NOTÍCIAS POLÍTICAS
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Alex disse:
Concordo plenamente. Oposição sempre será necessária.
A que não cabe mais no Brasil é essa hipócrita que constitui a do PSDB e DEM. Acho que partidos como PV e PSOL e algumas pequenas alas mais moderadas e corretas do PSDB vão crescer e se aperfeiçoarem tanto no discurço quanto na competência em governar. Acontece que o povo não é mais burro e tão manipulável quanto antigamente. Hoje é ou dá resultado ou rua!
Tenho muita esperança. Hoje a população já tem o que comer, logo também onde morar, em seguida vem a educação e não será mais tão fácil enganar.
Concordo plenamente. Oposição sempre será necessária.
A que não cabe mais no Brasil é essa hipócrita que constitui a do PSDB e DEM. Acho que partidos como PV e PSOL e algumas pequenas alas mais moderadas e corretas do PSDB vão crescer e se aperfeiçoarem tanto no discurço quanto na competência em governar. Acontece que o povo não é mais burro e tão manipulável quanto antigamente. Hoje é ou dá resultado ou rua!
Tenho muita esperança. Hoje a população já tem o que comer, logo também onde morar, em seguida vem a educação e não será mais tão fácil enganar.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
O ALERTA DE LULA (EDITORIAL).
Folha de São Paulo/Blog do Noblat - 5.09.10.
Há 14 anos, em artigo na Folha, o atual mandatário acenava com os riscos de "mexicanização" e uso abusivo da máquina pública.
"Num país onde se pratica o fisiologismo explícito e o uso e abuso da máquina pública em proveito próprio, a reeleição pode conduzir a um processo de mexicanização".
O alerta foi emitido em 1996 por Luiz Inácio Lula da Silva em artigo publicado pela Folha.
O líder petista, que havia dois anos perdera a eleição no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso, mostrava-se preocupado.
Via o risco de, aprovada a possibilidade de renovação do mandato, o PSDB transformar-se numa espécie de Partido Revolucionário Institucional -o PRI, que governou o México de 1926 a 2000.
Lula chamava a atenção para o peso desproporcional que os detentores do poder podem exercer num processo eleitoral por meio do aparelhamento o Estado e nebulosa arrecadação de fundos:
"O Estado mobiliza um conjunto de obras e recursos que podem ser postos a serviço de caixinhas eleitorais e troca de favores. Não é segredo para ninguém que as grandes obras públicas podem ser sobrefaturadas, e um significativo percentual delas acaba nas contas numeradas dos assessores dos mandatários, não para uso pessoal, dirão eles, é claro, mas para financiar a futura campanha. São rios de dinheiro [...] para fazer propaganda de campanha e programas mirabolantes, com a mais sofisticada técnica de comunicações para ludibriar o eleitorado".
Diante das pretensões da situação, favorável à continuidade de FHC para que o Brasil prosseguisse dando certo, Lula alfinetava: "E por que, então, não ressuscitar de uma vez o partido monarquista e colocar FHC no trono do Brasil para sempre?".
Como se sabe, aprovada e emenda da reeleição, o tucano conquistou mais um mandato e foi sucedido pelo próprio petista. Os artifícios retóricos e os argumentos que constavam do artigo de Lula poderiam, quase que integralmente, ser agora esgrimidos contra seu próprio governo.
De fato, poucas vezes na história republicana o fisiologismo foi tão explícito e subordinou-se tanto a máquina pública ao proveito partidário.
Por certo, tornaram-se ainda mais caudalosos os rios de dinheiro vertidos na candidatura continuísta -e mais sofisticadas as técnicas de comunicação para "ludibriar o eleitorado".
Utilizou-as Lula, com sua vocação de animador de plateias, para inventar a herdeira que, sem nenhuma experiência eleitoral, poderá ocupar seu trono - ou melhor, a cadeira presidencial.
As recorrentes comparações com a história mexicana, que ora voltam à cena, podem ser úteis nos torneios verbais, mas não vão muito além disso. Por mais longos que possam ser os ciclos de grupos políticos no poder, as democracias evoluídas (o que não era o caso do México) acabam sempre por experimentar uma saudável alternância administrativa.
São os fundamentos desse sistema de governo que, acima de tudo, precisam ser fortalecidos no Brasil.
Não há dúvida de que a experiência democrática em nosso país já atingiu padrões elogiáveis de funcionamento.
É preciso porém cultivá-la para que não se perca em consensos perigosos - mais ainda neste momento em que o continuísmo político poderá consumar-se em inédita hegemonia.
Folha de São Paulo/Blog do Noblat - 5.09.10.
Há 14 anos, em artigo na Folha, o atual mandatário acenava com os riscos de "mexicanização" e uso abusivo da máquina pública.
"Num país onde se pratica o fisiologismo explícito e o uso e abuso da máquina pública em proveito próprio, a reeleição pode conduzir a um processo de mexicanização".
O alerta foi emitido em 1996 por Luiz Inácio Lula da Silva em artigo publicado pela Folha.
O líder petista, que havia dois anos perdera a eleição no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso, mostrava-se preocupado.
Via o risco de, aprovada a possibilidade de renovação do mandato, o PSDB transformar-se numa espécie de Partido Revolucionário Institucional -o PRI, que governou o México de 1926 a 2000.
Lula chamava a atenção para o peso desproporcional que os detentores do poder podem exercer num processo eleitoral por meio do aparelhamento o Estado e nebulosa arrecadação de fundos:
"O Estado mobiliza um conjunto de obras e recursos que podem ser postos a serviço de caixinhas eleitorais e troca de favores. Não é segredo para ninguém que as grandes obras públicas podem ser sobrefaturadas, e um significativo percentual delas acaba nas contas numeradas dos assessores dos mandatários, não para uso pessoal, dirão eles, é claro, mas para financiar a futura campanha. São rios de dinheiro [...] para fazer propaganda de campanha e programas mirabolantes, com a mais sofisticada técnica de comunicações para ludibriar o eleitorado".
Diante das pretensões da situação, favorável à continuidade de FHC para que o Brasil prosseguisse dando certo, Lula alfinetava: "E por que, então, não ressuscitar de uma vez o partido monarquista e colocar FHC no trono do Brasil para sempre?".
Como se sabe, aprovada e emenda da reeleição, o tucano conquistou mais um mandato e foi sucedido pelo próprio petista. Os artifícios retóricos e os argumentos que constavam do artigo de Lula poderiam, quase que integralmente, ser agora esgrimidos contra seu próprio governo.
De fato, poucas vezes na história republicana o fisiologismo foi tão explícito e subordinou-se tanto a máquina pública ao proveito partidário.
Por certo, tornaram-se ainda mais caudalosos os rios de dinheiro vertidos na candidatura continuísta -e mais sofisticadas as técnicas de comunicação para "ludibriar o eleitorado".
Utilizou-as Lula, com sua vocação de animador de plateias, para inventar a herdeira que, sem nenhuma experiência eleitoral, poderá ocupar seu trono - ou melhor, a cadeira presidencial.
As recorrentes comparações com a história mexicana, que ora voltam à cena, podem ser úteis nos torneios verbais, mas não vão muito além disso. Por mais longos que possam ser os ciclos de grupos políticos no poder, as democracias evoluídas (o que não era o caso do México) acabam sempre por experimentar uma saudável alternância administrativa.
