Coronavírus: Alemanha dá "certificados de imunidade" para o regresso ao trabalho
A economia não pode parar e de forma a evitar uma crise ainda maior, a Alemanha vai testar uma estratégia que pretende permitir a milhares de pessoas voltarem ao trabalho sem correrem riscos.
A Alemanha quer levar as pessoas de volta aos seus postos de trabalho, para que a economia comece a entrar de novo nos eixos. Mas como é possível voltar ao trabalho durante um isolamento/quarentena? É isso que o governo local está a estudar e já há pelo menos uma hipótese em cima da mesa: certificados de imunidade.
De acordo com a revista alemã Der Spiegel, os investigadores querem distribuir centenas de milhares de testes nas próximas semanas para averiguar a presença de anticorpos ao coronavírus covid-19 no organismo dos cidadãos. Aqueles que testarem positivo podem receber um "certificado de imunidade" que vai permitir que regressem ao trabalho ainda antes de ser levantado o estado de emergência no país europeu.
O governo germânico instituiu um estado de emergência generalizado, encerrando a atividade em milahres de empresas por todos os estados alemães. Como aconteceu em várias partes do mundo, Portugal incluído, a economia abrandou a um rtimo comparado às grandes crises económicas do passado, começando a ser pensadas soluções de financiamento a nível europeu e até a nível mundial. Para minimizar estes efeitos, investigadores do Centro de Investigação de Infeções Helmholtz, em Braunschweig, sugeriram que sejam tomadas medidas de efieto quase imediato para que milhares de alemães possam voltar às suas rotinas.
O projeto apresentado por estes cientistas prevê o teste de forma massiva a mais de 100 mil alemães para descobrir se os seus organismos estão imunes ao contágio da covid-19. Ao contrário dos testes que têm sido apregoados como essenciais para travar o surto até ao momento e que detetam a presença deste coronavírus no organismo, os novos exames alemães detetam a presença de anticorpos ao vírus. Um resultado positivo indicaria que os testados teriam contraído o coronavírus (mesmo que tenham estado assintomáticos) e que haviam criado uma imunidade a contrair de novo o vírus.
Os cientistas acreditam que caso uma pessoa teste positivo poderá voltar ao ativo de forma normal e que, se numa zona houver uma alta percentagem de positivos se pode começar a falar em "imunidade de grupo" e levantar algumas restrições locais.
Como seria o certificado
Gerard Krause, o epidemiologista a liderar este projeto, explicou à Der Spiegel que quem for provado como sendo imune ao vírus "pode receber uma espécie de cartão que lhes permita mostrar às autoridades que foram autorizados a regressar às suas funções".
A Alemanha tem sido apontado como um exemplo no combate ao coronavírus, tendo conseguido manter uma baixa taxa de letalidade (percentagem de mortos comparativamente ao número de infetados), uma das mais baixas do mundo. Em mais 67 mil infetados há 732 mortes. Cientistas têm atribuído esse sucesso à capacidade de reter pessoas fora dos serviços de urgência dos hospitais, mantendo pessoas assintomáticas e com sintomas ligeiros a recuperarem em casa, como tem acontecido em Portugal, e por terem testado dezenas de milhares de pessoas semanalmente, em busca de positivos.
Mas a Alemanha não é caso único. Também o Reino Unido quer começar a enviar pessoas de volta para o trabalho. Para isso comprou milhões de kits de testes caseiros para permitir às pessoas poderem voltar ao trabalho se testarem negativo para a presença de covid-19.
Mas dúvidas surgem na comunidade científica em torno do sucesso de alguns testes. O exemplo da Espanha que teve de devolver milhares de testes comprados à China levantou várias questões sobre a eficiência de alguns testes criados nas últimas semanas. Há também testes de imunidade que têm acusado positivo para anticorpos para certos coronavírus, mas não para a Covid-19.
Há ainda dúvidas sobre a real imunidade adquirida depois da contração da covid-19, já que não foram realizados testes suficientes para confirmar que esta existe. Mas epidemiologistas experientes como Larry Brilliant e Anthony Fauci apresentam poucas dúvidas de que as pessoas recuperadas estejam protegidas de novas infeções pelo mesmo vírus, tal como acontece na grande maioria dos restantes casos.
O coronavírus na Alemanha
A Alemanha, o terceiro país com mais casos da Europa e o quinto do mundo, regista 67.366 infetados com o novo coronavírus. O Instituto Robert Koch (RKI), entidade responsável pela prevenção e controlo de doenças, dá conta de 732 vítimas mortais.
Numa carta publicada esta quarta-feira no jornal britânico "Financial Times", o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, e os chefes de Estado da Jordânia, Singapura, Etiópia e Equador, pediram uma "aliança verdadeiramente global" para combater a pandemia covid-19.
A chanceler Angela Merkel, que permanece em casa em quarentena, apesar de todos os testes terem sido negativos, vai reunir-se esta tarde remotamente com os líderes dos 16 estados federados do país.
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