Fórum Defesa Brasil

FCarvalho escreveu:Hora parece que estamos comprando mais Leo 1A5 para conseguir alguma homogenização da nossa logística das OM's de cav mec/bldas, mas nada disso garante que amanhã ou depois teremos a chance de dar uma sobrevida a estes bldos em condições que realmente eles possam proporcionar mais do que já nos oferecem, quer seja, uma base mínima de atualização do que existe no mundo da guerra blda.

Já que o debate ainda persiste, acredito que alguns ainda nutrem uma falsa esperança aqui.

Não acho que esses Leo 1A5 adicionais sejam para homogenizar a logística, muito menos para completar a dotação dos regimentos que ainda estão incompletos, a compra desses Leo 1A5 devem ser, principalmente para fornecimento de peças de reposição, quer dizer, serão canibalizados para manter as unidades que já possuímos e cheias de peças que não são mais fabricadas há decadas funcionando.

Creio que, à exceção do Luís Henrique e Marechal véio, quase ninguém mais leu ou ao menos entendeu meu post anterior: infelizmente Leo1 é o que há, enquanto não tivermos uma justificativa (Ameaça 5) concreta, as quatro anteriores são a própria justificativa para se considerar que Leo1A5 dá e sobra para as necessidades atuais e futuras; além disso, todo mundo parece esquecer que em pleno século XXI o grosso de nossas formações de Cavalaria era ainda constituído por M-41 (vários modificados para utilizar motor diesel e canhão de Cascavel, ou seja, inferiores ao original tanto em mobilidade quanto em poder de fogo), alterando-se este panorama apenas pelo final da primeira década, com os Leo1A5 passando a predominar em números. Ou seja, o citado MBT não tem sequer uma década como nosso principal carro de combate!

Assim, trocar apenas por trocar, trocar apenas porque no chamado "Primeiro Mundo" se usa coisa muito melhor é algo que não se faz, é uma despesa pesada e que precisa ser justificada, porque o dinheiro que for necessário - verba governamental - para isso terá que ser tirado de outros Programas, e não necessariamente militares (notar o atraso do Guarani). Como aqui não há guerrilhas nem vizinhos pesadamente armados e/ou ameaças sérias por parte de potências dotados de grande poderio bélico e que não possam ser contidas pelos EUA (Ameaças 1 a 4), seguirá o Leo1 até estar aos cacos, como estavam os M-41. E em seu lugar muito provavelmente virão outros blindados igualmente usados e com capacidades novamente bem aquém do que nós, entusiastas, gostaríamos de ter.

A única esperança que vejo seria a Ameaça 5, onde por alguma razão tivéssemos de desdobrar MBTs no exterior e em TOs "quentíssimos", repletos de RPGs, IEDs e Msls AT. Aí sim, o risco político de trazer de volta aviões cheios de Brasileiros em sacos pretos seria inaceitável; estaria então justificada de pleno a necessidade de equipar ao menos UM RCC com carros de última geração (e mesmo isso eu vejo com algumas reservas, afinal, até hoje não temos nem nunca tivemos um único IFV digno do nome, levaria anos para sermos capazes de operá-los a pleno, e vamos notar que Doutrina não se improvisa nem copia, cada um desenvolve a sua, mesmo que com ajuda de quem já opera; lembremos ainda que na guerra moderna IFV e MBT são praticamente inseparáveis).

O resto - infelizmente - é wishful thinking, QED.

Tulio, eu também li. Não me manifesto muito por aqui, sou introspectivo.
Mas expressou muito bem o atual cenário: realista. São colocações bastante alinhadas às reflexões curto/médio prazo que ocorrem dentro do EB. Porque para planejamento a longo prazo, notam-se já alguns lampejos de iniciativa e avanços no EB. Mas neste quesito longo prazo, ainda estão na fase de aprendizado, dado o malabarismo de um orçamento incerto.

