sexta-feira, 3 de setembro de 2010
No Rio Grande do Sul violaram sigilo de petistas.Sargento fazia dossiês contra políticos do PT
Um sargento da Polícia Militar (PM) vinculado ao Departamento de Inteligência da Casa Militar do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, foi preso nesta sexta-feira (03) por extorsão contra donos de máquinas caça-níqueis na cidade de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre. O sargento foi preso em casa pela manhã e recolhido ao presídio da PM.
A prisão de César Rodrigues de Carvalho ocorreu numa ação envolvendo a PM e o Ministério Público de Canoas. Segundo o promotor de Justiça Amilcar Macedo, responsável pelas investigações, o sargento acessava dados sigilosos do Sistema Integrado de Segurança Pública mais de mil vezes por semana.
"Era um acesso contumaz e irregular [ilegal]. O objetivo do suspeito era montar bancos de dados que envolviam políticos de vários partidos, provavelmente com fins eleitorais", afirmou o promotor. Macedo disse que o objetivo imediato do sargento era extorquir empresários ligados a jogos de azar na cidade de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre.
Entre os dados sigilosos de políticos gaúchos acessados pelo suspeito estavam informações sobre o senador Paulo Paim (PT), candidato à reeleição, e sobre o ex-ministro da Justiça de Lula e candidato ao governo do Estado, Tarso Genro. O promotor afirmou que Carvalho se apresentava como arrecadador de comitês eleitorais.
Macedo, entretanto, evitou vincular o caso a disputas políticas locais. Segundo o promotor, é muito cedo para afirmar que o dinheiro arrecadado por Carvalho tenha ido parar em algum partido ou comitê de candidato.
O promotor informou que uma testemunha ligada aos jogos de azar denunciou o sargento. Uma ação de busca e apreensão, autorizada pela Justiça, obteve gravações das visitas de Carvalho à testemunha, para receber dinheiro.
"Muitas das coisas [denunciadas pela testemunha] foram comprovadas. Havia imagens do sargento, sempre depois das 22h, semanalmente ou quinzenalmente, em veículos da Casa Militar que fazem a segurança da governadora, discretos. Ele ia lá buscar propina", disse o promotor. Macedo confirmou que outro oficial da PM está sendo investigado por participação no esquema.
A investigação do Ministério Público, iniciada no início do ano, também revelou que uma informação anônima havia denunciado vínculo do sargento com jogos de azar, quando foi transferido para o setor de inteligência da PM, em 2008.
“Eu desconheço os critérios utilizados para a seleção do cargo [do sargento na Casa Militar], mas na época o militar foi selecionado entre 16 ou 17 candidatos”, afirmou o promotor. O cargo de Carvalho integra a equipe de segurança de membros do Palácio Piratini, entre eles a governadora Yeda Crusius.
As investigações dos últimos meses mostraram que o sargento extorquia donos de máquinas caça-níqueis e recebia cerca de R$ 5 mil mensais para dar "proteção" aos contraventores. O promotor disse que há mais pessoas envolvidas no esquema. Além disso, segundo o promotor, as despesas pessoais dele e da mulher eram pagas por terceiros. Macedo disse que ele será denunciado por corrupção pelo Ministério Público.
A senha utilizada para violar os dados no Departamento de Inteligência da PM era a mesma que foi utilizada há dois anos, quando houve quebra de sigilo de dados pessoais de Luiz Fernando Schmidt, candidato do PT à prefeitura de Santa Cruz da Sul em 2008. Na época, uma sindicância da Corregedoria da PM afastou servidores por envolvimento com o caso.
O secretário da Transparência do governo gaúcho, Francisco Luçardo, disse em entrevista à rádio Gaúcha que tomou conhecimento do episódio pela imprensa. O secretário afirmou que os dados sigilosos do Departamento de Inteligência da BM só podem se r acessados "em caso de necessidade", como suspeitas de infrações penais, e classificou a ação como "crime".
"Vamos apurar com rigor. O responsável, ou responsáveis, devem ser punidos na forma da lei", disse o secretário. Segundo ele, houve "licenciosidade" no acesso às informações. Mas Luçardo fez questão de ressalvar que o fato não é privilégio do Rio Grande do Sul. "Estamos vendo isso agora no âmbito federal", disse ele, em referência ao vazamento de informações de personalidades tucanas na Receita Federal.Da uol
Enviar por email Por: Helena™ 3 Comentários
hummmm, onde anda o Tulio cuidado ta chegando por ai