Israel chuta o balde depois de sequestro de soldado
Moderador: Conselho de Moderação
Um texto que imagino muitos aqui já leram, mas apresenta uma análise bem interessante do tema:
Conflitos - Wars
Defesanet 07 Agosto 2006
Exclusivo Defesa @ Net
Análise
ISRAEL, HEZBOLLAH E O CONFLITO ASSIMÉTRICO
GenBda R/1 Alvaro Pinheiro
Analista Militar especialista em Guerra Irregular
pinheiroa@terra.com.br
Os termos "Assimetria", "Conflito Assimétrico" e "Guerra Assimétrica" são de uso recente no linguajar estratégico militar. O conceito de "Conflito Assimétrico" surgiu pela primeira vez nas publicações conjuntas das Forças Armadas norte-americanas em 1995, sendo, a partir daí, difundido e desenvolvido. Não raro, entretanto, o uso indiscriminado do termo tem distorcido o seu conceito básico e gerado dicotomias no seu entendimento.
Fundamentalmente, o "Conflito Assimétrico" é a confrontação entre o "fraco" e o "bem mais forte". As situações em que um dos contendores, em presença, possui um poder de combate significativamente superior ao de seu(s) oponente(s), tem sido alvo dos estudos de conceituados formuladores do pensamento e da estratégia militar tais como Sun Tzu ( A Arte da Guerra), Clausewitz(Da Guerra) e o General Beauffre (Introduction à la stratégie) . E as aplicações práticas de suas táticas, técnicas e procedimentos estão presentes na história militar desde que Aníbal evitou a invasão de Cartago pelos romanos, até os dias de hoje, nos recentes combates conduzidos no Afeganistão e no Iraque. A "Guerra Brasílica", desenvolvida no Nordeste brasileiro de 1624 a 1654, evento histórico de grande relevância na formação da nacionalidade brasileira, bem como a "Guerra do Vietnã", desenvolvida no Sudeste da Ásia , de 1963 a 1975, são magníficos exemplos da condução de "Conflitos Assimétricos".
A condução de uma campanha, baseada na "Assimetria", é uma opção adotada pelo oponente "bem mais fraco". Trata-se da única linha de ação deste oponente, no nível político-estratégico, que lhe possibilita a obtenção do sucesso na resolução da confrontação. E para materializar as ações a realizar, o planejamento da guerra nos seus três níveis básicos, estratégico, operacional e tático, é impositivamente fundamentado nos conceitos e fundamentos da "Guerra Irregular". Este tipo de confrontação bélica, que também pode ser identificado como "Guerra Não-convencional", impõe a seleção de um ambiente operacional que restrinja de forma significativa a utilização dos meios bélicos do oponente "bem mais forte", particularmente aqueles meios que possuem elevado nível científico-tecnológico. Os elementos básicos que caracterizam esta forma de combate são a tática/técnica de guerrilhas, a subversão, a sabotagem e, não raro, o terrorismo. A condicionante do tempo se faz de grande relevância, uma vez que a longa duração do conflito é inerente à condução da campanha, visando à consecução de seus objetivos pelas forças irregulares ou não-convencionais. Trata-se de uma guerra de desgaste em que o condicionante moral, materializado pela determinação das forças irregulares e o apoio da população civil não-combatente à causa em presença, ganham uma relevância significativa.
A decisão de combater um inimigo com poder de combate significativamente superior envolve riscos político-estratégicos significativos, avultando, além da longa duração do conflito, um grande desgaste em vidas humanas (combatentes ou não), e a escalada do conflito no campo regional ou mundial.
Osama bin Laden e a Al Qaeda , a partir dos trágicos eventos de 11 de setembro de 2001, inauguraram um tipo de "Assimetria" que se caracteriza pela participação direta de grupos radicais autônomos em confrontação contra Estados, empregando como sua principal estratégia, um novo terrorismo, de amplitude global, que tende a se tornar uma guerra sem limites.
A Confrontação no Líbano
As ações militares de retaliação, atualmente desencadeadas pelo Hezbollah e pelas Forças Armadas de Israel, no território do Líbano, estão dentro de um grande contexto que banha de sangue o Oriente Médio a décadas.
As ações ofensivas detonadoras do conflito conduzidas pelo Hezbollah, sob a orientação de seus patrocinadores, governos do Irã e da Síria, são, principalmente, a conseqüência de uma trégua concedida por Israel, desde que numa decisão unilateral abandonou o Líbano, em maio de 2000. Nesses seis anos, o Hezbollah pode reorganizar suas estruturas e seus recursos humanos e materiais, transformando-se numa força irregular muito bem equipada e adestratada. Hoje, diferentemente do passado, o Hezbollah tem seus três braços irregulares perfeitamente constituídos. O braço armado ostensivo, a força de guerrilha, apta, inclusive, a ações limitadas de conquista e manutenção de acidentes capitais no terreno; o braço clandestino, a força subterrânea, responsável pelas ações de subversão, sabotagem e de terrorismo seletivo e indiscriminado; e o seu braço logístico, a força de sustentação, com cadeias de suprimento muito bem estruturadas. Essa poderosa força irregular, inclusive, segundo dados do Mossad, estaria equipada com cerca de 13.000 a 15.000 mísseis de curto e médio alcance. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, teve condições de planejar meticulosamente como atacar as comunidades israelenses localizadas ao Norte do País, junto à fronteira com o Líbano.
O Hezbollah, "Partido de Deus", não tem limites. Qualquer ação ofensiva que puder ser realizada, o será, limitada apenas pela sua própria capacitação e pelas condições que possibilitem o desencadeamento da ação num momento específico.
A decisão de Nasrallah de desencadear um ataque de saturação com mísseis no Norte de Israel, bem como seqüestrar dois soldados reservistas israelenses, em 12 de julho, foi tomada tendo como referência a ação perpetrada pelo Hamas na fronteira Israel-Gaza, seqüestrando o Cabo do Exército israelense Gilad Shalit. Segundo Hassan Nasrallah, a intenção do Hezbollah seria negociar a liberação dos militares israelenses em troca de Samir Kuntar, um perigoso terrorista libanês, a serviço do Hezbollah, bem como de outros terroristas mantidos presos pelas forças de segurança de Israel.
Segundo fontes da inteligência israelense, Hassan Nasrallah teria, inclusive, a intenção de assumir as negociações em nome do Hamas, incrementando, sobremaneira, a participação do Hezbollah na questão palestina, assumindo uma posição mais destacada do que a do próprio Hamas.
A Resposta Israelense
Não apenas o Irã , a Síria e o próprio Hezbollah foram surpreendidos com a intensidade da violência da resposta israelense aos ataques de mísseis e aos seqüestros. O mundo, de uma maneira geral, o foi.
Fica muito claro que as autoridades israelenses entenderam que a ação desencadeada pelo Hezbollah tinha um caráter estratégico de significativa ameaça, não só de ameaça ao povo israelense, como à própria sobrevivência de Israel como Estado livre, soberano e independente; razão pela qual a retaliação, necessariamente, deveria ter um relevante peso específico dissuasório. As forças de segurança de Israel consideraram que mais do que uma mera resposta a uma organização terrorista, como o Hamas, na faixa de Gaza, tratava-se de destruir uma força irregular disciplinada, adestrada, muito bem equipada, com um alto padrão de capacitação operacional e um decisivo apoio do Irã e da Síria.
O Papel do Irã
Asharq Al-Awsat, um alto funcionário do governo iraniano, declarou em Londres, em 11 de maio de 2006, numa reunião com diplomatas de países europeus, que o Hezbollah era um dos pilares básicos da estratégia de segurança do Irã, integrando sua primeira linha de defesa contra Israel. E que, assim, de forma alguma o governo iraniano admitiria a possibilidade de desarmá-lo e desmobilizá-lo, conforme exigido pela Resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU. Walid Jumblatt, líder druso libanês, ratificou que "a guerra não é mais do Líbano. É uma guerra do Irã. E a mensagem aos Estados Unidos é que quaisquer ações desencadeadas visando ao desmonte do programa nuclear iraniano teria como resposta, significativas agressões contra Israel."
O Hezbollah não é, definitivamente, um ator independente. A Guarda Revolucionária Iraniana, força terrestre de elite, tem a responsabilidade de apoiar o Hezbollah em armamento, munição, adestramento, suporte financeiro e comando e controle de nível estratégico. A maior parte do arsenal terrorista do Hezbollah , particularmente os mísseis de curto e de médio alcance, incluindo o Zatzal, que pode atingir Tel Aviv, a 150 quilômetros da fronteira norte de Israel, são fabricados no Irã e exportados via Aeroporto Internacional de Damasco, na Síria. Daí, o material bélico é transportado em comboios motorizados ao Hezbollah, no Líbano.
Segundo a inteligência israelense, oficiais da Guarda Revolucionária estão no terreno, no Líbano, participando decisivamente da supervisão de ações terroristas e do lançamento de mísseis contra o território de Israel. A 14 de julho, o Hezbollah lançou uma cópia iraniana do míssil chinês C-802 Kowthar contra um navio da Marinha israelense, matando 4 membros de sua tripulação. Esses mísseis fazem parte do arsenal iraniano, já há quatro anos.
Os foguetes da primeira barragem do ataque contra a cidade israelense de Haifa , em 16 de julho, eram de fabricação síria.
Condicionantes Estratégicas do Conflito
Basicamente, são quatro as grandes condicionantes estratégicas do presente conflito.
A primeira é o incondicional apoio dos Estados Unidos a Israel. Todavia, Washington se preocupa em manter o conflito, o mais limitado possível, evitando uma escalada. Há que se ter em mente que as Forças Armadas israelenses estão em plenas condições de atacar diretamente alvos estratégicos no Irã e na Síria. Porém, as conseqüências de uma iniciativa dessa natureza poderiam contribuir, decisivamente, para uma desestabilização de toda a região, inclusive com uma mudança de postura dos aliados norte-americanos no Oriente Médio, particularmente, Egito, Arábia Saudita e Jordânia.
