GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
O Brasil é um país continente e como tal deve ter força para repelir uma agressão militar, nossas forças armadas são pequenas para o tamanho do país, seguidamente vejo comentários sobre a transferência de unidades do Sul para o Norte, penso que deveríamos criar mais unidades, o exercito deveria ter entre 250 e 300 mil homens, assim todas as nossas fronteiras estariam guarnecidas, não adiante deslocar unidades do Sul e quem garante que daqui a 15/20 anos a Argentina não será uma Venezuela da atualidade?
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Re: GEOPOLÍTICA
Opinião
Quatro Brics, um tijolo
CLÓVIS ROSSI
SÃO PAULO - Parece estar ficando mais e mais claro que, dos quatro Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), aquele que os Estados Unidos tratam realmente como "brick" é a China (se tijolo pode ser tomado como sinônimo de solidez).
A partir de hoje, recomeça o Diálogo Econômico Estratégico entre altos funcionários dos dois países, lançado na administração Bush, para tratar de assuntos econômicos bilaterais. Mas Obama ampliou-o para incorporar uma agenda muito mais abrangente, o que inclui mudança climática, Coreia do Norte, Afeganistão e Paquistão.
O espírito G2 da coisa toda é bem explicado em artigo publicado domingo e assinado conjuntamente por Timothy Geithner e Hillary Clinton: "Poucos problemas globais podem ser resolvidos só pelos Estados Unidos e China, mas poucos podem ser resolvidos sem que Estados Unidos e China estejam juntos".
Para não dizer que os Estados Unidos estão pinçando apenas a China, é justo mencionar que, em recente visita à Índia, Hillary Clinton também desenhou uma parceria estratégica bastante ampla.
Esse balé diplomático interessa de perto, como é óbvio, ao B dos Brics, que vem a ser o Brasil. Obama e Lula já resolveram reativar reuniões setoriais entre ministros dos dois países, mas a pressa norte-americana parece voltada para a Ásia, o que é compreensível: na América Latina, os problemas estratégicos são menores (Honduras) ou inexistentes, ao contrário do que ocorre com, por exemplo, Paquistão, Coreia do Norte e Afeganistão.
Mas a questão da mudança climática é global, e China e Brasil (além de Índia) opuseram-se ao projeto do mundo rico de fixar metas para a redução da emissão de gases.
É preciso ver se a China consulta seus parceiros dos Brics nessa questão ou prefere o diálogo direto -enfim o G2 de que tanto se fala.
Quatro Brics, um tijolo
CLÓVIS ROSSI
SÃO PAULO - Parece estar ficando mais e mais claro que, dos quatro Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), aquele que os Estados Unidos tratam realmente como "brick" é a China (se tijolo pode ser tomado como sinônimo de solidez).
A partir de hoje, recomeça o Diálogo Econômico Estratégico entre altos funcionários dos dois países, lançado na administração Bush, para tratar de assuntos econômicos bilaterais. Mas Obama ampliou-o para incorporar uma agenda muito mais abrangente, o que inclui mudança climática, Coreia do Norte, Afeganistão e Paquistão.
O espírito G2 da coisa toda é bem explicado em artigo publicado domingo e assinado conjuntamente por Timothy Geithner e Hillary Clinton: "Poucos problemas globais podem ser resolvidos só pelos Estados Unidos e China, mas poucos podem ser resolvidos sem que Estados Unidos e China estejam juntos".
Para não dizer que os Estados Unidos estão pinçando apenas a China, é justo mencionar que, em recente visita à Índia, Hillary Clinton também desenhou uma parceria estratégica bastante ampla.
Esse balé diplomático interessa de perto, como é óbvio, ao B dos Brics, que vem a ser o Brasil. Obama e Lula já resolveram reativar reuniões setoriais entre ministros dos dois países, mas a pressa norte-americana parece voltada para a Ásia, o que é compreensível: na América Latina, os problemas estratégicos são menores (Honduras) ou inexistentes, ao contrário do que ocorre com, por exemplo, Paquistão, Coreia do Norte e Afeganistão.
Mas a questão da mudança climática é global, e China e Brasil (além de Índia) opuseram-se ao projeto do mundo rico de fixar metas para a redução da emissão de gases.
É preciso ver se a China consulta seus parceiros dos Brics nessa questão ou prefere o diálogo direto -enfim o G2 de que tanto se fala.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
Superpoderio militar dos EUA já é desdenhado
Vantagem militar será nano-satélites, sistemas antimísseis e laser .
"A capacidade dos EUA de projetarem seu poderio militar em nível mundial se reduz dramaticamente, porque seu pesado armamentismo militar que dispõem se provará ineficaz para o enfrentamento de futuras ameaças", adverte Andrew Krepinevitz, conselheiro-supremo do Pentágono, um dos arquitetos da estratégia para os EUA enfrentarem a guerra de guerrilhas no Iraque e no Afeganistão e presidente do think tank Center for Estrategic e Budgetary Assessments, em Washington.
Ele afirma que "os EUA não são, adequadamente, armados para enfrentarem potências emergentes como a China, países inimigos como o Irã, assim como, até ameaças provenientes de forças como Hezbollah, ou organizações terroristas como Al Qaeda - e, destaca que - Washington gasta bilhões de dólares para sistemas bélicos, considerados peleontológicos antes sequer entrarem em serviço".
"Durante as últimas décadas - diz Krepinovitz - a vantagem que os EUA mantinham em tecnologia e recursos militares e econômicos, os tornava capazes de assumirem compromissos militares no exterior e, paralelamente, garantirem a segurança interna. A alta estratégia norte-americana pressupõe que esta vantagem continuará eternamente. Contudo, a primazia militar dos EUA já começou a definhar, pois não leva em consideração as novas ameaças estratégicas, como a disseminação de armas de precisão e ameaças vindas do espaço".
Porta-aviões, destróieres, aviões bombardeiros de curto alcance e bases militares avançadas como as de Guam e Okinawa no Oceano Pacífico tornam-se cada vez mais vulneráveis às tecnologias e as táticas que desenvolvem os adversários dos EUA. Estes, em sintonia com a ascensão de novas forças e países inimigos, limitarão a possibilidade dos EUA de concluírem missões em regiões como o Leste Asiático e o Golfo Pérsico onde são atingidos interesses vitais norte-americanos.
Ainda, até as tecnologias anteriores, nas quais, os EUA predominavam como, por exemplo, o Sistema Mundial de Satélites para localização de posição que dirige as "bombas inteligentes" aos seus alvos, já são, facilmente, neutralizados por países como a China, a qual, desenvolve avançados sistemas de tecnologia espacial. O governo de Beijing já dispõe mísseis balísticos e tecnologia laser que poderão destruir satélites de baixa altitude, dos quais, depende o exército.
Krepinovitz sustenta que "para conservarem os EUA sua primazia deverão investir em evoluídos nano-satélites, sistemas antimísseis e, na defesa baseada em energia laser. Somente, assim poderão enfrentar os ataques que seus adversários desfecharão com suas armas "inteligentes".
Krepinovitz, junto com o brigadeiro, Van Ryper, incluem-se no grupo de especialistas em temas de defesa, responsáveis para localização de pontos fracos e faltas no texto da "Revisão Quadrienal de Defesa" (Quadrennial Defense Review), elaborada a cada quatro anos pelo Pentágono e entregue ao Congresso dos EUA.
Krepinovitz esclarece ainda que "o secretário de Defesa dos EUA Robert Gates, avalia, corretamente, a necessidade de criação de um exército norte-americano "mais equilibrado", o qual, poderá se desempenhar melhor em ameaças assimétricas e conflitos como aqueles no Iraque e no Afeganistão, mas, simultaneamente, estar preparado, também, para as guerras do futuro".
Entretanto, sublinha que, "os responsáveis norte-americanos, na realidade, não levam em consideração as reais ameaças futuras e, em decorrência disso, a possibilidade de surpresas estratégicas cresce".
"Aquilo que é necessário - continua - é um reexame total da doutrina estratégica dos EUA, semelhante daquela que foi formulada nos primeiros anos da Guerra Fria. Nas guerras do futuro, as armas "inteligentes" estão disponíveis até em ameaças não estatais, como o Hezbollah no Líbano e o Hamas na Faixa de Gaza.
Além disso, potências tradicionais, como a China e a Rússia já dispõem a tecnologia e a possibilidade de transferi-las para outros países. Mas, os EUA continuam gastando dólares em aviões bombardeiros de curto alcance que decolam de vetores avançados como os porta-aviões, os quais, são expostos ao perigo de um ataque inimigo com mísseis, submarinos e, aviões teleguiados".
"O Corpo dos Fuzileiros Navais dos EUA (USMC) desenvolve um veículo anfíbio de batalha (EVF), o qual tem a possibilidade de, também, combater na terra. Mas, os EVF - informa Krepinovitz - estarão ameaçados pelas bombas "inteligentes", plantadas à beira das estradas e ruas e detonadas por controle remoto de navios de guerra inimigos que estarão longe das costas.
Também, as bases militares norte-americanas, como a Victory no Iraque e a Bagram no Afeganistão, as quais, proporcionam segurança as forças terrestres norte-americanas, com o passar do tempo se tornarão vulneráveis aos ataques com mísseis e, estes mísseis serão substituídos por armas de precisão absoluta, as quais, já estão disponíveis no mercado aberto, então as consequências serão catastróficas".
http://www.monitormercantil.com.br/most ... p?id=65025
[]'s
Vantagem militar será nano-satélites, sistemas antimísseis e laser .
"A capacidade dos EUA de projetarem seu poderio militar em nível mundial se reduz dramaticamente, porque seu pesado armamentismo militar que dispõem se provará ineficaz para o enfrentamento de futuras ameaças", adverte Andrew Krepinevitz, conselheiro-supremo do Pentágono, um dos arquitetos da estratégia para os EUA enfrentarem a guerra de guerrilhas no Iraque e no Afeganistão e presidente do think tank Center for Estrategic e Budgetary Assessments, em Washington.
Ele afirma que "os EUA não são, adequadamente, armados para enfrentarem potências emergentes como a China, países inimigos como o Irã, assim como, até ameaças provenientes de forças como Hezbollah, ou organizações terroristas como Al Qaeda - e, destaca que - Washington gasta bilhões de dólares para sistemas bélicos, considerados peleontológicos antes sequer entrarem em serviço".
"Durante as últimas décadas - diz Krepinovitz - a vantagem que os EUA mantinham em tecnologia e recursos militares e econômicos, os tornava capazes de assumirem compromissos militares no exterior e, paralelamente, garantirem a segurança interna. A alta estratégia norte-americana pressupõe que esta vantagem continuará eternamente. Contudo, a primazia militar dos EUA já começou a definhar, pois não leva em consideração as novas ameaças estratégicas, como a disseminação de armas de precisão e ameaças vindas do espaço".
