Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

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Túlio
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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#616 Mensagem por Túlio » Sáb Ago 17, 2019 2:14 pm

cabeça de martelo escreveu: Sáb Ago 17, 2019 11:12 am Pessoal eu posso estar a ver mal a coisa, por isso digam lá onde é que eu errei.

Então havia um país chamado Brasil. Esse país tinha uma enorme área de floresta tropical chamada Floresta Amazónica. Essa dita floresta está ameaçada pelo garimpo ilegal, a atividades pecuárias, soja, etc. A Alemanha, junto da Noruega e a Petrobras financiaram um fundo para promover a protecção de um recurso natural BRASILEIRO. Só a Noruega já investiu 828 milhões de euros nesse fundo e nem quero imaginar o investimento Alemão. Pois bem, antes que digam que o fundo é uma ingerência em assuntos Brasileiros, a ideia partiu do governo Brasileiro durante uma conferência organizada pela ONU acerca da mudanças climáticas, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social do Brasil (BNDES), por isso a possibilidade da Alemanha ou Noruega ter usado esse dinheiro para outros fins (e nisto à muito teoria da conspiração pelo meio, incluindo o roubo do Nóbio, ouro, etc) é nula.

Até aí tudo bem, eles investiram porque quiseram e porque tinham toda uma série de salvaguardas dadas pelo governo Brasileiro. Chega-se agora à imposição do Presidente Bolsonaro e desde o primeiro momento ele mostrou-se pouco ou nada preocupado com a proteção da floresta, num discurso bastante agressivo em que se denotava que estava completamente ao lado dos vários lóbis.

Foi o vosso Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) que informou que a desflorestação da Amazónia Legal brasileira cresceu 88% em junho e 278% em julho, comparativamente com o mesmo período do ano passado. Ao mesmo tempo que esses dados eram dados a conhecer, o vosso Presidente afirmou categoricamente que esses dados estavam errados. Nada disto deixa os investidores descansados.

Então tanto a Noruega como a Alemanha deixaram de investir nesse fundo e o governo Brasileiro pode fazer o que entende. Fica tudo bem… mais ou menos. :roll:
HAMMERHEAD véio, há muitos intere$$es em jogo, daí tanta desinformação. Não estamos a tratar tão mal o vasto e riquíssimo legado que os antigos tugas nos deixaram, como é espalhado em Europa. Lembremos, o cara do INPE sabia que ia ser (e foi) chumbado, ou seja, sabia que ia perder e de fato perdeu o tacho, não tinha nem tem motivo para falar bem, apenas mal. Mas recorramos a uma parte interessante de uma entrevista postada pelo insuspeito @Bourne (insuspeito porque se o chamares de "direitista" ou pior ainda, "Bolsonarista", vai te encher de desaforo a ponto de a Moderação não poder fazer nada, pois de fato reconhecemos que isso é ofensa das grandes para ele :mrgreen: ). O entrevistado também não é nenhum fanboy do atual PR, pois tinha esperanças de um tacho e não levou, mas:
Valor - E quanto ao Fundo Amazônia, o senhor também defende que ele seja mantido?

Blairo Maggi - O Brasil deve reclamar a soberania sobre o ambiente, mas tem como compor com outros países. Acho que o país não precisa do dinheiro do Fundo Amazônia, não resolve nada, só ficamos em posição de débito. Quase nada chega a quem interessa, quem precisa. Tudo vira viagem, estudos, relatórios, congressos. Vá no interior da Amazônia em qualquer município e pergunte se alguém recebeu algum benefício por abrir mão do "progresso" em nome da preservação. Agora, sou defensor de um fundo mundial para repassar uma saúde e educação de qualidade a esses brasileiros da floresta. Um fundo que pudesse fazer com que o dinheiro chegasse na ponta para quem abre mão do desmatamento. As pessoas que estão na beira do Rio Amazonas, por exemplo, não ganham nada.

Valor - Apesar da reação internacional, a bancada ruralista do Congresso anunciou que em breve a Câmara deve pautar o projeto que dispensa licenciamento ambiental para o agronegócio. Isso não pode dificultar mais ainda para a imagem do setor?

Blairo Maggi - O que eu acho é que o governo está com um discurso agressivo, mas não tomou nenhuma atitude até o momento. Até agora não tivemos nada de concreto, de ruim. Não mudou o licenciamento no país, não afrouxou regra nenhuma de fiscalização. No projeto sobre o licenciamento, e eu conheço tudo que está ali, não tem nada que aumente desmatamento, ele dispensa licenciamento para nova estrada. Não tem uma palavra no texto que prejudique o licenciamento ambiental no país.

Valor - E quanto ao desmatamento, que vem aumentando? O agronegócio não tem responsabilidade?

Blairo Maggi - Mais uma vez o agronegócio brasileiro apanha sem nenhuma mudança ter ocorrido de fato. Não mudamos os processos internamente. O governo não deixa de ter razão em algumas coisas e os dados sobre desmatamentos têm algumas incorreções sim, mas o problema é a forma que ele expõe isso. Na época que fui governador, fiz um embate gigante com a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Ela disse que existia um desmatamento gigante em Mato Grosso. Então visitamos todos os pontos de desmatamento apontados pelo governo. Fui ao Palácio do Planalto, reclamei com o Lula [ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva]. Mostramos por satélite que vários desmatamentos alegados na verdade estavam em áreas de rocha, degradadas, fora de propriedade.
Ou seja, e de fuente insuspeita, pode ser demonstrado que uma coisa é o discurso, outra é a prática. Como Ibéricos (origem), tendemos a desprezar esta em função daquele, e este (mau) hábito está entre as raízes de nossos insucessos e tradicional má escolha de governantes e representantes. Aqui e aí somos vítimas de gente que se preocupa com coi$a$ muito mais importantes do que preservar ecossistemas em nome da redução do aquecimento global e da poluição (ou estariam ameaçando China, Japão, Coréia e EUA muito mais do que a nós). Uma rápida olhada:

:arrow: CHINA - É de longe um dos dois maiores poluidores do mundo, dentro do continente mais poluído do mundo. Não há uma só lei, tratado ou protocolo de proteção ambiental que respeitem; de vez em quando até dizem alguma coisa sobre isso mas na verdade estão é a cagar-se para o problema. A maior parte da população das grandes cidades usa máscaras sempre que vai à rua, como podemos ver nos protestos de Hong Kong e imagens de cidades como Shanghai. Cenas de rua nas cidades da Coréia e Japão mostram a mesma coisa. Detalhe: eu via isso na TV já nos anos 70 :shock: .

