Venezuela alerta perante surto fascista da extrema direita local
Três mortos, 66 pessoas com feridas graves e ao redor de 30 detentos durante manifestações da oposição que terminaram em incidentes violentos
NÃO deixam em paz a Venezuela. Novamente a extrema direita fascista local, financiada e dirigida a partir dos Estados Unidos como reiteradamente denunciou o presidente dessa nação sul-americana Nicolás Maduro, pretende chegar ao poder mediante um golpe de Estado, pela violência, perante a realidade de que o chavismo, primeiro com Hugo Chávez e agora sem ele, ganhou majoritariamente em 18 das 19 eleições realizadas nesse país desde 1999.
A oposição venezuelana, na qual se juntam a oligarquia nacional e os interesses de Washington, não aprendeu a lição com o fracasso da tentativa de golpe de Estado de 11 de abril de 2002, com a qual derrubaram, durante 48 horas, o governo do presidente Hugo Chávez Frías, e o sequestraram; ou a derrota da greve petroleira de dezembro de 2002 e janeiro de 2003, que alguns analistas qualificaram como a maior greve patronal da história latino-americana.
Em ambos os acontecimentos, o chavismo saiu fortalecido, mas não se conseguiu evitar a perda de vidas humanas e vultosos danos materiais e financeiros ao país.
Esse foi o roteiro seguido pelo líder opositor Henrique Capriles Radonski, após perder as eleições presidenciais de 14 de abril do ano passado, quando se negou a reconhecer o triunfo de Nicolás Maduro e usou como carne de canhão, nos protestos antigovernamentais, estudantes das camadas mais altas e privilegiadas, acontecimentos que resultaram no assassinato de 11 simpatizantes chavistas.
O dia 12 de fevereiro de 2014 passará à história como mais uma data infausta para a pátria de Simón Bolívar, ao derivar o Dia da Juventude na Venezuela, que se entendia como uma jornada festiva, em graves fatos de violência com mortos, feridos e inúmeros danos materiais no centro de Caracas, provocados por quadrilhas de opositores muito bem treinadas, coordenadas e ocultas nos protestos de estudantes universitários hostis ao processo bolivariano.
DENÚNCIA DO COMPLÔ
Perante as graves desordens, que usam como pretextos os desabastecimentos e a inflação induzida pela própria oligarquia nacional, numa guerra econômica aberta, o presidente Nicolás Maduro alertou o mundo, na noite da quarta-feira, 12 de fevereiro, e no sábado 15, de que “grupos neofascistas financiados pelos Estados Unidos" planejam derrubar seu governo e instou à solidariedade dos países da América Latina e o Caribe.
Na quarta-feira o chefe de Estado presidiu, nessa jornada, o desfile cívico-militar pelo bicentenário da batalha da Vitória e a inauguração do monumento ao Bicentenário da Vitória, no estado de Aragua, comemorações dedicadas à juventude venezuelana em seu dia.
Ao se referir aos lamentáveis fatos no centro de Caracas, após uma passeata estudantil que chegou à Procuradoria Geral da República, o chefe de Estado assegurou que no país se ativou “um golpe similar” ao de 11 de abril de 2002.
E alertou que quem sair e tentar exercer violência sem licença será detido.
Fez questão em que este plano “estava preparado, precisamente para levar-nos à guerra de cães, colocar nosso povo em guerra, um contra o outro”.
Assegurou que “estão identificados os autores intelectuais” dos fatos violentos da quarta-feira no país, e que não abrirá mão no seu empenho de “fazer justiça e impor a paz”.
Sustentou que os que perpetraram as ações de violência “não são grupos espontâneos, estão treinados (…) estamos seguindo o rasto deles há tempo. Há um grupo fascista que utiliza as liberdades públicas e a democracia para fazer política pública e preparar-se para derrubar o Governo Nacional por vias violentas e não vou permiti-lo”.
Reiterou seu chamamento à paz e pediu aos jovens que fazem vida no país “desvincular-se” dos grupos violentos, pois “então se tornam cúmplices da violência, da morte e terminam por trás das posições violentas”.