Porta-aviões, destróieres, aviões bombardeiros de curto alcance e bases militares avançadas como as de Guam e Okinawa no Oceano Pacífico tornam-se cada vez mais vulneráveis às tecnologias e as táticas que desenvolvem os adversários dos EUA. Estes, em sintonia com a ascensão de novas forças e países inimigos, limitarão a possibilidade dos EUA de concluírem missões em regiões como o Leste Asiático e o Golfo Pérsico onde são atingidos interesses vitais norte-americanos.
Ainda, até as tecnologias anteriores, nas quais, os EUA predominavam como, por exemplo, o Sistema Mundial de Satélites para localização de posição que dirige as "bombas inteligentes" aos seus alvos, já são, facilmente, neutralizados por países como a China, a qual, desenvolve avançados sistemas de tecnologia espacial. O governo de Beijing já dispõe mísseis balísticos e tecnologia laser que poderão destruir satélites de baixa altitude, dos quais, depende o exército.
Krepinovitz sustenta que "para conservarem os EUA sua primazia deverão investir em evoluídos nano-satélites, sistemas antimísseis e, na defesa baseada em energia laser. Somente, assim poderão enfrentar os ataques que seus adversários desfecharão com suas armas "inteligentes".
Krepinovitz, junto com o brigadeiro, Van Ryper, incluem-se no grupo de especialistas em temas de defesa, responsáveis para localização de pontos fracos e faltas no texto da "Revisão Quadrienal de Defesa" (Quadrennial Defense Review), elaborada a cada quatro anos pelo Pentágono e entregue ao Congresso dos EUA.
Krepinovitz esclarece ainda que "o secretário de Defesa dos EUA Robert Gates, avalia, corretamente, a necessidade de criação de um exército norte-americano "mais equilibrado", o qual, poderá se desempenhar melhor em ameaças assimétricas e conflitos como aqueles no Iraque e no Afeganistão, mas, simultaneamente, estar preparado, também, para as guerras do futuro".
Entretanto, sublinha que, "os responsáveis norte-americanos, na realidade, não levam em consideração as reais ameaças futuras e, em decorrência disso, a possibilidade de surpresas estratégicas cresce".
"Aquilo que é necessário - continua - é um reexame total da doutrina estratégica dos EUA, semelhante daquela que foi formulada nos primeiros anos da Guerra Fria. Nas guerras do futuro, as armas "inteligentes" estão disponíveis até em ameaças não estatais, como o Hezbollah no Líbano e o Hamas na Faixa de Gaza.
Além disso, potências tradicionais, como a China e a Rússia já dispõem a tecnologia e a possibilidade de transferi-las para outros países. Mas, os EUA continuam gastando dólares em aviões bombardeiros de curto alcance que decolam de vetores avançados como os porta-aviões, os quais, são expostos ao perigo de um ataque inimigo com mísseis, submarinos e, aviões teleguiados".
"O Corpo dos Fuzileiros Navais dos EUA (USMC) desenvolve um veículo anfíbio de batalha (EVF), o qual tem a possibilidade de, também, combater na terra. Mas, os EVF - informa Krepinovitz - estarão ameaçados pelas bombas "inteligentes", plantadas à beira das estradas e ruas e detonadas por controle remoto de navios de guerra inimigos que estarão longe das costas.
Também, as bases militares norte-americanas, como a Victory no Iraque e a Bagram no Afeganistão, as quais, proporcionam segurança as forças terrestres norte-americanas, com o passar do tempo se tornarão vulneráveis aos ataques com mísseis e, estes mísseis serão substituídos por armas de precisão absoluta, as quais, já estão disponíveis no mercado aberto, então as consequências serão catastróficas".
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Si vis pacem, para bellum.
"Não sei com que armas a III Guerra Mundial será lutada. Mas a IV Guerra Mundial será lutada com paus e pedras."
Albert Einstein
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- delmar
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Re: GEOPOLÍTICA
Sempre que sai uma nota destas há dinheiro por tras. Alguém quer verba do govêrno para novas armas, novas pesquisas e por ai vai. Podem estar certos que alguém está pedindo verba para estudar e pesquisar novas tecnologias que, normalmente, nunca saem do papel para a realidade.Oziris escreveu:Superpoderio militar dos EUA já é desdenhado
Vantagem militar será nano-satélites, sistemas antimísseis e laser .
"A capacidade dos EUA de projetarem seu poderio militar em nível mundial se reduz dramaticamente, porque seu pesado armamentismo militar que dispõem se provará ineficaz para o enfrentamento de futuras ameaças", adverte Andrew Krepinevitz, conselheiro-supremo do Pentágono, um dos arquitetos da estratégia para os EUA enfrentarem a guerra de guerrilhas no Iraque e no Afeganistão e presidente do think tank Center for Estrategic e Budgetary Assessments, em Washington.
Ele afirma que "os EUA não são, adequadamente, armados para enfrentarem potências emergentes como a China, países inimigos como o Irã, assim como, até ameaças provenientes de forças como Hezbollah, ou organizações terroristas como Al Qaeda - e, destaca que - Washington gasta bilhões de dólares para sistemas bélicos, considerados peleontológicos antes sequer entrarem em serviço".
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saudações
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: GEOPOLÍTICA
Una teoría geopolítica
La geopolítica gozó en las tres primeras décadas del siglo XX del prestigio de ser considerada una ciencia. La derrota de las potencias del Eje en 1945 la redujeron al nivel de seudociencia y cayó rápidamente en desprestigio. Esta ciencia fue fundada por el sueco Rudolf Kjellén en 1916 en su libro “El Estado como organismo viviente”. El geógrafo alemán Friedrich Ratzel fue quien creó el concepto “geoestratégico”. Este último introdujo la idea de que un estado tenía que crecer, extender o morirse dentro de “fronteras vivientes”. Este concepto fue aprovechado por Adolfo Hitler para justificar su doctrina del “espacio vital” “lebens raum”que lo llevó a incendiar al mundo.
Según esta ciencia, la geografía domina la estrategia militar y varios autores desarrollaron teorías sobre las lucubraciones de Ratzel y las guerras modernas se desarrollaron sobre teorías geopolíticas. Si bien las conclusiones de la geopolítica no son definitivas, sirven para comprender algunos fenómenos.
La geopolítica estudiada por militares brasileños establecen que el destino manifiesto de Brasil es la salida al Océano Pacífico para convertirse en nación bioceánica. Toda la historia del Brasil se ha venido edificando sobre esta conquista de un espacio subcontinental. La salida brasileña al Pacífico coincidirá con la aparición de una nueva potencia mundial. Si se siguen los principios de la geopolítica y se analizan los mapas de Sudamérica, se verá que Paraguay es el estado que se encuentra en el camino de Brasil hacia el Pacífico. Esto explicaría la penetración pacífica brasileña mediante colonias de agricultores, que señalan una flecha hacia el Pacífico. Paraguay sería un estado-tapón, igualmente que Bolivia.
La próxima guerra sudamericana, si la hay, no será entre Brasil y Argentina, sino entre Brasil y Venezuela. La conquista de Paraguay y Bolivia es entonces vital para Venezuela para cuidar el flanco descubierto. Ello explica el enorme gasto venezolano para rearmar a Bolivia y las intentonas realizadas bajo el disfraz del “bolivarianismo” de someter a Paraguay.
Si bien Argentina tiene algunos pensadores militares en el campo de la geopolítica, los brasileños son los que han desarrollado doctrinas más estudiadas. En 1952, el entonces Cnel. Golbery de Couto e Silva afirmaba que la “opción para el Brasil era agrandarse o perecer”.
La acción estratégica brasileña fue crear el Mercosur, con el cual eliminó a su principal rival de habla hispana Argentina y prácticamente someter a Paraguay y Uruguay a sus dictados económicos. Paralelamente se lanzó sobre Paraguay mediante la penetración colonizadora. El advenimiento del títere de Venezuela Evo Morales frenó un tanto su dominio sobre Bolivia.
La comprensión de los verdaderos motivos de lo que ocurre podría permitir el trazado de una estrategia capaz de aprovechar el impulso de Brasil para desarrollar el país. Si la geopolítica es realmente una ciencia, Brasil no se detendrá, y en algún momento la rivalidad entre Brasil y Venezuela producirá el estallido de una confrontación.
Paraguay no debe equivocarse con respecto de qui´wn será su mejor aliado en esa conflagración que pensadores brasileños consideraban, ya en la década de los 70, inevitable.
http://www.lanacion.com.py/noticias-259207.htm
unanimidade só existe no cemitério
- irlan
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Re: GEOPOLÍTICA
Não teve algum pensador brasileiro na época do segundo império que tinha dito que o Brasil deveria expandir em direção a África?
Na União Soviética, o político é roubado por VOCÊ!!
- Wolfgang
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Re: GEOPOLÍTICA
Nunca vi tanta babaquice num mesmo texto - talvez naqueles pérolas do Jânio de Freitas. O Brasil vai conseguir seu caminho para Pacífico através de estradas, acordos com países como Bolívia, Chile e Peru.
- Marino
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Re: GEOPOLÍTICA
TENDÊNCIAS/DEBATES
O etanol e o sorriso da minhoca brasileira
ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE
Se não tivesse certeza de que os governos europeus têm as melhores intenções, suspeitaria que defendem interesses comerciais
NA ÚLTIMA Conferência Europeia de Biomassa, os vários representantes da União Europeia mostraram suas garras. Insistiram em alertar o público sobre a ameaça que os biocombustíveis (especificamente o etanol brasileiro) representam para a produção de alimentos. Interessantemente, a comunidade científica presente não se mostrava interessada nessa perspectiva, pois, entre centenas de palestras, nenhuma versava sobre o assunto.
Traduzindo em miúdos, a preocupação dos próceres da UE é que a expansão da área plantada de cana-de-açúcar no Brasil invada culturas de alimentos. Como consequência, o alimento que deixasse de ser produzido aqui teria de sê-lo alhures (que Cony me perdoe, Folha, 23/7).
Ora, essa preocupação não é certamente por causa dos mais de 1 bilhão de miseráveis que estão fora da Europa, já que a fome não é consequência da falta de alimentos, mas da falta de recursos financeiros e capital social.
Também é fato o quase inteiro abandono em que se encontram países africanos e outros que só recebem ajuda de qualquer espécie em momentos de crise e cuja miséria é, em grande parte, fruto de séculos da exploração que sofreram dos ditos impérios europeus.
A África poderia ser um formidável produtor e exportador de alimentos. E, sob esse aspecto, a redução da oferta de alimentos devido à produção de biocombustíveis no Brasil, se por acaso viesse a ocorrer, seria antes um benefício para a humanidade.
