"Eis a vossa casa", disse Bush ao casal Obama
Cavalheiros na Sala Oval falaram de trabalho. Damas visitaram aposentos
00h31m / ORLANDO CASTRO /
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O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, visitou esta segunda-feira a Casa Branca. Foi, depois da eleição, o primeiro encontro com George W. Bush. Foi um momento marcado sobretudo pelo simbolismo histórico.
Embora informalmente, o momento marca o início do processo de transição de poder. À saída de limusine, com assinaláveis medidas de segurança, Bush e a mulher, Laura, receberam o casal Obama, Barack e Michelle, com sorrisos e apertos de mão. "Eis a vossa casa", disse Bush aludindo ao novo inquilino da Casa Branca, a partir de 20 de Janeiro.
Depois, num visível e declarado ambiente descontraído, o presidente e o seu sucessor seguiram para a famigerada Sala Oval para uma sessão mais séria, para uma reunião de trabalho.
Paralelamente, Laura Bush mostrou a Michelle Obama as partes principais da Casa que, daqui a 70 dias, terá uma primeira dama que também fará história na história dos EUA.
Na agenda, embora ainda com carácter de dignóstico, estiveram os temas mais escaldantes de política dos EUA, ou seja, a crise financeira global e as guerras no Iraque e no Afeganistão,
Durante a campanha, Obama fez repetidos e ferozes ataques às "políticas fracassadas" da Administração de George W. Bush, e chegou a dizer que o presidente republicano teria muito que prestar contas pelos seus oitos anos de governo.
No entanto, os tempos agora são para mudar sem incriminar, pelo que Obama quer pôr em marcha a sua plataforma eleitoral, baseada na mudança (mais visível em relação à economia e à política externa) e não acusar quem o antecedeu.
Obama, segundo os seus assessores, explicou a Bush as linhas gerais do seu programa de governo, informando-o directamente sobre alguns dos decretos que irá revogar, como são os casos relativos à exploração de gás e petróleo.
A visita, embora tenha decorrido em ambiente de cordialidade, foi um claro sinal de que Obama não quer perder tempo. Por regra, ao contrário do que agora se passou, os novos presidentes esperam mais tempo para ir à Casa Branca. Fazem-no quase sempre bem mais perto da tomada de posse.
A presença de Obama na sede do poder, apenas seis dias depois da eleição, mostra o sentido de urgência na transição, a primeira em 40 anos num momento de guerra, e ainda por cima no meio a uma profunda crise económica que começou nos EUA e se espalhou pelo Mundo.