Fiquei feliz, e até diria, surpreso com a assinatura deste contrato dos Gripen E/F.
Em relação a isso, tenho alguns pontos a dizer, e que traduzem apenas e tão somente a minha visão e interpretação dos fatos, nada mais.
Primeiro, os 900 milhões a mais, entendo, é o preço que estamos pagando pela tão decantada transferência - e nacionalização - das tecnologias que desejávamos neste processo desde o início, e também, pela atualização da proposta da SAAB, feita ainda em 2009, como foi já afirmado aqui. Diga-se de passagem que defesa nunca foi, e nem será, um negócio barato. Somente os incautos e indolentes a entendem assim.
Bom, passados 5 anos em relação a proposta inicial da SAAB, creio que em matéria de conhecimento e avanço tecnológico, hoje em dia isso é quase que uma eternidade. E como dito a uma ou duas páginas atrás, sendo o valor do of set de pouco mais de US 9 bilhões de dólares, isto me parece indicar não só o desejo de seguir mesmo com o desenvolvimento de uma provável versão naval do Gripen E/F que pode estar aí inclusa e custeada, como também, possibilitar a capacitação da industria nacional no seu conjunto, pela atualização da proposta feita, à projetar e produzir a próxima geração de caças que irá operar para além de 2040 nos céus do Brasil.
É sempre bom lembrar também que o desenvolvimento em parceria da versão F do Gripen NG poderá nos dar, em maior ou menor medida, um adendo no conhecimento na hora de projetar a versão naval deste caça, e também, porque não dizer, a próxima geração de caças da FAB/MB. Ademais, para esta última, caso se concretize os 48 caças navais aventados no seu planejamento original, imagino que, no mínimo, de 8 a 12 poderão vir a ser efetivamente da versão 'F'. Se somarmos a esta demanda, os demais biplaces que se farão necessários à FAB para completar a substituição dos F-5M/A-1M na proporçãplo 1x1, podemos antever cerca de 16 caças a mais. Ou seja, uma demanda real para (+-) 35 caças da versão 'F'. Se não é muito, também não se pode dizer que seja um número débil, já que estamos tratando da realidade da defesa do Brasil.
Por outro lado, se a FAB resolver substituir seus demais 7 esquadrões de caça à base do mesmo patamar organizacional utilizado no FX, podemos talvez antever que o número de 'F' poderá aumentar exponencialmente. Se cada esquadrão for constituído em 14 mono e 4 bi, como se espera seja feito nos dois esquadrões que devem formar o GDA, então temos uma demanda hipotética para mais 28 caças biplace. Ou seja, já seriam 36 caças biplace no geral. Bom, creio que já seja alguma coisa melhor do que 8 undes. Se somados aos possíveis aviões navais, tem-se então de 44 a 48 caças biplaces no geral. Olhando estes números, é possível que os mesmos tenham justificado suficientemente o interesse da FAB em pagar o preço pelo seu desenvolvimento aqui.
Se considerarmos que possa haver ainda mais um ou dois esquadrões a serem efetivados na região nordeste, como já foi aventado pela própria FAB em seu planejamento estratégico anos atrás, então realmente o investimento de agora, no meu entender, estará plenamente justificado. Afinal, não é todo dia que se tem uma demanda crível para mais de meia centena de caças por aí. Isso só na versão de dois lugares. Ainda mais no Brasil. E duvido que tenhamos outra chance melhor de fazer isso do que agora com o Gripen 'F'.
Por último, espero pela divulgação dos detalhes sobre os tais melhoramentos que deverão ser incorporados no caça. Eu acredito que estes não foram de pequena monta, não podem sê-lo, pois com US 900 milhões de dólares a mais na conta, podemos imaginar com certeza que que tal atualização deva incluir bem mais que a integração de novos armamentos, sistemas eletrônicos e comunicação nacionais, por mais que sejam caros.
A ver.
Abs e felicitações a FAB.
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