Caracas militarizada e venezuelanos impedidos de marchar até ao Conselho Nacional Eleitoral
A policia venezuelana bloqueou o caminho de uma manifestação da oposição em Caracas
EPA/MIGUEL GUTIERREZ
Os venezuelanos só puderam marchar apenas alguns quarteirões devido ao bloqueamento da polícia
Caracas foi esta quarta-feira "ocupada" por militares e polícias, que inviabilizaram a pretensão de milhares de pessoas de marchar até ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para exigir a realização de um referendo que revogue o mandato do Presidente Nicolás Maduro.
As autoridades desdobraram efetivos militares e polícias, e também tanques nas proximidades da sede do Conselho Nacional Eleitoral.
Perante a forte presença de militares e polícias o presidente do parlamento, Henry Ramos Allup, pediu à oposição para avançar "até onde os 'piquetes' (policias) permitissem", pelo que milhares de pessoas marcharam apenas alguns quarteirões, desde a sede do partido Ação Democrática e desde Bello Monte, até à Avenida Libertador (leste).
A rede de metropolitano de Caracas encerrou oito estações, em áreas próximas do Conselho Nacional Eleitoral e dos pontos de concentração dos manifestantes.
O dietor do Conselho Nacional Eleitoral, Luís Emílio Rondón, deslocou-se à sede do partido Ação Democrática para receber um documento da oposição em que se solicita que aquele órgão anuncie uma data para se passar à fase de recolha de assinaturas, de pelo menos 20% dos eleitores, para ativar o referendo.
Luís Emílio Rondón disse que até segunda-feira o Conselho Nacional Eleitoral se pronunciará publicamente sobre o assunto.
O Conselho Nacional Eleitoral está atualmente a validar as assinaturas já entregues pela oposição, em que os eleitores tiveram, recentemente, que confirmar o pedido em pessoa e com dados biométricos.
Uma vez validadas as "intenções" dos venezuelanos, em que manifestam a vontade de solicitar o referendo, a oposição deverá ainda recolher 20% das assinaturas dos eleitores, correspondentes a cerca de quatro milhões de eleitores.
A oposição quer realizar o referendo ainda em 2016 e tem acusado o Conselho Nacional Eleitoral de atrasar a calendarização das diferentes etapas do processo.
Se o referendo se realizar até 10 de janeiro de 2017 deverão ser convocadas novas eleições presidenciais, segundo a legislação venezuelana.
Se o referendo for convocado para depois dessa data, o vice-presidente da Venezuela assumirá os destinos do país até 2019, quando terminaria o atual mandato presidencial.
Simpatizantes de Nicolás Maduro e ministros do seu Governo têm insistido que será impossível realizar o referendo ainda em 2016.
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