A segunda condicionante é a constatação de que a ação de retaliação militar israelense, muito mais do que punitiva , é essencialmente estratégica. A Força Aérea de Israel está destruindo as principais vias de acesso por onde se realiza o transporte do apoio logístico ao Hezbollah, a partir da Síria e do Irã, via Aeroporto Internacional de Beirute, todos os portos marítimos do Líbano, e a auto-estrada que une Beirute a Damasco. As vias através do Vale do Bekaa, que, em determinados momentos, foram utilizadas pela Síria, também estão sendo interditadas. Bombardeando o ponto forte do Hezbollah, identificado como Daheyh, nos subúrbios ao Sul de Beirute, Israel pretende isolá-lo de forças irregulares posicionadas mais ao Sul.
Nesse contexto, Israel, além de ter desalojado o Hezbollah de suas privilegiadas posições no Sul do Líbano, junto à fronteira Líbano - Israel, o está isolando do Irã e da Síria, bem como do resto do Líbano. Esta manobra de isolamento é a primeira fase da completa neutralização da ameaça. A segunda fase será o desarmamento do Hezbollah, dando cumprimento à Resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU, que deverá ser efetuado, conforme as atuais gestões da comunidade internacional, a partir do estabelecimento de uma força de paz multinacional.
A terceira condicionante é a constatação de que, no momento, mais do que nunca, o Hezbollah se constitui num apêndice da Guarda Revolucionária Iraniana. As autoridades israelenses entendem que as reais razões do desencadeamento das ações do Hezbollah pelo Irã, estão consoantes a um contexto que visa o objetivo estratégico de impedir quaisquer pressões sobre o desmonte do programa nuclear iraniano. E, sem dúvida alguma, a neutralização da capacidade militar do Hezbollah é fundamental para que a comunidade internacional possa continuar a pressionar sobre o referido programa.
A quarta condicionante está ligada à assertiva norte-americana e israelense de que o Líbano só será um estado livre e democrático, quando o Hezbollah estiver completamente neutralizado. Este entendimento seria comum aos demais países da região, cujos governos discordam das ações terroristas desestabilizadoras, desencadeadas pelo Hezbollah. Por outro lado, as ações de retaliação israelense deixam claro ao Presidente Bashar Assad (que no ano passado teve que retirar os grandes efetivos do Exército Sírio do Líbano, mediante forte pressão da comunidade internacional) de que qualquer ação militar síria no Líbano será prontamente destruída.
A Frente Diplomática
A chamada comunidade internacional está ciente de que o Hezbollah sempre foi (e continua sendo) uma organização terrorista, cujos objetivos, via de regra, inclusive no presente conflito, são comunidades civis não combatentes. A própria América do Sul já testemunhou dois sangrentos atentados desencadeados nos anos de 1992 e 1994 (respectivamente contra a Embaixada de Israel e contra a Associação Mutual Israelense Argentina) na cidade de Buenos Aires, com um grande número de baixas entre inocentes civis argentinos.
Todavia, percebe-se também uma rejeição da comunidade internacional à intensidade da violência desenvolvida pelas forças de Israel. Sobretudo, porque, infelizmente, inúmeros danos colaterais que redundam em significativo número de baixas entre civis libaneses estão sendo registrados.
Os governos norte-americano e israelense e uma parte significativa de países integrantes da Comunidade Européia de Nações estão cientes de que Israel necessita concluir a retaliação militar de forma plena. E tal fato só ocorrerá caso seja vencida a batalha na frente diplomática.
Não resta dúvida que o pleno desmonte da capacitação militar do Hezbollah é algo de interesse de todo o mundo civilizado e um passo decisivo para que se possa pensar na consecução de um efetivo processo de paz para o Oriente Médio
Conflitos - Wars
Defesanet 07 Agosto 2006
Exclusivo Defesa @ Net
Análise
ISRAEL, HEZBOLLAH E O CONFLITO ASSIMÉTRICO
GenBda R/1 Alvaro Pinheiro
Analista Militar especialista em Guerra Irregular
pinheiroa@terra.com.br
Os termos "Assimetria", "Conflito Assimétrico" e "Guerra Assimétrica" são de uso recente no linguajar estratégico militar. O conceito de "Conflito Assimétrico" surgiu pela primeira vez nas publicações conjuntas das Forças Armadas norte-americanas em 1995, sendo, a partir daí, difundido e desenvolvido. Não raro, entretanto, o uso indiscriminado do termo tem distorcido o seu conceito básico e gerado dicotomias no seu entendimento.
Fundamentalmente, o "Conflito Assimétrico" é a confrontação entre o "fraco" e o "bem mais forte". As situações em que um dos contendores, em presença, possui um poder de combate significativamente superior ao de seu(s) oponente(s), tem sido alvo dos estudos de conceituados formuladores do pensamento e da estratégia militar tais como Sun Tzu ( A Arte da Guerra), Clausewitz(Da Guerra) e o General Beauffre (Introduction à la stratégie) . E as aplicações práticas de suas táticas, técnicas e procedimentos estão presentes na história militar desde que Aníbal evitou a invasão de Cartago pelos romanos, até os dias de hoje, nos recentes combates conduzidos no Afeganistão e no Iraque. A "Guerra Brasílica", desenvolvida no Nordeste brasileiro de 1624 a 1654, evento histórico de grande relevância na formação da nacionalidade brasileira, bem como a "Guerra do Vietnã", desenvolvida no Sudeste da Ásia , de 1963 a 1975, são magníficos exemplos da condução de "Conflitos Assimétricos".
A condução de uma campanha, baseada na "Assimetria", é uma opção adotada pelo oponente "bem mais fraco". Trata-se da única linha de ação deste oponente, no nível político-estratégico, que lhe possibilita a obtenção do sucesso na resolução da confrontação. E para materializar as ações a realizar, o planejamento da guerra nos seus três níveis básicos, estratégico, operacional e tático, é impositivamente fundamentado nos conceitos e fundamentos da "Guerra Irregular". Este tipo de confrontação bélica, que também pode ser identificado como "Guerra Não-convencional", impõe a seleção de um ambiente operacional que restrinja de forma significativa a utilização dos meios bélicos do oponente "bem mais forte", particularmente aqueles meios que possuem elevado nível científico-tecnológico. Os elementos básicos que caracterizam esta forma de combate são a tática/técnica de guerrilhas, a subversão, a sabotagem e, não raro, o terrorismo. A condicionante do tempo se faz de grande relevância, uma vez que a longa duração do conflito é inerente à condução da campanha, visando à consecução de seus objetivos pelas forças irregulares ou não-convencionais. Trata-se de uma guerra de desgaste em que o condicionante moral, materializado pela determinação das forças irregulares e o apoio da população civil não-combatente à causa em presença, ganham uma relevância significativa.
A decisão de combater um inimigo com poder de combate significativamente superior envolve riscos político-estratégicos significativos, avultando, além da longa duração do conflito, um grande desgaste em vidas humanas (combatentes ou não), e a escalada do conflito no campo regional ou mundial.
Osama bin Laden e a Al Qaeda , a partir dos trágicos eventos de 11 de setembro de 2001, inauguraram um tipo de "Assimetria" que se caracteriza pela participação direta de grupos radicais autônomos em confrontação contra Estados, empregando como sua principal estratégia, um novo terrorismo, de amplitude global, que tende a se tornar uma guerra sem limites.
A Confrontação no Líbano
As ações militares de retaliação, atualmente desencadeadas pelo Hezbollah e pelas Forças Armadas de Israel, no território do Líbano, estão dentro de um grande contexto que banha de sangue o Oriente Médio a décadas.
As ações ofensivas detonadoras do conflito conduzidas pelo Hezbollah, sob a orientação de seus patrocinadores, governos do Irã e da Síria, são, principalmente, a conseqüência de uma trégua concedida por Israel, desde que numa decisão unilateral abandonou o Líbano, em maio de 2000. Nesses seis anos, o Hezbollah pode reorganizar suas estruturas e seus recursos humanos e materiais, transformando-se numa força irregular muito bem equipada e adestratada. Hoje, diferentemente do passado, o Hezbollah tem seus três braços irregulares perfeitamente constituídos. O braço armado ostensivo, a força de guerrilha, apta, inclusive, a ações limitadas de conquista e manutenção de acidentes capitais no terreno; o braço clandestino, a força subterrânea, responsável pelas ações de subversão, sabotagem e de terrorismo seletivo e indiscriminado; e o seu braço logístico, a força de sustentação, com cadeias de suprimento muito bem estruturadas. Essa poderosa força irregular, inclusive, segundo dados do Mossad, estaria equipada com cerca de 13.000 a 15.000 mísseis de curto e médio alcance. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, teve condições de planejar meticulosamente como atacar as comunidades israelenses localizadas ao Norte do País, junto à fronteira com o Líbano.
O Hezbollah, "Partido de Deus", não tem limites. Qualquer ação ofensiva que puder ser realizada, o será, limitada apenas pela sua própria capacitação e pelas condições que possibilitem o desencadeamento da ação num momento específico.
A decisão de Nasrallah de desencadear um ataque de saturação com mísseis no Norte de Israel, bem como seqüestrar dois soldados reservistas israelenses, em 12 de julho, foi tomada tendo como referência a ação perpetrada pelo Hamas na fronteira Israel-Gaza, seqüestrando o Cabo do Exército israelense Gilad Shalit. Segundo Hassan Nasrallah, a intenção do Hezbollah seria negociar a liberação dos militares israelenses em troca de Samir Kuntar, um perigoso terrorista libanês, a serviço do Hezbollah, bem como de outros terroristas mantidos presos pelas forças de segurança de Israel.
Segundo fontes da inteligência israelense, Hassan Nasrallah teria, inclusive, a intenção de assumir as negociações em nome do Hamas, incrementando, sobremaneira, a participação do Hezbollah na questão palestina, assumindo uma posição mais destacada do que a do próprio Hamas.
A Resposta Israelense
Não apenas o Irã , a Síria e o próprio Hezbollah foram surpreendidos com a intensidade da violência da resposta israelense aos ataques de mísseis e aos seqüestros. O mundo, de uma maneira geral, o foi.
