Re: Geopolítica Brasileira
Enviado: Qui Jun 05, 2014 2:00 pm
Não sabia que a 101 "acabava" no Paraná.
Grupo americano garante compromissos assumidos por Eike Batista no Porto do Açu
URL: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economi ... s-por-eike
17/02/2014 19h35Rio de Janeiro
Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro
Controladora da empresa que assumiu e passou a desenvolver o Porto do Açu, a empresa Prumo Logística Global, do grupo americano EIG, vai manter todos os compromissos assumidos quando o empreendimento ainda se chamava LLX e pertencia ao empresário Eike Batista – inclusive os acordos estabelecidos com trabalhadores da região, como pescadores e agricultores.
A informação foi dada pelo diretor de implantação da empresa, Luis Baroni, durante audiência pública realizada hoje (17), pela Comissão Especial do Porto do Açu, da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), em São João da Barra, no norte do estado.
A audiência pública foi convocada pela Comissão Especial da Alerj para discutir a continuidade das obras de implantação do porto e obter garantias de que os compromissos assumidos - como a construção do complexo pesqueiro – não venham a ser interrompidos, com as alterações na composição acionária do empreendimento.
Para o presidente da comissão, deputado Roberto Henriques (PSD), a empresa que está assumindo o empreendimento já deu a certeza de que o projeto vai ter continuidade, mas que é preciso amarrar em detalhes todas as questões envolvendo a obra para que nenhum dos segmentos por ela beneficiados seja prejudicado.
“A comissão apresentou os questionamentos da população aos representantes da empresa e do estado. A maior parte da demanda foi esclarecida na reunião. A partir dessas audiências, chegamos à conclusão de que o empreendimento vai prosperar”, disse Henriques.
Durante a audiência, a presidenta da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), Maria da Conceição Ribeiro, informou que já foram atendidos os pedidos dos agricultores, como o fim das desapropriações e a concessão aos agricultores de um auxílio produção, até que eles recebam as indenizações pelos terrenos.
Ela acrescentou que "já foram atendidas com o programa 330 famílias, totalizando um auxílio de R$ 7 milhões, mas mesmo assim queremos ouvir os agricultores que não estão sendo beneficiados, ou que se sintam prejudicados de alguma forma", para que se encontre uma solução para o problema.
Para o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, o projeto de construção do Porto do Açu é uma realidade: “A obra andou, é uma realidade e não tem volta. Já temos pontos irreversíveis acontecendo na cidade. O primeiro que podemos destacar é o mineroduto, onde foram investidos US$ 10 bilhões. Só isso já justificaria a importância do Porto do Açu para a região. Ainda serão investidos R$ 1,2 bilhão no projeto até o final do ano, além dos 6 mil empregos gerados até hoje pelo empreendimento”.
O secretário destacou a importância do empreendimento para as atividades de exploração e produção de petróleo e gás da região do pré-sal na Bacia de Santos. “O Porto do Açu vai se tornar uma âncora importantíssima do pré-sal", pois, de acordo com sua avaliação, a produção brasileira de petróleo vai dobrar até 2016, e triplicar até 2020, com o pré-sal.
Por que o separatismo permanece vivo no Estado
Reação a um gesto da cantora Shana Müller reabre a discussão sobre os motivos da ambivalência do Rio Grande do Sul em relação ao Brasil
Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/pr ... 43932.html
por Carlos André Moreira e Larissa Roso
Por que o separatismo permanece vivo no Estado Rafael Ocaña/Zero Hora
Entre duas bandeiras: posições separatistas veem conflito entre identidade brasileira e rio-grandense
Foto: Rafael Ocaña / Zero Hora
Levantar uma bandeira do Brasil em dia de jogo da Seleção é algo tão comum – principalmente em tempos de Copa – que a cantora Shana Müller se confessou surpresa quando uma foto sua fazendo o mesmo gesto publicada nas redes sociais provocou uma onda de críticas e ofensas de alguns mais radicais. Muitos desencavaram até o léxico farroupilha para criticar a “falta de patriotismo” da artista – que deveria, na opinião de alguns desses críticos, sentir-se antes gaúcha e só depois brasileira. A polêmica desencava um debate que volta e meia reaparece no Rio Grande, o ímpeto separatista e os argumentos defendidos por aqueles que acreditam que o Estado estaria melhor sozinho, separado da federação que compõe o Brasil. Para muitos estudiosos do fenômeno, a chave para compreender esse sentimento é vê-lo como um tipo de resposta às mudanças pelas quais o Brasil – e o Estado dentro dele – passaram no último século.
