Dall escreveu:Minha visão é de que o AMX não é um F-111, Tornado ou Su-24 em miniatura.
Este tipo de aeronave possui capacidade de seguimento automático de terreno, o que torna seu emprego tático totalmente diferente. Também possuem radares que permitem a atualização automática da sua posição permitindo acertar seus alvos na primeira passagem. (táticas hoje secundárias, mas que eram o estado da arte quando estes aviões foram projetados).
O AMX possui desde sua entrega radar de seguimento do terreno, e também capacidade de navegação inercial para o lançamento de bombas e outros armamentos em modo automático (CCIP e CCLP), de dia e de noite. É totalmente equipado para o ataque rápido a alvos fixos, tarefa dos penetradores.
Outra coisa que aviões como estes citados possuem e o AMX não é pós combustão, que é fundamental para ele ganhar aceleração e altura em algumas situações táticas.
Desde os anos de 1960 que praticamente todo avião de ataque possui pós combustão por este motivo e não apenas para atingir mach-2 como alguns acreditam. Jaguar, Su-22, Mig-27, Migare-5, Kfir, F-111, Su-24, Tornado, são exemplos de aviões de ataque com este conceito e apresentam razões de subida de 2 a 4 vezes maior do que o AMX bem como maior capacidade de aceleração, fundamental em processos de evasão.
É verdade que o AMX tem uma relação peso/empuxo máximo menor, mas embora possa ser útil em algumas circunstâncias esta característica é secundária para aviões pensados como bombardeiros e não como caças. E a grande maioria dos aviões listados acima ou são derivados de caças ou foram projetados como aeronaves multifuncionais (embora algumas tenham se mostrado praticamente inúteis para outras tarefas além de bombardeiros penetradores, como o F-111). O Jaguar sim, é um conceito mais semelhante ao AMX, que tem também características próximas a de um penetrador leve (mas sem capacidade de seguimento de terreno pelo que sei), e tem relação peso vazio/potência máxima com pós-combustão abaixo de 1, como o AMX.
Aviões de ataque sem pós-combustão projetados a partir dos anos de 1960 só nos seguintes casos;
Aviões derivados de treinadores militares como o Hawk ou Impala.
Aviões derivados de projetos antigos como o Super Etendard
(Até mesmo aviões simples como o J-22 contemplavam pós-combustão).
O AMX é um avião que deve ser observado mais dentro de um contexto industrial do que operacional, ele era o avião mais sofisticado que a
Itália (quem idealizou o programa) poderia projetar sozinha ou que a Embraer poderia projetar em conjunto com alguém. Como avião de ataque seu desempenho cinético é similar a projetos dos anos de 1950 como o A-4.
Sobre a sua utilização, o AMX é um avião de ataque leve, empregado em missões de interdição em campo de batalha, apoio aéreo aproximado e reconhecimento tático, funções que o Harrier também desenvolve na RAF.
Aviões como o Su-25 e A-10 são aviões de apoio aéreo aproximado somente e são bons exemplos de como aviões com pequeno desempenho cinético são fortemente dependentes de blindagem para sobreviverem em um cenário com forte presença de meios AA.
O AMX tem blindagem muito fraca para operar sobre campos de batalha moderadamente equipados com AAe. É extremamente vulnerável a sistemas com calibre acima de 25/30mm, o que não acontece com o A-10 e o SU-25. Se for colocado na interdição de um campo de batalha razoavelmente intenso provavelmente terá enormes perdas, mesmo se MANPADS não forem empregados. Sua única chance seria voar muito rápido sobre os alvos, tão rápido que ou o piloto sabe de antemão onde o alvo está, ou não vai sequer vê-lo quando passar por ele. Até pode ser usado para interdição, correndo os riscos, mas apoio aéreo aproximado seria uma função terrível para ele.
Mas concordo com o ponto de que o AMX era o que Brasil e Itália poderiam não só projetar mas comprar à época, e o projeto reflete os compromissos que tiveram que ser feitos dadas as restrições existentes.
Leandro G. Card