sapao escreveu:Não sei Leandro, o que você descreve para mim é praticamente o NG!

Não mesmo.
O que tenho em mente é algo com uma relação peso/potência muito maior (por isso o motor Saturn), super-cruzeiro, desenho stealth, baias internas, e etc... . A capacidade stealth não seria a melhor do mundo, nem mesmo tão eficiente quanto a de um F-22 ou um F-35, mas apenas o bastante para trazer a distância de detecção por radar para dentro do alcance dos sensores IR, e aí a vantagem de outros aviões neste quesito seria minimizada. Mas de qualquer forma seria um verdadeiro quinta geração (dos pobres, tudo bem, mas quinta), algo que nenhum Gripen ou F-16X jamais será. É claro que haveria concessões em termos de alcance, capacidade de carga, sistemas de bordo, etc..., mas o contexto seria o de um Low em um Hi-Low mix com o SU-35 (e seria um Put#$%@ Low). E no futuro, se fosse o caso, poderíamos complementá-lo com PAK-FA. Este avião deveria ser algo como um F-35, mas otimizado para combate aéreo ao invés de ataque pois daqui para a frente ataque e apoio aéreo deverão ser funções para aeronaves não tripuladas e mísseis
![Cool 8-]](./images/smilies/icon_cool.gif)
.
Mas falando serio, primeiro teriamos que ter essa oferta dos russos; principalmente do motor.
Segundo seria algo bem maior que o F-X, pois teriamos que nos adaptar e mudar totalmente toda uma cadeia logistica e de manutenção baseada em uma filosofia para outra completamente diferente. E isto não é melindre ou preconceito: um é completamente diferente do outro!
Teriamos que mudar nosso ferramental, nossas bancadas e treinar nosso pessoal; e partindo da experiencia com o pessoal do MI-35 isso levaria uma eternidade.
E como seria com o restante da frota?
Ou colocariamos tudo com os russos a abraçariamos a causa em prol de uma independencia tecnologica bancada por eles?
Na minha delirante imaginação a iniciativa seria nossa, e não dos russos. Colocaríamos as cartas na mesa do que quereríamos e perguntaríamos o preço (não como hoje, em que pedimos para os concorrentes do F-X ofertar eles as ToT´s que acharem melhor, o que é ridículo). Como o plano seria o de desenvolver uma aeronave que os próprios russos não estão em princípio planejando, eles não teriam porque se negar. O mesmo efeito poderia ser obtido se comprássemos o F-15, trouxéssemos a produção do F-100P100 para cá, instalássemos o máximo de aviônicos nossos e os americanos nos dessem o apoio no desenvolvimento do nosso caça. Mas isso ficaria muito mais caro, os americanos são muito mais fechados a este tipo de acordo e estaríamos criando um concorrente para o F-35, o que eles evidentemente não apreciariam nem um pouquinho. Então sobram os russos mesmo, ninguém mais tem um motor da categoria que seria necessária.
E com relação a mudar nossa logística e etc..., qualquer um dos concorrentes do F-X vai levar a isso, não dá para comparar as necessidades e procedimentos de um F-5 ou um Mirage velho com as de um Gripen novo, um F-18 ou um Rafale. Considerar isso uma limitação seria o mesmo que achar que o KC-390 vai trazer problemas insuperáveis porque nossa aviação de transporte sempre usou turboélices e ele será um jato.
Além disso, muita coisa dos próprios Su-35 poderia ser feita aqui mesmo. Além do motor a aviônica poderia em grande parte vir da AEL. Tanto indianos quanto malaios tem aviônica basicamente ocidental em seus Sukhoi, muito similar a que a AEL produz. E o restante da frota a considerar seriam os novos caças a serem desenvolvidos, amarrar nossa aviação de combate pelos próximos 30 ou 40 anos nas velharias que temos hoje seria um absurdo não é mesmo

?
Supondo então que fizéssemos tudo isso, ai vem a parte mais complicada que você bate tanto na tecla: como ganhar o apoio do empresariado ( e consequentemente o politico) para tal empreitada?
Não existe a MINIMA chance de quem ganhar não ceder algo a EMBRAER, e ela que tambem não é boba já deve saber de antemão o que precisa.
O que será então que a Shukoi, concorrente direta da EMBRAER, iria achar disso?
E digo concorrente direta porque eles já perceberam que focar so no mercado de Defesa é furada, quem mantem a roda girando é o mercado civil.
O de Defesa de vez em quando lhe paga um premio de loteria, mas não garante continuidade.
E o que será que a EMBRAER acharia de entrar em uma empreitada dessas, em uma aeronave que certamente não vai ter mercado para que ela explore haja vista que certamente a produção seria para nós e não para terceiros.
Ou você acha que o russo ia deixar de produzir lá para que nos o fizessmos aqui? Duvido.
O programa seria do estado brasileiro, como foi o do AMX e está sendo o do KC-390. A Embraer seria a principal contratada, obviamente, a responsável pelo novo avião seria ela. Ela mesma já propôs algo assim no embalo do AMX, mas na época a FAB não se interessou. E poderíamos quem sabe depois licenciar o projeto para os russos, se eles quisessem produzi-los lá para sua própria FA