Por outro lado, se o Brasil viesse a reduzir sua exportação de soja ou de carne bovina em benefício da produção de biocombustíveis, haveria um enorme ganho para o brasileiro, não só porque, com a adição de valor à matéria-prima vegetal, criar-se-iam empregos mais bem remunerados, mas também porque geraria riqueza comparável, se não superior, à esperada com essa exploração, a desoras, do pré-sal (dessa vez Cony me mata).
Ou seja, a União Europeia prefere sacrificar o bem estar do brasileiro a reduzir o alimento para engorda de leitões que enchem suas rotundas panças no Natal (pois é para isso que serve a soja) ou a barata carne brasileira para encher as barrigas de seus cães poodles e gatos siameses.
Se eu não tivesse a certeza de que os governos europeus e seus cientistas assalariados têm as melhores das intenções, eu desconfiaria de que defendem mesquinhos interesses comerciais, esquecendo-se inteiramente de que o etanol de cana-de-açúcar é o que até hoje existe de melhor para combater o aquecimento global.
Simultaneamente, a campanha contra o etanol brasileiro vem usando um outro sofisma chamado mudança de uso do solo.
Se é derrubada uma parcela da floresta amazônica para plantar cana-de-açúcar, o dióxido de carbono emitido, para ser compensado pelo etanol produzido para substituir o petróleo, precisaria de 500 anos.
A derrubada de toda a floresta amazônica corresponde, quanto ao conteúdo de carbono, a aproximadamente todo o petróleo já queimado pela humanidade somado ao que ainda virá a ser usado das reservas conhecidas e a serem descobertas na Terra.
Eis por que desmatar é crime contra a natureza e contra a humanidade e deve ser punido implacavelmente.
Esse efeito, a emissão de CO2 e outros gases de efeito estufa (GEE), ocorre em qualquer que seja a mudança de uso do solo, inclusive para o cerrado. Mas esta denominação, cerrado, é extremamente imprecisa. Há cerrados com vegetação abundante e solos ricos em vida, e há cerrados que são pouco mais que um deserto.
A União Europeia adotou arbitrariamente um parâmetro, 17 anos, para compensar, com a substituição da gasolina por etanol, os GEE emitidos durante a mudança de solo.
Ora, até o presente, menos que 2% da expansão da cana se fez no cerrado, e isso corresponde a menos que 0,1% do restante do cerrado atual. A expansão futura se fará muito provavelmente em pastagens e plantações abandonadas, como já vem ocorrendo, onde haverá ganhos imediatos em carbono contido até mesmo no que diz respeito à fauna e à flora do solo.
Quem já pôs a mão na enxada sabe que a minhoca esperneia não de aflição, mas de felicidade, por receber um solo mais permeável e rico em nutrientes, quando plantamos algo no solo desgastado pelo pasto ou no cerrado desnudo e seco.
Deixemos de lado as críticas insólitas de ecoidiotas, cientistas assalariados e lobistas pagos pelas companhias de petróleo e pelos exportadores de alimentos e façamos sorrir a minhoca brasileira com suculentas plantações de cana-de-açúcar que contribuirão para salvar o meio ambiente para nossos filhos e netos.
ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE , 78, físico, é professor emérito da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), presidente do Conselho de Administração da ABTLuS (Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron) e membro do Conselho Editorial da Folha.
O etanol e o sorriso da minhoca brasileira
ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE
Se não tivesse certeza de que os governos europeus têm as melhores intenções, suspeitaria que defendem interesses comerciais
NA ÚLTIMA Conferência Europeia de Biomassa, os vários representantes da União Europeia mostraram suas garras. Insistiram em alertar o público sobre a ameaça que os biocombustíveis (especificamente o etanol brasileiro) representam para a produção de alimentos. Interessantemente, a comunidade científica presente não se mostrava interessada nessa perspectiva, pois, entre centenas de palestras, nenhuma versava sobre o assunto.
Traduzindo em miúdos, a preocupação dos próceres da UE é que a expansão da área plantada de cana-de-açúcar no Brasil invada culturas de alimentos. Como consequência, o alimento que deixasse de ser produzido aqui teria de sê-lo alhures (que Cony me perdoe, Folha, 23/7).
Ora, essa preocupação não é certamente por causa dos mais de 1 bilhão de miseráveis que estão fora da Europa, já que a fome não é consequência da falta de alimentos, mas da falta de recursos financeiros e capital social.
Também é fato o quase inteiro abandono em que se encontram países africanos e outros que só recebem ajuda de qualquer espécie em momentos de crise e cuja miséria é, em grande parte, fruto de séculos da exploração que sofreram dos ditos impérios europeus.
A África poderia ser um formidável produtor e exportador de alimentos. E, sob esse aspecto, a redução da oferta de alimentos devido à produção de biocombustíveis no Brasil, se por acaso viesse a ocorrer, seria antes um benefício para a humanidade.
Por outro lado, se o Brasil viesse a reduzir sua exportação de soja ou de carne bovina em benefício da produção de biocombustíveis, haveria um enorme ganho para o brasileiro, não só porque, com a adição de valor à matéria-prima vegetal, criar-se-iam empregos mais bem remunerados, mas também porque geraria riqueza comparável, se não superior, à esperada com essa exploração, a desoras, do pré-sal (dessa vez Cony me mata).
Ou seja, a União Europeia prefere sacrificar o bem estar do brasileiro a reduzir o alimento para engorda de leitões que enchem suas rotundas panças no Natal (pois é para isso que serve a soja) ou a barata carne brasileira para encher as barrigas de seus cães poodles e gatos siameses.
Se eu não tivesse a certeza de que os governos europeus e seus cientistas assalariados têm as melhores das intenções, eu desconfiaria de que defendem mesquinhos interesses comerciais, esquecendo-se inteiramente de que o etanol de cana-de-açúcar é o que até hoje existe de melhor para combater o aquecimento global.
Simultaneamente, a campanha contra o etanol brasileiro vem usando um outro sofisma chamado mudança de uso do solo.
Se é derrubada uma parcela da floresta amazônica para plantar cana-de-açúcar, o dióxido de carbono emitido, para ser compensado pelo etanol produzido para substituir o petróleo, precisaria de 500 anos.
A derrubada de toda a floresta amazônica corresponde, quanto ao conteúdo de carbono, a aproximadamente todo o petróleo já queimado pela humanidade somado ao que ainda virá a ser usado das reservas conhecidas e a serem descobertas na Terra.
Eis por que desmatar é crime contra a natureza e contra a humanidade e deve ser punido implacavelmente.
Esse efeito, a emissão de CO2 e outros gases de efeito estufa (GEE), ocorre em qualquer que seja a mudança de uso do solo, inclusive para o cerrado. Mas esta denominação, cerrado, é extremamente imprecisa. Há cerrados com vegetação abundante e solos ricos em vida, e há cerrados que são pouco mais que um deserto.
A União Europeia adotou arbitrariamente um parâmetro, 17 anos, para compensar, com a substituição da gasolina por etanol, os GEE emitidos durante a mudança de solo.
Ora, até o presente, menos que 2% da expansão da cana se fez no cerrado, e isso corresponde a menos que 0,1% do restante do cerrado atual. A expansão futura se fará muito provavelmente em pastagens e plantações abandonadas, como já vem ocorrendo, onde haverá ganhos imediatos em carbono contido até mesmo no que diz respeito à fauna e à flora do solo.
Quem já pôs a mão na enxada sabe que a minhoca esperneia não de aflição, mas de felicidade, por receber um solo mais permeável e rico em nutrientes, quando plantamos algo no solo desgastado pelo pasto ou no cerrado desnudo e seco.
Deixemos de lado as críticas insólitas de ecoidiotas, cientistas assalariados e lobistas pagos pelas companhias de petróleo e pelos exportadores de alimentos e façamos sorrir a minhoca brasileira com suculentas plantações de cana-de-açúcar que contribuirão para salvar o meio ambiente para nossos filhos e netos.
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Re: GEOPOLÍTICA
Agora que percebi, A UE quer dizer oque devemos ou não cultivar?,engraçado eles falarem que que o etanol da cana de açucar contribui para o aumento da fome no mundo, eles não usam batata e beterrabas para fazer o deles?
Na União Soviética, o político é roubado por VOCÊ!!
- Izaias Maia
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Re: GEOPOLÍTICA
Coisas da Política
Mauro Santayana
Vizinhos inquietos
É provável que o Brasil esteja tomando providências diplomáticas (e também militares) diante de novos problemas em nossa fronteira norte. A Colômbia abre o seu território para mais bases americanas. Em suas relações com Washington, o governo de Bogotá não cede às exigências do Norte: oferece-se pressurosamente como vassalo incondicional. Entre outros preitos de subordinação, a Colômbia aceita extraditar para os Estados Unidos os seus próprios cidadãos, quando acusados de tráfico de entorpecentes pela polícia americana. Não de todos os que traficam, mas daqueles que não fazem parte dos grupos associados ao poder.
Neste momento, a pretexto de que foram encontradas armas compradas pela Venezuela em mãos dos guerrilheiros das Farc, a Colômbia abre nova frente de hostilidades com o governo de Caracas. Ao mesmo tempo, usa de argumento semelhante contra o Equador, o de que os guerrilheiros colombianos teriam financiado a eleição de Rafael Correa. Em resposta, o governo de Chávez congela suas relações com o vizinho ocidental. Se fosse só isso, teríamos que nos preocupar, mas há também o problema hondurenho, com a probabilidade de conflito fronteiriço com a Nicarágua, se não houver saída pacífica para o retorno de Zelaya ao poder.
No confronto entre a Venezuela de Chávez e a Colômbia de Uribe, embora o intercâmbio comercial entre os dois países desaconselhe uma ruptura, as diferenças políticas parecem insuperáveis. O governo de Bogotá se escora em Washington, e continua tendo poderosa aliada na senhora Clinton, cujo marido instituiu o Plano Colômbia, de assistência financeira e militar. O objetivo era o de combater as Farc, embora o pretexto envolvesse o combate às drogas. Recorde-se que, ainda na pré-campanha eleitoral, a postura com relação à Colômbia dividiu os dois candidatos democratas. Obama, atendendo à pressão dos sindicatos, que denunciavam a violação de direitos humanos naquele país, prometia não incluí-lo, de pronto, no Tratado de Livre Comércio – e Hillary anunciava a intenção de manter relações especiais com Uribe.
A situação na América Central, e em sua projeção amazônica, põe à prova a nova política hemisférica anunciada pela Casa Branca. Até o momento, no caso de Honduras, a posição parece firme, não obstante sinais recentes do Departamento de Estado, indulgentes com os golpistas. Há inquietadoras informações de que a campanha contra Zelaya foi alimentada com recursos da United Fruit (hoje, Chiquita) que continua explorando o povo da América Central desde o século 19 – braço da gigante United Brands Company. A grande empresa, dona de ferrovias, portos, frotas mercantis, sempre manteve seus trabalhadores em semiescravidão, subornando exércitos e governos locais. Seu poder na formulação da política do Departamento de Estado é bem conhecido. E seus interesses não se limitam ao centro do continente. Hoje, com a diversidade dos produtos que a United Brands explora, eles avançam pela Colômbia, pelo Equador e pelo Peru. A empresa financiou as milícias de extrema-direita da Colômbia, responsáveis por milhares de assassinatos, de tal maneira ostensiva que o próprio governo americano a multou em 25 milhões de dólares.