:arrow: EUA - Neste momento em que posto o POTUS está empurrando uma legislação que impede qualquer tipo de inspeção governamental com fins de aferir e responsabilizar quem quer que seja pelos níveis de emissão de metano¹ (na China nem sabem que isso existe) nas refinarias de petróleo. Outra: o Shale (que a China também produz, aliás, e tem mais gente "limpinha" fazendo isso, inclusive alguns "protestantes") é uma das maiores (senão A MAIOR) catástrofes ambientais que existem, equivale mais ou menos a uma Amazônia inteira queimada por ano, em termos de efeitos nocivos ao meio ambiente (terras aráveis, pastos, lençóis freáticos, Camada de Ozônio, tudo contaminado per secula seculorum, e segue aumentando sem dar sinal de que vai pelo menos estabilizar). So what? Onde estão as notícias do The Ecomunist falando que a UE vai sancionar estes Países por seus "benignos" efeitos sobre o ecossistema do planeta? Ninguém sabe. Ninguém viu. O gato comeu. No entanto
“Previous studies erroneously concluded that biological sources are the cause of the rising methane,” Howarth said. He was able to separate out the source of the increase. The conclusion was clear: “The commercialization of shale gas and oil in the 21st century has dramatically increased global methane emissions.”

https://oilprice.com/Energy/Energy-Gene ... aring.html#
1 - E Europa a reclamar do metano produzido pelas vacas peidando no Brasil... :roll: :roll: :roll: :roll:

Mas Europa não vai se meter com China² e muito menos EUA², uma porque sustenta (junto com os Saud & demais petrotiranias) o cambaleante DAX/GER30 (Bolsa de Frankfurt) e outros índices Europeus, ou seja, se tirar o $$$ de lá a UE inteira se vai à bancarrota; o outro porque deixa Europa indefesa ante os Russos, a quem teme vai saber por quê (repares que sou brazuca, nunca tive um vizinho tão armado assim, então tenho dificuldade em entender o problema).

2 - Andaram depredando Embaixadas do Brasil; quantas dos EUA e China receberam o mesmo tratamento?

A questão se resume aos lamestream media, para variar. Essa gente é muito mas MUITO bem paga para vender-vos a ideia de que o Brasil é que vai acabar com a vida no planeta e não os acima citados. Aliás, notícias como as que mencionei só aparecem em destaque nos informativos específicos para investidores do Mercado e, claro, não em forma de protesto mas de oportunidade de investimento. Por exemplo, a desregulamentação das refinarias indica que se tornarão mais lucrativas (e FODA-SE o meio ambiente), ergo, investir nelas vai render, se o Trump conseguir passar a nova legislação; já se a China começar a impor restrições anti-poluição, melhor tirar o $$$ que se tem lá ou, melhor ainda, operar SHORT porque, com o aumento dos custos operacionais, cai o valor das ações. Leis do Mercado... :wink: 8-]

Mas os verdadeiros donos da Europa precisam dos media porque o Povo precisa se sentir VIRTUOSO, se indignando, lutando e fazendo $acrifício$ pelo que lhe é vendido como JUSTO (ou vão acabar percebendo quem são seus verdadeiros algozes)! E sempre foi mais fácil tentar tocar o horror pra cima do Brasil do que dos EUA ou China. Até a recessão bater à porta, claro. Nós, no pior dos casos, ainda produzimos muita comida, energia "limpa" e até petróleo (chegando de novo a 3M bpd e a produção só não sobe muito mais se, como previsto, o preço despencar), enquanto temos pouca indústria e precisamos comprar de quem tem bastante; já comer avião ou MBT ou todo tipo de produto da indústria pesada ou química é um pouquinho mais difícil (fora o fato de que tu mesmo, como homem afeito ao labor na terra, sabes muito bem que não se improvisa safra ou criação de um dia ou mês para o outro)...




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#617 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Ago 17, 2019 2:55 pm

Agora só posso responder para a semana, mas porra, só pela resposta que terei que dar (e puxar pela cabeça), já valeu a pena!!!




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#618 Mensagem por FCarvalho » Sáb Ago 17, 2019 8:57 pm

Fazia muito tempo que eu não via essa tópico tão animado. Obrigado e parabéns a todos que se dispõe a colocar seus pontos de vista aqui sobre a minha região.
Vocês não fazem ideia do quanto isso é importante para quem vive aqui, e principalmente para o resto do populacho tupiniquim, que ainda acha mais fácil e rápido ir a Miami do que chegar a Manaus.
Gracias señor.

abs




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#619 Mensagem por GIL » Dom Ago 18, 2019 8:05 am

FCarvalho escreveu: Sáb Ago 17, 2019 8:57 pm Fazia muito tempo que eu não via essa tópico tão animado. Obrigado e parabéns a todos que se dispõe a colocar seus pontos de vista aqui sobre a minha região.
Vocês não fazem ideia do quanto isso é importante para quem vive aqui, e principalmente para o resto do populacho tupiniquim, que ainda acha mais fácil e rápido ir a Miami do que chegar a Manaus.
Gracias señor.

abs
Um grande erro que o EB tem (para mim) é a de deixar os conscritos servindo nas suas respectivas regiões, uma boa parte deles deveria de ser deslocados para a região norte.
Será que alguma vez os generais do EB se plantearam fazer algo assim?

Assim o cara ia aprender a ter um verdadeiro amor por essa região, ter um melhor treinamento, melhor alimentação, melhor equipamento, ademais de poder conheçer a Amazonia de verdade.

Medicos e enfermeiros formados com ajuda financeira do estado ou em universidades federais tambem deveriam de passar um tempo servindo ali como civil ou mesmo como militar de forma temporaria nessa região como forma de pagar pelo investimento feito neles.

Essa nova sociedade gosta muito de ter direitos, mais esqueçe dos seus deveres.