Fica muito claro que as autoridades israelenses entenderam que a ação desencadeada pelo Hezbollah tinha um caráter estratégico de significativa ameaça, não só de ameaça ao povo israelense, como à própria sobrevivência de Israel como Estado livre, soberano e independente; razão pela qual a retaliação, necessariamente, deveria ter um relevante peso específico dissuasório. As forças de segurança de Israel consideraram que mais do que uma mera resposta a uma organização terrorista, como o Hamas, na faixa de Gaza, tratava-se de destruir uma força irregular disciplinada, adestrada, muito bem equipada, com um alto padrão de capacitação operacional e um decisivo apoio do Irã e da Síria.
O Papel do Irã
Asharq Al-Awsat, um alto funcionário do governo iraniano, declarou em Londres, em 11 de maio de 2006, numa reunião com diplomatas de países europeus, que o Hezbollah era um dos pilares básicos da estratégia de segurança do Irã, integrando sua primeira linha de defesa contra Israel. E que, assim, de forma alguma o governo iraniano admitiria a possibilidade de desarmá-lo e desmobilizá-lo, conforme exigido pela Resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU. Walid Jumblatt, líder druso libanês, ratificou que "a guerra não é mais do Líbano. É uma guerra do Irã. E a mensagem aos Estados Unidos é que quaisquer ações desencadeadas visando ao desmonte do programa nuclear iraniano teria como resposta, significativas agressões contra Israel."
O Hezbollah não é, definitivamente, um ator independente. A Guarda Revolucionária Iraniana, força terrestre de elite, tem a responsabilidade de apoiar o Hezbollah em armamento, munição, adestramento, suporte financeiro e comando e controle de nível estratégico. A maior parte do arsenal terrorista do Hezbollah , particularmente os mísseis de curto e de médio alcance, incluindo o Zatzal, que pode atingir Tel Aviv, a 150 quilômetros da fronteira norte de Israel, são fabricados no Irã e exportados via Aeroporto Internacional de Damasco, na Síria. Daí, o material bélico é transportado em comboios motorizados ao Hezbollah, no Líbano.
Segundo a inteligência israelense, oficiais da Guarda Revolucionária estão no terreno, no Líbano, participando decisivamente da supervisão de ações terroristas e do lançamento de mísseis contra o território de Israel. A 14 de julho, o Hezbollah lançou uma cópia iraniana do míssil chinês C-802 Kowthar contra um navio da Marinha israelense, matando 4 membros de sua tripulação. Esses mísseis fazem parte do arsenal iraniano, já há quatro anos.
Os foguetes da primeira barragem do ataque contra a cidade israelense de Haifa , em 16 de julho, eram de fabricação síria.
Condicionantes Estratégicas do Conflito
Basicamente, são quatro as grandes condicionantes estratégicas do presente conflito.
A primeira é o incondicional apoio dos Estados Unidos a Israel. Todavia, Washington se preocupa em manter o conflito, o mais limitado possível, evitando uma escalada. Há que se ter em mente que as Forças Armadas israelenses estão em plenas condições de atacar diretamente alvos estratégicos no Irã e na Síria. Porém, as conseqüências de uma iniciativa dessa natureza poderiam contribuir, decisivamente, para uma desestabilização de toda a região, inclusive com uma mudança de postura dos aliados norte-americanos no Oriente Médio, particularmente, Egito, Arábia Saudita e Jordânia.
A segunda condicionante é a constatação de que a ação de retaliação militar israelense, muito mais do que punitiva , é essencialmente estratégica. A Força Aérea de Israel está destruindo as principais vias de acesso por onde se realiza o transporte do apoio logístico ao Hezbollah, a partir da Síria e do Irã, via Aeroporto Internacional de Beirute, todos os portos marítimos do Líbano, e a auto-estrada que une Beirute a Damasco. As vias através do Vale do Bekaa, que, em determinados momentos, foram utilizadas pela Síria, também estão sendo interditadas. Bombardeando o ponto forte do Hezbollah, identificado como Daheyh, nos subúrbios ao Sul de Beirute, Israel pretende isolá-lo de forças irregulares posicionadas mais ao Sul.
Nesse contexto, Israel, além de ter desalojado o Hezbollah de suas privilegiadas posições no Sul do Líbano, junto à fronteira Líbano - Israel, o está isolando do Irã e da Síria, bem como do resto do Líbano. Esta manobra de isolamento é a primeira fase da completa neutralização da ameaça. A segunda fase será o desarmamento do Hezbollah, dando cumprimento à Resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU, que deverá ser efetuado, conforme as atuais gestões da comunidade internacional, a partir do estabelecimento de uma força de paz multinacional.
A terceira condicionante é a constatação de que, no momento, mais do que nunca, o Hezbollah se constitui num apêndice da Guarda Revolucionária Iraniana. As autoridades israelenses entendem que as reais razões do desencadeamento das ações do Hezbollah pelo Irã, estão consoantes a um contexto que visa o objetivo estratégico de impedir quaisquer pressões sobre o desmonte do programa nuclear iraniano. E, sem dúvida alguma, a neutralização da capacidade militar do Hezbollah é fundamental para que a comunidade internacional possa continuar a pressionar sobre o referido programa.
A quarta condicionante está ligada à assertiva norte-americana e israelense de que o Líbano só será um estado livre e democrático, quando o Hezbollah estiver completamente neutralizado. Este entendimento seria comum aos demais países da região, cujos governos discordam das ações terroristas desestabilizadoras, desencadeadas pelo Hezbollah. Por outro lado, as ações de retaliação israelense deixam claro ao Presidente Bashar Assad (que no ano passado teve que retirar os grandes efetivos do Exército Sírio do Líbano, mediante forte pressão da comunidade internacional) de que qualquer ação militar síria no Líbano será prontamente destruída.
A Frente Diplomática
A chamada comunidade internacional está ciente de que o Hezbollah sempre foi (e continua sendo) uma organização terrorista, cujos objetivos, via de regra, inclusive no presente conflito, são comunidades civis não combatentes. A própria América do Sul já testemunhou dois sangrentos atentados desencadeados nos anos de 1992 e 1994 (respectivamente contra a Embaixada de Israel e contra a Associação Mutual Israelense Argentina) na cidade de Buenos Aires, com um grande número de baixas entre inocentes civis argentinos.
Todavia, percebe-se também uma rejeição da comunidade internacional à intensidade da violência desenvolvida pelas forças de Israel. Sobretudo, porque, infelizmente, inúmeros danos colaterais que redundam em significativo número de baixas entre civis libaneses estão sendo registrados.
Os governos norte-americano e israelense e uma parte significativa de países integrantes da Comunidade Européia de Nações estão cientes de que Israel necessita concluir a retaliação militar de forma plena. E tal fato só ocorrerá caso seja vencida a batalha na frente diplomática.
Não resta dúvida que o pleno desmonte da capacitação militar do Hezbollah é algo de interesse de todo o mundo civilizado e um passo decisivo para que se possa pensar na consecução de um efetivo processo de paz para o Oriente Médio
Um texto que imagino muitos aqui já leram, mas apresenta uma análise bem interessante do tema:
Conflitos - Wars
Defesanet 07 Agosto 2006
Exclusivo Defesa @ Net
Análise
ISRAEL, HEZBOLLAH E O CONFLITO ASSIMÉTRICO
GenBda R/1 Alvaro Pinheiro
Analista Militar especialista em Guerra Irregular
pinheiroa@terra.com.br
Os termos "Assimetria", "Conflito Assimétrico" e "Guerra Assimétrica" são de uso recente no linguajar estratégico militar. O conceito de "Conflito Assimétrico" surgiu pela primeira vez nas publicações conjuntas das Forças Armadas norte-americanas em 1995, sendo, a partir daí, difundido e desenvolvido. Não raro, entretanto, o uso indiscriminado do termo tem distorcido o seu conceito básico e gerado dicotomias no seu entendimento.
Fundamentalmente, o "Conflito Assimétrico" é a confrontação entre o "fraco" e o "bem mais forte". As situações em que um dos contendores, em presença, possui um poder de combate significativamente superior ao de seu(s) oponente(s), tem sido alvo dos estudos de conceituados formuladores do pensamento e da estratégia militar tais como Sun Tzu ( A Arte da Guerra), Clausewitz(Da Guerra) e o General Beauffre (Introduction à la stratégie) . E as aplicações práticas de suas táticas, técnicas e procedimentos estão presentes na história militar desde que Aníbal evitou a invasão de Cartago pelos romanos, até os dias de hoje, nos recentes combates conduzidos no Afeganistão e no Iraque. A "Guerra Brasílica", desenvolvida no Nordeste brasileiro de 1624 a 1654, evento histórico de grande relevância na formação da nacionalidade brasileira, bem como a "Guerra do Vietnã", desenvolvida no Sudeste da Ásia , de 1963 a 1975, são magníficos exemplos da condução de "Conflitos Assimétricos".
A condução de uma campanha, baseada na "Assimetria", é uma opção adotada pelo oponente "bem mais fraco". Trata-se da única linha de ação deste oponente, no nível político-estratégico, que lhe possibilita a obtenção do sucesso na resolução da confrontação. E para materializar as ações a realizar, o planejamento da guerra nos seus três níveis básicos, estratégico, operacional e tático, é impositivamente fundamentado nos conceitos e fundamentos da "Guerra Irregular". Este tipo de confrontação bélica, que também pode ser identificado como "Guerra Não-convencional", impõe a seleção de um ambiente operacional que restrinja de forma significativa a utilização dos meios bélicos do oponente "bem mais forte", particularmente aqueles meios que possuem elevado nível científico-tecnológico. Os elementos básicos que caracterizam esta forma de combate são a tática/técnica de guerrilhas, a subversão, a sabotagem e, não raro, o terrorismo. A condicionante do tempo se faz de grande relevância, uma vez que a longa duração do conflito é inerente à condução da campanha, visando à consecução de seus objetivos pelas forças irregulares ou não-convencionais. Trata-se de uma guerra de desgaste em que o condicionante moral, materializado pela determinação das forças irregulares e o apoio da população civil não-combatente à causa em presença, ganham uma relevância significativa.
A decisão de combater um inimigo com poder de combate significativamente superior envolve riscos político-estratégicos significativos, avultando, além da longa duração do conflito, um grande desgaste em vidas humanas (combatentes ou não), e a escalada do conflito no campo regional ou mundial.