São conhecidos os esforços de nossa diplomacia a fim de impedir o conflito aberto entre a Colômbia e a Venezuela, a Colômbia e o Equador. Restaura-se doutrina antiga do Itamaraty – abandonada durante parte do governo militar – de preservar boas relações com todos os vizinhos, não obstante o regime político que prefiram. Se fazemos mais negócios com a Venezuela, isso decorre das circunstâncias de geopolítica econômica. Como o mais importante país industrializado do continente e dispondo de poderosa produção agropecuária, é normal que atendamos às necessidades de seu mercado.
Essa atitude, que os oposicionistas brasileiros, em seu interesse político interno, contestam, também explica a decisão de aumentar substancialmente o pagamento anual ao Paraguai, pelo uso da energia de Itaipu que aquele país não consegue consumir. Para o Brasil – que cometeu, com os militares, o erro de anexar o país vizinho à sua ilharga, ao localizar a represa onde a localizou – o preço não é alto. Mas o Paraguai, se souber usar o dinheiro, resolverá alguns de seus gravíssimos problemas sociais.
O fato é que tudo o que ocorrer ao nosso lado repercutirá no Brasil – e devemos nos acautelar.
http://www.fab.mil.br/portal/capa/index ... a_notimpol
Mauro Santayana
Vizinhos inquietos
É provável que o Brasil esteja tomando providências diplomáticas (e também militares) diante de novos problemas em nossa fronteira norte. A Colômbia abre o seu território para mais bases americanas. Em suas relações com Washington, o governo de Bogotá não cede às exigências do Norte: oferece-se pressurosamente como vassalo incondicional. Entre outros preitos de subordinação, a Colômbia aceita extraditar para os Estados Unidos os seus próprios cidadãos, quando acusados de tráfico de entorpecentes pela polícia americana. Não de todos os que traficam, mas daqueles que não fazem parte dos grupos associados ao poder.
Neste momento, a pretexto de que foram encontradas armas compradas pela Venezuela em mãos dos guerrilheiros das Farc, a Colômbia abre nova frente de hostilidades com o governo de Caracas. Ao mesmo tempo, usa de argumento semelhante contra o Equador, o de que os guerrilheiros colombianos teriam financiado a eleição de Rafael Correa. Em resposta, o governo de Chávez congela suas relações com o vizinho ocidental. Se fosse só isso, teríamos que nos preocupar, mas há também o problema hondurenho, com a probabilidade de conflito fronteiriço com a Nicarágua, se não houver saída pacífica para o retorno de Zelaya ao poder.
No confronto entre a Venezuela de Chávez e a Colômbia de Uribe, embora o intercâmbio comercial entre os dois países desaconselhe uma ruptura, as diferenças políticas parecem insuperáveis. O governo de Bogotá se escora em Washington, e continua tendo poderosa aliada na senhora Clinton, cujo marido instituiu o Plano Colômbia, de assistência financeira e militar. O objetivo era o de combater as Farc, embora o pretexto envolvesse o combate às drogas. Recorde-se que, ainda na pré-campanha eleitoral, a postura com relação à Colômbia dividiu os dois candidatos democratas. Obama, atendendo à pressão dos sindicatos, que denunciavam a violação de direitos humanos naquele país, prometia não incluí-lo, de pronto, no Tratado de Livre Comércio – e Hillary anunciava a intenção de manter relações especiais com Uribe.
A situação na América Central, e em sua projeção amazônica, põe à prova a nova política hemisférica anunciada pela Casa Branca. Até o momento, no caso de Honduras, a posição parece firme, não obstante sinais recentes do Departamento de Estado, indulgentes com os golpistas. Há inquietadoras informações de que a campanha contra Zelaya foi alimentada com recursos da United Fruit (hoje, Chiquita) que continua explorando o povo da América Central desde o século 19 – braço da gigante United Brands Company. A grande empresa, dona de ferrovias, portos, frotas mercantis, sempre manteve seus trabalhadores em semiescravidão, subornando exércitos e governos locais. Seu poder na formulação da política do Departamento de Estado é bem conhecido. E seus interesses não se limitam ao centro do continente. Hoje, com a diversidade dos produtos que a United Brands explora, eles avançam pela Colômbia, pelo Equador e pelo Peru. A empresa financiou as milícias de extrema-direita da Colômbia, responsáveis por milhares de assassinatos, de tal maneira ostensiva que o próprio governo americano a multou em 25 milhões de dólares.
São conhecidos os esforços de nossa diplomacia a fim de impedir o conflito aberto entre a Colômbia e a Venezuela, a Colômbia e o Equador. Restaura-se doutrina antiga do Itamaraty – abandonada durante parte do governo militar – de preservar boas relações com todos os vizinhos, não obstante o regime político que prefiram. Se fazemos mais negócios com a Venezuela, isso decorre das circunstâncias de geopolítica econômica. Como o mais importante país industrializado do continente e dispondo de poderosa produção agropecuária, é normal que atendamos às necessidades de seu mercado.
Essa atitude, que os oposicionistas brasileiros, em seu interesse político interno, contestam, também explica a decisão de aumentar substancialmente o pagamento anual ao Paraguai, pelo uso da energia de Itaipu que aquele país não consegue consumir. Para o Brasil – que cometeu, com os militares, o erro de anexar o país vizinho à sua ilharga, ao localizar a represa onde a localizou – o preço não é alto. Mas o Paraguai, se souber usar o dinheiro, resolverá alguns de seus gravíssimos problemas sociais.
O fato é que tudo o que ocorrer ao nosso lado repercutirá no Brasil – e devemos nos acautelar.
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A morte do homem começa no instante em que ele desiste de aprender. (Albino Teixeira)
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Re: GEOPOLÍTICA
O governo deve pensar que somos molóides, só pode ser....O barão deve estar se revirando no túmulo agora.
Na União Soviética, o político é roubado por VOCÊ!!
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Re: GEOPOLÍTICA
Este deve ser bolivariano juramentado.Coisas da Política
Mauro Santayana
Vizinhos inquietos
É provável que o Brasil esteja tomando providências diplomáticas (e também militares) diante de novos problemas em nossa fronteira norte. A Colômbia abre o seu território para mais bases americanas. Em suas relações com Washington, o governo de Bogotá não cede às exigências do Norte: oferece-se pressurosamente como vassalo incondicional. Entre outros preitos de subordinação, a Colômbia aceita extraditar para os Estados Unidos os seus próprios cidadãos, quando acusados de tráfico de entorpecentes pela polícia americana. Não de todos os que traficam, mas daqueles que não fazem parte dos grupos associados ao poder.
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
- Marino
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Re: GEOPOLÍTICA
O limite da “diplomacia dos amigos”
Alon Feuerwerker
São desejáveis a manutenção da América do Sul como área livre do terrorismo e das armas de destruição em massa e também a garantia coletiva de que os países da região, sem exceções, poderão exercer livremente sua autodeterminação
Estados Unidos e Colômbia caminham para estreitar ainda mais as relações militares, com a instalação de bases norte-americanas em território colombiano. Se concretizado, o passo será uma estaca no peito da integração, projeto central da nossa diplomacia. Não à toa reagiu incomodado o Itamaraty. Cada acréscimo de presença bélica norte-americana no subcontinente é uma derrota nossa, um desafio direto à liderança regional.
Acordos militares bilaterais com Washington não combinam com a intenção de coordenar a América do Sul nas políticas de defesa. Trata-se de assunto abordado aqui algumas vezes. As alternativas são claras: ou nós cuidamos da área, ou alguém virá cuidar por nós, e de nós. Parece que a segunda opção ameaça impor-se. E qual é a nossa capacidade de reação? Nenhuma. Ou quase nenhuma, além dos discursos de praxe.
Por que ficamos reduzidos ao jus esperneandi? Eis um bom debate. Afinal, Luiz Inácio Lula da Silva já caminha para o termo de seus oito anos. E após suceder outro presidente, Fernando Henrique Cardoso, que também teve dois mandatos. Boa ocasião para um balanço. Visto que PT e PSDB se mostram tão sabidos, talvez eles possam nos explicar o que foi feito nas últimas quase duas décadas para dotar o Brasil de massa crítica operacional na Defesa.
Infelizmente, nossos bem-elaborados discursos não têm como se fazer acompanhar dos necessários meios materiais de convencimento. E a política tem horror ao vácuo. Como a guerra é só a continuação da política por outros meios, ela também tem aversão ao vazio. Que rapidamente é preenchido por alguém preparado e capacitado. Assim é a vida.
Mas nem tudo está perdido. Deve haver saídas. O Itamaraty poderia aproveitar a inédita unidade hemisférica alcançada no caso de Honduras e costurar uma oferta à Colômbia. Precisaríamos de amplo apoio, mas temos um presidente e diplomatas competentes para consegui-lo. Duas ideias iniciais, peneiradas em conversas com gente do ramo: 1) o desarmamento unilateral e imediato das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), com sua transformação em partido político, no âmbito de uma anistia ampla; e 2) um pacto hemisférico para garantir que qualquer país atacado receba incondicional e automaticamente ajuda militar dos demais para defender-se.
As Farc não terão outra saída caso todos os governos da região se unam de fato para desarmá-las. E a Colômbia não terá pretextos para se abrir à presença bélica dos Estados Unidos se tiver a garantia real, inclusive dos Estados Unidos, de ter sua soberania defendida a todo custo. Regra que os colombianos não seguiram quando bombardearam no Equador um acampamento das Farc e liquidaram um alto comandante da guerrilha. Mais ainda: a Venezuela terá segurança para seguir em paz seu processo político, que é assunto só dela.
A hora é de encontrar soluções práticas para questões idem. São desejáveis a manutenção da América do Sul como área livre do terrorismo e das armas de destruição em massa e também a garantia coletiva de que os países da região, sem exceções, poderão exercer livremente sua autodeterminação, desde que não interfiram na autodeterminação dos demais. São velhas e boas premissas, que nos últimos tempos têm sido escanteadas pela estranha “diplomacia dos amigos”.