Abracadabra escreveu:Tulio, eu também li. Não me manifesto muito por aqui, sou introspectivo.
Mas expressou muito bem o atual cenário: realista. São colocações bastante alinhadas às reflexões curto/médio prazo que ocorrem dentro do EB. Porque para planejamento a longo prazo, notam-se já alguns lampejos de iniciativa e avanços no EB. Mas neste quesito longo prazo, ainda estão na fase de aprendizado, dado o malabarismo de um orçamento incerto.

Na verdade planejamento é o que mais tem, cupincha. Menos entre Generais e mais entre Oficiais Subalternos e Superiores, estes sim, aos menos os Operacionais (tem também os carreiristas que só entendem de burocracia mas com estes pouquíssimo contato tive) estudam o tempo todo para sua Atividade-Fim. Por exemplo, não é que o EB não saiba que exista IFV e para que serve, apenas não vê como adquirir. Recordo de um Cap Cav do C I Bld que bastava mencionar IFV e ele já começava a falar no Bradley: não que ele o achasse o melhor IFV do mundo ou coisa assim mas, conhecendo com as coisas funcionam, e por saber que existiam - e existem - aos montes nos EUA, falava que a simples aquisição de um único Esquadrão para o EB/C I Bld já permitiria ao referido Centro de Excelência desenvolver toda a Doutrina necessária ao seu emprego, de modo a, se e quando o EB necessitasse adquirir e operar este (para nós) novo meio, mesmo que de modelo diferente, o tempo necessário para a sua devida implantação e chegada ao estágio de plena operacionalidade seria abreviado E MUITO! É apenas UMA das muitas excelentes ideias que ouvi por lá. Os caras são FERAS!

Wingate

Túlio escreveu:Creio que, à exceção do Luís Henrique e Marechal véio, quase ninguém mais leu ou ao menos entendeu meu post anterior: infelizmente Leo1 é o que há, enquanto não tivermos uma justificativa (Ameaça 5) concreta, as quatro anteriores são a própria justificativa para se considerar que Leo1A5 dá e sobra para as necessidades atuais e futuras; além disso, todo mundo parece esquecer que em pleno século XXI o grosso de nossas formações de Cavalaria era ainda constituído por M-41 (vários modificados para utilizar motor diesel e canhão de Cascavel, ou seja, inferiores ao original tanto em mobilidade quanto em poder de fogo), alterando-se este panorama apenas pelo final da primeira década, com os Leo1A5 passando a predominar em números. Ou seja, o citado MBT não tem sequer uma década como nosso principal carro de combate!

Assim, trocar apenas por trocar, trocar apenas porque no chamado "Primeiro Mundo" se usa coisa muito melhor é algo que não se faz, é uma despesa pesada e que precisa ser justificada, porque o dinheiro que for necessário - verba governamental - para isso terá que ser tirado de outros Programas, e não necessariamente militares (notar o atraso do Guarani). Como aqui não há guerrilhas nem vizinhos pesadamente armados e/ou ameaças sérias por parte de potências dotados de grande poderio bélico e que não possam ser contidas pelos EUA (Ameaças 1 a 4), seguirá o Leo1 até estar aos cacos, como estavam os M-41. E em seu lugar muito provavelmente virão outros blindados igualmente usados e com capacidades novamente bem aquém do que nós, entusiastas, gostaríamos de ter.

A única esperança que vejo seria a Ameaça 5, onde por alguma razão tivéssemos de desdobrar MBTs no exterior e em TOs "quentíssimos", repletos de RPGs, IEDs e Msls AT. Aí sim, o risco político de trazer de volta aviões cheios de Brasileiros em sacos pretos seria inaceitável; estaria então justificada de pleno a necessidade de equipar ao menos UM RCC com carros de última geração (e mesmo isso eu vejo com algumas reservas, afinal, até hoje não temos nem nunca tivemos um único IFV digno do nome, levaria anos para sermos capazes de operá-los a pleno, e vamos notar que Doutrina não se improvisa nem copia, cada um desenvolve a sua, mesmo que com ajuda de quem já opera; lembremos ainda que na guerra moderna IFV e MBT são praticamente inseparáveis).

O resto - infelizmente - é wishful thinking, QED.