São os fundamentos desse sistema de governo que, acima de tudo, precisam ser fortalecidos no Brasil.
Não há dúvida de que a experiência democrática em nosso país já atingiu padrões elogiáveis de funcionamento.
É preciso porém cultivá-la para que não se perca em consensos perigosos - mais ainda neste momento em que o continuísmo político poderá consumar-se em inédita hegemonia.
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Não entendi nadinha, todos nós sabemos que discurso político de campanha é assim, do mesmo modo que hoje se tentam fabricar factóides. Por isso é tão importante separar discursos e opiniões dos fatos e dados. Pena que nossa mídia manipula tudo, que políticos façam isso, é esperado e normal, mas que a mídia faça isso é o fim...Clermont escreveu:O ALERTA DE LULA (EDITORIAL).
Folha de São Paulo/Blog do Noblat - 5.09.10.
Há 14 anos, em artigo na Folha, o atual mandatário acenava com os riscos de "mexicanização" e uso abusivo da máquina pública.
"Num país onde se pratica o fisiologismo explícito e o uso e abuso da máquina pública em proveito próprio, a reeleição pode conduzir a um processo de mexicanização".
O alerta foi emitido em 1996 por Luiz Inácio Lula da Silva em artigo publicado pela Folha.
O líder petista, que havia dois anos perdera a eleição no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso, mostrava-se preocupado.
Via o risco de, aprovada a possibilidade de renovação do mandato, o PSDB transformar-se numa espécie de Partido Revolucionário Institucional -o PRI, que governou o México de 1926 a 2000.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Bem, eu vejo que, como o PSDB aprovou a emenda da reeleição, arcou/arcará com as consequências.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
x 2.Carlos Mathias escreveu:Bem, eu vejo que, como o PSDB aprovou a emenda da reeleição, arcou/arcará com as consequências.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
ERREI. PERDÃO.
Por Ricardo Noblat / Blog do Noblat - 6.09.10.
Na última sexta-feira de manhã, ao gravar comentário para o site de O Globo, eu disse que o governo fora lerdo, irresponsável e incompetente no trato da violação do sigilo fiscal de Verônica Serra. Podendo, lá atrás, abortar o escândalo, não o fez. Mea culpa! Mea maxima culpa!
O certo seria ter dito simplesmente que o governo preferiu esconder o caso.
No dia 20 de agosto último, o secretário da Receita Federal foi informado sobre a quebra do sigilo de Verônica. Perguntei no comentário: O que você teria feito no lugar dele? E disse como teria agido para evitar a eclosão de um escândalo capaz de embaraçar o governo, assustar o seu partido e manchar a provável eleição de Dilma Roussef.
Eu encomendaria de imediato uma cópia da procuração assinada por Verônica que permitira ao procurador dela acessar suas declarações de imposto de renda de 2007 a 2009.
Consta da procuração o nome do cartório onde fora reconhecida a firma. Passo seguinte: telefona aí para o cartório e vê se Verônica tem firma por lá.
Descobriria que ela jamais teve. Logo, a procuração era falsa. Em seguida, destacaria um assessor para reunir as informações disponíveis nos arquivos da Receita sobre o falso procurador – Antônio Carlos Atella Ferreira.
Estava lá: no passado, ele chegara a operar com cinco CPFs ao mesmo tempo. Era processado em vários Estados.
A oposição celebraria se soubesse do caso antes de o governo se mexer.
Quebra de sigilo fiscal é crime. Quebra de sigilo fiscal da filha do candidato da oposição à presidência seria um crime, digamos, triplamente qualificado – contra ela, o pai e o propósito do governo de eleger Dilma. Então levaria o assunto ao conhecimento do meu superior – o ministro da Fazenda.
Nada mais razoável que ele conversasse com o presidente a respeito. E que o presidente, um sujeito esperto, dotado de rara sensibilidade política, reagisse assim: telefonem para Serra.
Oi, Serra, acabei de saber que violaram o sigilo fiscal da Verônica. Pois é, sei... Eu lembro que você tinha me alertado para essa possibilidade. Mas já tomei providências.
E enumeraria todas: chamei o ministro da Justiça. Ele acionou a Polícia Federal, que abriu inquérito. Espero esclarecer tudo em curto prazo. O ministro da Comunicação Social dará uma entrevista coletiva daqui a pouco. E eu soltarei uma nota condenando com veemência o que ocorreu. Somos adversários, mas jamais jogaria sujo.
Concordam que agindo dessa forma o governo se sairia bem? E que a oposição talvez se visse forçada até a elogiá-lo pela rapidez e transparência?
Foi o que imaginei na sexta-feira de manhã. Mas aí, à noite, o Jornal Nacional revelou que o falso procurador de Verônica fora filiado ao PT entre 2003 e 2009. E que cometera o crime ainda na condição de filiado.
Olha aí, gente, formou! O governo escolheu esconder a quebra de sigilo de Verônica. E quando para seu desgosto ela se tornou pública, escolheu mentir ao dizer que Verônica assinara uma procuração, e que era preciso investigar o caso para saber de fato o que acontecera.
Se a imprensa tivesse decidido esperar, é bem possível que nada ficasse esclarecido até o dia da eleição.
Pois menos de uma hora antes de sites e de blogs divulgarem que a procuração era falsa e que Antonio Carlos era um homem de cinco CPFs e de passado obscuro, a Receita ainda teimava em vender a história de que existia uma procuração assinada por Verônica. E que o mais sensato seria transferir para a Polícia Federal a tarefa de apurar tudo com o devido rigor e cuidado.
A verdade é que o governo usou a máquina pública – no caso, a Receita – para proteger sua candidata, o que configura crime eleitoral. E fez uma aposta errada.
Não foi lerdo. Nem mesmo incompetente porque poderia ter ganhado a aposta.
Foi irresponsável. E, por omissão, palavras e obras, acabou sendo conivente com o que Dilma chamou de malfeito. Um crime malfeito, digo eu.
Por Ricardo Noblat / Blog do Noblat - 6.09.10.
Na última sexta-feira de manhã, ao gravar comentário para o site de O Globo, eu disse que o governo fora lerdo, irresponsável e incompetente no trato da violação do sigilo fiscal de Verônica Serra. Podendo, lá atrás, abortar o escândalo, não o fez. Mea culpa! Mea maxima culpa!
O certo seria ter dito simplesmente que o governo preferiu esconder o caso.
No dia 20 de agosto último, o secretário da Receita Federal foi informado sobre a quebra do sigilo de Verônica. Perguntei no comentário: O que você teria feito no lugar dele? E disse como teria agido para evitar a eclosão de um escândalo capaz de embaraçar o governo, assustar o seu partido e manchar a provável eleição de Dilma Roussef.
Eu encomendaria de imediato uma cópia da procuração assinada por Verônica que permitira ao procurador dela acessar suas declarações de imposto de renda de 2007 a 2009.
Consta da procuração o nome do cartório onde fora reconhecida a firma. Passo seguinte: telefona aí para o cartório e vê se Verônica tem firma por lá.