“Querem aplicar-nos a mesma fórmula de 11 de abril. O povo diz que para cada 11 temos um 13, mas devemos estar mais ativos do que antes, que nunca mais haja um 11 de abril no país (…) Na Venezuela estamos enfrentando um surto nazi-fascista, e vamos derrotá-lo”, concluiu. E o povo venezuelano fiel ao legado de Chávez saiu às ruas no sábado respaldando o governo bolivariano perante a nova investida contrarrevolucionária.
Também o presidente Maduro repudiou as declarações intervencionistas sobre a situação interna na nação andina do secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, e assegurou que “não permitirá ameaças de nada neste mundo”. Neste sentido, ordenou a expulsão de três diplomatas norte-americanos por conspiração em universidades privadas do país.
Por seu lado, a procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, informou à imprensa que os fatos violentos gerados em todo o país, deixaram até agora um saldo de três mortos e 66 pessoas com ferimentos graves.
Detalhou que das pessoas feridas graves, nove foram em Caracas, 41 em Aragua, 11 em Mérida,1 em Táchira e 4 em Lara, das quais 17 são funcionários militares ou policiais e 49 são civis.
“Três venezuelanos morreram, poderiam ter sido muitos mais… Este fato não ficará impune, investigaremos e determinaremos as responsabilidades daqueles que tenham provocado estas ações. Faremos justiça, confiem nas instituições venezuelanas e nas pessoas que estão à frente”, sentenciou a procuradora-geral. Diversas fontes jornalísticas indicam, também, que houve uns 30 detentos.
E tal como em abril de 2002, uma enorme manobra da mídia internacional, chefiada pelas principais agências de imprensa capitalistas junto ao jornal El Nuevo Herald, de Miami, e o canal televisivo colombiano de notícias NTN24, desenvolveu-se para desqualificar, desinformar, respaldar e pavimentar o golpe contra a Revolução bolivariana, indicativo dos ânimos revanchistas dessa direita continental e mundial, que teve cúmplices dos fascistas venezuelanos a figuras tais como os ex-presidentes Oscar Arias, da Costa Rica, e Álvaro Uribe, da Colômbia, este último diretamente sindicado pelo presidente Maduro.
Quando se aproximavam dois anos de relativa calma, sem eleições no horizonte e com Nicolás Maduro consolidado em sua liderança, após o incontestável triunfo chavista nas eleições municipais de oito de dezembro, a tensão se dispara de novo nas ruas do país.
Henrique Capriles e sua proposta de assaltar o poder através das urnas estão virtualmente liquidados.
A derrota nas eleições municipais de dezembro último, que o próprio Capriles tinha exposto como um plebiscito sobre Maduro, pôs fim a sua etapa como líder incontestável da oposição. Agora irrompeu com força um setor forte, relativamente jovem, partidário do confronto direto com o chavismo nas ruas e profundamente neoliberal em seus projetos políticos e econômicos. Seus rostos mais visíveis são a parlamentar opositora María Corina Machado e Leopoldo López, ex-prefeito de Chacao, contra quem o Ministério Público ditou ordem de captura por uma série de delitos, entre eles “incêndio a prédio público”, “instigação a delinquir”, “lesões graves”, “intimidação pública”, “danos à propriedade pública”, “terrorismo” e “homicídio”.
Após os incidentes, ambos confirmaram que manterão a estratégia de mobilizações de rua e culparam o governo dos assassinatos, se bem não apresentaram nenhuma prova desta afirmação.
Para os analistas esta trilogia (Capriles-López-Machado) encarna o rosto fascista e violento na Venezuela atual e fará tudo o que puder para reverter o processo bolivariano a qualquer custo.
O protagonismo desta ala radical é uma notícia ruim, não apenas para a direita, senão para toda a Venezuela, pois os elementos mais a favor do diálogo, no espectro opositor, estão sendo encurralados por esta facção e está em perigo a normalização democrática que de alguma maneira tinha iniciado a direita, ao assistir a reuniões convocadas pelo presidente Maduro para tratar de temas como a insegurança ou a política municipal.
A Venezuela toda está em alerta, pois o que se dirime no país não é a partilha de poder sob um mesmo sistema, senão as tentativas de derrubada do próprio sistema.
O golpismo latino-americano tira suas contas, após os golpes de Estado em Honduras e no Paraguai e tenta tomar revanche contra a Revolução venezuelana.
http://www.granma.cu/portugues/nossa-am ... zuela.html