. A Sukhoi é concorrente da Embraer no mercado civil, mas ela não terá um caça na categoria que estou sugerindo, não vejo porque se preocuparia com o nosso. A Dassault e empresas americanas também concorrem com a Embraer no mercado civil, e a Saab também no militar (Saab 340 e SAAb 2000 versus R-99), e pelo que sei isso não está atrapalhando em nada a posição delas no F-X, inclusive no quesito de transferência de tecnologia para aplicação em aeronaves civis (como se a Embraer precisasse disso).
E mesmo que fizessemos, acho que o mercado de EMBRAER deveria ser mais focado em algo mais leve e barato, para competir com F-16 e MIG-21 usado nos paises perifericos; disputar mercado de gente grande eu acho que seria burrada pois o retorno seria dificil e talvez a vitoria não valesse a pena.
Vale lembrar que o maior mercado hoje da EMBRAER é o domestico norte-americano.
Então para mim, por incrivel que parece, parece que faz mais sentido que o NG tenha mais força com o empresariado do que o SU.
Tanto Gripen NG (se vier mesmo a existir) quanto o SU são produtos estrangeiros, com cadeia de fornecedores principais já montada. Qualquer desenvolvimento nacional agradaria o empresariado local muito mais do que eles. Além disso nenhum deles abriria um mercado significativo para unidades produzidas no Brasil, principalmente porque concorreriam contra outros aviões já existentes ou em desenvolvimento (o Gripen contra as múltiplas versões novas e usadas do F-16, e o Su contra o próprio PAK-FA). O avião que proponho teria como único concorrente em sua classe no horizonte o F-35, que é absurdamente caro para o que entrega e os americanos não fornecerão para qualquer um. Este avião é que seria o F-16 (menos, digamos o F-5) ou o Mig-21 do século XXI. Esta é uma janela de oportunidade que está aberta hoje e pelos próximos poucos anos, e acredito que logo será fechada. O que me deixa triste é que ela será fechada por uma Coréia do Sul, uma Turquia ou outro player assim, isso depois de termos nós a terceira indústria aeronáutica do mundo...

. Eles deveriam é estar vindo entrar em parceria conosco neste NOSSO programa.
E olha que eu nem citei o END, onde se faz entender que o vetor do F-X será o mesmo da FAB e da MB ( pagina 22, finalzinho do ultimo paragrafo); já que para mim esse deve ser o mais proximo de "desenvolver um avião versátil, de defesa e ataque, que maximize o potencial aéreo defensivo e ofensivo da Força Naval" que teremos nos proximos 15/20 anos.
E por mais estapafurdio que possa parecer um NG-naval, pelo menos essa propaganda existe!
Do SU-35 nem isso, e mesmo que houvesse provavelmente seria para ser operado com ausencia de catapulta, algo que não sei se atenderia aos propositos da MB.
Ninguem,além de mim, achou coincidencia o fato de que os 3 da short-list poderem operar naval ( mesmo que no papel), e a enfase da SAAB nessa possibilidade nos ultimos tempos?
A MB ainda nem conseguiu colocar o A-12 para operar e já estamos amarrando o futuro da FAB a NAe´s que podem nem mesmo vir a existir? Na minha opinião isso é no mínimo temerário. Mas de qualquer forma, se um programa como o que eu imagino viesse a ser deslanchado obviamente seria este o avião que iria eventualmente operar em nossos futuros NAe´s, e assim a existência ou não de uma versão naval do caça do F-X seria irrelevante. Inclusive as encomendas conjuntas da FAB e da MB (digamos 120 da primeira e 64 da segunda) é que viabilizariam comercialmente este novo projeto.
Mas veja bem, tudo isso é apenas um sonho delirante meu. Além de não sermos capazes de planejar em horizontes tão distantes quanto o exigido por um programa assim, o Brasil jamais terá como justificar a criação de um caça nacional, pois custaria praticamente o mesmo dinheiro e esforço que realizar uma Olimpíada ou uma Copa do Mundo, e não temos como justificar este nível de gastos

. O que acredito é que vamos ficar mesmo com os 36 aviões do F-X mais os F-5M e A-1 restantes pelos próximos 20 anos, e depois talvez mais uma dose homeopática de F-X, ou um número ligeiramente maior de algum usado da vida. E na minha opinião nestas condições é absolutamente irrelevante que avião será o escolhido. O verdadeiro esteio da FAB daqui para a frente é e será o ST. E quanto à MB, voltamos a conversar daqui a dez ou doze anos

.
Um grande abraço,
Leandro G. Card
ps: voce é familiar com a Analise Hierarquica de Processos em gerencia?
Nunca usei pessoalmente, mas acompanhei um ou dois trabalhos com isso durante meu programa Trainee na Maxion. É uma forma de análise matricial de problemas de decisão, dividindo a análise em fatores, dando pesos para cada um e depois calculando parâmetros da matriz resultante. Isso é tudo o que sei, eu não saberia operacionalizar a coisa sem estudar antes. Mas confesso que na prática não me parecia funcionar muito bem por lá, porque os tomadores de decisão se baseavam em “fatores de peso” que eram levantados pelos especialistas em cada setor envolvido na decisão (eu fui um destes especialistas). O que acontecia é que estes especialistas tendiam a inchar a importância dos fatores que privilegiassem suas próprias áreas (na verdade os supervisores é que faziam isso, ou nos obrigavam a fazer), os gestores não sabiam como identificar este desvio e a matriz montada a meu ver não era muito confiável. No final a decisão acabava tendendo para quem “inchava mais” seus números e conseguia que a gerência mais alta concordasse com eles. Ou seja, a decisão era “política” travestida de "técnica". Vi comprarem máquinas e trazerem linhas de produtos assim, e no final acabaram tendo prejuízos, sérios em alguns casos. Foi quando comecei a desenvolver um certo receio destas ferramentas puramente gerenciais travestidas de científicas, o que tem apenas aumentado até hoje.