Osama bin Laden e a Al Qaeda , a partir dos trágicos eventos de 11 de setembro de 2001, inauguraram um tipo de "Assimetria" que se caracteriza pela participação direta de grupos radicais autônomos em confrontação contra Estados, empregando como sua principal estratégia, um novo terrorismo, de amplitude global, que tende a se tornar uma guerra sem limites.
A Confrontação no Líbano
As ações militares de retaliação, atualmente desencadeadas pelo Hezbollah e pelas Forças Armadas de Israel, no território do Líbano, estão dentro de um grande contexto que banha de sangue o Oriente Médio a décadas.
As ações ofensivas detonadoras do conflito conduzidas pelo Hezbollah, sob a orientação de seus patrocinadores, governos do Irã e da Síria, são, principalmente, a conseqüência de uma trégua concedida por Israel, desde que numa decisão unilateral abandonou o Líbano, em maio de 2000. Nesses seis anos, o Hezbollah pode reorganizar suas estruturas e seus recursos humanos e materiais, transformando-se numa força irregular muito bem equipada e adestratada. Hoje, diferentemente do passado, o Hezbollah tem seus três braços irregulares perfeitamente constituídos. O braço armado ostensivo, a força de guerrilha, apta, inclusive, a ações limitadas de conquista e manutenção de acidentes capitais no terreno; o braço clandestino, a força subterrânea, responsável pelas ações de subversão, sabotagem e de terrorismo seletivo e indiscriminado; e o seu braço logístico, a força de sustentação, com cadeias de suprimento muito bem estruturadas. Essa poderosa força irregular, inclusive, segundo dados do Mossad, estaria equipada com cerca de 13.000 a 15.000 mísseis de curto e médio alcance. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, teve condições de planejar meticulosamente como atacar as comunidades israelenses localizadas ao Norte do País, junto à fronteira com o Líbano.
O Hezbollah, "Partido de Deus", não tem limites. Qualquer ação ofensiva que puder ser realizada, o será, limitada apenas pela sua própria capacitação e pelas condições que possibilitem o desencadeamento da ação num momento específico.
A decisão de Nasrallah de desencadear um ataque de saturação com mísseis no Norte de Israel, bem como seqüestrar dois soldados reservistas israelenses, em 12 de julho, foi tomada tendo como referência a ação perpetrada pelo Hamas na fronteira Israel-Gaza, seqüestrando o Cabo do Exército israelense Gilad Shalit. Segundo Hassan Nasrallah, a intenção do Hezbollah seria negociar a liberação dos militares israelenses em troca de Samir Kuntar, um perigoso terrorista libanês, a serviço do Hezbollah, bem como de outros terroristas mantidos presos pelas forças de segurança de Israel.
Segundo fontes da inteligência israelense, Hassan Nasrallah teria, inclusive, a intenção de assumir as negociações em nome do Hamas, incrementando, sobremaneira, a participação do Hezbollah na questão palestina, assumindo uma posição mais destacada do que a do próprio Hamas.
A Resposta Israelense
Não apenas o Irã , a Síria e o próprio Hezbollah foram surpreendidos com a intensidade da violência da resposta israelense aos ataques de mísseis e aos seqüestros. O mundo, de uma maneira geral, o foi.
Fica muito claro que as autoridades israelenses entenderam que a ação desencadeada pelo Hezbollah tinha um caráter estratégico de significativa ameaça, não só de ameaça ao povo israelense, como à própria sobrevivência de Israel como Estado livre, soberano e independente; razão pela qual a retaliação, necessariamente, deveria ter um relevante peso específico dissuasório. As forças de segurança de Israel consideraram que mais do que uma mera resposta a uma organização terrorista, como o Hamas, na faixa de Gaza, tratava-se de destruir uma força irregular disciplinada, adestrada, muito bem equipada, com um alto padrão de capacitação operacional e um decisivo apoio do Irã e da Síria.
O Papel do Irã
Asharq Al-Awsat, um alto funcionário do governo iraniano, declarou em Londres, em 11 de maio de 2006, numa reunião com diplomatas de países europeus, que o Hezbollah era um dos pilares básicos da estratégia de segurança do Irã, integrando sua primeira linha de defesa contra Israel. E que, assim, de forma alguma o governo iraniano admitiria a possibilidade de desarmá-lo e desmobilizá-lo, conforme exigido pela Resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU. Walid Jumblatt, líder druso libanês, ratificou que "a guerra não é mais do Líbano. É uma guerra do Irã. E a mensagem aos Estados Unidos é que quaisquer ações desencadeadas visando ao desmonte do programa nuclear iraniano teria como resposta, significativas agressões contra Israel."
O Hezbollah não é, definitivamente, um ator independente. A Guarda Revolucionária Iraniana, força terrestre de elite, tem a responsabilidade de apoiar o Hezbollah em armamento, munição, adestramento, suporte financeiro e comando e controle de nível estratégico. A maior parte do arsenal terrorista do Hezbollah , particularmente os mísseis de curto e de médio alcance, incluindo o Zatzal, que pode atingir Tel Aviv, a 150 quilômetros da fronteira norte de Israel, são fabricados no Irã e exportados via Aeroporto Internacional de Damasco, na Síria. Daí, o material bélico é transportado em comboios motorizados ao Hezbollah, no Líbano.
Segundo a inteligência israelense, oficiais da Guarda Revolucionária estão no terreno, no Líbano, participando decisivamente da supervisão de ações terroristas e do lançamento de mísseis contra o território de Israel. A 14 de julho, o Hezbollah lançou uma cópia iraniana do míssil chinês C-802 Kowthar contra um navio da Marinha israelense, matando 4 membros de sua tripulação. Esses mísseis fazem parte do arsenal iraniano, já há quatro anos.
Os foguetes da primeira barragem do ataque contra a cidade israelense de Haifa , em 16 de julho, eram de fabricação síria.
Condicionantes Estratégicas do Conflito
Basicamente, são quatro as grandes condicionantes estratégicas do presente conflito.
A primeira é o incondicional apoio dos Estados Unidos a Israel. Todavia, Washington se preocupa em manter o conflito, o mais limitado possível, evitando uma escalada. Há que se ter em mente que as Forças Armadas israelenses estão em plenas condições de atacar diretamente alvos estratégicos no Irã e na Síria. Porém, as conseqüências de uma iniciativa dessa natureza poderiam contribuir, decisivamente, para uma desestabilização de toda a região, inclusive com uma mudança de postura dos aliados norte-americanos no Oriente Médio, particularmente, Egito, Arábia Saudita e Jordânia.
A segunda condicionante é a constatação de que a ação de retaliação militar israelense, muito mais do que punitiva , é essencialmente estratégica. A Força Aérea de Israel está destruindo as principais vias de acesso por onde se realiza o transporte do apoio logístico ao Hezbollah, a partir da Síria e do Irã, via Aeroporto Internacional de Beirute, todos os portos marítimos do Líbano, e a auto-estrada que une Beirute a Damasco. As vias através do Vale do Bekaa, que, em determinados momentos, foram utilizadas pela Síria, também estão sendo interditadas. Bombardeando o ponto forte do Hezbollah, identificado como Daheyh, nos subúrbios ao Sul de Beirute, Israel pretende isolá-lo de forças irregulares posicionadas mais ao Sul.
Nesse contexto, Israel, além de ter desalojado o Hezbollah de suas privilegiadas posições no Sul do Líbano, junto à fronteira Líbano - Israel, o está isolando do Irã e da Síria, bem como do resto do Líbano. Esta manobra de isolamento é a primeira fase da completa neutralização da ameaça. A segunda fase será o desarmamento do Hezbollah, dando cumprimento à Resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU, que deverá ser efetuado, conforme as atuais gestões da comunidade internacional, a partir do estabelecimento de uma força de paz multinacional.
A terceira condicionante é a constatação de que, no momento, mais do que nunca, o Hezbollah se constitui num apêndice da Guarda Revolucionária Iraniana. As autoridades israelenses entendem que as reais razões do desencadeamento das ações do Hezbollah pelo Irã, estão consoantes a um contexto que visa o objetivo estratégico de impedir quaisquer pressões sobre o desmonte do programa nuclear iraniano. E, sem dúvida alguma, a neutralização da capacidade militar do Hezbollah é fundamental para que a comunidade internacional possa continuar a pressionar sobre o referido programa.
A quarta condicionante está ligada à assertiva norte-americana e israelense de que o Líbano só será um estado livre e democrático, quando o Hezbollah estiver completamente neutralizado. Este entendimento seria comum aos demais países da região, cujos governos discordam das ações terroristas desestabilizadoras, desencadeadas pelo Hezbollah. Por outro lado, as ações de retaliação israelense deixam claro ao Presidente Bashar Assad (que no ano passado teve que retirar os grandes efetivos do Exército Sírio do Líbano, mediante forte pressão da comunidade internacional) de que qualquer ação militar síria no Líbano será prontamente destruída.
A Frente Diplomática
A chamada comunidade internacional está ciente de que o Hezbollah sempre foi (e continua sendo) uma organização terrorista, cujos objetivos, via de regra, inclusive no presente conflito, são comunidades civis não combatentes. A própria América do Sul já testemunhou dois sangrentos atentados desencadeados nos anos de 1992 e 1994 (respectivamente contra a Embaixada de Israel e contra a Associação Mutual Israelense Argentina) na cidade de Buenos Aires, com um grande número de baixas entre inocentes civis argentinos.
Todavia, percebe-se também uma rejeição da comunidade internacional à intensidade da violência desenvolvida pelas forças de Israel. Sobretudo, porque, infelizmente, inúmeros danos colaterais que redundam em significativo número de baixas entre civis libaneses estão sendo registrados.
Os governos norte-americano e israelense e uma parte significativa de países integrantes da Comunidade Européia de Nações estão cientes de que Israel necessita concluir a retaliação militar de forma plena. E tal fato só ocorrerá caso seja vencida a batalha na frente diplomática.