Descobriria que ela jamais teve. Logo, a procuração era falsa. Em seguida, destacaria um assessor para reunir as informações disponíveis nos arquivos da Receita sobre o falso procurador – Antônio Carlos Atella Ferreira.
Estava lá: no passado, ele chegara a operar com cinco CPFs ao mesmo tempo. Era processado em vários Estados.
A oposição celebraria se soubesse do caso antes de o governo se mexer.
Quebra de sigilo fiscal é crime. Quebra de sigilo fiscal da filha do candidato da oposição à presidência seria um crime, digamos, triplamente qualificado – contra ela, o pai e o propósito do governo de eleger Dilma. Então levaria o assunto ao conhecimento do meu superior – o ministro da Fazenda.
Nada mais razoável que ele conversasse com o presidente a respeito. E que o presidente, um sujeito esperto, dotado de rara sensibilidade política, reagisse assim: telefonem para Serra.
Oi, Serra, acabei de saber que violaram o sigilo fiscal da Verônica. Pois é, sei... Eu lembro que você tinha me alertado para essa possibilidade. Mas já tomei providências.
E enumeraria todas: chamei o ministro da Justiça. Ele acionou a Polícia Federal, que abriu inquérito. Espero esclarecer tudo em curto prazo. O ministro da Comunicação Social dará uma entrevista coletiva daqui a pouco. E eu soltarei uma nota condenando com veemência o que ocorreu. Somos adversários, mas jamais jogaria sujo.
Concordam que agindo dessa forma o governo se sairia bem? E que a oposição talvez se visse forçada até a elogiá-lo pela rapidez e transparência?
Foi o que imaginei na sexta-feira de manhã. Mas aí, à noite, o Jornal Nacional revelou que o falso procurador de Verônica fora filiado ao PT entre 2003 e 2009. E que cometera o crime ainda na condição de filiado.
Olha aí, gente, formou! O governo escolheu esconder a quebra de sigilo de Verônica. E quando para seu desgosto ela se tornou pública, escolheu mentir ao dizer que Verônica assinara uma procuração, e que era preciso investigar o caso para saber de fato o que acontecera.
Se a imprensa tivesse decidido esperar, é bem possível que nada ficasse esclarecido até o dia da eleição.
Pois menos de uma hora antes de sites e de blogs divulgarem que a procuração era falsa e que Antonio Carlos era um homem de cinco CPFs e de passado obscuro, a Receita ainda teimava em vender a história de que existia uma procuração assinada por Verônica. E que o mais sensato seria transferir para a Polícia Federal a tarefa de apurar tudo com o devido rigor e cuidado.
A verdade é que o governo usou a máquina pública – no caso, a Receita – para proteger sua candidata, o que configura crime eleitoral. E fez uma aposta errada.
Não foi lerdo. Nem mesmo incompetente porque poderia ter ganhado a aposta.
Foi irresponsável. E, por omissão, palavras e obras, acabou sendo conivente com o que Dilma chamou de malfeito. Um crime malfeito, digo eu.
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Mas esse é o defeito básico do PSDB e da mídia que o apoia, quer dizer, façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço, e depois tentam fazer julgamentos morais, só que eles não tem moral.Carlos Mathias escreveu:Bem, eu vejo que, como o PSDB aprovou a emenda da reeleição, arcou/arcará com as consequências.
É o caso típico do ataque ao Collor, sendo que o mesmo pertence ao PTB, que está coligado ao PSDB, conseguem até dar razão ao Roberto Jefferson, que está danado da vida sem endenter como um partido pode atacar um outro mesmo estando na mesma coligação!
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Vejam como alguém pode falar tanta asneira em tão pouco tempo! Ao contrário da anta jornalística, e dos jornalistas, que podem comprar depoimentos, pagar arapongas, etc.. O Secretário da Receita tem que seguir a lei.Clermont escreveu:ERREI. PERDÃO.
Por Ricardo Noblat / Blog do Noblat - 6.09.10.
Na última sexta-feira de manhã, ao gravar comentário para o site de O Globo, eu disse que o governo fora lerdo, irresponsável e incompetente no trato da violação do sigilo fiscal de Verônica Serra. Podendo, lá atrás, abortar o escândalo, não o fez. Mea culpa! Mea maxima culpa!
O certo seria ter dito simplesmente que o governo preferiu esconder o caso.
No dia 20 de agosto último, o secretário da Receita Federal foi informado sobre a quebra do sigilo de Verônica. Perguntei no comentário: O que você teria feito no lugar dele? E disse como teria agido para evitar a eclosão de um escândalo capaz de embaraçar o governo, assustar o seu partido e manchar a provável eleição de Dilma Roussef.
Eu encomendaria de imediato uma cópia da procuração assinada por Verônica que permitira ao procurador dela acessar suas declarações de imposto de renda de 2007 a 2009.
Consta da procuração o nome do cartório onde fora reconhecida a firma. Passo seguinte: telefona aí para o cartório e vê se Verônica tem firma por lá.
Descobriria que ela jamais teve. Logo, a procuração era falsa. Em seguida, destacaria um assessor para reunir as informações disponíveis nos arquivos da Receita sobre o falso procurador – Antônio Carlos Atella Ferreira.
Estava lá: no passado, ele chegara a operar com cinco CPFs ao mesmo tempo. Era processado em vários Estados.
A oposição celebraria se soubesse do caso antes de o governo se mexer.
Quebra de sigilo fiscal é crime. Quebra de sigilo fiscal da filha do candidato da oposição à presidência seria um crime, digamos, triplamente qualificado – contra ela, o pai e o propósito do governo de eleger Dilma. Então levaria o assunto ao conhecimento do meu superior – o ministro da Fazenda.
Nada mais razoável que ele conversasse com o presidente a respeito. E que o presidente, um sujeito esperto, dotado de rara sensibilidade política, reagisse assim: telefonem para Serra.
Oi, Serra, acabei de saber que violaram o sigilo fiscal da Verônica. Pois é, sei... Eu lembro que você tinha me alertado para essa possibilidade. Mas já tomei providências.
E enumeraria todas: chamei o ministro da Justiça. Ele acionou a Polícia Federal, que abriu inquérito. Espero esclarecer tudo em curto prazo. O ministro da Comunicação Social dará uma entrevista coletiva daqui a pouco. E eu soltarei uma nota condenando com veemência o que ocorreu. Somos adversários, mas jamais jogaria sujo.
Concordam que agindo dessa forma o governo se sairia bem? E que a oposição talvez se visse forçada até a elogiá-lo pela rapidez e transparência?
Foi o que imaginei na sexta-feira de manhã. Mas aí, à noite, o Jornal Nacional revelou que o falso procurador de Verônica fora filiado ao PT entre 2003 e 2009. E que cometera o crime ainda na condição de filiado.
Olha aí, gente, formou! O governo escolheu esconder a quebra de sigilo de Verônica. E quando para seu desgosto ela se tornou pública, escolheu mentir ao dizer que Verônica assinara uma procuração, e que era preciso investigar o caso para saber de fato o que acontecera.
Se a imprensa tivesse decidido esperar, é bem possível que nada ficasse esclarecido até o dia da eleição.