Resumo da ópera: Não temos dinheiro e tampouco teremos a médio prazo, e vamos continuar ter que ir de M113 e Leo1A5 até Deus sabe quando.

Mais: com muita sorte o EB deve substituir seus Leo1A5 por outro equipamento mais moderno, lá pelos anos de 2035/2040, pois pelo que percebo, o projeto dos engravatados de Brasília, com anuência da imprensa e da Avenida Paulista, é de transformar as FFAA em "Gendarmarias", ou seja, nada de Carros de Combate (CC), tal como o México.

Frederico Vitor escreveu: Mais: com muita sorte o EB deve substituir seus Leo1A5 por outro equipamento mais moderno, lá pelos anos de 2035/2040, pois pelo que percebo, o projeto do engravatados de Brasília, com anuência da imprensa e da Avenida Paulista, é de transformar as FFAA em "Gendarmarias", ou seja, nada de Carros de Combate (CC), tal como o México.

Não vejo ninguém mais interessado nesse projeto do que o próprio EB...

Marechal-do-ar escreveu:

Frederico Vitor escreveu: Mais: com muita sorte o EB deve substituir seus Leo1A5 por outro equipamento mais moderno, lá pelos anos de 2035/2040, pois pelo que percebo, o projeto do engravatados de Brasília, com anuência da imprensa e da Avenida Paulista, é de transformar as FFAA em "Gendarmarias", ou seja, nada de Carros de Combate (CC), tal como o México.

Não vejo ninguém mais interessado nesse projeto do que o próprio EB...

Caí duro com essa: no post referes por EB o Exército Brasileiro ou o da Bolívia? Porque o nosso quer sim MBT e IFV de ponta, só que não leva nem a pau. Não entendi mesmo, Marechal véio...

Não Túlio, o EB (quero dizer, quem tem voz de verdade lá dentro) não está interessado em MBTs, IFVs ou qualquer coisa de caráter militar, não estão interessados em uma guerra convencional e nem devem acreditar na possibilidade de uma, por mais que alguns oficiais pensem diferente, o EB hoje não é administrado como uma força de combate convencional, esse tópico nem existiria se fosse.

Marechal-do-ar escreveu:Não Túlio, o EB (quero dizer, quem tem voz de verdade lá dentro) não está interessado em MBTs, IFVs ou qualquer coisa de caráter militar, não estão interessados em uma guerra convencional e nem devem acreditar na possibilidade de uma, por mais que alguns oficiais pensem diferente, o EB hoje não é administrado como uma força de combate convencional, esse tópico nem existiria se fosse.

Ah tá, falas dos generais de gabinete & carreiristas afins: de acordo, é por aí mesmo, se depender deles o EB faz GLO o ano inteiro e uma que outra manobra só pra poder dizer que ainda é Exército; só que aos poucos estão virando MINORIA e tá cada vez mais brabo de segurar a tigrada sangue no zóio que está emergindo...

FCarvalho escreveu:Substituir os Leo 1 pelos Leo 2 seria até procedente, em uma visão de longo prazo. O problema é que não temos essa visão - e nem perspectivas - de longo prazo, e menos ainda recursos para sustentar qualquer opção neste sentido. Seja esta ou aquela.

Então, no presente caso, o que o EB está fazendo é simplesmente tentando manter o pouco que já tem e poupar o mais que possível na verba da manutenção dos veículos com a homogenização da frota para tentar dispor de uma operacionalidade melhor. Ao menos para manter o treinamento das tripulações e a doutrina.