Não resta dúvida que o pleno desmonte da capacitação militar do Hezbollah é algo de interesse de todo o mundo civilizado e um passo decisivo para que se possa pensar na consecução de um efetivo processo de paz para o Oriente Médio
Conflitos - Wars
Defesanet 07 Agosto 2006
Exclusivo Defesa @ Net
Análise
ISRAEL, HEZBOLLAH E O CONFLITO ASSIMÉTRICO
GenBda R/1 Alvaro Pinheiro
Analista Militar especialista em Guerra Irregular
pinheiroa@terra.com.br
Os termos "Assimetria", "Conflito Assimétrico" e "Guerra Assimétrica" são de uso recente no linguajar estratégico militar. O conceito de "Conflito Assimétrico" surgiu pela primeira vez nas publicações conjuntas das Forças Armadas norte-americanas em 1995, sendo, a partir daí, difundido e desenvolvido. Não raro, entretanto, o uso indiscriminado do termo tem distorcido o seu conceito básico e gerado dicotomias no seu entendimento.
Fundamentalmente, o "Conflito Assimétrico" é a confrontação entre o "fraco" e o "bem mais forte". As situações em que um dos contendores, em presença, possui um poder de combate significativamente superior ao de seu(s) oponente(s), tem sido alvo dos estudos de conceituados formuladores do pensamento e da estratégia militar tais como Sun Tzu ( A Arte da Guerra), Clausewitz(Da Guerra) e o General Beauffre (Introduction à la stratégie) . E as aplicações práticas de suas táticas, técnicas e procedimentos estão presentes na história militar desde que Aníbal evitou a invasão de Cartago pelos romanos, até os dias de hoje, nos recentes combates conduzidos no Afeganistão e no Iraque. A "Guerra Brasílica", desenvolvida no Nordeste brasileiro de 1624 a 1654, evento histórico de grande relevância na formação da nacionalidade brasileira, bem como a "Guerra do Vietnã", desenvolvida no Sudeste da Ásia , de 1963 a 1975, são magníficos exemplos da condução de "Conflitos Assimétricos".
A condução de uma campanha, baseada na "Assimetria", é uma opção adotada pelo oponente "bem mais fraco". Trata-se da única linha de ação deste oponente, no nível político-estratégico, que lhe possibilita a obtenção do sucesso na resolução da confrontação. E para materializar as ações a realizar, o planejamento da guerra nos seus três níveis básicos, estratégico, operacional e tático, é impositivamente fundamentado nos conceitos e fundamentos da "Guerra Irregular". Este tipo de confrontação bélica, que também pode ser identificado como "Guerra Não-convencional", impõe a seleção de um ambiente operacional que restrinja de forma significativa a utilização dos meios bélicos do oponente "bem mais forte", particularmente aqueles meios que possuem elevado nível científico-tecnológico. Os elementos básicos que caracterizam esta forma de combate são a tática/técnica de guerrilhas, a subversão, a sabotagem e, não raro, o terrorismo. A condicionante do tempo se faz de grande relevância, uma vez que a longa duração do conflito é inerente à condução da campanha, visando à consecução de seus objetivos pelas forças irregulares ou não-convencionais. Trata-se de uma guerra de desgaste em que o condicionante moral, materializado pela determinação das forças irregulares e o apoio da população civil não-combatente à causa em presença, ganham uma relevância significativa.
A decisão de combater um inimigo com poder de combate significativamente superior envolve riscos político-estratégicos significativos, avultando, além da longa duração do conflito, um grande desgaste em vidas humanas (combatentes ou não), e a escalada do conflito no campo regional ou mundial.
Osama bin Laden e a Al Qaeda , a partir dos trágicos eventos de 11 de setembro de 2001, inauguraram um tipo de "Assimetria" que se caracteriza pela participação direta de grupos radicais autônomos em confrontação contra Estados, empregando como sua principal estratégia, um novo terrorismo, de amplitude global, que tende a se tornar uma guerra sem limites.
A Confrontação no Líbano
As ações militares de retaliação, atualmente desencadeadas pelo Hezbollah e pelas Forças Armadas de Israel, no território do Líbano, estão dentro de um grande contexto que banha de sangue o Oriente Médio a décadas.
As ações ofensivas detonadoras do conflito conduzidas pelo Hezbollah, sob a orientação de seus patrocinadores, governos do Irã e da Síria, são, principalmente, a conseqüência de uma trégua concedida por Israel, desde que numa decisão unilateral abandonou o Líbano, em maio de 2000. Nesses seis anos, o Hezbollah pode reorganizar suas estruturas e seus recursos humanos e materiais, transformando-se numa força irregular muito bem equipada e adestratada. Hoje, diferentemente do passado, o Hezbollah tem seus três braços irregulares perfeitamente constituídos. O braço armado ostensivo, a força de guerrilha, apta, inclusive, a ações limitadas de conquista e manutenção de acidentes capitais no terreno; o braço clandestino, a força subterrânea, responsável pelas ações de subversão, sabotagem e de terrorismo seletivo e indiscriminado; e o seu braço logístico, a força de sustentação, com cadeias de suprimento muito bem estruturadas. Essa poderosa força irregular, inclusive, segundo dados do Mossad, estaria equipada com cerca de 13.000 a 15.000 mísseis de curto e médio alcance. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, teve condições de planejar meticulosamente como atacar as comunidades israelenses localizadas ao Norte do País, junto à fronteira com o Líbano.
O Hezbollah, "Partido de Deus", não tem limites. Qualquer ação ofensiva que puder ser realizada, o será, limitada apenas pela sua própria capacitação e pelas condições que possibilitem o desencadeamento da ação num momento específico.
A decisão de Nasrallah de desencadear um ataque de saturação com mísseis no Norte de Israel, bem como seqüestrar dois soldados reservistas israelenses, em 12 de julho, foi tomada tendo como referência a ação perpetrada pelo Hamas na fronteira Israel-Gaza, seqüestrando o Cabo do Exército israelense Gilad Shalit. Segundo Hassan Nasrallah, a intenção do Hezbollah seria negociar a liberação dos militares israelenses em troca de Samir Kuntar, um perigoso terrorista libanês, a serviço do Hezbollah, bem como de outros terroristas mantidos presos pelas forças de segurança de Israel.
Segundo fontes da inteligência israelense, Hassan Nasrallah teria, inclusive, a intenção de assumir as negociações em nome do Hamas, incrementando, sobremaneira, a participação do Hezbollah na questão palestina, assumindo uma posição mais destacada do que a do próprio Hamas.
A Resposta Israelense
Não apenas o Irã , a Síria e o próprio Hezbollah foram surpreendidos com a intensidade da violência da resposta israelense aos ataques de mísseis e aos seqüestros. O mundo, de uma maneira geral, o foi.
Fica muito claro que as autoridades israelenses entenderam que a ação desencadeada pelo Hezbollah tinha um caráter estratégico de significativa ameaça, não só de ameaça ao povo israelense, como à própria sobrevivência de Israel como Estado livre, soberano e independente; razão pela qual a retaliação, necessariamente, deveria ter um relevante peso específico dissuasório. As forças de segurança de Israel consideraram que mais do que uma mera resposta a uma organização terrorista, como o Hamas, na faixa de Gaza, tratava-se de destruir uma força irregular disciplinada, adestrada, muito bem equipada, com um alto padrão de capacitação operacional e um decisivo apoio do Irã e da Síria.
O Papel do Irã
Asharq Al-Awsat, um alto funcionário do governo iraniano, declarou em Londres, em 11 de maio de 2006, numa reunião com diplomatas de países europeus, que o Hezbollah era um dos pilares básicos da estratégia de segurança do Irã, integrando sua primeira linha de defesa contra Israel. E que, assim, de forma alguma o governo iraniano admitiria a possibilidade de desarmá-lo e desmobilizá-lo, conforme exigido pela Resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU. Walid Jumblatt, líder druso libanês, ratificou que "a guerra não é mais do Líbano. É uma guerra do Irã. E a mensagem aos Estados Unidos é que quaisquer ações desencadeadas visando ao desmonte do programa nuclear iraniano teria como resposta, significativas agressões contra Israel."
O Hezbollah não é, definitivamente, um ator independente. A Guarda Revolucionária Iraniana, força terrestre de elite, tem a responsabilidade de apoiar o Hezbollah em armamento, munição, adestramento, suporte financeiro e comando e controle de nível estratégico. A maior parte do arsenal terrorista do Hezbollah , particularmente os mísseis de curto e de médio alcance, incluindo o Zatzal, que pode atingir Tel Aviv, a 150 quilômetros da fronteira norte de Israel, são fabricados no Irã e exportados via Aeroporto Internacional de Damasco, na Síria. Daí, o material bélico é transportado em comboios motorizados ao Hezbollah, no Líbano.
Segundo a inteligência israelense, oficiais da Guarda Revolucionária estão no terreno, no Líbano, participando decisivamente da supervisão de ações terroristas e do lançamento de mísseis contra o território de Israel. A 14 de julho, o Hezbollah lançou uma cópia iraniana do míssil chinês C-802 Kowthar contra um navio da Marinha israelense, matando 4 membros de sua tripulação. Esses mísseis fazem parte do arsenal iraniano, já há quatro anos.
Os foguetes da primeira barragem do ataque contra a cidade israelense de Haifa , em 16 de julho, eram de fabricação síria.
Condicionantes Estratégicas do Conflito
Basicamente, são quatro as grandes condicionantes estratégicas do presente conflito.
A primeira é o incondicional apoio dos Estados Unidos a Israel. Todavia, Washington se preocupa em manter o conflito, o mais limitado possível, evitando uma escalada. Há que se ter em mente que as Forças Armadas israelenses estão em plenas condições de atacar diretamente alvos estratégicos no Irã e na Síria. Porém, as conseqüências de uma iniciativa dessa natureza poderiam contribuir, decisivamente, para uma desestabilização de toda a região, inclusive com uma mudança de postura dos aliados norte-americanos no Oriente Médio, particularmente, Egito, Arábia Saudita e Jordânia.
A segunda condicionante é a constatação de que a ação de retaliação militar israelense, muito mais do que punitiva , é essencialmente estratégica. A Força Aérea de Israel está destruindo as principais vias de acesso por onde se realiza o transporte do apoio logístico ao Hezbollah, a partir da Síria e do Irã, via Aeroporto Internacional de Beirute, todos os portos marítimos do Líbano, e a auto-estrada que une Beirute a Damasco. As vias através do Vale do Bekaa, que, em determinados momentos, foram utilizadas pela Síria, também estão sendo interditadas. Bombardeando o ponto forte do Hezbollah, identificado como Daheyh, nos subúrbios ao Sul de Beirute, Israel pretende isolá-lo de forças irregulares posicionadas mais ao Sul.