EB depois de estruturar a região pra receber essa gente, deveria de fazer um marketing fodastico sobre a honra, a aventura (imagens do cara andando de avião, de lancha, de helicoptero) e o prazer de conheçer e poder servir o teu pais na nossa Amazonia. Isso na pior das hipoteses se não pudesse ser obrigatoria, poderia ser de carater voluntario como passa com o cara que quer ir pra PQD, isso no pior dos casos.




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#620 Mensagem por Rurst » Seg Ago 19, 2019 10:52 pm

Fonte: https://www.skyscrapercity.com/showpost ... ount=69670

Imagem

Imagens de satélite da região amazônica entre 1988 e 2018

Brasil

Imagem


Oeste do Maranhão e Leste do Pará

Imagem


Rio Xingu (Leste do Pará)

Imagem


Belo Monte (centro do Pará)

Imagem


Rondônia

Imagem


Acre

Imagem


Roraima

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Norte do Mato Grosso

Imagem


Santarém (Pará)

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Sudoeste do Mato Grosso

Imagem


Observação: Os dados utilizados nos gráficos são oriundos do sistema Prodes, que faz o monitoramento anual com imagens dos satélites Landsat. Os dados do Prodes são mais precisos que os dados do Deter, outro sistema utilizado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e que faz medições mais frequentes do desmatamento. Veja aqui como funcionam estes diferentes sistemas.

Fonte: Prodes (Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite), do Inpe, e Google Earth Engine.


https://www.nexojornal.com.br/grafico/2019/08/15/30-anos-de-desmatamento-da-Amaz%C3%B4nia-em-mapas-e-gr%C3%A1ficos




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#621 Mensagem por Sterrius » Seg Ago 19, 2019 11:40 pm

essas gifs são ouro puro.




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#622 Mensagem por Túlio » Ter Ago 20, 2019 9:56 am

FATOS e ARGUMENTOS postos juntos de forma harmônica são complicados de combater; assim, tenta-se sofismar com imagens. Infelizmente, também há imagens que corroboram os citados fatos e argumentos. Vejamos abaixo quem realmente polui, especialmente se fizermos uma comparação entre os hemisférios. Notar quanto "movimento" vemos nos EUA, Europa e especialmente Ásia.

Se a Amazônia é o pulmão do mundo (o que já foi cientificamente comprovado que NÃO É, e por "mundo" se referem ao hemisfério norte, claro), por que "o mundo" não para DE FUMAR tanto?


Imagem
Imagem


Mas já que desistiram de debater com argumentos, vamos a mais uma imagem, mostrando QUEM está causando o aquecimento global: serão mesmo os brazucas e suas motosserras?


Imagem


Finalmente, o que uma minoria (felizmente) de brazucas acha ser o NOSSO papel (Amazônia) nessa bagunça causada pelos outros, e ainda se sentem virtuosos por isso:


Imagem




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#623 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Ago 20, 2019 10:56 am

Porra pá, hoje não consigo sequer respirar. PQP mais o trabalho...




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#624 Mensagem por FCarvalho » Ter Ago 20, 2019 11:47 am

Fato 1: O desmatamento na Amazônia legal tem aumento sim, e bastante, mas esse aumento não é igual em toda a região. Como mostrado nas imagens acima, dado que se concentram nos estados onde a exploração da madeira e agropecuária, além da grilagem de terra, tem sido maior, caso do MT, Pará e Rondõnia. Isso é observável por diversas fontes consultáveis pela internet, tanto nacionais como estrangeiras.

Fato 2: A amazônia, sem uma alternativa de políticas sócio-econômicas que provejam sustentabilidade de longo prazo ao modelo atual, chegará a um ponto de não retorno em termos de equilíbrio biológico. Ao contrário do que se pensa, e propaga, a floresta não é lá essas coisas de auto-sustentável e estanque ao resto da bioma mundial. Se ferrarem com o Saara, a gente se ferra aqui, e por aí vai. Está tudo ligado de forma intrínseca.

Fato 3: Não é mais possível o país continuar de costas para nós e continuar se portando como se não existíssemos, ou apenas quando aparecemos nos jornais com o velho axioma da conservação da natureza. Sem resolver os problemas reais e concretos dos brasileiros que moram e vivem aqui, coisa de umas 5 a 8 milhões de almas, nenhuma solução para a floresta será perene, justa e economicamente aplicável.

Fato 4: Se vamos fazer alguma coisa pela Amazônia legal, e destaco isso porque essa é a parte dela que nos cabe realmente, tem que se fazer agora e não no próximo mandato ou quando o substituto vier. Esse tipo de justificativa para não fazer nada já tem mais de 50 anos. E os problema aqui continuam os mesmos de sempre. E sem solução a vista.

Fato 5: A floresta só nos serve em pé, sob todos os aspectos. Deitada ela é inútil para quem vive aqui, e mais ainda para o sul/sudeste do país. Em termos mundiais ela é importante, mas não tanto quanto se diz. Mas isso não tira dela a importância que tem. Como disse acima, vivemos em um bioma frágil e que uma vez desequilibrado, não volta mais atrás. A natureza irá procurar meios de se ajustar. E querendo ou não, nós teremos que nos ajustar a ela, e não o contrário. Aliás, a floresta existe a coisa de pouco mais de 80 mil anos. Então, ela é muito nova em termos históricos e biológicos. Tudo aqui está em constante mudança. E ela não terminaram, e nem vão tão cedo.

Fato 6: Não custa lembrar: o poder é inimigo do vazio. O que estamos fazendo de fato sobre isso?

Fato 7: Mais de 80% da floresta ainda está preservada por força de sua inacessibilidade por terra. Então, economia, sociedade, política e preservação ambiental tem de obrigatoriamente encontrar um modo de coexistir com a floresta. Sem isso, um problema que aparentemente é apenas nosso, pode se tornar algo com efeitos danosos para todos. E todo mundo aqui entende as eventuais consequências disso. Não esperem que o mundo vá ficar nos olhando destruir algo que em termos do politicamente correto mundo afora é considerado um ativo valioso demais. Mas essa também é uma questão que só se resolve com muita e efetiva diplomacia lá fora, e educação aqui dentro.