Pois menos de uma hora antes de sites e de blogs divulgarem que a procuração era falsa e que Antonio Carlos era um homem de cinco CPFs e de passado obscuro, a Receita ainda teimava em vender a história de que existia uma procuração assinada por Verônica. E que o mais sensato seria transferir para a Polícia Federal a tarefa de apurar tudo com o devido rigor e cuidado.
A verdade é que o governo usou a máquina pública – no caso, a Receita – para proteger sua candidata, o que configura crime eleitoral. E fez uma aposta errada.
Não foi lerdo. Nem mesmo incompetente porque poderia ter ganhado a aposta.
Foi irresponsável. E, por omissão, palavras e obras, acabou sendo conivente com o que Dilma chamou de malfeito. Um crime malfeito, digo eu.
A Receita Federal tem competência de fazer sindicância interna, para saber se alguns de seus funcionários fez alguma ilegalidade ou não, e a partir daí aplicar penas disciplinares. Em caso de suspeita de crime por parte de algum funcionário, alertar o MP e a PF para agirem.
Não cabe a Receita Federal apurar falsificação ou não de documento, uma vez que a procuração não tinha nada de errado para um leigo, afinal, a Receita toda vez que recebe um documento público, age como todos nós, quer dizer, em princípio tudo é legal, até que se prove ao contrário. Se a Receita fosse investigar a veracidade de cada procuração anexada em um procedimento seu, não faria outra coisa!
Então no caso da Filha do Serra não existe qualquer problema na Receita, todos os procedimentos administrativos foram efetuados conforme a lei. O caso da Veronica não é interno da Receita, mas tratando-se de Crime Federal, deve ser investigado pela PF.
A ajuda desinteressada dos jornalista pode é atrapalhar as investigações, porque descobrir o laranja é fácil, porém, a confusão em torno do caso fez com que o mandante inicial da quebra, desaparecesse. Afinal, não interessa prender o despachante, mas quem pediu a ele os dados!
Além de não ser filiado ao PT, e isso não tem qualquer importância, porque o fato de alguém ser filiado político de um partido não quer dizer nada, e no caso, nem mesmo a filiação é válida.
O Sr. Cabral que desapareceu é filiado ao Partido Verde, fato que a mídia não noticiou, porém, isso também não quer dizer muita coisa, porque os dados vazados não foram usados com qualquer fim eleitoral desde sua obtenção desde setembro de 2009.
A Receita em nenhum momento foi omissa, do momento que recebeu a notícia de possíveis vazamentos instaurou os procedimentos necessários que tem prazos legais de 30, 60 e 90 dias conforme seja a pena aplicável aos seus funcionários, agora, para a mídia eleitoreira, cumprir os trâmites legais é algo que mídia não se importa muito, porque afinal eles são partidários e estão apenas fazendo política, em momento algum estão preocupados com a elucidação dos fatos.
Porém, eles ainda não se tocaram que manobras desse tipo não tem mais importância, porque são repetidadas a cada eleição e depois eles esquecem por completo o desfecho de cada caso. Como foi o caso do Processo comtra o Palocci, QUE FOI INOCENTADO DE TODAS AS ACUSAÇÕES.
Como já viram que a manobra não deu certo, já estão tentando arrumar outras coisas, mas ainda não notaram que não tem como tapar o sol com a peneira, O GOVERNO LULA É DISPARADAMENTE MELHOR QUE O GOVERNO FHC, é disso que se trata, o brasileiro já provou a capacidade de governar do PSDB e do PT, e deu seu veredito, desaprovaram de forma contundente um, e aprovaram o outro.
Porém, como nossa mídia não gosta da realidade, não gosta de brasileiro, não gosta do Brasil, ainda não notaram que estão se tornando irrelevantes! Ainda bem que existe a internet, onde a verdade dos fatos podem aparecer.
Tudo leva a crer que a manobra contra o Sr. Eduardo Jorge, Veronica e alguns outros, todos ligados a José Serra e a FHC(ala do PSDB paulista), caso das privatizações, grampo do BNDES e Daniel Dantas, dado as circunstâncias e ao período tenham haver com um disputa pré-eleitoral dentro do PSDB, por isso não existe qualquer dossiê e os dados não vieram a público, porque forem obtidos para atuarem como uma possível defesa dentro do quadro já citado.
As datas dos vazamentos são muito anteriores até mesmo a formação da equipe da campanha da Dilma que só se cristalizou em 2010. Todo mundo que tem algum neurônio e não esteja comprometido, pode ver como os fatos batem inteiramente.
Por sinal, a desistência de Aécio Neves no embate dentro do PSDB foi até mesmo motivada por isso, dado o nível que as baixarias dentro do PSDB poderia chegar, como as notícias plantadas na mídia de São Paulo falavam que o Aécio deu pancada na mulher porque tinha cheirado cocaína no Rio de Janeiro. Esse seria o nível da disputa interna do PSDB, e o Aécio arregou. Assim, nada do que foi obtido da Santa Filha do Serra e do Santo Jorge, acabou sendo revelado. Afinal, a Santa Filha do Serra foi sócia da Santa Filha de Daniel Dantas, esse é a Santidade em pessoa! Mais honesto que ele só Paulo Maluf! O que mais me espanta é a hipocrisia e o descaramento dessa turma de jornalistas.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Inclusive ainda não vi na Folha nem na VEJA citarem a tal sociedade da filha com a irmã.
Isto em plena época de privatizações onde o banqueiro tinha vitais interesses.
Será que será assunto de capa? Duvido.
Ainda bem que temos a NET. O destino destas empresas de papel é quebrar mesmo.
Como a própria veja fala esta semana da quebra de uma mídia famosa (não me lembro qual) por má gestão.
Ela fechará por falta de credibilidade e imparcialidade.
Isto em plena época de privatizações onde o banqueiro tinha vitais interesses.
Será que será assunto de capa? Duvido.
Ainda bem que temos a NET. O destino destas empresas de papel é quebrar mesmo.
Como a própria veja fala esta semana da quebra de uma mídia famosa (não me lembro qual) por má gestão.
Ela fechará por falta de credibilidade e imparcialidade.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
A SEXTA CAMPANHA DE LULA.
Pedro Malan - Estadão.com.br - 11 de setembro de 2010.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputou cinco eleições presidenciais. Na primeira (1989), disputou palmo a palmo com Leonel Brizola o direito de ir para o segundo turno com Fernando Collor. Cerca de uma década e meia depois, já presidente, Lula agradeceu publicamente a Deus por não ter ganho aquela eleição. Porque, reconheceu, não estava preparado para isso.
Na segunda e na terceira tentativas (1994 e 1998), Lula perdeu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso. Quem sabe um dia, talvez, Lula reconheça que, em ambas as ocasiões, também não estava preparado para governar o País - nem seu partido tinha quadros para tal. Afinal, em 1994 os principais economistas de seu partido lhe asseguraram que o Plano Real era apenas uma tentativa de estelionato eleitoral, que não duraria mais que alguns meses. Em 1998, Lula e o PT não conseguiram convencer o eleitorado de que tinham alguma ideia coerente sobre o que fazer para enfrentar a crise internacional de 1997-1998 e seus efeitos sobre o País.