Nesse contexto, Israel, além de ter desalojado o Hezbollah de suas privilegiadas posições no Sul do Líbano, junto à fronteira Líbano - Israel, o está isolando do Irã e da Síria, bem como do resto do Líbano. Esta manobra de isolamento é a primeira fase da completa neutralização da ameaça. A segunda fase será o desarmamento do Hezbollah, dando cumprimento à Resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU, que deverá ser efetuado, conforme as atuais gestões da comunidade internacional, a partir do estabelecimento de uma força de paz multinacional.
A terceira condicionante é a constatação de que, no momento, mais do que nunca, o Hezbollah se constitui num apêndice da Guarda Revolucionária Iraniana. As autoridades israelenses entendem que as reais razões do desencadeamento das ações do Hezbollah pelo Irã, estão consoantes a um contexto que visa o objetivo estratégico de impedir quaisquer pressões sobre o desmonte do programa nuclear iraniano. E, sem dúvida alguma, a neutralização da capacidade militar do Hezbollah é fundamental para que a comunidade internacional possa continuar a pressionar sobre o referido programa.
A quarta condicionante está ligada à assertiva norte-americana e israelense de que o Líbano só será um estado livre e democrático, quando o Hezbollah estiver completamente neutralizado. Este entendimento seria comum aos demais países da região, cujos governos discordam das ações terroristas desestabilizadoras, desencadeadas pelo Hezbollah. Por outro lado, as ações de retaliação israelense deixam claro ao Presidente Bashar Assad (que no ano passado teve que retirar os grandes efetivos do Exército Sírio do Líbano, mediante forte pressão da comunidade internacional) de que qualquer ação militar síria no Líbano será prontamente destruída.
A Frente Diplomática
A chamada comunidade internacional está ciente de que o Hezbollah sempre foi (e continua sendo) uma organização terrorista, cujos objetivos, via de regra, inclusive no presente conflito, são comunidades civis não combatentes. A própria América do Sul já testemunhou dois sangrentos atentados desencadeados nos anos de 1992 e 1994 (respectivamente contra a Embaixada de Israel e contra a Associação Mutual Israelense Argentina) na cidade de Buenos Aires, com um grande número de baixas entre inocentes civis argentinos.
Todavia, percebe-se também uma rejeição da comunidade internacional à intensidade da violência desenvolvida pelas forças de Israel. Sobretudo, porque, infelizmente, inúmeros danos colaterais que redundam em significativo número de baixas entre civis libaneses estão sendo registrados.
Os governos norte-americano e israelense e uma parte significativa de países integrantes da Comunidade Européia de Nações estão cientes de que Israel necessita concluir a retaliação militar de forma plena. E tal fato só ocorrerá caso seja vencida a batalha na frente diplomática.
Não resta dúvida que o pleno desmonte da capacitação militar do Hezbollah é algo de interesse de todo o mundo civilizado e um passo decisivo para que se possa pensar na consecução de um efetivo processo de paz para o Oriente Médio
Tirei essa informação do "deolhonamídia"
Um Crime de Guerra em Qana?
A tragédia de Qana intensificou as acusações de que as manobras de Israel no Líbano violam o direito internacional. Toda morte de uma pessoa inocente é extremamente lamentável; mas não há evidência de que Israel tenha cometido qualquer crime de guerra. Em contrapartida, Hisbolá, Irã e Síria violaram a lei internacional muito claramente nesse conflito. Além disso, a conduta de Israel tem sido muito melhor, comparativamente, do que a de seus mais poderosos acusadores quando seus próprios interesses foram ameaçados.
A lei internacional aponta três grandes proibições em relação ao incidente de Qana. A primeira proíbe ataques deliberados contra civis. A segunda proíbe que armamentos sejam escondidos em áreas civis, o que transforma a população em “escudos humanos”. A terceira proibição, a restrição de proporcionalidade que Israel é acusada de ter violado, envolve um complicado e controverso teste de proporcionalidade.
O Protocolo I da Convenção de Genebra contém uma versão do teste de proporcionalidade, o Estatuto do Tribunal Criminalista Internacional, outra; nenhum dos dois é universalmente aceito. Como resultado, o teste de proporcionalidade é determinado pelo “direito internacional consuetudinário” – um amálgama de tratados, acordos e decisões jurídicas não-universais –, e também pela maneira como nações influentes agem usualmente. Ele não depende, entretanto, do número relativo de baixas ou do montante de força utilizado – mas da intenção, do propósito do combatente. De acordo com a lei internacional consuetudinária, a proporcionalidade proíbe ataques que possam causar morte incidental ou ferimentos a civis se esses danos forem, em média, excessivos em relação ao legítimo objetivo militar global traçado.
Em Qana, uma aeronave israelense disparou contra um prédio para impedir que o Hisbolá atirasse foguetes em suas cidades. A aeronave não objetivou alvos civis deliberadamente; mas os foguetes do Hisbolá são sempre disparados contra áreas civis, o que se constitui em claro crime de guerra. O dirigente da ONU para assuntos humanitários, Jan Efeland, apelou ao Hisbolá, na semana passada, para que detivesse sua prática de “blindar-se covardemente” entre mulheres e crianças: “Ouvi que eles estavam orgulhosos por terem perdido muito poucos combatentes, enquanto a população civil é quem arca com a parte mais difícil de tudo isso.” Se o Hisbolá utilizou-se de civis libaneses em Qana como “escudos humanos”, então o Hisbolá – e não Israel – é legalmente responsável por suas mortes.
Se Israel cometeu um equívoco e o Hisbolá não atirava a partir de áreas civis nem se escondia entre a população, a legalidade da ação pode ser avaliada pelo teste de proporcionalidade. Mas o teste é vago, houve bem poucos casos – se algum – desde a II Guerra Mundial no qual um soldado, comandante ou país estivesse convicto de sua violação. Na ausência de orientação por parte dos tribunais, determinar se o exército de Israel falhou no teste da proporcionalidade depende de uma avaliação do número esperado de baixas civis, de quais eram os objetivos militares como um todo, de qual o contexto em que o país estava operando e de como a comunidade internacional tem comparado, em geral, o risco civil em relação aos objetivos militares.
Israel não esperava danos civis; advertiu os civis para que deixassem Qana – e a investigação oficial de Israel concluiu que seu exército atacou com base na “informação de que o prédio não era habitado por civis e que estava sendo usado como esconderijo pelos terroristas.” A lei de guerra reconhece que erros são inevitáveis e não condena soldados que, em boa fé, procuram evitá-los.
O maior objetivo militar de Israel é sobreviver a ataques sofridos por inimigos determinados a aniquilar o país. O líder do Hisbolá, Hassan Nasrallah, afirmou: “Israel ... é uma entidade violenta, ilegal e ilegítima, que não tem futuro ... Seu destino está expresso em nosso lema: ‘Morte a Israel’”. Portanto, Israel se esforça para evitar que o Hisbolá utilize os 10.000 foguetes que ainda lhe restam, e para implementar a Resolução 1.559 do Conselho de Segurança da ONU que determina o desarmamento do Hisbolá.
Entretanto, o Hisbolá e o Irã – que apóia o grupo terrorista com armas, diretrizes e mais de US$ 100 milhões por ano – estão em permanente violação de uma lei internacional. Seus brados pela destruição de Israel violam o acordo internacional contra genocídios, que proíbe “incitamentos diretos e públicos ao genocídio”. O esforço do Irã em desenvolver um arsenal nuclear que possa obliterar Israel ou intimidar sua resposta a futuros ataques do Hisbolá viola o Tratado de Não-Proliferação de Armas Atômicas. O apoio iraniano (e sírio) ao Hisbolá viola a Resolução 1.373 do Conselho de Segurança da ONU, exigindo que os países “abstenham-se de fornecer qualquer tipo de apoio, ativo ou passivo, a entidades ou pessoas envolvidas em atos terroristas”. O Hisbolá deu início ao conflito armado, atirando foguetes contra cidades israelenses e seqüestrando soldados israelenses: atos de guerra não provocados, que violam um fronteira internacionalmente reconhecida.
Israel tem agido em sua auto-defesa e tem evitado a morte de civis, até mesmo avisando antecipadamente por telefone aos ocupantes das casas sobre os ataques que irá efetuar aos esconderijos do Hisbolá. Enquanto o Hisbolá deliberadamente maximiza os danos causados aos civis israelenses e libaneses, Israel coloca seus próprios soldados em risco para minimizar as vítimas civis libanesas.
O currículo de muitos dos mais poderosos acusadores de Israel – incluindo China, Rússia e União Européia – é péssimo no que diz respeito à avaliação de riscos civis em relação a objetivos militares.
A China assassinou centenas de pacifistas durante os protestos na Praça da Paz Celestial em 1989. Ocupou o Tibete durante cinco décadas, tendo massacrado dezenas de milhares de pessoas. E tenciona invadir Taiwan se a ilha declarar sua independência. Os manifestantes da Praça da Paz Celestial, nem do Tibete e nem de Taiwan jamais ameaçaram “varrer a China do mapa.”
A Rússia vem lutando desde 1994 para reprimir a luta da Chechênia por sua independência. Numa população chechena de um milhão de pessoas, cerca de 200.000 foram mortas enquanto a Rússia arrasava a capital Grozny. Os rebeldes chechenos não propuseram a ameaça de “varrer a Rússia do mapa”. Todos os principais países da União Européia participaram ativamente da campanha de bombardeios da OTAN contra a Iugoslávia em 1999, durante 78 dias. O objetivo militar era acabar com a opressão da Iugoslávia sobre a minoria kosovar. As bombas e mísseis da OTAN destruíram pontes, instalações elétricas e uma rede de televisão, matando centenas de civis. A Iugoslávia não impôs qualquer ameaça à existência de nenhum dos paises da União Européia que a atacaram.
Se compararmos à forma como China, Rússia e União Européia lidaram com ameaças não-existenciais a seus paises – e a despeito das condutas ao arrepio da lei por parte do Hisbolá, do Irã e da Síria –, as reações de Israel às constantes ameaças à sua existência têm sido consideravelmente brandas, ao invés de desproporcionalmente violentas.