Ela funciona mais ou menos assim: os princípios só valem quando nos interessam, ou aos nossos aliados. A OEA deve readmitir Cuba, porque as limitações à democracia na ilha são assunto interno dos cubanos e o melhor caminho para resolver o problema é o diálogo. Mas a OEA deve também ameaçar expulsar Honduras, pois ali houve um golpe de estado que merece não só uma reação de todo o hemisfério, mas a intervenção ativa nos assuntos internos de Tegucigalpa. Nada há de errado em Manuel Zelaya convocar uma consulta popular rechaçada pelo Congresso e pela Justiça, mas quando a oposição iraniana pede um referendo para validar (ou não) o resultado das últimas eleições isso é inadmissível, coisa de mau perdedor.
É óbvio que uma ginástica assim não se sustenta. O máximo que ela consegue, com seus movimentos espasmódicos e dificilmente explicáveis, é abrir espaço para outros players, mais consistentes. E mais equipados para oferecer soluções a problemas concretos.
Alon Feuerwerker
São desejáveis a manutenção da América do Sul como área livre do terrorismo e das armas de destruição em massa e também a garantia coletiva de que os países da região, sem exceções, poderão exercer livremente sua autodeterminação
Estados Unidos e Colômbia caminham para estreitar ainda mais as relações militares, com a instalação de bases norte-americanas em território colombiano. Se concretizado, o passo será uma estaca no peito da integração, projeto central da nossa diplomacia. Não à toa reagiu incomodado o Itamaraty. Cada acréscimo de presença bélica norte-americana no subcontinente é uma derrota nossa, um desafio direto à liderança regional.
Acordos militares bilaterais com Washington não combinam com a intenção de coordenar a América do Sul nas políticas de defesa. Trata-se de assunto abordado aqui algumas vezes. As alternativas são claras: ou nós cuidamos da área, ou alguém virá cuidar por nós, e de nós. Parece que a segunda opção ameaça impor-se. E qual é a nossa capacidade de reação? Nenhuma. Ou quase nenhuma, além dos discursos de praxe.
Por que ficamos reduzidos ao jus esperneandi? Eis um bom debate. Afinal, Luiz Inácio Lula da Silva já caminha para o termo de seus oito anos. E após suceder outro presidente, Fernando Henrique Cardoso, que também teve dois mandatos. Boa ocasião para um balanço. Visto que PT e PSDB se mostram tão sabidos, talvez eles possam nos explicar o que foi feito nas últimas quase duas décadas para dotar o Brasil de massa crítica operacional na Defesa.
Infelizmente, nossos bem-elaborados discursos não têm como se fazer acompanhar dos necessários meios materiais de convencimento. E a política tem horror ao vácuo. Como a guerra é só a continuação da política por outros meios, ela também tem aversão ao vazio. Que rapidamente é preenchido por alguém preparado e capacitado. Assim é a vida.
Mas nem tudo está perdido. Deve haver saídas. O Itamaraty poderia aproveitar a inédita unidade hemisférica alcançada no caso de Honduras e costurar uma oferta à Colômbia. Precisaríamos de amplo apoio, mas temos um presidente e diplomatas competentes para consegui-lo. Duas ideias iniciais, peneiradas em conversas com gente do ramo: 1) o desarmamento unilateral e imediato das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), com sua transformação em partido político, no âmbito de uma anistia ampla; e 2) um pacto hemisférico para garantir que qualquer país atacado receba incondicional e automaticamente ajuda militar dos demais para defender-se.
As Farc não terão outra saída caso todos os governos da região se unam de fato para desarmá-las. E a Colômbia não terá pretextos para se abrir à presença bélica dos Estados Unidos se tiver a garantia real, inclusive dos Estados Unidos, de ter sua soberania defendida a todo custo. Regra que os colombianos não seguiram quando bombardearam no Equador um acampamento das Farc e liquidaram um alto comandante da guerrilha. Mais ainda: a Venezuela terá segurança para seguir em paz seu processo político, que é assunto só dela.
A hora é de encontrar soluções práticas para questões idem. São desejáveis a manutenção da América do Sul como área livre do terrorismo e das armas de destruição em massa e também a garantia coletiva de que os países da região, sem exceções, poderão exercer livremente sua autodeterminação, desde que não interfiram na autodeterminação dos demais. São velhas e boas premissas, que nos últimos tempos têm sido escanteadas pela estranha “diplomacia dos amigos”.
Ela funciona mais ou menos assim: os princípios só valem quando nos interessam, ou aos nossos aliados. A OEA deve readmitir Cuba, porque as limitações à democracia na ilha são assunto interno dos cubanos e o melhor caminho para resolver o problema é o diálogo. Mas a OEA deve também ameaçar expulsar Honduras, pois ali houve um golpe de estado que merece não só uma reação de todo o hemisfério, mas a intervenção ativa nos assuntos internos de Tegucigalpa. Nada há de errado em Manuel Zelaya convocar uma consulta popular rechaçada pelo Congresso e pela Justiça, mas quando a oposição iraniana pede um referendo para validar (ou não) o resultado das últimas eleições isso é inadmissível, coisa de mau perdedor.
É óbvio que uma ginástica assim não se sustenta. O máximo que ela consegue, com seus movimentos espasmódicos e dificilmente explicáveis, é abrir espaço para outros players, mais consistentes. E mais equipados para oferecer soluções a problemas concretos.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
Globo:
Tsunami chinesa de investimentos e exportações varre a América do Sul
O Globo
BRASÍLIA - Depois de invadir a África com projetos de investimentos vultosos, levando pelo menos um milhão de operários, a China agora avança a passos largos sobre a América do Sul. Reportagem de Eliane Oliveira e Gustavo Paul publicada na edição deste domingo do jornal O GLOBO mostra que o dragão chinês mais que dobrou sua participação nas importações realizadas pelos países sul-americanos desde 2003. A parcela aumentou de 5,38% para 12,07% em 2008, segundo a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul. O total importado subiu mais de 700%, de US$ 6,5 bilhões para US$ 54,6 bilhões.
Esse cenário já é visto com preocupação por governo e empresários brasileiros, que estariam enfrentando ferrenha competição com a indústria chinesa pelo mercado regional. Afinal, nos últimos seis anos, as exportações brasileiras para a América do Sul cresceram apenas 282,8%. A participação desses mercados no total exportado pelo Brasil cresceu de 13,8% para 19,6%.
A presença da China também é percebida nos investimentos: a América Latina é o segundo maior receptor de recursos do país asiático, com 18% do total, perdendo apenas para a própria Ásia, com 63%, segundo dados apurados em 2007. Naquele ano, os investimentos chineses diretos (sem contar os financeiros) no mundo somaram US$ 26,5 bilhões, saltando em 2008 para US$ 52,1 bilhões.
- A América do Sul é a menina dos olhos da China hoje - atesta Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China.
A China anunciou, recentemente, investimentos da ordem de US$ 12,8 bilhões no Brasil, em setores como telecomunicações, mineração, siderurgia, metalurgia, farmacêutico e eletroeletrônico. Um grupo chinês estuda atualmente investir no setor sucroalcooleiro para produção de ácidos, como o cítrico e o lático, via caldo de cana.
No desindustrializado Uruguai, a China está produzindo carros, via a montadora Chery, maior marca de automóveis chinesa. A fábrica está em Montevidéu, mas neste semestre será aberta uma planta definitiva na Brasil, para produzir 150 mil unidades do A3, um investimento em torno de US$ 700 milhões. Os chineses invadem ainda indústrias e obras de infraestrutura nos países andinos, como Venezuela e Peru, investem em pescados no Chile e querem ser sócios de um importante oleoduto na Colômbia.
Abdib vê ameaça à liderança brasileira na região
O diretor do escritório brasileiro da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), Renato Baumann, diz que a ameaça é ainda maior: junto com a China, os demais países asiáticos aproveitam a onda e se inserem nos processos produtivos, fornecendo insumos e manufaturados - principal categoria de itens que o Brasil vende para a região.
- Há um tsunami asiático na América Latina - diz Baumann.
Para o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, aproveitando mercados pouco maduros, como África e América Latina, a China começa a fazer uma nova redefinição da estrutura de poder econômico e político.
- O Brasil, especialmente no nosso continente, precisa estar atento para manter uma trajetória que foi se consolidando nos últimos tempos rumo à liderança regional - disse Godoy. - A China está agora alinhando seu componente financeiro e tem uma capacidade competitiva enorme, em função da mão de obra barata, ampla.
Tsunami chinesa de investimentos e exportações varre a América do Sul
O Globo
BRASÍLIA - Depois de invadir a África com projetos de investimentos vultosos, levando pelo menos um milhão de operários, a China agora avança a passos largos sobre a América do Sul. Reportagem de Eliane Oliveira e Gustavo Paul publicada na edição deste domingo do jornal O GLOBO mostra que o dragão chinês mais que dobrou sua participação nas importações realizadas pelos países sul-americanos desde 2003. A parcela aumentou de 5,38% para 12,07% em 2008, segundo a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul. O total importado subiu mais de 700%, de US$ 6,5 bilhões para US$ 54,6 bilhões.
Esse cenário já é visto com preocupação por governo e empresários brasileiros, que estariam enfrentando ferrenha competição com a indústria chinesa pelo mercado regional. Afinal, nos últimos seis anos, as exportações brasileiras para a América do Sul cresceram apenas 282,8%. A participação desses mercados no total exportado pelo Brasil cresceu de 13,8% para 19,6%.
A presença da China também é percebida nos investimentos: a América Latina é o segundo maior receptor de recursos do país asiático, com 18% do total, perdendo apenas para a própria Ásia, com 63%, segundo dados apurados em 2007. Naquele ano, os investimentos chineses diretos (sem contar os financeiros) no mundo somaram US$ 26,5 bilhões, saltando em 2008 para US$ 52,1 bilhões.
- A América do Sul é a menina dos olhos da China hoje - atesta Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China.
A China anunciou, recentemente, investimentos da ordem de US$ 12,8 bilhões no Brasil, em setores como telecomunicações, mineração, siderurgia, metalurgia, farmacêutico e eletroeletrônico. Um grupo chinês estuda atualmente investir no setor sucroalcooleiro para produção de ácidos, como o cítrico e o lático, via caldo de cana.
No desindustrializado Uruguai, a China está produzindo carros, via a montadora Chery, maior marca de automóveis chinesa. A fábrica está em Montevidéu, mas neste semestre será aberta uma planta definitiva na Brasil, para produzir 150 mil unidades do A3, um investimento em torno de US$ 700 milhões. Os chineses invadem ainda indústrias e obras de infraestrutura nos países andinos, como Venezuela e Peru, investem em pescados no Chile e querem ser sócios de um importante oleoduto na Colômbia.
Abdib vê ameaça à liderança brasileira na região
O diretor do escritório brasileiro da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), Renato Baumann, diz que a ameaça é ainda maior: junto com a China, os demais países asiáticos aproveitam a onda e se inserem nos processos produtivos, fornecendo insumos e manufaturados - principal categoria de itens que o Brasil vende para a região.
- Há um tsunami asiático na América Latina - diz Baumann.
