É complicado determinar o que passava pela cabeça dos dois líderes.
Tanto Hitler como Estaline (este último mais que o primeiro) eram muito propensos a acreditar em teorias da conspiração. Os alemães conheciam essa característica de Estaline e utilizaram-na com mestria ao dizer que os relatórios sobre a acumulação de tropas alemãs na fronteira eram uma fabricação dos ingleses para forçar a URSS a entrar na guerra.
Por isto, restam-nos dados circunstanciais, e especialmente as memórias dos generais soviéticos que foram deixadas às famílias e divulgadas apenas depois de 1991.
Muitas das informações podem parecer estranhas, porque entram em conflito com o que estávamos habituados a pensar e as pessoas não gostam de mudanças.
Mas a verdade é que se a versão soviética da II guerra mundial publicada em 1962 (dez anos depois da morte de Estaline) for comparada com os dados que foram publicados pouco depois do fim da guerra, ainda com o ditador vivo, também somos levados a achar que as modificações são muitas.
Até 1952, e mesmo alguns anos depois, os russos nem sequer documentavam a resistência aos alemães em 1941, pelo menos até Novembro. Havia demasiados erros a esconder.
Sabemos que Hitler estava obcecado com a Russia, mas também sabemos que ele confidenciou aos seus próximos, ainda em 1940, que se a Alemanha desse muito tempo aos seus inimigos, eles poderiam ficar tão fortes, que a Alemanha seria forçada a passar à defensiva, ficando asfixiada por causa da falta de recursos.
Hitler também confidenciou já em 1941, que não tinha invadido a Russia se soubesse que eles tinham tantos tanques (Hitler foi informado mas não acreditou).
Ou seja:
Em 1941 a Russia já era muito mais poderosa que Hitler pensava.
A guerra na Finlandia em 1939/1940 foi um aviso para Estaline, como o foi a Blitzkrieg em Maio/Junho de 1940 contra a França.
A reestruturação do exército vermelho de 1940, tem em vista modificar as estruturas da força para permitir aos soviéticos utilizar a mesma táctica da guerra relampago, evitando assim cair num atoleiro como foi o caso da Finlandia.
É por isso que se organiza um exército ofensivo, com base numa estrutura de corpo de exército completamente nova: O corpo motorizado.
Com duas divisões de tanques e uma divisão de infantaria motorizada para apoio, estas grandes unidades seriam as pontas de lança do Blitzkrieg russo.
Os planos russos no entanto (pelo que se sabe e pode ser provado) não estava suficientemente avançado para concluir quais eram todos os seus objectivos finais.
Num país como a URSS é impossível encontrar todos os documentos e após o desastre de 1941, o que existisse seguramente teria sido destruido porque seria impraticável.
Mas não se pode afirmar que o plano não existia, apenas porque se conhece apenas uma parte.
Afinal, o plano Barbarossa foi apresentado a Hitler apenas em Novembro de 1940.
Mas leia isto:
http://www.ihr.org/jhr/v18/v18n3p40_Michaels.html
É longo mas interessante
As evidências e os medos alemães estavam de facto a acumular-se. A crise na Jugoslávia e a reação russaajudaram os alemães a desconfiar ainda mais da probabilidade de um ataque.
Aliás, vários generais russos confirmaram que a URSS planeava o que os soviéticos chamavam de «ataque preventivo»
Os alemães em Nuremberga, afirmaram que havia muito material soviético na fronteira. Mas os russos negaram e a coisa ficou por aí. Quem perde a guerra não tem direito a defender o seu ponto de vista.
Hoje porém, sabemos que quem mentia eram os russos.
Neste caso as alegações dos nazistas, suportam a tese, com os dados que posteriormente foram conhecidos após o colapso soviético.
Tudo começa a bater certo.
As dúvidas que quem estudou a guerra do ponto de vista soviético tinha, afinal têm explicação.
E todas as dúvidas, todos os contra-sensos, as falhas nas teorias e explicações soviéticas explicam-se se de facto o plano Burian, estivesse muito mais avançado e não fosse um plano de contra-ataque, mas sim um plano de ataque preventivo.
De entre os testmunhos, destaca-se o do comandante do mais poderoso corpo de exército do exército vermelho, o general Vlassov, que depois se passou para os alemães, tendo sido aprisionado pelos americanos devolvido aos russos e imediatamente fuzilado.
Vlassov responded by saying that the attack was planned for August-September 1941. The Russians had been preparing the attack since the beginning of the year, which took quite a while because of the poor Russian railroad network. Hitler had sized up the situation entirely correctly, and had struck directly into the Russian buildup. This, said Vlassov, is the reason for the tremendous initial German successes.
Vlassov foi riscado da História por ter criado um exército de russos anti-comunistas, com ele, foram riscadas da história as declarações do homem que comandava o mais poderoso corpo de exército do exército vermelho.
As evidências são demasiadas, pura e simplesmente demasiadas, para que continuemos a acreditar nos mitos do passado:
Uma União Soviética boazinha, que só responderia se a Alemanha atacasse.