Orde F. Kittrie é professor de Direito Internacional na Universidade Estadual do Arizona, EUA, e trabalhou no cargo de Conselheiro Legal do Departamento de Estado dos Estados Unidos entre 1993 e 2003.
Escrito por: Orde F. Kittrie - Publicado no "Rule of Law" (A Regra da Lei). Tradução: Gisella Gonçalves
Publicado no site em: 09/08/2006
Outro texto do mesmo site.
A Lei Internacional Permite Matar Civis Libaneses e Proibe Matar Civis Israelenses
O título desse artigo parece ser um absurdo.
Primeiro, porque matar civis e' um crime hediondo. Como e' possivel que a lei internacional permita um crime assim?
Segundo, porque se esse crime é permitido por lei, então como pode ser permitido só a um lado do conflito e proibido ao outro?
A resposta é muito simples.
A Convenção de Genebra (onde estão escrito as leis internacionais sobre guerra), exige que ambos os lados combatentes vistam uniformes militares e construam bases militares fora de centros urbanos onde vivem civis. Assim, no caso de uma guerra, os soldados de um lado atacam as bases militares do outro lado ou se defontram num campo de batalha, sem envolver os civis.
Acredito que até aqui, minha explicação está bem clara e a lei faz sentido. A lei internacional não permite envolver civis em guerra.
Se o Hizbulah ou o Hamas vestissem uniformes militares e construissem bases militares fora dos centros urbanos, fora das aldeias e cidades onde vivem civis, Israel nunca teria matado um só civil e nem teria o direito de fazer isso.
Mas o que a lei internacional permite a um dos lados do conflito fazer, quando os combatentes do outro lado vestem roupas de civis, vivem e atuam militarmente dentro da população civil e guardam seus armamentos dentro de casas e prédios nas aldeias e cidades?
A resposta se encontra na 4a. Convencao de Genebra. Esta Convenção trata do problema dos civis em tempo de guerra. Na Parte 3, Setor 1, Artigos 28 e 29, nos encontramos a resposta a esse problema. Trago aqui o trecho no original pra ninguém dizer que estou inventando leis que não existem:
CONVENTION (IV) RELATIVE TO THE PROTECTION OF CIVILIAN PERSONS IN TIME OF WAR
Signed at Geneva, 12 August 1949
PART III - Status and Treatment of Protected Persons
Section I. Provisions common to the Territories of the Parties to the Conflict and to Occupied Territories
Art. 28. The presence of a protected person may not be used to render certain points or areas immune from military operations.
Art. 29. The Party to the conflict in whose hands protected persons may be, is responsible for the treatment accorded to them by its agents, irrespective of any individual responsibility which may be incurred."
O artigo 28 diz a quem se esconde entre civis (como o Hizbulah e o Hamas) que o fato de eles se esconderem ali, não torna o lugar em uma região imune ao ataque do outro lado do conflito (nesse caso, Israel).
O artigo 29 vai mais longe ainda: ele diz ao Hizbulah e/ou ao governo do Líbano (e, no caso de Gaza, ao Hamas e a Autoridade Palestina) que, se Israel ataca-los lá, onde eles estão e, como consequência disso, morrerem civis, eles é que são os responsáveis pela morte dos civis e não Israel.
Em outras palavras: de acordo com a lei internacional, se o exército de Israel quer atacar terroristas ou bases militares deles, dentro de prédios residenciais, nós não precisamos nem avisar com antecedência (como Israel fez, na verdade, lançando panfletos de aviões, dizendo a população daquele lugar pra sair de lá, pra nao serem atingidos). Israel pode atacar o prédio sem nenhum problema de moralidade ou legalidade. Isso porque, a responsabilidade pela morte dos civis no prédio ou nas redondezas, não cai em cima dos ombros de Israel e sim, sobre os ombros do Hizbulah e do governo do Líbano.
No início desse artigo, escrevi que só Israel tem o direito de matar civis (no Libano ou em Gaza). Eles não tem o direito de matar civis nossos. Isso porque, nosso exército veste uniformes militares e constroi bases militares por fora das cidades. Assim, nenhum árabe pode se explodir num ônibus ou num restaurante ou mandar foguetes contra populacao civil nas cidades, alegando que isso é um ato permitido de guerra. Não é!!! Simplesmente não e'!!! Esses são atos criminosos hediondos, do tipo Genocida (procurem na Internet e leiam com afinco: "The Genocide Convention"; "Crimes Against Humanity" e "The Nuremberg Principles").
Esclarecido esse ponto, só quero dizer mais uma palavra sobre todos esses "Pacifistas" que sempre condenam e gritam contra o lado democrático da guerra (Israel, EUA) e nunca contra o lado da tirania:
(Observação: não existem guerras entre duas democracias. TODAS as guerras sao SEMPRE entre dois ditadores ou entre um ditador e uma democracia).
Em 1942, os "pacifistas" da Inglaterra começaram a gritar contra a entrada desse país na guerra contra o nazismo. O famoso escritor George Orwell ("A revolução dos bichos"; "1984") escreveu que todos os "pacifistas" sao, na verdade pró-facistas porque, quando eles atuam para atrapalhar ou impedir o lado democrático de entrar numa guerra, eles invariavelmente ajudam, quer queiram - quer nao, o lado da tirania. Os "pacifistas" da Inglaterra ficaram atônitos com esse argumento porque não somente era um argumento simples mas também, muito correto.
Então, todos os "pacifistas" brasileiros, preocupados com a morte de civis no Líbano e sem dar a mínima para o assassinato genocida de judeus em Israel, são na verdade, pró-facistas! Eles ajudam o Hizbulah, quer queiram - quer nao! Eles sao a favor de tiranias. E, como TODAS as guerras do mundo sao SEMPRE causadas por tiranias, por líderes não-eleitos democraticamente, o resultado da atitude dos "pacifistas" é que eles se tornam "guerricistas"!!! Está na hora de chamar esses "pacifistas" pelo nome correto a que eles fazem jus.
Escrito por: Moshe Rosenblatt - Médico, Hedera, Israel
Publicado no site em: 09/08/2006
Essa agora é uma análise muito boa de Reinaldo Azevedo
A Mídia Mundial Detesta Israel
Em uma dobradinha política com o Hamas, o Hizbollah, financiado por Síria e pelo Irã, seqüestrou dois soldados israelenses. Israel bombardeia o sul do Líbano, que abriga os terroristas. Civis acabam morrendo. E, claro, a imprensa mundial, incluindo boa parte da brasileira, faz o quê? Censura, de novo, a vítima. Na primeira página da Folha de São Paulo de domingo, há chamada para o texto de um tal Rami G. Khouri que é de estarrecer. Khouri é editor-chefe do jornal Daily Star, de Beirute. O que isso quer dizer? Nada, é claro. Mas parece que o credencia para nos dar lições sobre como entender não apenas o Oriente Médio, mas também a política externa dos EUA.
Sim, o tal Khouri, do influente Daily Star de... Beirute! É um resumo de todos os equívocos, quiçá malandragens, sobre a questão. Para ele, o conflito pode ser dividido num jogo de quatro duplas: Hizbollah-Hamas; governo da Autoridade Nacional Palestina-governo do Líbano; Síria-Irã e Israel-EUA. Das quatro, adivinhem qual é, para o rapaz, a mais intransigente? Não levará um foguete do Hizbollah na testa quem apostou na última. Tentando ser irônico, diz ele que Israel — "que ama a paz" — responsabiliza os governos da ANP e do Líbano pelo conflito. Que absurdo, não?
A ANP é hoje governada por um grupo terrorista. Há homens seus entre os seqüestradores do soldado. O governo do Líbano tolera a presença do Hizbollah em seu território. Ora, dirão: tolera porque é obrigado. Não teria como expulsá-lo. Então que divida o poder com ele e, pois, as dores e as delícias dessa convivência. Se é uma divisão consensual do governo do país, as conseqüências também serão divididas. Ou que vá à guerra.
"Qual é a pauta Hamas e do Hizbollah ? É varrer Israel do mapa"
Khouri refaz todo o roteiro da mitologia antiisraelense, repetida bovinamente por parte da mídia nacional. O fato de a política de segurança de Israel não ter conseguido eliminar o terrorismo seria a prova de que está errada. Ok. Admitamos que esteja. Qual era a alternativa? Negociar. Mas negociar com quem? Com o Hamas? Com o Hizbollah? Qual é a pauta de ambos? Por enquanto, é varrer Israel do mapa, o que não parece uma perspectiva com a qual israelenses devam condescender ou flertar. Negociava-se com o braço legal da Fatah. E pensar que Arafat, com Barak, poderia ter levado 95% do que pedia... A esta altura, os palestinos já teriam conquistado o resto. Não! Quando ele viu que a paz era possível, recuou.
O analista junta o par Hamas-Hizbollah não porque os veja como terroristas, mas porque seriam o abrigo de um povo sofrido e radicalizado, desconfiado da autoridade das suas lideranças moderadas. A lógica perturbada do cretino é a seguinte: eles praticam atentados contra Israel; Israel reage e acaba atingindo civis; isso só fortalece os dois grupos, o que é ruim para todo mundo. Como ele imagina romper este círculo vicioso? Israel leva um foguete na cabeça ou seus cidadãos são assassinados em atos terroristas, mas fica quietinho, à espera do próximo alvo? Em nenhum momento, os dois bandos são chamados pelo que são: "terroristas". Em vez disso, "grupos de resistência".
O outro par, governo do Líbano-governo da ANP, merece um tratamento ridiculamente risível. Vá lá que o Líbano não consiga botar o Hizsbollah para correr, mas que se reconheça que são coisas distintas. O governo da ANP não está seqüestrado por terroristas; ele é um governo terrorista.
Sobre a dupla Síria-Irã, observa o pensador, que são financiadores dos "resistentes" e que travam "batalhas políticas mortais" contra Israel. Se vocês lerem o artigo, no parágrafo em que parece que vai haver, enfim, uma condenação dos dois Estados, quem leva a pior? Os EUA! Diz ele que os americanos nada mais fazem do que reconhecer o direito de Israel à autodefesa — direito, observa, negado aos civis palestinos e libaneses. Quem seriam esses "civis"? Hizbollah e Hamas?