Fato 8: As atividades de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico na e para a região estão comendo o pão que o diabo amassou faz muitos anos, fruto do que tenho insistido aqui: o Brasil vive de costas para a Amazõnia assim como o faz em relação ao Atlântico. Essas duas amazônias são literalmente ignoradas e subestimadas não apenas pelo poder público - o maior responsável - como pela própria sociedade. Não adianta o pessoal aqui ficar berrando e reclamando do que nos acusam lá fora se nós mesmos não fazemos o nosso dever de casa aqui. Sem pesquisa e desenvolvimento nestas duas áreas estamos fadados a sermos periferia do mundo pela eternidade. E todo mundo sabe o que acontece quando o "mundo livre" acha de colocar ordem na periferia quando ela começa a incomodar demais.

Fato 9: Em matéria de defesa, nós estamos mais do que atrasados em relação ao que se faz e que deveria ser feito. Os planos do EB para a ocupação dos espaços vazios aqui nunca se deu na íntegra, e diariamente vemos atestados do quanto isso é perigoso para nós no longo prazo. Deveriam existir aqui 8 a 9 brigadas. Em tese, isso significa de 24 a 27 BIS e toda a infraestrutura de apoio a estes contidos nas respectivas brigadas. Pois bem, tudo isso não passa de letra morta, seja porque o EB não consegue implementar tais mudanças, seja porque encontra dificuldades hoje até mesmo de conseguir gente que queira servir aqui dentro da própria instituição. Não sem resistência. Ou seja, o Calha Norte é uma lástima, o SIVAM tem suas atividades objetadas ao longo do tempo, a MB não possui sequer mecanismos materiais e humanos para manter presença efetiva na região. Enfim, os ógãos civis que deveriam estar aqui junto com as ffaa's desenvolvendo um processo de integração real e efetivo jamais vieram, e os que estão, pouco ou nada fazem.

Fato 10: Até que os brasileiros que vivem de Brasília para baixo continuem achando que a Amazônia legal é mais longe do que ir a Miami, Paris ou Nova Iorque, nunca estaremos livre da sombra de pressões internacionais. Somos um país grande de mais por natureza, e isso tem seus prós e contras. Um dos contras que mais trabalha contra nós é o fato de que os próprios brasileiros são os primeiros a não querer exercer de fato sua soberania pela região. Aliás, tirando o fato de que brasileiro só lembra desse pequeno detalhe em sua vida no 7 de Setembro e em jogo da seleção, o resto acho que é possível consertar com investimento massivo em educação de qualidade para todos. Deve levar uns 50 anos pelo menos para arrumar tudo, mas, enfim, se começarmos agora talvez antes do fim deste século consigamos justificar concretamente de que somos plenamente capazes de guardar e proteger o que a história nos legou. Do contrário, melhor devolver tudo para os índios e cada um vai para a sua maloca e espera pelo fim do mundo.

abs.




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#625 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Ago 20, 2019 11:53 am

Boas Túlio, cá vai a minha resposta à tua resposta.

Segundo tu dizes e com fontes, o dito senhor sabia que ia levar um pontapé na bunda e por isso começou a disparar para todo o lado. Esse fenómeno não é algo estranho e todos sabemos de outras ocasiões onde isso aconteceu.

Dito isto, é preocupante quando o Instituto responsável pelo acompanhamento do desmatamento diz uma coisa e o governo do dito país diz outra. Ainda por cima, o Presidente desse mesmo país faz questão de ser “ruidoso” nestas questões e diz categoricamente que nem está aí para o desmatamento. Para qualquer um que está de fora a mensagem que fica é o governo Brasileiro vai deixar de proteger a Amazónia, o desmatamento está em pleno progresso e há um fundo de protecção financiado por dois países Europeus que deixa de fazer sentido.

Dito isto, fui à procura do relatório de actividades de 2018 do Fundo Amazónia e eis o link:
http://www.fundoamazonia.gov.br/export/ ... 8_port.pdf

Como podes ver até 2018 não tinha ocorrido nenhum descalabro nestas questões, a questão são o que está a ocorrer em 2019.

Se fores ver este outro link, em 2019 estava programado ainda mais projectos e financiamento:
http://www.fundoamazonia.gov.br/export/ ... azonia.pdf

Ou seja, SE o vosso Presidente fosse menos dado a bate boca, tivesse pensamento mais estratégico e tentasse levar a sua à vante, MAS de uma forma mais pragmática, se calhar este verdadeiro ostracismo internacional ao vosso governo não teria acontecido.

Não tenhas dúvidas, isto será mau para o Brasil, não por causa do dinheiro perdido do Fundo (que vocês tanto precisam), não os projetos que agora perderam o financiamento, não porque poderão perder o mercado Europeu, mas tudo acima. Ainda por cima a recuperação/salvação perante a opinião pública mundial levará muitos anos a acontecer.


:arrow: CHINA - É de longe um dos dois maiores poluidores do mundo, dentro do continente mais poluído do mundo. Não há uma só lei, tratado ou protocolo de proteção ambiental que respeitem; de vez em quando até dizem alguma coisa sobre isso mas na verdade estão é a cagar-se para o problema. A maior parte da população das grandes cidades usa máscaras sempre que vai à rua, como podemos ver nos protestos de Hong Kong e imagens de cidades como Shanghai. Cenas de rua nas cidades da Coréia e Japão mostram a mesma coisa. Detalhe: eu via isso na TV já nos anos 70 :shock: .
A China é a fábrica do mundo, como tal o desenvolvimento que aconteceu desde os anos 80 tiveram graves consequências para tanto o meio ambiente, como para a população Chinesa. Dito isto a China é o país que mais aposta nas energias renováveis!

Imagem
Para além disso o governo Chinês tem um programa de combate à desertificação excecional.

https://www.france24.com/en/20180130-fo ... e-refugees



O Japão também feito pela vida:
https://phys.org/news/2015-12-lessons-japan-smog.html

A sensação que penso que a maior parte dos Europeus tem do que tem acontecido nos últimos anos é que desde a eleição do Trump, há toda uma série de candidatos que nunca teriam hipótese de subir ao poder, de repente tornaram-se em candidatos fortes. Tu tens o caso do vosso Presidente, tu tens o Brexit e o seu filhote político, o Boris Johnson, etc.
Se pensas que o comum Europeu vê isto de ânimo leve, esquece lá isso. Há uma sensação quase claustrofóbica da EU estar a ser encurralada por governos populistas, nacionalistas e negacionistas climáticos.