Para o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, aproveitando mercados pouco maduros, como África e América Latina, a China começa a fazer uma nova redefinição da estrutura de poder econômico e político.
- O Brasil, especialmente no nosso continente, precisa estar atento para manter uma trajetória que foi se consolidando nos últimos tempos rumo à liderança regional - disse Godoy. - A China está agora alinhando seu componente financeiro e tem uma capacidade competitiva enorme, em função da mão de obra barata, ampla.
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Re: GEOPOLÍTICA
A desdolarização:
O desmantelamento do império financeiro-militar da América
– O ponto de viragem de Yekaterinburg
por Michael Hudson
A cidade de Yakaterinburg, a maior da Rússia a leste dos Urais, pode tornar-se conhecida não só como o local da morte dos czares como também da hegemonia americana – não só como o lugar em que o piloto Gari Powers, do U-2, foi abatido em 1960 como também o lugar em que a ordem financeira internacional centrada nos EUA foi deitada abaixo.
O desafio à América será o foco primário das extensas reuniões de Yekaterinburg (antiga Sverdlovsk) nos dia 15 e 16 de Junho entre o presidente chinês Hu Jintao, o presidente russo Dmitry Medvedev e outros responsáveis superiores dos seis países da Organização de Cooperação de Shangai (SCO). A aliança é formada pela Rússia, China, Cazaquistão, Tajiquistão, Quirguistão e Uzbequistão, com estatutos de observadores para o Irão, Índia, Paquistão e Mongólia. A ela somar-se-á na terça-feira o Brasil, para discussões entre os países BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
Os participantes asseguraram a diplomatas americanas que o desmantelamento do império financeiro e militar dos EUA não é o seu objectivo. Eles simplesmente querem discutir ajuda mútua – mas de um modo em que não haja papel para os Estados Unido, a NATO ou o dólar americano como veículo de comércio. Os diplomatas estado-unidenses podem bem perguntar-se o que isto realmente significa, se não um movimento para tornar a hegemonia dos EUA obsoleta. Isto é o que quer dizer afinal de contas um mundo multipolar. Para começar, em 2005 a SCO pediu a Washington para estabelecer um calendário para a retirada das suas bases militares na Ásia Central. Dois anos depois os países SCO alinharam-se formalmente com as antigas repúblicas CIS pertencentes à Collective Security Treaty Organization (CSTO), estabelecida em 2002 como contra-peso à NATO.
Mas a reunião provocou apenas um bocejo colectivo dos EUA e mesmo da imprensa europeia, apesar da sua agenda de substituição do padrão dólar global por um novo sistema financeiro e de defesa militar. Um porta-voz do Council on Foreign Relations disse dificilmente poder imaginar que a Rússia e a China pudessem ultrapassar as suas rivalidades geopolíticas, [1] sugerindo que a América poderia utilizar a táctica do divide-e-conquista tão habilmente utilizada pela Grã-Bretanha durante séculos a fim de fragmentar a oposição estrangeira ao seu próprio império. Mas George W. Bush ("Eu sou um unificador, não um divisor") confiou no legado da administração Clinton impulsionando a Rússia, a China e os seus vizinhos a descobrirem um terreno comum quando chegou o momento de encontrar uma alternativa para o dólar e portanto para a capacidade americana de incorrer em défices de balança de pagamentos ad infinitum.
Aquilo que pode vir a demonstrar-se como ritos finais da hegemonia americana começou em Abril na conferência do G-20 e tornou-se ainda mais explícito no Fórum Económico Internacional de S. Petesburgo, quando o sr. Medvedev apelou à China, Rússia e Índia para "construírem uma ordem mundial cada vez mais multipolar". O que isto significa é bom inglês é: Nós atingimos o nosso limite na subsidiação do cerco militar da Eurásia pelos Estados Unidos enquanto permitimos também que os EUA se apropriem das nossas exportações, companhias, acções e imobiliário em troca de papel-dinheiro de valor discutível.
"O sistema unipolar mantido artificialmente", esclareceu o sr. Medvedev, está baseado sobre "um grande centro de consumo, financiado por um défice crescente, e portanto dívidas crescentes, uma divisa de reserva anteriormente forte e um sistema dominante de avaliação de activos e riscos". [2] A raiz da crise financeira global, concluiu, é que os Estados Unidos fabricam muito pouco e gastam demasiado. Especialmente inquietantes são os seus gastos militares, tais como a escalada militar da ajuda americana à Geórgia anunciada na semana passada, o escudo de mísseis da NATO na Europa do Leste e o crescimento americano nos países ricos em petróleo do Médio Oriente e Ásia Central.
O ponto de impasse com todos estes países é a capacidade de os EUA imprimirem ilimitadas quantias de dólares. Os super-gastos dos consumidores americanos com importações em excesso das exportações, as compras americanas de companhias e imobiliário estrangeiro, e os dólares que o Pentágono gasta no exterior acabam todos em bancos centrais estrangeiros. Estas agências enfrentam então uma escolha difícil: ou reciclar este dólares de volta para os Estados Unidos através da compra de títulos do Tesouro dos EUA, ou deixar a força do "mercado livre" aumentar o valor relativo da sua divisa para com o dólar – com isso apreçando as suas exportações de modo a colocá-las fora dos mercados mundiais e portanto criando desemprego interno e insolvências de negócios.
Quando a China e outros países reciclam as suas entradas de dólares ao comprarem títulos do Tesouro dos EUA para "investir" nos Estados Unidos, esta acumulação não é realmente voluntária. Ela não reflecte a fé na economia dos EUA, no enriquecimento de bancos centrais estrangeiros através das suas poupanças, ou qualquer preferência de investimento calculado, mas simplesmente uma falta de alternativas. "Mercados livres" em US-style engancham países num sistema que os força a aceitarem dólares sem limites. Agora eles querem sair.
Isto significa criar uma nova alternativa. Ao invés de fazer simplesmente "mudanças cosméticas como alguns países e talvez como as próprias organizações financeiras internacionais desejassem", concluiu o sr. Medvedev no discurso de S. Petesburgo, "o que precisamos são instituições financeiras de um tipo completamente novo, em que questões políticas e motivos, e países particulares, não dominarão".
Quando os gastos militares no estrangeiro forçaram a balança de pagamentos dos EUA ao défice e conduziram os Estados Unidos ao abandono do ouro, em 1971, os bancos centrais ficaram sem o activo tradicional utilizado para regular desequilíbrios de pagamentos. A alternativa, na falta de outra, era investir as suas subsequentes entradas de pagamentos em títulos do Tesouro dos EUA, como se estes ainda fossem "tão bons quanto ouro". Os bancos centrais agora possuem US$4 milhões de milhões (trillion) destes títulos nas suas reservas internacionais – o enterrar destes empréstimos financiou a maior parte dos défices do orçamento interno do Governo dos EUA durante mais de três décadas! Uma vez que cerca da metade dos gastos discricionários do governo dos EUA é com operações militares – incluindo mais de 750 bases militares no estrangeiro e operações cada vez mais dispendiosas nos países produtores de petróleo e nas vias de acesso ao mesmo – o sistema financeiro internacional está organizado de um modo que financia o Pentágono, assim como compras americanas de activos estrangeiros que se espera renderem muito mais do que os títulos do Tesouro possuídos pelos bancos centrais estrangeiros.
A principal questão política a enfrentar os bancos centrais do mundo é portanto como evitar acrescentar ainda mais dólares às suas reservas e portanto financiar ainda mais o gasto deficitário dos EUA – incluindo a despesa militar junto às suas fronteiras.
Em primeiro lugar, os seis países SCO e os países BRIC pretendem comerciar nas suas próprias divisas de modo a obterem o benefício do crédito mútuo que os Estados Unidos até agora monopolizaram para si próprios. Tendo em vista este objectivo, a China selou acordos bilaterais com a Argentina e o Brasil no sentido de denominar o seu comércio em renminbi ao invés do dólar, da libra esterlina ou dos euros, [3] e duas semanas atrás a China alcançou um acordo com a Malásia no sentido de denominar o comércio entre os dois países em renminbi. [4] O antigo primeiro-ministro, Dr. Mahathir Mohamad, explicou-me em Janeiro que, como país muçulmano, a Malásia quer evitar fazer qualquer coisa que facilite a acção militar estado-unidense contra países islâmicos, incluindo a Palestina. O país já tem demasiados activos em dólares, explicaram os seus colegas. O governador do banco central Zhou Xiaochuan, do Banco do Povo da China, redigiu uma declaração oficial no seu sítio web de que o objectivo agora é criar uma divisa de reserva "que seja desconectada de países individuais". [5] Este é o objectivo das discussões em Yekaterinburg.
Além de evitar financiar tanto a compra da sua própria indústria pelos EUA como o cerco estado-unidense do globo, a China, a Rússia e outros países gostariam sem dúvida de obter a mesma espécie de "almoço gratuito" que a América tem estado a obter. Tal como a questão se lhes apresenta, vêm os Estados Unidos como um país fora da lei, tanto financeiramente como militarmente. Como caracterizar de outra maneira um país que mantém um conjunto de leis para os outros – sobre guerra, reembolso de dívida e tratamento de prisioneiros – mas ignora-as em relação a si próprio? Os Estados Unidos são agora o maior devedor do mundo mas tem evitado o sofrimento dos "ajustamentos estruturais" impostos a outras economias devedoras. As reduções de taxas de juros e fiscais em face dos défices comerciais e orçamentais em explosão são vistas como o cúmulo da hipocrisia considerando os programas de austeridades a que Washington força outros países, através do FMI e outros dos seus veículos.
Os Estados Unidos dizem às economias devedoras para liquidarem as suas empresas públicas e os seus recursos naturais, elevarem as suas taxas de juros e aumentarem impostos enquanto arruínam as suas redes de segurança social a fim de espremer dinheiro para pagar aos credores. E internamente o Congresso proibiu a CNOOK da China de comprar a Unocal com o argumento da segurança nacional, assim como proibiu o Dubai de comprar portos e a outros fundos de riqueza soberana de comprarem infraestruturas chave. Os estrangeiros são convidados a emularem a compra japonesa de troféus tipo elefantes brancos, tal como o Rockefeller Center, no qual os investidores perderam rapidamente mil milhões de dólares e acabaram por se afastar.