Na quarta disputa (2002), Lula apareceu totalmente repaginado por uma competente marquetagem política: o irritado líder sindical foi substituído por um novo personagem, com visual, gestos e postura mais tranquilizadores para a classe média e um discurso na linha do "paz e amor". Mas a herança que o PT havia construído para si mesmo na área econômica - a oposição ao Real, ao Proer, à Lei de Responsabilidade Fiscal, bem como seu irresponsável empenho pelo plebiscito (de 2000!) propondo a suspensão dos pagamentos das dívidas externa e interna - levou à necessidade de uma gradual desconstrução dessa herança, iniciada ainda em 2002. Mas houve segundo turno.
A quinta disputa, em 2006, já se deu num contexto internacional e doméstico que, do ponto de vista econômico e social, favorecia enormemente o governo, apesar dos escândalos políticos que marcaram o período e que contribuíram para que Lula, que esperava ganhar no primeiro turno, tivesse, outra vez, de disputar um segundo turno.
O ano de 2010 representa, em mais de um sentido, e na visão de legiões de eleitores, uma espécie de sexta campanha presidencial com Lula na disputa, ainda que agora por meio de interposta pessoa. Foi exclusivamente de Lula a escolha da candidatura oficial. Foi de Lula a decisão de transformar esta eleição num tipo de plebiscito a favor ou contra o seu nome. É de Lula a clara definição da estratégia geral de seu governo, expressa na litania oficial sobre as heranças malditas pré-2003 e no "nunca antes jamais" pós-2003 - que viraram parte do nosso folclore político.
Não adianta vozes sensatas do PT escreverem que "os ganhos obtidos pelo Brasil a partir de 2003 se assentaram sobre avanços e resultados realizados em governos anteriores (...). Fazer tabula rasa destas contribuições seria atentar contra a própria história do País" (Antônio Palocci). Ou: "Não tenho dúvidas de que o Brasil evoluiu positivamente ao longo dos últimos 15 anos" (Paulo Bernardo).
O fato é que essa não é a visão do presidente Lula. Tampouco a de sua candidata, que em entrevista recente nas páginas amarelas da revista Veja respondeu com um categórico "discordo" a uma pergunta exatamente sobre esse tema. E vai em frente, com a ladainha da "herança maldita" e do "nunca antes" - de 2003, este suposto marco zero de uma idealizada nova era.
É forçoso reconhecer que essa esperteza retórica (para a qual faltou oposição política à altura), a persistência de Lula (em média, um discurso por dia útil) e, particularmente, seu gradual aprendizado no governo - e seus recursos - lhe renderam muitos frutos e elevada popularidade. Mas o "imbatível carisma", o "inigualável tirocínio" e a "genialidade política sem par", aos quais legiões hoje tecem loas, não permitiram a Lula ganhar as eleições de 1989, 1994 e 1998 e evitar um segundo turno em 2002 e 2006. O que mudou mais: o homem ou as circunstâncias? A resposta é: ambos.
É claro que as circunstâncias mudaram: além de uma herança não maldita e de uma política macroeconômica não petista (até 2006), nunca será demais repetir - já que este governo decidiu simplesmente ignorar fatos que não lhe convêm (e se apropriar indevidamente de outros quando lhe convêm) - que a economia internacional teve desempenho excepcional no quinquênio 2003-2007. O que contribuiu para a crise que se lhe seguiu, e para a qual estávamos mais bem preparados, porque nos beneficiamos das realizações até ali alcançadas, inclusive por este governo.
É claro que Lula mudou, e está mudando de novo nesta reta final da campanha, que vê como tão sua quanto de sua candidata, não hesitando em assumir agressivamente a linha de frente da campanha, como no recente "pronunciamento à Nação", em meio a um programa no horário eleitoral de seu partido.
O grave não é apenas o achincalhe à Justiça Eleitoral, a perda do "senso de medida" e a noção de que a popularidade lhe permite dizer qualquer barbaridade, como, por exemplo, "a elite brasileira não sabia o que era capitalismo: foi necessário um metalúrgico entrar na Presidência para ensinar como se faz capitalismo" ou "a elite tenta dar golpe a cada 24 horas neste país", referindo-se aos grandes jornais de circulação diária.
Tão grave quanto é o fato de que a crise internacional de 2007-2009, e a necessária resposta dos governos dos países desenvolvidos, foi vista entre nós como configurando não algo temporário e "contracíclico", mas como uma permanente mudança de paradigma, no sentido de demonstrar a necessidade de um papel de muito maior liderança do governo - e de suas empresas, financeiras e não financeiras (existentes e por criar), no processo de desenvolvimento econômico do País. Ainda é forte entre nós a ideia de que dois mais dois podem ser cinco - desde que haja vontade política.
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Pedro Malan, economista, foi ministro da fazenda no governo FHC.
Pedro Malan - Estadão.com.br - 11 de setembro de 2010.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputou cinco eleições presidenciais. Na primeira (1989), disputou palmo a palmo com Leonel Brizola o direito de ir para o segundo turno com Fernando Collor. Cerca de uma década e meia depois, já presidente, Lula agradeceu publicamente a Deus por não ter ganho aquela eleição. Porque, reconheceu, não estava preparado para isso.
Na segunda e na terceira tentativas (1994 e 1998), Lula perdeu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso. Quem sabe um dia, talvez, Lula reconheça que, em ambas as ocasiões, também não estava preparado para governar o País - nem seu partido tinha quadros para tal. Afinal, em 1994 os principais economistas de seu partido lhe asseguraram que o Plano Real era apenas uma tentativa de estelionato eleitoral, que não duraria mais que alguns meses. Em 1998, Lula e o PT não conseguiram convencer o eleitorado de que tinham alguma ideia coerente sobre o que fazer para enfrentar a crise internacional de 1997-1998 e seus efeitos sobre o País.
Na quarta disputa (2002), Lula apareceu totalmente repaginado por uma competente marquetagem política: o irritado líder sindical foi substituído por um novo personagem, com visual, gestos e postura mais tranquilizadores para a classe média e um discurso na linha do "paz e amor". Mas a herança que o PT havia construído para si mesmo na área econômica - a oposição ao Real, ao Proer, à Lei de Responsabilidade Fiscal, bem como seu irresponsável empenho pelo plebiscito (de 2000!) propondo a suspensão dos pagamentos das dívidas externa e interna - levou à necessidade de uma gradual desconstrução dessa herança, iniciada ainda em 2002. Mas houve segundo turno.
A quinta disputa, em 2006, já se deu num contexto internacional e doméstico que, do ponto de vista econômico e social, favorecia enormemente o governo, apesar dos escândalos políticos que marcaram o período e que contribuíram para que Lula, que esperava ganhar no primeiro turno, tivesse, outra vez, de disputar um segundo turno.
O ano de 2010 representa, em mais de um sentido, e na visão de legiões de eleitores, uma espécie de sexta campanha presidencial com Lula na disputa, ainda que agora por meio de interposta pessoa. Foi exclusivamente de Lula a escolha da candidatura oficial. Foi de Lula a decisão de transformar esta eleição num tipo de plebiscito a favor ou contra o seu nome. É de Lula a clara definição da estratégia geral de seu governo, expressa na litania oficial sobre as heranças malditas pré-2003 e no "nunca antes jamais" pós-2003 - que viraram parte do nosso folclore político.