Para nós em Portugal, se a Amazónia tem mais ou menos área não nos afecta directamente (excepto aos ambientalistas), o que nos afecta directamente é esta nova vaga de emigrantes Brasileiros que veio nos últimos anos. Como tal o que mais quero é que a economia Brasileira vá de vento em popa e que o país volte a ter esperança de melhores tempos.
1 - E Europa a reclamar do metano produzido pelas vacas peidando no Brasil... :roll: :roll: :roll: :roll:
Lembro-me de ter visto à muitos anos uma reportagem sobre os Holandeses no Alentejo e segundo um proprietário rural, uma das razões porque tinha vindo para Portugal era as terras baratas e o facto de não haver limitações no número de gado devido às emissões de metano. Assim sendo é possível dizer que há países onde esse problema é levado muito a sério.
Mas Europa não vai se meter com China² e muito menos EUA², uma porque sustenta (junto com os Saud & demais petrotiranias) o cambaleante DAX/GER30 (Bolsa de Frankfurt) e outros índices Europeus, ou seja, se tirar o $$$ de lá a UE inteira se vai à bancarrota; o outro porque deixa Europa indefesa ante os Russos, a quem teme vai saber por quê (repares que sou brazuca, nunca tive um vizinho tão armado assim, então tenho dificuldade em entender o problema).
A UE não vai meter-se com a China, mas está a tentar limitar as aquisições e influência da mesma na UE.
A UE está cada vez mais afastada e agastada com o Trump e devem haver muito boa pessoa a redescobrir “Jesus” e a rezar para que os Democratas ganhem. As diferenças são tantas que só o “perigo Russo” mantém a OTAN de pé. Neste caso é ele que diz uma coisa e faz outra. Já que os contingentes Norte-Americanos foram e muito reforçados na Europa.
2 - Andaram depredando Embaixadas do Brasil; quantas dos EUA e China receberam o mesmo tratamento?
Tu sabes perfeitamente que o cidadão comum não faz isso, quem faz isso são o pessoal de extrema-esquerda travestido de ecologista (são cada vez mais). Vens a Portugal ou Espanha e o que não falta em dia de touradas são manifestações contra as mesmas. No entanto vais à Praça de Touros e as mesmas estão sempre cheias.
A questão se resume aos lamestream media, para variar. Essa gente é muito mas MUITO bem paga para vender-vos a ideia de que o Brasil é que vai acabar com a vida no planeta e não os acima citados. Aliás, notícias como as que mencionei só aparecem em destaque nos informativos específicos para investidores do Mercado e, claro, não em forma de protesto mas de oportunidade de investimento. Por exemplo, a desregulamentação das refinarias indica que se tornarão mais lucrativas (e FODA-SE o meio ambiente), ergo, investir nelas vai render, se o Trump conseguir passar a nova legislação; já se a China começar a impor restrições anti-poluição, melhor tirar o $$$ que se tem lá ou, melhor ainda, operar SHORT porque, com o aumento dos custos operacionais, cai o valor das ações. Leis do Mercado... :wink: 8-]
Na prática o cidadão comum (Europeu) não gosta do Trump/Bolsonaro/Salvini/Boris/…, por razões politicas. A EU é o oposto do que eles defendem e como tal são “personas non gratas” por cá.
Mas os verdadeiros donos da Europa precisam dos media porque o Povo precisa se sentir VIRTUOSO, se indignando, lutando e fazendo $acrifício$ pelo que lhe é vendido como JUSTO (ou vão acabar percebendo quem são seus verdadeiros algozes)! E sempre foi mais fácil tentar tocar o horror pra cima do Brasil do que dos EUA ou China. Até a recessão bater à porta, claro. Nós, no pior dos casos, ainda produzimos muita comida, energia "limpa" e até petróleo (chegando de novo a 3M bpd e a produção só não sobe muito mais se, como previsto, o preço despencar), enquanto temos pouca indústria e precisamos comprar de quem tem bastante; já comer avião ou MBT ou todo tipo de produto da indústria pesada ou química é um pouquinho mais difícil (fora o fato de que tu mesmo, como homem afeito ao labor na terra, sabes muito bem que não se improvisa safra ou criação de um dia ou mês para o outro)...[/Justificar]
Sim Túlio, a EU não tem qualquer produção agrícola, ia tudo morrer à fome. :roll:

Neste momento devido à elevada densidade populacional e à especialização da agricultura, é difícil um país produzir tudo o que precisa. Mas duvido que em toda a EU não se consiga produzir o suficiente. Sim há muito produto importado, mas também há muita coisa exportada.

Vê o caso de Portugal, país que fez tudo errado em 75, com nacionalizações/expropriações das maiores quintas agrícolas no sul do país. Depois fizemos tudo errado nos anos 80/90 com os fundos europeus e mesmo assim, as principais culturas para a industria quase que duplicaram de quantidade, os principais frutos frescos também aumentaram. Atenção, há uma total especialização da agricultura na EU, por isso Portugal praticamente não produz cereais.

Porquê?

Porque o mercado é integrado e comporta-se como um todo e não por realidades nacionais. Eu em minha casa tenho batata francesa, fruta Portuguesa e Espanhola, molhos Italianos, Polpa de tomate Portuguesa, vinho Português, azeite Português e Espanhol, carne Portuguesa…

76% das exportações de Portugal destinaram-se a outros países da EU e vice-versa!

Eis a imagem que se vê hoje, dia 20 de Agosto do Brasil:

Imagem
O Inmet diz que São Paulo está “dentro de uma nuvem”, resultado do encontro de uma frente fria com o fumo provocado pelos incêndios florestais na Amazónia

É isto que fica na memória.




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#626 Mensagem por Túlio » Ter Ago 20, 2019 2:15 pm

Amigos, estou com pouco tempo, assim, tentarei ser BEM sucinto, espero que compreendam. Assim:

@FCarvalho - Muito do que dizes ser fato na verdade é argumento. Para ser bem sintético, basta consultares um mapa hidrográfico do Saara e outro da Amazônia. É fato que água (doce, claro) é vida e é igualmente fato que só um dos dois tem bastante dela. E a floresta, havendo água - mesmo contaminada - se cura SIM, senão vejamos o que tinha sobrado de Serra Pelada quando o então PR Collor acabou com o garimpo:

Imagem

Poucas décadas depois:

Imagem

Notar que, após uma pilantragem feita por CANADENSES ("limpinhos", claro) na década passada (não vou mencionar PR porque acabou o Notícias Políticas), a Vale assumiu e agora garimpa ferro mas apenas nos subterrâneos.