– Esse anseio é calcado na saudade de uma época imaginada. A partir dos anos 1950, houve um êxodo rural muito forte, a pecuária foi entrando em declínio, o tipo sociológico do gaúcho foi desaparecendo. O tipo gaúcho foi incorporado na cidade, estilizado, moderno, quando o tipo real estava desaparecendo. O pessoal se apega a essas fantasias, imaginar uma comunidade que historicamente não houve. O separatismo cobre uma lacuna, um vazio existencial, uma saudade de uma época imaginada do gaúcho – diz o historiador Paulo Fagundes Visentini, professor titular de Relações Internacionais da UFRGS.
>>> Shana Müller: "Quem se manifestou foram pessoas confusas quanto ao significado do tradicionalismo
As frases dirigidas a Shana fazem eco, em temática e em argumentos, a mais de uma movimentação em favor do separatismo surgida no Estado desde o fim do século passado. Nos anos 1990, ganhou destaque nacional o movimento lançado por Irton Marx, autor do livro Vai Nascer um Novo País: República do Pampa, que defendia a separação. Com as redes sociais, é fácil encontrar várias outras manifestações de inconformidade com o fato de o Rio Grande do Sul fazer parte do Brasil, desde O Rio Grande É o Meu País (frase aliás recorrente dentre as críticas à cantora) até O Sul É o Meu País, movimento que preconiza a cisão dos três Estados do Sul. Muitos ganham adeptos ou simpatia entre pessoas mais jovens, algumas sequer nascidas quando o santa-cruzense Marx lançou seu libelo localista.
– O separatismo é um fenômeno absolutamente atual. Temos movimentos separatistas fortíssimos no mundo todo. Mesmo no Brasil, o Rio Grande não é o único a abrigar esse tipo de manifestação. Uma das explicações, claramente, é a globalização, essa situação em que se exige que tudo seja global, homogêneo, que falemos a mesma língua e se conjugue a mesma identidade cultural. É inevitável que nasça no interior desse processo um contramovimento a essa exigência de homogeneidade, uma tentativa de marcar uma identidade diversa. Algo que se comunica com o jovem, naturalmente inseguro diante das pressões contemporâneas – comenta Caroline Kraus Luvizotto, socióloga, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e autora de Cultura Gaúcha e Separatismo no Rio Grande do Sul (Unesp, 2009).
Mestre em comunicação e informação pela UFRGS, Érika Caramello, autora de uma dissertação estudando o debate sobre separatismo em uma comunidade virtual direcionada aos cultores do tradicionalismo, também aponta que essa necessidade de afirmação pela diferença é o motor de manifestações sectárias no território aparentemente sem fronteiras da internet. E ainda identifica o crescimento dos anseios de separação como uma forma de compensar a progressiva queda de importância do Estado nos rumos econômicos e políticos do país.
– Há um sentimento, dentro do Estado, de que o Rio Grande está à margem do centro das decisões, mesmo tendo na presidência uma mulher formada no Estado. Acho muito interessante a forma como a cultura gaúcha é documentada pelo MTG. A gente não vê isso em outras manifestações culturais. Os gaúchos se preocupam demais com a representação de seu passado, e acho que às vezes isso gera uma forçação de barra em querer ser diferente a qualquer custo, quando a própria característica do Brasil como país é sua variedade.
Se algumas vozes clamam por separatismo, não o fazem de dentro das instâncias “oficiais” do gauchismo. Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho, Manoelito Savaris argumenta que a instituição não apoia nenhum viés separatista – as solenidades oficiais, como cavalgadas e o próprio acampamento farroupilha, sempre contam com o hino e a bandeira do Brasil, sem gritedo.
– O MTG não dá guarida a nenhuma manifestação de separatismo. Não trabalhamos com essa ideia. Nosso pensamento é de integração. Para nós, o Brasil começa pelo Estado – diz Savaris.
Apesar disso, parte das críticas aos laivos separatistas ainda encontrados na sociedade rio-grandense se dirige justamente à noção de Estado à parte muitas vezes incentivada pela entidade, que tem no bairrismo local sua porção folclórica e, talvez, no separatismo seu exacerbamento. Crítico da ideologia do tradicionalismo, o pesquisador Tau Golin, da Universidade Passo Fundo (UPF), também reconhece que o movimento como instituição não insufla o separatismo como política, mas adverte que sua insistência na diferenciação pode ter, sim, esse efeito colateral.
– No episódio da Shana as manifestações não estavam clamando pela valorização do Rio Grande do Sul, mas expressando o desejo de não ser brasileiro, a vontade de ter uma distinção europeia. Não está em jogo se a Shana é menos rio-grandense por ser brasileira, por se colocar dentro de um país. O que está em jogo é o poder sobre o imaginário – comenta Golin.
A Construção do Mito Farroupilha
Com uma ou outra alteração, o hino e a bandeira do Estado hoje ainda são os mesmos da República do Piratini, durante a Revolução Farroupilha – o conflito que, sob o título de “decênio heroico”, foi transformado em uma espécie de mito fundador de uma identidade geral gaúcha. Mas, como sempre quando se fala de História, o discurso construído ao redor de um episódio não necessariamente o resume. O historiador Mario Maestri, por exemplo, é um dos pesquisadores que argumentam que, logo após a rendição de Ponche Verde, a revolução foi durante longo tempo relegada ao esquecimento, na tentativa de pacificação do território.
