Túlio escreveu:FCarvalho escreveu:Eu passei a maior parte da minha infância e adolescência Túlio, debaixo do chuvisco do cinturão do meu paí, e do porrete do regime militar. Na escola, em casa e na rua. E me lembro muito bem que as coisas naqueles tempo eram bem divididas e claras.
Já eu apanhava de chinelo (sandália, aí no Brasil
). E nunca, nem eu nem meu falecido Pai, tomamos porrete dos milicos. Já aquela dicotomia que citas parecia fazer sentido ao meus olhos e ouvidos de criança e adolescente; sinto dizer que hoje não faz mais, há muitos tons de cinza entre o preto e o branco...
Por isso que digo que as coisas não estão nada boas, e caminhando para pior. Quando não conseguimos mais distinguir os tons da cores, meu amigo, é porque a visão já se turvou, e aí...
FCarvalho escreveu:O certo era certo e o errado era errado, e ponto. Quem era esquerda era esquerda, quem era direita era direita, e quem não era porra nenhuma ficava no seu canto, só olhando o trem passar.
Nossas lembranças divergem aqui: quem tinha padrinho estava do lado certo, quem não tinha estava do lado errado, não importava a tendência. Sob este aspecto, o que mudou?
Não muita coisa, infelizmente. O que há de diferente, é que o(s) padrinhos ficaram mais caros...
FCarvalho escreveu:Hoje em dia, virou tudo o mesmo balaio de gatos. Uma verdadeira esculhambação. Política neste país virou de vez sinônimo de canalhice e esperteza. Não importa as cores do partido. E ninguém neste país em sã consciência e que tenha uma mínimo de dignidade e honestidade no seu currículo quer ou tem a intenção de perder seu tempo com esse tipo de coisa, pois é só para criar cabelo branco e ficar à míngua sem conseguir fazer nada ou quase nada fazer, se não "entrar nos esquema", como o povo diz lá em casa.
E ditadura vai mudar isso?
Jamais. Mas não vamos a lugar algum se não nos mexermos meu caro galdério, como no passado. Isto obviamente se soubermos para onde ir. Sabemos?
FCarvalho escreveu:É muito triste, para não dizer lamentável que a minha geração chegasse a esses dias vendo o Brasil se tornar este descalabro e o povo só preocupado com shopping e BBB, bunda, carnaval e a bosta do futebol.
Sempre foi. Esqueças essa viagem de que só porque a gente tinha que saber tudo que é Hino de cor e cantar todos os dias na escola todo mundo era Patriota. Tinha cupincha meu no atual Fundamental que inventava letra zoando o Hino Nacional e os outros, além de músicas que exaltavam o regime vigente. Exemplo?
Não é bem isso Túlio. O que faz falta, e diferença, era o que aprendíamos em casa, e na escola, e até na rua, e se refletia na vida pessoal, profissional e mesmo política, com todas as restrições. Algo que, por exemplo, sempre vejo o pessoal reclamar nas escolas hoje, a falta que faz uma EMC e/ou OSPB da vida... para tentar dar a esta geração de hoje, como de certa maneira deu no passado, um norte, um rumo, uma direção, algo para pensar, e depois cada um decide qual o que lhe serve ou não. Mas não vemos mais isso hoje em lugar algum, nem em casa, nem nas escolas e nem qualquer outro lugar. O que sobrou para nós nos embasarmos senão os restos das próprias convicções, e ilusões, que se tinha 30 anos atrás? Nada. Só o consumismo desenfreado e uma leseira baré reinante contumaz e cada vez mais mesquinha em suas proposições e frivolidades. Patriotismo e civismo nunca foram e continuam não sendo o forte do brasileiro. Mas daí à alienação e à pouca vergonha que se vê hoje em dia em todos os ramos da sociedade, vai uma baita distância. O que será que ficou pelo meio do caminho que nos fez chegar até aqui "sem eira, nem beira e nem esteira..." como diria minha mãe? Não creio que vamos dar resposta para este país se não tivermos algo de concreto para se pensar. Mas pensar neste país ultimamente tem cada vez mais se tornado um artigo de luxo, e mesmo uma atividade execrável, principalmente quando não combina com o stailishiment atual.
FCarvalho escreveu:Que se pode esperar de um país com uma geração que a menos de meio século atrás tava nas ruas gritando, exigindo e dando a cara a tapa por um monte de direitos que não tinha, e agora, jaz inerte e covardemente em seus aptos novos e condomínios fechados com medo de si mesmo e dos próprios filhos.
abs.
Direitos que TINHA sim mas que lhe eram negados. Quem quer voltar para um tempo assim? É como digo aos COMUNAZZZ:
AVANTE, SEMPRE EM FRENTE, RUMO AO PASSADO!
É meu amigo. E assim caminha a nossa (des)humanidade.