Não adianta vozes sensatas do PT escreverem que "os ganhos obtidos pelo Brasil a partir de 2003 se assentaram sobre avanços e resultados realizados em governos anteriores (...). Fazer tabula rasa destas contribuições seria atentar contra a própria história do País" (Antônio Palocci). Ou: "Não tenho dúvidas de que o Brasil evoluiu positivamente ao longo dos últimos 15 anos" (Paulo Bernardo).
O fato é que essa não é a visão do presidente Lula. Tampouco a de sua candidata, que em entrevista recente nas páginas amarelas da revista Veja respondeu com um categórico "discordo" a uma pergunta exatamente sobre esse tema. E vai em frente, com a ladainha da "herança maldita" e do "nunca antes" - de 2003, este suposto marco zero de uma idealizada nova era.
É forçoso reconhecer que essa esperteza retórica (para a qual faltou oposição política à altura), a persistência de Lula (em média, um discurso por dia útil) e, particularmente, seu gradual aprendizado no governo - e seus recursos - lhe renderam muitos frutos e elevada popularidade. Mas o "imbatível carisma", o "inigualável tirocínio" e a "genialidade política sem par", aos quais legiões hoje tecem loas, não permitiram a Lula ganhar as eleições de 1989, 1994 e 1998 e evitar um segundo turno em 2002 e 2006. O que mudou mais: o homem ou as circunstâncias? A resposta é: ambos.
É claro que as circunstâncias mudaram: além de uma herança não maldita e de uma política macroeconômica não petista (até 2006), nunca será demais repetir - já que este governo decidiu simplesmente ignorar fatos que não lhe convêm (e se apropriar indevidamente de outros quando lhe convêm) - que a economia internacional teve desempenho excepcional no quinquênio 2003-2007. O que contribuiu para a crise que se lhe seguiu, e para a qual estávamos mais bem preparados, porque nos beneficiamos das realizações até ali alcançadas, inclusive por este governo.
É claro que Lula mudou, e está mudando de novo nesta reta final da campanha, que vê como tão sua quanto de sua candidata, não hesitando em assumir agressivamente a linha de frente da campanha, como no recente "pronunciamento à Nação", em meio a um programa no horário eleitoral de seu partido.
O grave não é apenas o achincalhe à Justiça Eleitoral, a perda do "senso de medida" e a noção de que a popularidade lhe permite dizer qualquer barbaridade, como, por exemplo, "a elite brasileira não sabia o que era capitalismo: foi necessário um metalúrgico entrar na Presidência para ensinar como se faz capitalismo" ou "a elite tenta dar golpe a cada 24 horas neste país", referindo-se aos grandes jornais de circulação diária.
Tão grave quanto é o fato de que a crise internacional de 2007-2009, e a necessária resposta dos governos dos países desenvolvidos, foi vista entre nós como configurando não algo temporário e "contracíclico", mas como uma permanente mudança de paradigma, no sentido de demonstrar a necessidade de um papel de muito maior liderança do governo - e de suas empresas, financeiras e não financeiras (existentes e por criar), no processo de desenvolvimento econômico do País. Ainda é forte entre nós a ideia de que dois mais dois podem ser cinco - desde que haja vontade política.
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Pedro Malan, economista, foi ministro da fazenda no governo FHC.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Não estou com saudades...Pedro Malan, economista, foi ministro da fazenda no governo FHC.
Um fraternal abraço,
.'.
"... E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. ... "
Maria Judith Brito, Presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais).
"... E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. ... "
Maria Judith Brito, Presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais).
Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Clermont escreveu:A SEXTA CAMPANHA DE LULA.
Pedro Malan - Estadão.com.br - 11 de setembro de 2010.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputou cinco eleições presidenciais. Na primeira (1989), disputou palmo a palmo com Leonel Brizola o direito de ir para o segundo turno com Fernando Collor. Cerca de uma década e meia depois, já presidente, Lula agradeceu publicamente a Deus por não ter ganho aquela eleição. Porque, reconheceu, não estava preparado para isso.Ninguém está preparado para ocupar um cargo de presidente da república, isso é uma das balelas que dizem por aí.
Na segunda e na terceira tentativas (1994 e 1998), Lula perdeu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso. Quem sabe um dia, talvez, Lula reconheça que, em ambas as ocasiões, também não estava preparado para governar o País - nem seu partido tinha quadros para tal. Afinal, em 1994 os principais economistas de seu partido lhe asseguraram que o Plano Real era apenas uma tentativa de estelionato eleitoral, que não duraria mais que alguns meses. Em 1998, Lula e o PT não conseguiram convencer o eleitorado de que tinham alguma ideia coerente sobre o que fazer para enfrentar a crise internacional de 1997-1998 e seus efeitos sobre o País.Mentira, Lula perdeu as eleições de 1994 e 1998 por motivos diferentes, no primeiro caso foi o Plano Real, no segundo caso foi vitima do maior estelionato eleitoral, que a âncora cambial seria mantida.
Na quarta disputa (2002), Lula apareceu totalmente repaginado por uma competente marquetagem política: o irritado líder sindical foi substituído por um novo personagem, com visual, gestos e postura mais tranquilizadores para a classe média e um discurso na linha do "paz e amor". Mas a herança que o PT havia construído para si mesmo na área econômica - a oposição ao Real, ao Proer, à Lei de Responsabilidade Fiscal, bem como seu irresponsável empenho pelo plebiscito (de 2000!) propondo a suspensão dos pagamentos das dívidas externa e interna - levou à necessidade de uma gradual desconstrução dessa herança, iniciada ainda em 2002. Mas houve segundo turno.Lula se elegeu porque o segundo governo FHC foi desastroso.
A quinta disputa, em 2006, já se deu num contexto internacional e doméstico que, do ponto de vista econômico e social, favorecia enormemente o governo, apesar dos escândalos políticos que marcaram o período e que contribuíram para que Lula, que esperava ganhar no primeiro turno, tivesse, outra vez, de disputar um segundo turno.Lula se reelegeu porque o seu primeiro mandato foi bem melhor que o segundo mandato de FHC. Salvou o país, e ajeitou a casa para o segundo mandato.
O ano de 2010 representa, em mais de um sentido, e na visão de legiões de eleitores, uma espécie de sexta campanha presidencial com Lula na disputa, ainda que agora por meio de interposta pessoa. Foi exclusivamente de Lula a escolha da candidatura oficial. Foi de Lula a decisão de transformar esta eleição num tipo de plebiscito a favor ou contra o seu nome. É de Lula a clara definição da estratégia geral de seu governo, expressa na litania oficial sobre as heranças malditas pré-2003 e no "nunca antes jamais" pós-2003 - que viraram parte do nosso folclore político.Como Lula é muito inteligente, e como qualquer pessoa ligada a realidade e que viveu a política brasileira desde 1994 nota, e que o Segundo Mandato de Lula foi ainda melhor que o primeiro mandato de FHC. Resultado, o Governo Lula foi em muito superior ao do FHC, no geral, como todos os dados comprovam, e está fechando com chave de outro, quer dizer o melhor ano é o último ano! O oposto de FHC.