Mesmo sem perceber, estás defendendo a agenda de quem adoraria tirar todo mundo daí, tu inclusive, e deixar só os índios. E isso me lembra de uma reportagem a que assisti muitos anos atrás, quando ainda via TV, na qual um "cacique" desce de uma Pajero novinha em uma estrada de terra na aldeia, vestido com roupa de grife e, no meio da entrevista, saca um celular daqueles via satélite e passa a falar INGLÊS com alguém do outro lado, que ele declara ser o Príncipe Charles, notório "defensor" da Amazônia. Na mão de gente assim tenho certeza de que o ecossistema será preservado e com ele nossa Soberania, seja com 8/9 ou 80/90 Brigadas de Selva. Boa sorte com isso.

------------------------------------------------------------------------------------


@cabeça de martelo - Tenho a mais absoluta certeza de que a UE sozinha podeRIA alimentar todo o resto da Europa e a si mesma só com o que produzIRIA (tanto que precisa pagar subsídios a seus agricultores para que NÃO produzam); a josta é achar a quem vender seus imensos excedentes industriais, pois quem deixa de vender não tem dinheiro nem vontade de comprar. Pior, quem vende carne e grão para poder comprar sabonete e carro vai continuar produzindo carne e grão mas, depois de passar um tempo sem sabonete nem carro, vai aprender a fazer carro e sabonete em casa e será aquele cliente que se vai e não volta nunca mais (com o tempo acaba é virando concorrente :twisted: ). Ademais, vou repetir: dá para alimentar a UE inteira só com produtos feitos nela, de hoje para amanhã?

De qualquer modo, e no meu entendimento, Europa, EUA e Ásia (com China e tudo), além dos Árabes, deveriam de abster imediatamente da compra de qualquer produto agropecuário e minérios do Brasil que fossem provenientes sequer das redondezas da Amazônia. É o mesmo caso da droga, se não há mercado, não há produção. O (até os anos 60) Green Hell, hoje Rainforest, agradeceria imensamente, pois quem iria querer derrubar árvore sem ter a quem vender? E nem precisaria ser para sempre, em uma geração a floresta (ver as fotos que botei pro Carvalho véio) já estaria quase igual à que existia nos tempos do Descobrimento. Repito, havendo abundância de água (doce), o ecossistema se recupera sozinho, quanto menos interferência humana melhor.

China e reflorestamento é piada, para um hectare de replantio tem uma fábrica ou operação de Shale poluindo mil vezes ou mais o que aquela floresta poderia ajudar na reconstrução do ecossistema; energias "limpas" idem, a ÚNICA perene e que não causa maiores problemas ambientais (mas tem que construir a usina, minerar o urânio, refiná-lo, transportá-lo e tudo isso gera bastante poluição) é a nuclear. As mais chiques e cool são as SAZONAIS, ou seja, não se pode contar com elas sempre (a menos que conheças algum lugar onde vente forte ou faça sol 24 hs por dia, todos os dias, ou que chova regularmente, sem nunca ter uma seca sequer) e notes que vejo isso não com enfoque político-ideológico (isso inclui os ecoxiitas) ou mesmo nacionalista, apenas do mesmo jeito que o Mercado. Por exemplo, o quanto cresceu aquela usina que extrai energia das ondas, sobre a qual publicaste um belo texto tempos atrás, já produz quanto % da energia usada em Portugal ou mesmo na UE? Pois é um excelente exemplo de algo que está ali, pode ser explorado mas é economicamente proibitivo, pois não gera o suficiente nem para pagar os custos elevadíssimos de instalação, manutenção e transmissão. E não é só aí, o UK tentou também e largou de mão.

Uma coisa que é feita até no Brasil é seguir a doutrina Green First, pela qual as energias renováveis (leia-se sazonais, tipo hidrelétricas, eólicas e futuramente solares) entram primeiro no sistema (ou seja, são vendidas primeiro), complementadas pela nuclear; só quando se exaurem (parou o vento, nublou ou caiu a noite, deu seca e baixou o nível das barragens) é que entram as "sujas" (carvão, gás natural e petróleo), pois a nuclear que temos (e é um parto de bezerro de três cabeças construir uma no Brasil) não segura as pontas sozinha. E já está um berreiro nos EUA, porque este modelo faz com que a energia fique mais cara para o consumidor, tanto doméstico quanto empresarial. No caso deste, influi nos custos e, por extensão, na produtividade, que leva a uma perda de competitividade; no daquele, reduz o poder de compra dos salários, com os conhecidos e nada bondosos efeitos nas empresas, pois pessoas que gastam mais com energia irão ter menos dinheiro para comprar o que é produzido pelas empresas.

Por fim, não posso deixar de comentar aquela foto que puseste: sério que a SEGUNDA metrópole mais poluída da América Latina (a "campeã" é a Cidade do México) precisa que fumaça de uma queimada em uma região a milhares de km de distância viaje tão longe para ser o que é? Tens fotos do trajeto? Porque se chegou tão longe e ainda assim concentrada, gostaria de ver o que sobrou das cidades que ficaram no caminho, deve ter sido uma HECATOMBE... :lol: :lol: :lol: :lol:


EDIT - Estou lendo o primeiro PDF e não tem como não notar inconsistências, especialmente na maneira como são utilizadas as "doações". Tentando esclarecer, fui ao Google e olhes só o que achei, ainda antes de Noruega e Alemanha abrirem o berreiro; uns excertos:
(...)os principais problemas são inconsistências nas prestações de contas, altas despesas administrativas e gastos excessivos com folha de pagamento.
"Há uma desconexão na escolha desses diferentes projetos, há montantes muito altos com gastos administrativos e destinações muito pequenas para atividades-fim", afirmou Salles. De acordo com ele, foram analisados contratos de organizações não governamentais (ONGs) e órgãos públicos ambientais.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/n ... o-amazonia

Foi bem o que notei, ainda antes da centésima das 243 páginas. Há viagens e reuniões demais, em lugares chiques - e caros - demais, estudos e relatórios demais, elaborados por gente bem paga demais e envolvimento de funcionários públicos (dos escalões intermediários aos mais altos, como deputados e até governadores) demais, sugerindo inclusive (repito, vê-se no PDF) o "aparelhamento" de repartições inteiras por potências estrangeiras. O próprio PDF é uma prova disso, claramente não é obra de uma pessoa só ou mesmo um só grupo, chega a lembrar aquela "organização de caridade" da Claire Underwood, onde todos os bondosos funcionários se sentem muito bem por estarem "salvando" o meio-ambiente mas sobretudo se interessam por seus polpudos ordenados.