O que vier depois disso é lucro.

ps: é preciso não esquecer que, com ou sem KMW por aqui, uma troca de CC nesta altura do campeonato seria algo extremamente custoso para o EB não apenas em vista destes em si, mas principalmente em função das (muitas) mudanças necessárias em toda a infraestrutura da Cav Blda - de manuais a treinamento, passando por garagens e oficinas - para poder receber, manutenir e operar adequadamente qualquer outro CC que não os Leo 1A5. E isso levaria não menos que uns bons dez anos. Duvido que o pessoal do cmdo do EB, e da própria cavalaria, esteja disposto, ou interessado, em esperar tanto por uma eventual modernização dos seus bldos, quando sabe-se muito bem que o restante de vida útil da atual frota não passa disso. Com ou sem mais Leo I comprados. Daí o EB ainda ter esperanças de um dia conseguir emplacar o seu projeto próprio de CC nacional neste meio tempo. Se vai dar certo ou não esta aposta, o tempo dirá.

abs

O problema é que não temos visão pra bosta nenhuma, nem pra míssil anticarro!

O EB tem que deixar de ser besta e esquecer esses 1A5. A própria KMW ofereceu 2A4 quando o EB procurava por mais 1A5 e sabe qual foi a resposta? "Nossas pontes não suportam", isso mesmo, um CC que pesa pouco mais que duas toneladas que o nosso M60A3.

Se não mudar a mentalidade dentro dos quartéis, não adianta.

Marechal-do-ar escreveu:Não Túlio, o EB (quero dizer, quem tem voz de verdade lá dentro) não está interessado em MBTs, IFVs ou qualquer coisa de caráter militar, não estão interessados em uma guerra convencional e nem devem acreditar na possibilidade de uma, por mais que alguns oficiais pensem diferente, o EB hoje não é administrado como uma força de combate convencional, esse tópico nem existiria se fosse.

Marechal falou o que eu disse há alguns anos. Quem mais tem voz no Exército, ta pouco se ferrando pra MBT, Heli de ataque, AAAe... Estão mais preocupados com previdência.

Marechal-do-ar escreveu:

Frederico Vitor escreveu: Mais: com muita sorte o EB deve substituir seus Leo1A5 por outro equipamento mais moderno, lá pelos anos de 2035/2040, pois pelo que percebo, o projeto do engravatados de Brasília, com anuência da imprensa e da Avenida Paulista, é de transformar as FFAA em "Gendarmarias", ou seja, nada de Carros de Combate (CC), tal como o México.

Não vejo ninguém mais interessado nesse projeto do que o próprio EB...

2035 - 2040.

Acho que o EB já conseguiu MUITO, estendendo o apoio logístico com a KMW para o ano 2027.

Para mim, 2027 é FIM DE LINHA para os 1A5.

Afinal 62 ANOS é uma vida longa para um Carro de Combate.

Se jogar para 2035 - 2040, vai bater o recorde de velhice no guinness.

O 1A5 não vai chegar nem em 2027 operando o mínimo possível, se deixar pra comprar algo quando acabar a vida útil, não terá nada além de opções novas, ai que vai ser mais caro ainda.

Marechal-do-ar escreveu:

FCarvalho escreveu:Hora parece que estamos comprando mais Leo 1A5 para conseguir alguma homogenização da nossa logística das OM's de cav mec/bldas, mas nada disso garante que amanhã ou depois teremos a chance de dar uma sobrevida a estes bldos em condições que realmente eles possam proporcionar mais do que já nos oferecem, quer seja, uma base mínima de atualização do que existe no mundo da guerra blda.

Já que o debate ainda persiste, acredito que alguns ainda nutrem uma falsa esperança aqui.
Não acho que esses Leo 1A5 adicionais sejam para homogenizar a logística, muito menos para completar a dotação dos regimentos que ainda estão incompletos, a compra desses Leo 1A5 devem ser, principalmente para fornecimento de peças de reposição, quer dizer, serão canibalizados para manter as unidades que já possuímos e cheias de peças que não são mais fabricadas há decadas funcionando.

Não posso de deixar de concordar com você. Sim, estes bldos adicionais podem ser realmente destinados a isso, também. Mas fato é que os RCB precisam de um substituto para os Leo 1A1.

Como será isso, e qual veículo os substituirão, hoje na verdade é uma incógnita. Porque nem o EB sabe.

Vamos ter que aguardar, penso eu, pelo menos até o final do ano que vem para ter realmente uma ideia do que será possível fazer. Até lá, no mais, temos apenas suposições.

abs