Está presente no mito farroupilha também a ideia de um Rio Grande unido contra as forças imperiais, quando boa parte do Estado, na Capital e no litoral, não só não aderiu à revolução como a combateu com ímpeto. Para Maestri, é apenas durante a Revolução Federalista, em 1893, que a Revolução Farroupilha, com seus aspectos republicanos e separatistas, passa a ser apresentada como um ideal comum a unir os gaúchos. O interessante, como lembra o historiador Günter Axt, é que o conflito escolhido pelo tradicionalismo do século 20 como basilar para a tradição gaúcha seja o de 1835, e não o de 1893, mais curto mas, segundo ele, muito mais cruento.
– A Revolução Federalista foi mais curta, mas, sob muitos aspectos, foi mais importante. Foi uma guerra civil brasileira, não uma revolta regional, houve um governo paralelo localizado na cidade de Cerro, em Florianópolis... E nela pereceu, segundo alguns historiadores, 1% da população gaúcha. Talvez não se olhe com tanta atenção para essa guerra em particular porque se tem uma dificuldade muito grande de explicar os níveis de violência que nela se estabeleceram – comenta Axt.
Que país é esse?
> No dia 23 de junho, a cantora Shana Müller publicou, em seu perfil no Facebook, uma foto em que está cantando e segurando uma bandeira do Brasil. “Hoje é dia de torcer pela nossa seleção! Vamos juntos vestir nossas cores e abrir o peito gritando GOL!”, escreveu, em referência ao jogo Camarões x Brasil pela Copa do Mundo. A imagem foi curtida 1.999 vezes, teve 57 compartilhamentos e 88 comentários. Críticos condenaram a escolha do símbolo nacional em lugar do estadual, e defensores repudiaram o teor separatista de algumas manifestações.
> Em seu espaço mensal como colunista do Segundo Caderno de Zero Hora, Shana comentou o caso em 28 de junho. Sob o título Eu Sou Brasileira, Sim Senhor!, a autora diz que, de início, foi pega de surpresa pela repercussão. No site do jornal, as matérias relacionadas renderam outras centenas de comentários.
> No mesmo dia, ela voltou a divulgar a foto no Facebook, com um link para o texto de ZH. “Hoje dia de jogo da seleção, escrevo sobre o amor pelo meu país! Com muito orgulho, levanto a bandeira do meu país, o Brasil, e repudio toda manifestação que nos negue como um estado desta Federação”, escreveu, na ocasião do confronto da Seleção Brasileira com o Chile. O post alcançou 2.696 curtidas e 164 compartilhamentos. Depois de quase 300 comentários, Shana postou: “Gente tão jovem e tão ignorante. Uma pena. Discussão encerrada por aqui. Um abraço a todos
Observe: essa província, que sempre foi parte da colônia, e depois do Império, resolveu tentar se tornar independente, sem nenhum histórico anterior de nacionalidade ou de ampla autonomia, pelas seguintes razões:Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha são os nomes pelos quais ficou conhecida a revolução ou guerra regional, de caráter republicano, contra o governo imperial do Brasil, na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e que resultou na declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense.
Ou seja (resumo do resumo), mais uma briga de ricos (estancieiros gaúchos x fazendeiros do resto da nação) por supremacia econômica. Não sei se o povo do RS tinha muito ou pouco a ganhar com uma inversão da balança econômica para os estancieiros, mas com certeza deve ter perdido muito em mortes durante as guerras separatistas. De qualquer forma, é possível dizer, de forma impessoal, que a província queria se dar bem às custas do resto do império. Pra mim, não é uma aspiração apta/justa/etc a legitimar um movimento separatista.A justificativa original para a revolta baseia-se no conflito político entre os liberais, que propugnavam modelo de estado com maior autonomia às províncias,e o modelo imposto pela constituição de 1824, de caráter unitário.
Diferentemente de outras províncias, cuja produção de gêneros primários se voltava para o mercado externo, como o açúcar e o café, a do Rio Grande do Sul produzia principalmente para o mercado interno. A região, desse modo, encontrava-se muito dependente do mercado brasileiro de charque, que com o câmbio supervalorizado, e benefícios tarifários, podia importar o produto por custo mais baixo. Consequentemente, o charque rio-grandense tinha preço maior do que o similar oriundo da Argentina e do Uruguai. A tributação da concorrência externa era uma exigência dos estancieiros e charqueadores; porém essa tributação não era do interesse dos principais compradores brasileiros pois veriam reduzida a lucratividade das mesmas, por maior dispêndio na manutenção dos escravos.