Não adianta vozes sensatas do PT escreverem que "os ganhos obtidos pelo Brasil a partir de 2003 se assentaram sobre avanços e resultados realizados em governos anteriores (...). Fazer tabula rasa destas contribuições seria atentar contra a própria história do País" (Antônio Palocci). Ou: "Não tenho dúvidas de que o Brasil evoluiu positivamente ao longo dos últimos 15 anos" (Paulo Bernardo).Os ganhos obtidos com o Plano Real, foram jogados por terra pelo segundo mandato de FHC, infelizmente tivemos que amargar quase 03 anos de ajustes.
O fato é que essa não é a visão do presidente Lula. Tampouco a de sua candidata, que em entrevista recente nas páginas amarelas da revista Veja respondeu com um categórico "discordo" a uma pergunta exatamente sobre esse tema. E vai em frente, com a ladainha da "herança maldita" e do "nunca antes" - de 2003, este suposto marco zero de uma idealizada nova era.Não se trata de opinião, é só ver os números!
É forçoso reconhecer que essa esperteza retórica (para a qual faltou oposição política à altura), a persistência de Lula (em média, um discurso por dia útil) e, particularmente, seu gradual aprendizado no governo - e seus recursos - lhe renderam muitos frutos e elevada popularidade. Mas o "imbatível carisma", o "inigualável tirocínio" e a "genialidade política sem par", aos quais legiões hoje tecem loas, não permitiram a Lula ganhar as eleições de 1989, 1994 e 1998 e evitar um segundo turno em 2002 e 2006. O que mudou mais: o homem ou as circunstâncias? A resposta é: ambos.Bem, pelo menos resta alguma lucidez no PSDB.
É claro que as circunstâncias mudaram: além de uma herança não maldita e de uma política macroeconômica não petista (até 2006), nunca será demais repetir - já que este governo decidiu simplesmente ignorar fatos que não lhe convêm (e se apropriar indevidamente de outros quando lhe convêm) - que a economia internacional teve desempenho excepcional no quinquênio 2003-2007. O que contribuiu para a crise que se lhe seguiu, e para a qual estávamos mais bem preparados, porque nos beneficiamos das realizações até ali alcançadas, inclusive por este governo.Aqui vemos mais do mesmo, opiniões que não se baseiam em fatos. O período de 1992-1996 é similar ao de 2003-2008 no Plano Internacional, o que mudou foi o Brasil, enquanto a política de FHC foi irresponsável e suicida, o Governo Lula aproveitou o período bom internacionalmente para fazer uma política de independência e precavida, que tornou a economia brasileira independente dos ventos externos. Um dos preços que pagamos foi o baixo crescimento econômico no período quando comparado aos outros países.
É claro que Lula mudou, e está mudando de novo nesta reta final da campanha, que vê como tão sua quanto de sua candidata, não hesitando em assumir agressivamente a linha de frente da campanha, como no recente "pronunciamento à Nação", em meio a um programa no horário eleitoral de seu partido.Foi necessário porque a oposição está baixando o nível, ao lado de seu principal aliado a mídia golpista.
O grave não é apenas o achincalhe à Justiça Eleitoral, a perda do "senso de medida" e a noção de que a popularidade lhe permite dizer qualquer barbaridade, como, por exemplo, "a elite brasileira não sabia o que era capitalismo: foi necessário um metalúrgico entrar na Presidência para ensinar como se faz capitalismo" ou "a elite tenta dar golpe a cada 24 horas neste país", referindo-se aos grandes jornais de circulação diária.Uma barbaridade verdadeira!
Tão grave quanto é o fato de que a crise internacional de 2007-2009, e a necessária resposta dos governos dos países desenvolvidos, foi vista entre nós como configurando não algo temporário e "contracíclico", mas como uma permanente mudança de paradigma, no sentido de demonstrar a necessidade de um papel de muito maior liderança do governo - e de suas empresas, financeiras e não financeiras (existentes e por criar), no processo de desenvolvimento econômico do País. Ainda é forte entre nós a ideia de que dois mais dois podem ser cinco - desde que haja vontade política.
Agora, estamos colhendo os frutos do sacrifício feito entre 2003 e 2007, ao contrário do G-7, cada um colhe o que planta, o PSDB foi péssimo gerente de uma grande herança de Itamar Franco, já o PT vai ter de herança o que ele mesmo fez, nada mais justo, deve-se escolher o melhor governo, dado que ambos os partidos já governaram o Brasil.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
QUEM É O PALHAÇO?
José Roberto Toledo - O Estado de S.Paulo / Blog do Noblat - 13.9.2010.
Francisco Everardo Oliveira Silva corre o risco de ser o deputado federal mais votado do Brasil em 3 de outubro. Não se espante se você não reconhece o nome, nem seus próprios eleitores reconheceriam. Oliveira Silva é conhecido apenas por seu apelido, Tiririca.
Ele aparece em primeiro lugar no conjunto de pesquisas do Ibope sobre a eleição para a Câmara dos Deputados em São Paulo. Como é o Estado com o maior eleitorado, não será surpresa se Oliveira Silva acabar sendo o campeão nacional de votos de 2010.
Se você não tem visto muita TV nas últimas décadas e passou incólume pela propaganda eleitoral até agora, Tiririca é ator e palhaço profissional. Tem 45 anos, lê e escreve, se autodefine como "abestado" e seu slogan é "pior que tá num fica, vote Tiririca".
Não é uma piada. É um projeto político. Oliveira Silva é candidato pelo PR, em coligação que inclui o PT e o PC do B. Prova da seriedade do projeto é que, até o último dia 3, o partido havia investido R$ 594 mil, oficialmente, na campanha do palhaço. E não deve parar por aí.
Tiririca é o principal puxador de votos do PR, do PT e do PC do B em São Paulo. Se chegar a um milhão de sufrágios, seu excedente de votos elegerá mais quatro ou cinco deputados da coligação. O eleitor vota em Tiririca e pode eleger Valdemar Costa Neto (PR), Ricardo Berzoini (PT) ou o delegado Protógenes (PC do B).
O "projeto Tiririca" é um bom retrato do sistema de coligações que impera nas eleições parlamentares brasileiras - uma salada farta de siglas, conexões improváveis, legendas de aluguel e uma pitada muito pequena de ideologia.
Das 27 legendas que disputam as eleições para a Câmara dos Deputados, apenas os quatro partidos de esquerda (PSTU, PCO, PSOL e PCB) são seletivos nas coligações: não se misturam na grande maioria das vezes. Melhor deixá-los em um prato à parte.
Entre as outras 23 legendas da salada, vale quase tudo. O PP, por exemplo, coligou-se 169 vezes a todos os outros 22 partidos, em 26 das 27 unidades da Federação. O PRB fez igual. Isso significa aliar-se ora ao PT, ora ao seu arqui-inimigo PSDB, conforme a conveniência.
PP e PRB são os campeões das alianças, mas não são exceção. Das 23 legendas da salada coligada, só o PV fez menos de 100 conexões com outros partidos. Mas bateu na trave: 97. A salada é sortida. Tem de PT com DEM (uma vez) a comunista com democrata-cristão (seis vezes). Só não tem petista com tucano.
