Lendo vários textos e materiais acadêmicos de autoria de militares nas escolas de formação superior do EB nos últimos meses, algo muito sútil fica a perceber-se. As forças armadas hoje carecem, principalmente aquela, de muitos (mas muitos mesmo) hiatos que necessariamente, antes de mais nada, precisam ser resolvidos de imediato. Detalhes pequenos como a falta de pessoal especializado, de quadros de OM incompletos, a melhor formação e emprego de pessoal, o enquadramento de serviços, atividades adm e organizacional das OM, etc, além da exiguidade da disponibilidade de material necessário a manutenção de uma mínima capacidade operacional da instituição fazem com que se pensar em projetos com valores altíssimos e complexos se torne algo quase que absurdo e ilógico dentro do contexto atual. São questão pequenas e cotidianas que dificilmente vem à publico porque são de cunho interno da força e de conhecimento apenas daquelas pessoas que ou trabalham na BID ou estudam a questão, além dos próprios militares. Curiosos e aficionados como eu normalmente ficam à margem dessas questões porque elas simplesmente não chegam nos fóruns civis, ou quando dispostas na internet, o são nas páginas a que bem poucas pessoas tem conhecimento e acesso.gabriel219 escreveu: Qua Mai 29, 2019 7:45 am Deixa eu ver se entendi bem sua posição:
1) Não há verba pra comprar novo CC;
Sim, desde sempre. Não há previsão orçamentária no MD e no EB para isso, em qualquer planejamento futuro de curto e médio prazo. Seja novo ou usado. Pelo menos não de público. E não sou eu que digo isso, é o ministério da economia. O EB tem um planejamento para um CC - usado ou novo, não se sabe - que simplesmente foi colocado de lado em termos de prioridade dada a situação macroeconômica do país. Quando isso será resolvido? Só Deus sabe agora.
2) Você defende manter 1A5 até o VBTP-SL, que ocasionaria numa total repotencialização e modernização da viatura.
Eu não defendo nada Gabriel, apenas fiz uma constatação. Os Leo 1A5 não tem previsão de baixa no EB pelo menos até o contrato da KMW acabar em 2027. Depois disso ninguém, neste momento, sabe o que vai acontecer depois.
A nova família de VBTP-SL ainda está nos planos do EB, e se mantém como uma alternativa nas apresentações que vi postadas aqui no Fórum, e fora dele também a partir do EPex, CTEx e outras instituições, para as comissões de defesa do congresso. Não lembro onde, mas li também em apresentações no MD que a VBTP-SL está lá mantida para desenvolvimento a partir da próxima década. Só não diz exatamente que ano. Ou seja, pode ser a partir de 2021... ou 2029. Vai saber. Pode ser nunca...![]()
É sempre preciso dizer, isso tudo é o que está no papel dos planos do comando do exército. Mas nada garante que qualquer desses planos saia um dia do papel. Afinal, não é o EB que define a verba que deve receber ao longo do ano fiscal.
E não é falta de interpretação minha, já que você escreve isso claramente aqui:Precisa decidir de fato a sua opinião, pois assim fica muito difícil, já que um sustento de seu argumento a favor do desenvolvimento do VBTP-SL refuta seu argumento sobre a compra de viaturas de segunda-mão. Uma hora tem dinheiro pra modernizar 1A5 e logo depois lançar um programa que promete ser duas vezes mais caro que o Programa Guarani, um post depois não tem dinheiro pra comprar um CC "Tampão".Enfim, suponho que se o EB ainda estiver afim de manter um mínimo de coerência com os seus planejamentos elaborados anos atrás ainda na fase de sonhos e masturbações sociológicas de um "Brasil putência", o desenvolvimento da nova família de VBTP-SL será o passo natural e seguinte na próxima década no processo de modernização da inf e cav. Seja por que é mais barato do que desenvolver um CC novo, seja porque as quantidades envolvidas tem o potencial de diluição de custos ao longo do tempo bem melhor e mais racional do que o de um CC.
A minha visão é clara. O Leo 1A5 irá permanecer até quando for possível nas fileiras do EB. Quando e/ou se houver condições, ou oportunidade, sua substituição será levada a efeito. Esta, salvo melhor juízo, é a posição atual do exército em relação a esses bldos por tudo que já li de doc oficiais do EB ou seus militares.
Não há verba e nem intenção, de público, para qualquer tipo de intervenção no carro - agora e bem daqui a um, dois, cinco ou dez anos. E isso também é um problema, já que o contrato da KMW é bastante limitante a esse respeito, deixando aos próprios alemães a prioridade de qualquer tipo de atividade de atualização neles; e não sendo assim, é arriscar perder todas as garantias do contrato de manutenção feito com eles. Enfim, é uma escolha difícil. ´
Em todo caso, a proposta atual do comando do EB até onde consigo saber é lançar o desenvolvimento da nova família de VBTP-SL a partir da próxima década. Mas é só isso: um planejamento. Para por aí. Não existe qualquer compromisso financeiro ou orçamentário para essa empreitada desse e de nenhum governo que eventualmente apareça por aí; e penso ser muito difícil que venha a haver nos próximos anos, a não ser que nos arcabouços do negócio a empresa ganhadora tenha que também arcar com o financiamento do projeto e seu consequente apronto e disponibilidade ao EB. Essa é uma alternativa. Ou não.
Fato é que o EB aparentemente está prestes a adquirir e receber por EDA dos americanos quase 200 M577, além, talvez, de mais alguns M113 de lambuja. Isso no curtíssimo prazo para cobrir áreas na cav blda que nunca foram devidamente tratadas. Essa possível aquisição elevará o número de M113 e derivados no EB para perto de mil unidades, junto com as mais de 500 já em operação. Não consigo imaginar como o EB irá conseguir manter ambas as soluções, investindo em mais M-113 e derivados ao mesmo tempo projetando e desenvolvendo seu substituto. Mas fato é que estes veículos terão uma vida útil ainda de uns 10/15 anos pela frente. Então tempo é um problema que não temos. Já dinheiro...![]()
Chega a ser ridículo debater um novo CC quando, por exemplo, não temos fardamento e equipamentos modernos e adequados para os tripulantes, ou pior, sequer temos tripulantes de CC em quantidade e qualidade necessária e suficiente tal como constam nos manuais. E é daí para baixa o nível de impropérios que se encontra nas ffaa's.
Resumindo, ter um CC moderno e bem equipado é legal e tudo o mais. Mas sem que consigamos chegar a um patamar qualitativo das tropas que os operarão, tanto do ponto de vista organizacional como operacional, sua adoção pouco significará em termos práticos.
O Leo 1A5 com seus mais de 40 anos de existência por incrível que possa parecer elevou a cavalaria do exército a um outro nível, por mais simples e canhesto que ele seja para os nossos dias. Conquanto é preciso lembrar que até outro dia, a coisa mais tecnológica que a cavalaria lidava era um CC com projeto original ainda da GM II. Pensar em operar Leo II, Abrams ou qualquer outra coisa sem resolver primeiro os problemas mais simples do dia a dia das OM país afora fica me parecendo uma metáfora de mal gosto.
abs