Quanto a isto, os EUA não deram realmente à China e a outros países com excedentes de pagamentos grande alternativa excepto descobrir um meio de evitar nova acumulação de dólares. Até à data, as tentativas da China de diversificar os seus haveres em dólares para além dos títulos do Tesouro não tiveram muito êxito. Para começar, Hank Paulson da Goldman Sachs dirigiu o seu banco central para os títulos de rendimento mais alto da Fannie Mae e do Freddie Mac, explicando-lhes que estes eram de facto obrigações públicas. Ambos entraram em colapso em 2008, mas pelo menos o governo dos EUA tomou posse destas duas agências de empréstimos hipotecários, acrescentando formalmente os seus US$5,2 milhões de milhões em obrigações à dívida nacional. De facto, foi em grande parte o investimento oficial estrangeiro que estimulou o salvamento. Impor uma perda a agências oficiais estrangeiras teria rompido de imediato o padrão do título do Tesouro, não só por destruir totalmente a credibilidade dos EUA como também porque há simplesmente muito poucos títulos do governo a absorverem a inundação de dólares na economia mundial devida à elevação dos défices da balança de pagamentos estado-unidense.
Procurando uma posição de equilíbrio para proteger o valor dos seus haveres em dólares quando a bolha do crédito do Federal Reserve levou ao rebaixamento das taxas de juro, os fundos de riqueza soberana da China procuraram diversificar a partir do fim de 2007. A China comprou participações no bem conectado fundo de acções Blackstone e no Morgan Stanley na Wall Street, no Standard Bank do Barclays na África do Sul (antes filiado ao Chase Manhattan no tempo do apartheid na década de 1960) e no conglomerado financeiro belga Fortis, que entrou logo em colapso. Mas o sector financeiro dos EUA estava a entrar em colapso sob o peso da sua dívida piramidal e os preços das acções de bancos e firmas de investimento mergulharam no mundo todo.
Os estrangeiros vêem o FMI, o Banco Mundial e a Organização Internacional de Comércio como emanações de Washington num sistema financeiro suportado por bases militares e porta-aviões americanos que envolve todo o globo. Mas esta dominação militar é um vestígio de um império americano que já não é mais capaz de dominar pela força económica. O poder militar estado-unidense é músculo em excesso, baseado mais no armamento atómico e ataques aéreos a longa distância do que sobre operações no terreno, as quais politicamente tornaram-se demasiado impopulares para serem montadas em grande escala.
Na frente económica não há meio previsível pelo qual os Estados Unidos possam descarregar os US$4 milhões de milhões que devem a governos estrangeiros, os seus bancos centrais e aos fundos de riqueza soberana estabelecidos para dar destino à inundação global de dólares. A América tornou-se uma caloteira – e na verdade, um caloteiro militarmente agressivo pois procura manter-se como a potência única que chegou a ser através de meios económicos. O problema é como restringir o seu comportamento. Yu Yongding, um antigo conselheiro do banco central chinês agora na Academia de Ciências de China, sugeriu que o secretário do Tesouro Tim Geithner fosse avisado de que os Estados Unidos deveriam "salvar-se" antes e acima de tudo pela redução do seu orçamento militar. "O imposto sobre o rendimento dos EUA provavelmente não aumentará no curto prazo devido ao baixo crescimento económico, a despesas inflexíveis e ao custo de 'combater duas guerras' ". [6]
Actualmente são as poupanças estrangeiras, não as dos americanos, que estão a financiar o défice orçamental dos EUA através da compra da maior parte dos títulos do Tesouro. O efeito é tributação sem representação para os eleitores estrangeiros pois não podem dizer ao governo dos EUA como utilizar as suas poupanças forçadas. Portanto é necessário aos diplomatas financeiros que ampliem o âmbito das suas decisões políticas para além do sector do mercado privado. As taxas de câmbio são determinadas por muito factores além de "cartões de crédito detidos pelos consumidores", o eufemismo habitual que os media dos EUA mencionam para o défice da balança de pagamentos. Desde o século XIII, a guerra tem sido um factor dominante na balança de pagamentos dos principais países – e das suas dívidas nacionais. O financiamento de governos através de títulos faz-se sobretudo para dívidas de guerra, pois em tempos de paz normais os orçamentos tendem a ser equilibrados. Isto liga o orçamento de guerra directamente à balança de pagamentos e às taxas de câmbio.
Os países estrangeiros vêem-se presos a títulos de dívida impagáveis – sob condições em que, se se movimentassem para travar o almoço gratuito dos EUA, o dólar mergulharia e os seus haveres em dólares cairiam de valor em relação às suas próprias divisas internas e outras divisas. Se a divisa da China se elevasse em 10% contra o dólar, o seu banco central mostrará o equivalente a uma perda de US$200 milhões nos seus haveres de US$2 milhões de milhões quando denominados em yuan. Isto explica porque, quando agências de classificação de títulos falam acerca da perda da classificação AAA para os títulos do Tesouro dos EUA, elas não querem dizer que o governo não possa simplesmente imprimir os dólares de papel para "tornar bons" estes títulos. Querem dizer que os dólares depreciarão no valor internacional. E isso é exactamente o que está agora a verificar-se. Quando o sr. Geithner fez uma cara séria e disse numa sessão na Universidade de Pequim, no princípio de Junho, que acreditava num "dólar forte" e que os investimentos da China nos EUA portanto era seguros e saudáveis, a reacção foram risadas sarcásticas. [7]
A previsão de uma elevação da taxa de câmbio da China dá um incentivo a especuladores para procurarem tomar emprestado em dólares a fim de comprar renminbi e beneficiarem da valorização. Para a China, o problema é que este influxo especulativo tornar-se-ia uma profecia auto-cumprida ao forçar a alta da sua divisa. Assim o problema das reservas internacionais está inerentemente ligado ao dos controles de capitais. Por que a China deveria ver as suas companhias mais lucrativas vendidas por US dólares criados livremente, os quais o banco central deve utilizar para comprar títulos do Tesouro dos EUA de baixo rendimento ou perder ainda mais dinheiro na Wall Street?
Para evitar este dilema é necessário inverter a filosofia dos mercados de capital abertos que o mundo tem adoptado desde Bretton Woods em 1944. Por ocasião da visita do sr. Geithner à China, "Zhou Xiaochuan, ministro do Banco Popular da China, o banco central do país, disse enfaticamente que esta era a primeira vez desde as conversações semestrais principiadas em 2006 que a China precisava aprender tanto com os erros americanos como com os seus êxitos" no que concerne à desregulamentação de mercados de capital e desmantelamento de controles. [8]
Uma era está portanto a chegar ao fim. Face ao contínuo super gasto dos EUA, a desdolarização ameaça forçar países a retornarem à espécie de taxas de câmbio duais que eram comuns entre a I e a II Guerras Mundiais: uma taxa de câmbio para o comércio de mercadorias e outra para movimentos de capital e investimentos, pelo menos das economias da área do dólar.
Mesmo sem controles de capital, os países que se reúnem em Yekaterinburg estão a dar passos para evitar serem os receptores relutantes de ainda mais dólares. Ao verem que a hegemonia global dos EUA não pode continuar sem os gastos de poder que eles próprios fornecem, os governos estão a tentar acelerar o que Chalmers Johnson denominou de "as aflições do império" no seu livro com o mesmo nome ("The Sorrows of Empire"). Se a China, a Rússia e seus aliados não alinhados prosseguirem o seu caminho, os Estados Unidos já não viverão mais das poupanças dos outros (na forma dos seus próprios dólares reciclados) nem terão o dinheiro para as suas despesas e aventuras militares ilimitadas.
Responsáveis americanos quiseram comparecer como observadores à reunião de Yekaterinburg. Disseram-lhes Não. É uma palavra que os americanos ouvirão muito no futuro.
Notas
1. Andrew Scheineson, "The Shanghai Cooperation Organization", Council on Foreign Relations, Updated: March 24, 2009: "While some experts say the organization has emerged as a powerful anti-U.S. bulwark in Central Asia, others believe frictions between its two largest members, Russia and China, effectively preclude a strong, unified SCO."
2. Kremlin.ru, June 5, 2009, in Johnson's Russia List , June 8, 2009, #8.
3. Jamil Anderlini e Javier Blas, "China reveals big rise in gold reserves," Financial Times, April 24, 2009. Ver também "Chinese political advisors propose making yuan an int'l currency." Beijing, March 7, 2009 (Xinhua). "The key to financial reform is to make the yuan an international currency, said [Peter Kwong Ching] Woo [chairman of the Hong Kong-based Wharf (Holdings) Limited] in a speech to the Second Session of the 11th National Committee of the Chinese People's Political Consultative Conference (CPPCC), the country's top political advisory body. That means using the Chinese currency to settle international trade payments …"
4. Shai Oster, "Malaysia, China Consider Ending Trade in Dollars," Wall Street Journal, June 4, 2009.
5. Jonathan Wheatley, "Brazil and China in plan to axe dollar," Financial Times, May 19, 2009.
6. "Another Dollar Crisis inevitable unless U.S. starts Saving - China central bank adviser. Global Crisis 'Inevitable' Unless U.S. Starts Saving, Yu Says," Bloomberg News, June 1, 2009. http://www.bloomberg.com/apps/news?pid= ... refer=asia
7. Kathrin Hille, "Lesson in friendship draws blushes," Financial Times, June 2, 2009.
8. Steven R. Weisman, "U.S. Tells China Subprime Woes Are No Reason to Keep Markets Closed," The New York Times, June 18, 2008.
The CRG grants permission to cross-post original Global Research articles on community internet sites as long as the text & title are not modified. The source and the author's copyright must be displayed. For publication of Global Research articles in print or other forms including commercial internet sites, contact: crgeditor@yahoo.com
© Copyright Michael Hudson, Global Research, 2009
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php? ... &aid=13969
O desmantelamento do império financeiro-militar da América
– O ponto de viragem de Yekaterinburg
por Michael Hudson
A cidade de Yakaterinburg, a maior da Rússia a leste dos Urais, pode tornar-se conhecida não só como o local da morte dos czares como também da hegemonia americana – não só como o lugar em que o piloto Gari Powers, do U-2, foi abatido em 1960 como também o lugar em que a ordem financeira internacional centrada nos EUA foi deitada abaixo.
O desafio à América será o foco primário das extensas reuniões de Yekaterinburg (antiga Sverdlovsk) nos dia 15 e 16 de Junho entre o presidente chinês Hu Jintao, o presidente russo Dmitry Medvedev e outros responsáveis superiores dos seis países da Organização de Cooperação de Shangai (SCO). A aliança é formada pela Rússia, China, Cazaquistão, Tajiquistão, Quirguistão e Uzbequistão, com estatutos de observadores para o Irão, Índia, Paquistão e Mongólia. A ela somar-se-á na terça-feira o Brasil, para discussões entre os países BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
Os participantes asseguraram a diplomatas americanas que o desmantelamento do império financeiro e militar dos EUA não é o seu objectivo. Eles simplesmente querem discutir ajuda mútua – mas de um modo em que não haja papel para os Estados Unido, a NATO ou o dólar americano como veículo de comércio. Os diplomatas estado-unidenses podem bem perguntar-se o que isto realmente significa, se não um movimento para tornar a hegemonia dos EUA obsoleta. Isto é o que quer dizer afinal de contas um mundo multipolar. Para começar, em 2005 a SCO pediu a Washington para estabelecer um calendário para a retirada das suas bases militares na Ásia Central. Dois anos depois os países SCO alinharam-se formalmente com as antigas repúblicas CIS pertencentes à Collective Security Treaty Organization (CSTO), estabelecida em 2002 como contra-peso à NATO.