Essa limpeza toda não me cheira nada bem...




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#627 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Ago 21, 2019 12:41 pm

@Túlio, de hoje para amanhã era quase de certeza impossível, já que os países excedentes de produtos agrícolas não são assim tantos (ex.: Portugal é deficitário em muita coisa). De qualquer maneira tenho as minhas dúvidas que isso fosse acontecer, nem mesmo na ocorrência de uma Guerra Mundial.

O segundo paragrafo tem em si muita verdade. Sim, sem procura não haveria oferta, mas sem oferta também não haveria essa procura pelo produto X ou Y.

Sim é verdade que a China é um país onde a poluição de TODOS os tipos é um sério problema. Tanto é um problema que eles tornaram-se no maior investidor de energias renováveis. Essas ditas energias renováveis são um bom investimento por duas razões; uma é pura politiquice (olhem para mim que sou tão verde), outra por razões de ordem prática. Sim, é possível reduzir de uma forma significativa o consumo de electricidade e as emissões poluentes com as energias renováveis.

Vê o caso do meu apartamento, onde eu tinha painéis solares para AQS. Eu passava meses sem ligar o esquentador ventilado a gás natural. Vê o caso da minha prima que na sua moradia tem tubos a vácuo para AQS com resistência eléctrica como apoio. Na prática aquilo só não aquece de noite, mas como o depósito é isolado, a temperatura aguenta-se de um dia para o outro.

Vê o caso português:

https://www.apren.pt/pt/energias-renovaveis/producao

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/d ... renovaveis

O Brasil podia ter muito mais parques de painéis FV para a produção de electricidade, o vosso governo podia dar apoios à aquisição de painéis para AQS ou painéis FV para a produção de electricidade tanto na forma de venda directa à companhia de electricidade, como em autos-subsistência.

Isso funciona!

Tenho um conhecido que tem uma moradia com bomba de calor para AQS, como painéis FV para reduzir as contas de electricidade ao final do mês. Ele vai recuperar o investimento feito em 7 anos e depois é sempre a lucrar.

Túlio em relação à fotografia de SP, não peças informação a quem está do outro lado do oceano, pede ao vosso Instituto Nacional de Meteorologia, já que foi esse organismo que divulgou essa informação.

Dito isto, vê o que se lê por cá:

https://expresso.pt/internacional/2019- ... como-nunca


Qualquer Fundo/organização não está acima de suspeita, não sou eu que vou defender que estava a gerir o dito fundo, mas volto a repetir, o fundo foi ideia do vosso governo, gerido por uma entidade brasileira e as única contrapartidas que eu conheço por parte dos Noruegueses e Alemães era a proteção real por parte do governo Brasileiro da Amazónia.

O que empresas privadas fazem na Amazónia é um assunto que só mesmo as entidades governamentais e a Justiça Brasileira podem verificar e punir em caso de prevaricação, sejam essas companhias Brasileiras, Alemãs ou Chinesas.




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#628 Mensagem por Túlio » Qua Ago 21, 2019 2:55 pm

Nobre @cabeça de martelo, em energia solar as vastas diferenças entre Brasil e Europa se tornam dolorosamente evidentes: aqui pouca necessidade há em termos de aquecimento, dados os invernos amenos (claro, Paulista entra em coma se a temperatura desce aos 11ºC e a Bahia declara calamidade pública no mesmo caso; já o Amazonas ficaria despovoado em uma semana, até os índios dariam no pé :mrgreen: ), o que precisamos é ELETRICIDADE! E, em outro tópico, já faz tempo, numa discussão que levantei e na qual estavas entre os debatedores, junto com o @LeandroGCard, fui pesquisar (pois, como dito à época, eu estava interessado em instalar painéis solares aqui em casa), a nossa legislação torna o custo-benefício tão desfavorável que, na prática, o empreendimento não se pagaria NUNCA! Senão vejamos:

:arrow: Mesmo que eu produza TODA a energia que for utilizar, ou seja, não recebendo um só W da rede, teria que pagar igual à distribuidora o chamado "consumo mínimo", coisa que duvido que exista em Europa mas aqui sim;

:arrow: Caso eu tenha excedentes de energia, a distribuidora os comprará de mim mas a um preço muito mas MUITO menor do que me cobra pela energia dela que NÃO utilizo;

:arrow: Mas fica PIOR: se eu fizer esta opção, terão de ser feitas modificações, como o contador, aterramento e fiação: adivinhes às custas de QUEM!

:arrow: Por fim, a cereja do bolo: se eu quiser ser totalmente independente da rede e seus "apagões", vou precisar de baterias, que custam os olhos da cara e duram poucos anos. No que tiver de trocar por novas, as velhas ainda vão estar longe de se terem pago (na época isso foi enfatizado pelo Leandro véio); os próprios e caríssimos painéis fotovoltaicos se degradam e têm de ser substituídos também, embora com um prazo maior (exceto no caso de ocorrência de granizo, onde é PT).

Em suma, energia solar residencial aqui é coisa de quem não precisa economizar na conta, apenas uma questão de status e algo para conversar (na verdade se gabar) com os vizinhos e amigos.