"Chega a ser espantoso que não se deixe claro, com todas as letras, que Israel foi vítima de uma agressão "
Chega a ser espantoso, mesmo para esse padrão de jornalismo, que não se deixe claro, com todas as letras, que Israel foi, nos dois casos, vítima de uma agressão. Chega a ser espantoso que não se lembre que o país fez alguns movimentos importantes rumo à paz: deixou o Líbano (e o Hizbollah saiu dando tiros para o alto, chamando o fato de uma conquista sua); retirou, no muque, seus colonos de Gaza — emitiu, enfim, sinais de entendimento; rompeu a velha dualidade partidária entre trabalhistas e Likud, com a formação de um centro moderado.
E levou em troca o quê? Atentados, seqüestros, foguetes. O artigo do sujeito traz um absurdo lógico repetido ad nauseam por aqui: as reações de Israel só fortalecem os grupos islâmicos radicais. Nem mesmo se conjectura como ou onde poderiam estar os israelenses hoje se não tivessem resistido. A Guerra dos Seis Dias revelou a índole pacífica de seus inimigos...
A Folha de São Paulo dedica depois mais uma página aos "fracassos" do governo Bush, a quem se atribui a responsabilidade pela radicalização do Oriente Médio!. A reportagem diz ouvir "analistas independentes". Todos os independentes, curiosamente, são anti-Bush... Aí já estamos diante de uma salada russa, em que a questão palestina e a ocupação do Iraque são servidos numa mesma cumbuca, como se fossem temas casados. E não são. Se os israelenses migrassem todos para o Pólo Norte, os radicais islâmicos se contentariam em passar o dia tentando descobrir de que lado fica Meca? Tenho a certeza de que, em seguida, tentariam derrubar os governos islâmicos laicos (ainda que ditaduras ou semiditaduras) e depois insuflariam uma intifada entre a população islâmica européia.
"Israel não tem outra saída a não ser atacar. É a sua única defesa "
Israel não tem outra saída a não ser atacar. É a sua única defesa. E, anotem aí: se for necessário, com muito sangue, é certo, vai reocupar Gaza para valer; vai se instalar no sul do Líbano, ampliar a zona de segurança para seus cidadãos. E tem o dever moral de fazê-lo, a exemplo de qualquer Estado atacado por forças hostis. Mais: retomará a política dos assassinatos seletivos de líderes terroristas, o que, claro, escandaliza mais o mundo do que atentados a ônibus que transportam crianças israelenses. Seus pedaços não costumam ganhar as primeiras páginas.
A seriedade de análises como a deste senhor, que pauta um setor da mídia brasileira, se resume na expressão de um outro pensador: "Até onde chegará essa loucura? Porque por trás dessa loucura está o desejo de domínio do império [americano], um desejo que não tem limites e que pode levar o mundo a um Holocausto. D-us nos livre!". Trata-se de Hugo Chavez, um palhaço internacional, disposto a apoiar a aventura nuclear iraniana.
Israel tem, sim, algumas tarefas urgentes: fazer o que estiver a seu alcance para proteger seus cidadãos e, caso os EUA não o façam por qualquer das inúmeras razões que poderiam ser elencadas, impedir que o Irã venha a ter armamento nuclear. A exemplo do que já fez com o Iraque em 1981. "Humanistas", a exemplo do tal Khouri, vão reclamar. A última vez em que "humanistas" dessa natureza pediram calma, Hitler chegou ao poder pelas urnas e depois deu um golpe.
E uma primeira observação final: o Hamas não chegou ao poder na Palestina porque seu povo está em desespero e porque Israel desmoralizou a Fatah, de Arafat. Chegou porque os palestinos reagiram contra um dos governos mais corruptos de que se tem notícia. Se a família de Arafat repatriasse o dinheiro seu que está no exterior, dava para fazer um Fome Zero para os palestinos. E uma segunda observação final: enquanto Israel estava no Líbano, os foguetes do Hizbollah mal passavam a fronteira. Agora, estima-se que já possa chegar a Tel-Aviv. Se o governo do Líbano não fizer nada a não ser choramingar, Israel terá de fazê-lo. E, nesse caso, só sair quando os terroristas tiverem ido todos para o inferno.
Escrito por: Reinaldo Azevedo, do Primeira Leitura
Publicado no site em: 21/07/2006
Hezbollah diz que respeitará fim das hostilidades com Israel
Da France Presse
12/08/2006
12h45-BEIRUTE (Líbano) – O Hezbollah libanês se “compromete a parar com todos os atos hostis” com Israel uma vez que seja negociado um acordo pelas Nações Unidas, anunciou neste sábardo o líder do movimento, Hassan Nasrallah, em discurso transmitido pela TV do partido, a Al Manar.
Ainda hoje, o governo libanês anunciou concordar com a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU na sexta-feira para pôr fim às hostilidades entre Hezbollah e Israel. "A resolução é conveniente ao Líbano", disse o primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora à imprensa pouco antes de uma reunião do governo, que deve se pronunciar sobre o texto aprovado na sexta-feira por unanimidade pelos quinze membros do Conselho de Segurança da ONU. "Se esta resolução demonstra algo, é o apoio que o mundo inteiro vem dando ao Líbano", acrescentou.
Apesar da resolução, Israel triplicou o número de seus militares em ação no Líbano após o lançamento, neste sábado, de uma grande ofensiva terrestre contra o Hezbollah no sul do país, afirmou o chefe do estado-maior israelense, o general Dan Halutz.
O conflito, que dura um mês, já causou a morte de mais de mil israelenses e palestinos.
Da France Presse
12/08/2006
12h45-BEIRUTE (Líbano) – O Hezbollah libanês se “compromete a parar com todos os atos hostis” com Israel uma vez que seja negociado um acordo pelas Nações Unidas, anunciou neste sábardo o líder do movimento, Hassan Nasrallah, em discurso transmitido pela TV do partido, a Al Manar.
Ainda hoje, o governo libanês anunciou concordar com a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU na sexta-feira para pôr fim às hostilidades entre Hezbollah e Israel. "A resolução é conveniente ao Líbano", disse o primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora à imprensa pouco antes de uma reunião do governo, que deve se pronunciar sobre o texto aprovado na sexta-feira por unanimidade pelos quinze membros do Conselho de Segurança da ONU. "Se esta resolução demonstra algo, é o apoio que o mundo inteiro vem dando ao Líbano", acrescentou.
Apesar da resolução, Israel triplicou o número de seus militares em ação no Líbano após o lançamento, neste sábado, de uma grande ofensiva terrestre contra o Hezbollah no sul do país, afirmou o chefe do estado-maior israelense, o general Dan Halutz.
O conflito, que dura um mês, já causou a morte de mais de mil israelenses e palestinos.
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O Hezbollah não tinha outra saída além de negociar o fim das hostilidades. Além da pressão internacional que o grupo receberia, (que, bem ou mal, a mídia dava mais ênfase ás mortes causadas pelas forças israelenses) a continuidade do conflito iria debilitá-lo de maneira muito profunda.
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talharim escreveu:Srs !!!!!!!!!! Parece que essa reunião do CS da ONU foi muito conturbada !
Representação exclusiva do que se passou dentro da reunião :
HUAHUAHAUAHAUAHAUAHAUAHUAHAUAHAUAHAU
Te superaste, Talha véio, essa foi mortal...
Ah, e se alguém por aí num se dá com o tale de inglês, a legenda diz:
'Poderia alguém por favor pedir ao (representante) Francês que pare de se render?'
Editado pela última vez por Túlio em Sáb Ago 12, 2006 5:44 pm, em um total de 1 vez.
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Bem, parece que o conflito já tá no fim. A ONU vai mandar 5000 capacetes azuis (e o Exército Libanes também) para substituir a IDF no sul do Libano...
O Brasil tem que ir! A experiência que iremos ganhar nisso será sem precedentes!
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LEO escreveu:O Hezbollah não tinha outra saída além de negociar o fim das hostilidades. Além da pressão internacional que o grupo receberia, (que, bem ou mal, a mídia dava mais ênfase ás mortes causadas pelas forças israelenses) a continuidade do conflito iria debilitá-lo de maneira muito profunda.
Ué, mas então deu resultado?!
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tulio escreveu:HUAHUAHAUAHAUAHAUAHAUAHUAHAUAHAUAHAU
Te superaste, Talha véio, essa foi mortal...
Ah, e se alguém por aí num se dá com o tale de inglês, a legenda diz:
'Poderia alguém por favor pedir ao (representante) Francês que pare de se render?'
Supra-Sumo!
FENOMENAL...
Agora, aproveito e digo:
"Mais, Talha, Mais..."




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FinkenHeinle escreveu:LEO escreveu:O Hezbollah não tinha outra saída além de negociar o fim das hostilidades. Além da pressão internacional que o grupo receberia, (que, bem ou mal, a mídia dava mais ênfase ás mortes causadas pelas forças israelenses) a continuidade do conflito iria debilitá-lo de maneira muito profunda.
Ué, mas então deu resultado?!
O que tu achas? Que Israel só jogou bombas pra matar civis?
O Hezbollah não agüentaria mais tempo de conflito com Israel, por mais poderoso e influente que seja no Líbano. Não seria eliminado, é claro, mas debilitado fortemente. Mas o conflito acabou antes, então o Hezbollah ainda "vive" e com boa parte de seu poder.
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LEO escreveu:FinkenHeinle escreveu:LEO escreveu:O Hezbollah não tinha outra saída além de negociar o fim das hostilidades. Além da pressão internacional que o grupo receberia, (que, bem ou mal, a mídia dava mais ênfase ás mortes causadas pelas forças israelenses) a continuidade do conflito iria debilitá-lo de maneira muito profunda.
Ué, mas então deu resultado?!
O que tu achas? Que Israel só jogou bombas pra matar civis?
O Hezbollah não agüentaria mais tempo de conflito com Israel, por mais poderoso e influente que seja no Líbano. Não seria eliminado, é claro, mas debilitado fortemente. Mas o conflito acabou antes, então o Hezbollah ainda "vive" e com boa parte de seu poder.
OPS...



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