 45 toneladas não existisse. Sua carga jogada em um trem e transportada por uma fração do valor. Em seu lugar, a estrada estivesse livre para caminhões com a mesma potencia carregarem controverso que tem volume e valor, mas não pensam nem 15 toneladas cada carga. Em um mundo desses a coisa toda funcionaria melhor.




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Re: Geopolítica Brasileira

#746 Mensagem por Marechal-do-ar » Dom Set 21, 2014 4:54 pm

mmatuso escreveu:E outra a conta não é só essa não, comercio eletrônico trabalha muito com correios, manda 10gr de encomenda de São Paulo para manaus e vê quanto sai frete atravessando os EUA por exemplo.
Isso é quando você compra algo pela internet de uma loja em São Paulo para Manaus, mas, no caso dos produtos que vem da zona franca de Manaus para centros de distribuição em São Paulo em grande volume o frete aéreo é por tonelada, e é relativamente barato.




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Re: Geopolítica Brasileira

#747 Mensagem por Bourne » Dom Set 21, 2014 5:31 pm

Da zona franca de manaus os produtos embarcam até Belém. De lá põe em cima de caminhão e chegam ao sudeste. Deve sair bem mais barato que vir por avião.




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Re: Geopolítica Brasileira

#748 Mensagem por Marechal-do-ar » Dom Set 21, 2014 5:39 pm

Para um HD (por exemplo) que vale uns 300 reais e pesa menos de 1kg o preço do seguro caso ele vá por via terrestre excede o preço do frete aéreo.




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Re: Geopolítica Brasileira

#749 Mensagem por mmatuso » Dom Set 21, 2014 5:52 pm

Marechal-do-ar escreveu:Para um HD (por exemplo) que vale uns 300 reais e pesa menos de 1kg o preço do seguro caso ele vá por via terrestre excede o preço do frete aéreo.
HDs vem dos EUA ou outros fornecedores provavelmente de avião ou barco, o mais incrível é que o frete do exterior para cá acaba sendo mais barato do que quando nacionaliza mesmo que vc entupa uma carreta de HDs e mande andar de um lado a outro.

Não sei o valor exato, mas parece que um container fechado desses que colocam em carretas e levam de um lado para o outro sai em torno de US$100,00 vindo do exterior, do outro lado do mundo, enquanto o frete via carreta aqui RS$300,00 ?

Frete daqui é caríssimo se levar isso em consideração.




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Re: Geopolítica Brasileira

#750 Mensagem por Marechal-do-ar » Dom Set 21, 2014 6:03 pm

Depende do peso e da distância, mas o frete marítimo de produtos industrializados da China para cá deve ser por ai mesmo.

E a Samsung "produz" HDs na zona franca de Manaus, o frete "nacional" pode ser mais caro, mas eles ganham por não pagar os 30% de impostos de importação que esse produto em específico tem.




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