Isso posto, lembro-te que apenas a extração e processamento do Shale (oil and gas), em uma só planta (e existem montes delas, especialmente na China e EUA, fora as que estão nos estágios iniciais, como Vaca Muerta na Argentina, e as em desenvolvimento ou projeto, como a da Norueguesa STATOIL - que já produz nos EUA e quer levar sua expertise à Europa - e da EXXONMOBIL na Alemanha, onde adquiriu há alguns anos direitos sobre um território mais ou menos equivalente a 1/30 de Portugal, ou seja, maior do que o Distrito de Lisboa inteiro; ironicamente, quem mais atrapalha o Shale em territórios de Europa é A RÚSSIA, e não por ser boazinha mas pela concorrência que isso faria a seus próprios projetos non-shale, e que gasta fortunas com grupos ecoxiitas Europeus para criar obstáculos, obtendo sucesso em alguns Países-chave mas em outros, como Polônia, Romênia e Suécia* parece que a coisa vai para o torto), contamina milhares de km² de terra, comprometendo o ecossistema por períodos que vão além da vida que resta a qualquer um de nós, além de, quando (nem é SE) atinge o lençol freático, leva esta contaminação para milhares de km de distância, chegando até ao oceano, este sim, o pulmão da terra.


* - Curiosamente, a empresa que explora Shale na Suécia se chama GRIPEN Gas. :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:




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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#629 Mensagem por Rurst » Qua Ago 21, 2019 6:59 pm





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Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça

#630 Mensagem por Brasileiro » Qui Ago 22, 2019 12:22 am

Túlio, sou obrigado a fazer algumas correções importantes. Trabalho e pesquiso na área de energia e acho que isso precisa ficar esclarecido. Então vou fazer questão de deixar bem separado o que é fato e o que é a minha opinião, ok? Vamos lá:
Túlio escreveu: :arrow: Mesmo que eu produza TODA a energia que for utilizar, ou seja, não recebendo um só W da rede, teria que pagar igual à distribuidora o chamado "consumo mínimo", coisa que duvido que exista em Europa mas aqui sim;

:arrow: Caso eu tenha excedentes de energia, a distribuidora os comprará de mim mas a um preço muito mas MUITO menor do que me cobra pela energia dela que NÃO utilizo;
Temos no Brasil, regulamentado pela ANEEL desde 2012, o conceito de geração distribuída, que é a possibilidade de um consumidor produzir energia, na escala de microgeração (até 75 kW) e minigeração (até 5 MW), sempre com fonte renovável, geralmente solar, mas também eólica e biomassa. Isso é feito por meio do sistema de compensação de energia elétrica, que funciona de maneira parecida como em outros países:

Um medidor de energia (o 'relógio') bi-direcional é instalado na residência no lugar do convencional, sob custo e responsabilidade da distribuidora. O sistema fotovoltaico (painéis + inversor) é projetado para a média anual da irradiação naquele local, de modo que ele produza menos em uma época, mais em outra época e, ao longo do ano, tenha gerado energia na mesma quantidade que a residência, pode ser menos, mas o ideal é que seja igual. Assim, com o sistema de compensação de energia, o usuário pode aproveitar excedentes (na forma de créditos) gerados em Janeiro para abater o consumo em Julho, quando a geração é menor. Os créditos tem validade de 60 meses.

Os créditos não são contabilizados em moeda (R$), mas sim em unidade de energia (kWh). Então, 1 kWh a mais gerado em um determinado mês abate 1 kWh consumido a mais em um outro mês, e assim por diante, sempre dentro da validade de 60 meses. Não existe (pelo menos não no Brasil) você gerar com um valor e comprar com outro. E como o sistema fotovoltaico é projetado com a média anual, dificilmente seus créditos vão durar mais que um ano, já que o ciclo sazonal da irradiação solar é anual.

Sim, mesmo assim existe uma taxa fixa a ser paga para a concessionária. Geralmente é qualquer coisa abaixo de R$ 40. Isto afeta o retorno do investimento, mas não muito, especialmente se a instalação for maior.
Túlio escreveu::arrow: Por fim, a cereja do bolo: se eu quiser ser totalmente independente da rede e seus "apagões", vou precisar de baterias, que custam os olhos da cara e duram poucos anos. No que tiver de trocar por novas, as velhas ainda vão estar longe de se terem pago (na época isso foi enfatizado pelo Leandro véio); os próprios e caríssimos painéis fotovoltaicos se degradam e têm de ser substituídos também, embora com um prazo maior (exceto no caso de ocorrência de granizo, onde é PT).
Não vale a pena. Se você quer ficar livre de apagões (não sei na sua região, mas aqui é bem raro), ou se tem uma UTI em casa, é melhor instalar um no-break. Se quer investir em algo para ter menos gasto com energia, a geração distribuída é um caminho viável.

Sobre o armazenamento de energia em baterias. Isto é para um futuro mais distante, quando houvermos de fato uma tarifa horária (mudanças de preços ao longo do dia) plenamente funcional, e as baterias de lítio (ou outras que surgirem) baratas o suficiente, vai acabar se tornando viável armazenar em momentos de custo baixo e descarregar em horários de custo alto.

Aí vem a minha opinião: A minha aposta é que isso se viabilize com os veículos elétricos com tecnologia V2G (Vehicle to Grid), em que a energia armazenada no carro também atua como uma bateria residencial/comercial para fazer este gerenciamento. Lembrando que um veículo fica a maior parte do tempo parado num canto. E eles poderão até mesmo serem solicitados automaticamente pela distribuidora para descarregar e vender energia para complementar a rede em situações específicas. Isto poderia ser feito em rede, de forma organizada, num outro conceito que serão as usinas virtuais. São algumas visões que parecem meio futurísticas a princípio, mas conceitos que já existem e a tecnologia (redes + inteligência artificial) está cada vez mais se aproximando de viabilizar, para médio e longo prazo.
Túlio escreveu:Em suma, energia solar residencial aqui é coisa de quem não precisa economizar na conta, apenas uma questão de status e algo para conversar (na verdade se gabar) com os vizinhos e amigos.
A energia solar residencial no Brasil ainda está engatinhando, mas apesar disso, está meio que triplicando a cada ano, saindo do quase insignificante em 2015 para o primeiro 1 GW no meio deste ano de 2019. Ainda é uma potência total pequena e um número de usuários pequeno. Mas pense nisso duplicando todo ano.

Imagem

E veja bem: isso está acontecendo em um país em estagnação econômica crônica. Ela não estourou de vez porque ainda há muito desconhecimento, o crédito está complicado, e ninguém está investindo em nada mesmo. Mas este mercado em específico está aquecido, a mão de obra está se qualificando e começando a ganhar corpo, os preços em queda e tudo sugere que isso vai pegar de vez quando o mercado começar a se aquecer um pouco mais.




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