Se dividirmos a travessa em duas partes, numa ponta está o PT, na outra, o PSDB. O PMDB fica no meio. Perseguidos pelo poder, os peemedebistas aparecem como fortes aliados tanto de tucanos (6 vezes) quanto de petistas (11 vezes).
As conexões mais intensas do PT são com PC do B, PR, PRB, PSB, PDT e PMDB. E as do PSDB são com DEM, PPS, PSC, PMN, PR, PRB e PMDB. Mas as relações são abertas, não pressupõem exclusividade. Vez ou outra uma legenda dá uma escapadinha para o outro lado, sem culpa ou ressentimentos.
Os mais cínicos dirão que a política partidária brasileira continua a mesma. Mudam os nomes, mas não os sobrenomes. No seu "Deputados 2010", o Ibope identificou uma penca de herdeiros do poder (apud Francisco Antonio Doria) entre os favoritos a se elegerem para a Câmara.
São rostos novos para nomes conhecidos. Como os de Ana Arraes (Pernambuco), Ratinho Jr. e Zeca Dirceu (ambos no Paraná), ACM Neto (Bahia), Rodrigo Maia e Leonardo Piciani (ambos no Rio de Janeiro).
Nomes fortes foi justamente o que faltou para o PT paulista. O partido precisou improvisar nova estratégia. Além de se coligar ao PR de Tiririca, ressuscitou a tática de pedir votos para a legenda do partido. Está dando certo: a sigla do PT está em segundo lugar em citações no ranking do Ibope.
A falta de nomes conhecidos está confundindo os paulistas. Instado pelo Ibope a dizer em quem votará para deputado federal, há quem responda "Serra", "Fernando Henrique Cardoso", "Marina Silva", "Alckmin", "Mercadante" ou até quem evoque "Mario Covas".
De todos os Estados onde o Ibope faz seu ranking para a Câmara, São Paulo é onde menos eleitores são capazes de citar um candidato a deputado federal: apenas 12%. Em Pernambuco essa taxa já chegou a 19%, e no Distrito Federal, a 21%.
Não é de espantar, portanto, que Tiririca seja o mais lembrado entre os paulistas. Nem de que alguém tenha pensado em usar um palhaço como puxador de votos. Pensando bem, até faz sentido.
José Roberto Toledo - O Estado de S.Paulo / Blog do Noblat - 13.9.2010.
Francisco Everardo Oliveira Silva corre o risco de ser o deputado federal mais votado do Brasil em 3 de outubro. Não se espante se você não reconhece o nome, nem seus próprios eleitores reconheceriam. Oliveira Silva é conhecido apenas por seu apelido, Tiririca.
Ele aparece em primeiro lugar no conjunto de pesquisas do Ibope sobre a eleição para a Câmara dos Deputados em São Paulo. Como é o Estado com o maior eleitorado, não será surpresa se Oliveira Silva acabar sendo o campeão nacional de votos de 2010.
Se você não tem visto muita TV nas últimas décadas e passou incólume pela propaganda eleitoral até agora, Tiririca é ator e palhaço profissional. Tem 45 anos, lê e escreve, se autodefine como "abestado" e seu slogan é "pior que tá num fica, vote Tiririca".
Não é uma piada. É um projeto político. Oliveira Silva é candidato pelo PR, em coligação que inclui o PT e o PC do B. Prova da seriedade do projeto é que, até o último dia 3, o partido havia investido R$ 594 mil, oficialmente, na campanha do palhaço. E não deve parar por aí.
Tiririca é o principal puxador de votos do PR, do PT e do PC do B em São Paulo. Se chegar a um milhão de sufrágios, seu excedente de votos elegerá mais quatro ou cinco deputados da coligação. O eleitor vota em Tiririca e pode eleger Valdemar Costa Neto (PR), Ricardo Berzoini (PT) ou o delegado Protógenes (PC do B).
O "projeto Tiririca" é um bom retrato do sistema de coligações que impera nas eleições parlamentares brasileiras - uma salada farta de siglas, conexões improváveis, legendas de aluguel e uma pitada muito pequena de ideologia.
Das 27 legendas que disputam as eleições para a Câmara dos Deputados, apenas os quatro partidos de esquerda (PSTU, PCO, PSOL e PCB) são seletivos nas coligações: não se misturam na grande maioria das vezes. Melhor deixá-los em um prato à parte.
Entre as outras 23 legendas da salada, vale quase tudo. O PP, por exemplo, coligou-se 169 vezes a todos os outros 22 partidos, em 26 das 27 unidades da Federação. O PRB fez igual. Isso significa aliar-se ora ao PT, ora ao seu arqui-inimigo PSDB, conforme a conveniência.
PP e PRB são os campeões das alianças, mas não são exceção. Das 23 legendas da salada coligada, só o PV fez menos de 100 conexões com outros partidos. Mas bateu na trave: 97. A salada é sortida. Tem de PT com DEM (uma vez) a comunista com democrata-cristão (seis vezes). Só não tem petista com tucano.
Se dividirmos a travessa em duas partes, numa ponta está o PT, na outra, o PSDB. O PMDB fica no meio. Perseguidos pelo poder, os peemedebistas aparecem como fortes aliados tanto de tucanos (6 vezes) quanto de petistas (11 vezes).
As conexões mais intensas do PT são com PC do B, PR, PRB, PSB, PDT e PMDB. E as do PSDB são com DEM, PPS, PSC, PMN, PR, PRB e PMDB. Mas as relações são abertas, não pressupõem exclusividade. Vez ou outra uma legenda dá uma escapadinha para o outro lado, sem culpa ou ressentimentos.
Os mais cínicos dirão que a política partidária brasileira continua a mesma. Mudam os nomes, mas não os sobrenomes. No seu "Deputados 2010", o Ibope identificou uma penca de herdeiros do poder (apud Francisco Antonio Doria) entre os favoritos a se elegerem para a Câmara.
São rostos novos para nomes conhecidos. Como os de Ana Arraes (Pernambuco), Ratinho Jr. e Zeca Dirceu (ambos no Paraná), ACM Neto (Bahia), Rodrigo Maia e Leonardo Piciani (ambos no Rio de Janeiro).
Nomes fortes foi justamente o que faltou para o PT paulista. O partido precisou improvisar nova estratégia. Além de se coligar ao PR de Tiririca, ressuscitou a tática de pedir votos para a legenda do partido. Está dando certo: a sigla do PT está em segundo lugar em citações no ranking do Ibope.
A falta de nomes conhecidos está confundindo os paulistas. Instado pelo Ibope a dizer em quem votará para deputado federal, há quem responda "Serra", "Fernando Henrique Cardoso", "Marina Silva", "Alckmin", "Mercadante" ou até quem evoque "Mario Covas".
De todos os Estados onde o Ibope faz seu ranking para a Câmara, São Paulo é onde menos eleitores são capazes de citar um candidato a deputado federal: apenas 12%. Em Pernambuco essa taxa já chegou a 19%, e no Distrito Federal, a 21%.
Não é de espantar, portanto, que Tiririca seja o mais lembrado entre os paulistas. Nem de que alguém tenha pensado em usar um palhaço como puxador de votos. Pensando bem, até faz sentido.