Mas a reunião provocou apenas um bocejo colectivo dos EUA e mesmo da imprensa europeia, apesar da sua agenda de substituição do padrão dólar global por um novo sistema financeiro e de defesa militar. Um porta-voz do Council on Foreign Relations disse dificilmente poder imaginar que a Rússia e a China pudessem ultrapassar as suas rivalidades geopolíticas, [1] sugerindo que a América poderia utilizar a táctica do divide-e-conquista tão habilmente utilizada pela Grã-Bretanha durante séculos a fim de fragmentar a oposição estrangeira ao seu próprio império. Mas George W. Bush ("Eu sou um unificador, não um divisor") confiou no legado da administração Clinton impulsionando a Rússia, a China e os seus vizinhos a descobrirem um terreno comum quando chegou o momento de encontrar uma alternativa para o dólar e portanto para a capacidade americana de incorrer em défices de balança de pagamentos ad infinitum.
Aquilo que pode vir a demonstrar-se como ritos finais da hegemonia americana começou em Abril na conferência do G-20 e tornou-se ainda mais explícito no Fórum Económico Internacional de S. Petesburgo, quando o sr. Medvedev apelou à China, Rússia e Índia para "construírem uma ordem mundial cada vez mais multipolar". O que isto significa é bom inglês é: Nós atingimos o nosso limite na subsidiação do cerco militar da Eurásia pelos Estados Unidos enquanto permitimos também que os EUA se apropriem das nossas exportações, companhias, acções e imobiliário em troca de papel-dinheiro de valor discutível.
"O sistema unipolar mantido artificialmente", esclareceu o sr. Medvedev, está baseado sobre "um grande centro de consumo, financiado por um défice crescente, e portanto dívidas crescentes, uma divisa de reserva anteriormente forte e um sistema dominante de avaliação de activos e riscos". [2] A raiz da crise financeira global, concluiu, é que os Estados Unidos fabricam muito pouco e gastam demasiado. Especialmente inquietantes são os seus gastos militares, tais como a escalada militar da ajuda americana à Geórgia anunciada na semana passada, o escudo de mísseis da NATO na Europa do Leste e o crescimento americano nos países ricos em petróleo do Médio Oriente e Ásia Central.
O ponto de impasse com todos estes países é a capacidade de os EUA imprimirem ilimitadas quantias de dólares. Os super-gastos dos consumidores americanos com importações em excesso das exportações, as compras americanas de companhias e imobiliário estrangeiro, e os dólares que o Pentágono gasta no exterior acabam todos em bancos centrais estrangeiros. Estas agências enfrentam então uma escolha difícil: ou reciclar este dólares de volta para os Estados Unidos através da compra de títulos do Tesouro dos EUA, ou deixar a força do "mercado livre" aumentar o valor relativo da sua divisa para com o dólar – com isso apreçando as suas exportações de modo a colocá-las fora dos mercados mundiais e portanto criando desemprego interno e insolvências de negócios.
Quando a China e outros países reciclam as suas entradas de dólares ao comprarem títulos do Tesouro dos EUA para "investir" nos Estados Unidos, esta acumulação não é realmente voluntária. Ela não reflecte a fé na economia dos EUA, no enriquecimento de bancos centrais estrangeiros através das suas poupanças, ou qualquer preferência de investimento calculado, mas simplesmente uma falta de alternativas. "Mercados livres" em US-style engancham países num sistema que os força a aceitarem dólares sem limites. Agora eles querem sair.
Isto significa criar uma nova alternativa. Ao invés de fazer simplesmente "mudanças cosméticas como alguns países e talvez como as próprias organizações financeiras internacionais desejassem", concluiu o sr. Medvedev no discurso de S. Petesburgo, "o que precisamos são instituições financeiras de um tipo completamente novo, em que questões políticas e motivos, e países particulares, não dominarão".
Quando os gastos militares no estrangeiro forçaram a balança de pagamentos dos EUA ao défice e conduziram os Estados Unidos ao abandono do ouro, em 1971, os bancos centrais ficaram sem o activo tradicional utilizado para regular desequilíbrios de pagamentos. A alternativa, na falta de outra, era investir as suas subsequentes entradas de pagamentos em títulos do Tesouro dos EUA, como se estes ainda fossem "tão bons quanto ouro". Os bancos centrais agora possuem US$4 milhões de milhões (trillion) destes títulos nas suas reservas internacionais – o enterrar destes empréstimos financiou a maior parte dos défices do orçamento interno do Governo dos EUA durante mais de três décadas! Uma vez que cerca da metade dos gastos discricionários do governo dos EUA é com operações militares – incluindo mais de 750 bases militares no estrangeiro e operações cada vez mais dispendiosas nos países produtores de petróleo e nas vias de acesso ao mesmo – o sistema financeiro internacional está organizado de um modo que financia o Pentágono, assim como compras americanas de activos estrangeiros que se espera renderem muito mais do que os títulos do Tesouro possuídos pelos bancos centrais estrangeiros.
A principal questão política a enfrentar os bancos centrais do mundo é portanto como evitar acrescentar ainda mais dólares às suas reservas e portanto financiar ainda mais o gasto deficitário dos EUA – incluindo a despesa militar junto às suas fronteiras.
Em primeiro lugar, os seis países SCO e os países BRIC pretendem comerciar nas suas próprias divisas de modo a obterem o benefício do crédito mútuo que os Estados Unidos até agora monopolizaram para si próprios. Tendo em vista este objectivo, a China selou acordos bilaterais com a Argentina e o Brasil no sentido de denominar o seu comércio em renminbi ao invés do dólar, da libra esterlina ou dos euros, [3] e duas semanas atrás a China alcançou um acordo com a Malásia no sentido de denominar o comércio entre os dois países em renminbi. [4] O antigo primeiro-ministro, Dr. Mahathir Mohamad, explicou-me em Janeiro que, como país muçulmano, a Malásia quer evitar fazer qualquer coisa que facilite a acção militar estado-unidense contra países islâmicos, incluindo a Palestina. O país já tem demasiados activos em dólares, explicaram os seus colegas. O governador do banco central Zhou Xiaochuan, do Banco do Povo da China, redigiu uma declaração oficial no seu sítio web de que o objectivo agora é criar uma divisa de reserva "que seja desconectada de países individuais". [5] Este é o objectivo das discussões em Yekaterinburg.
Além de evitar financiar tanto a compra da sua própria indústria pelos EUA como o cerco estado-unidense do globo, a China, a Rússia e outros países gostariam sem dúvida de obter a mesma espécie de "almoço gratuito" que a América tem estado a obter. Tal como a questão se lhes apresenta, vêm os Estados Unidos como um país fora da lei, tanto financeiramente como militarmente. Como caracterizar de outra maneira um país que mantém um conjunto de leis para os outros – sobre guerra, reembolso de dívida e tratamento de prisioneiros – mas ignora-as em relação a si próprio? Os Estados Unidos são agora o maior devedor do mundo mas tem evitado o sofrimento dos "ajustamentos estruturais" impostos a outras economias devedoras. As reduções de taxas de juros e fiscais em face dos défices comerciais e orçamentais em explosão são vistas como o cúmulo da hipocrisia considerando os programas de austeridades a que Washington força outros países, através do FMI e outros dos seus veículos.
Os Estados Unidos dizem às economias devedoras para liquidarem as suas empresas públicas e os seus recursos naturais, elevarem as suas taxas de juros e aumentarem impostos enquanto arruínam as suas redes de segurança social a fim de espremer dinheiro para pagar aos credores. E internamente o Congresso proibiu a CNOOK da China de comprar a Unocal com o argumento da segurança nacional, assim como proibiu o Dubai de comprar portos e a outros fundos de riqueza soberana de comprarem infraestruturas chave. Os estrangeiros são convidados a emularem a compra japonesa de troféus tipo elefantes brancos, tal como o Rockefeller Center, no qual os investidores perderam rapidamente mil milhões de dólares e acabaram por se afastar.
Quanto a isto, os EUA não deram realmente à China e a outros países com excedentes de pagamentos grande alternativa excepto descobrir um meio de evitar nova acumulação de dólares. Até à data, as tentativas da China de diversificar os seus haveres em dólares para além dos títulos do Tesouro não tiveram muito êxito. Para começar, Hank Paulson da Goldman Sachs dirigiu o seu banco central para os títulos de rendimento mais alto da Fannie Mae e do Freddie Mac, explicando-lhes que estes eram de facto obrigações públicas. Ambos entraram em colapso em 2008, mas pelo menos o governo dos EUA tomou posse destas duas agências de empréstimos hipotecários, acrescentando formalmente os seus US$5,2 milhões de milhões em obrigações à dívida nacional. De facto, foi em grande parte o investimento oficial estrangeiro que estimulou o salvamento. Impor uma perda a agências oficiais estrangeiras teria rompido de imediato o padrão do título do Tesouro, não só por destruir totalmente a credibilidade dos EUA como também porque há simplesmente muito poucos títulos do governo a absorverem a inundação de dólares na economia mundial devida à elevação dos défices da balança de pagamentos estado-unidense.
Procurando uma posição de equilíbrio para proteger o valor dos seus haveres em dólares quando a bolha do crédito do Federal Reserve levou ao rebaixamento das taxas de juro, os fundos de riqueza soberana da China procuraram diversificar a partir do fim de 2007. A China comprou participações no bem conectado fundo de acções Blackstone e no Morgan Stanley na Wall Street, no Standard Bank do Barclays na África do Sul (antes filiado ao Chase Manhattan no tempo do apartheid na década de 1960) e no conglomerado financeiro belga Fortis, que entrou logo em colapso. Mas o sector financeiro dos EUA estava a entrar em colapso sob o peso da sua dívida piramidal e os preços das acções de bancos e firmas de investimento mergulharam no mundo todo.
Os estrangeiros vêem o FMI, o Banco Mundial e a Organização Internacional de Comércio como emanações de Washington num sistema financeiro suportado por bases militares e porta-aviões americanos que envolve todo o globo. Mas esta dominação militar é um vestígio de um império americano que já não é mais capaz de dominar pela força económica. O poder militar estado-unidense é músculo em excesso, baseado mais no armamento atómico e ataques aéreos a longa distância do que sobre operações no terreno, as quais politicamente tornaram-se demasiado impopulares para serem montadas em grande escala.
Na frente económica não há meio previsível pelo qual os Estados Unidos possam descarregar os US$4 milhões de milhões que devem a governos estrangeiros, os seus bancos centrais e aos fundos de riqueza soberana estabelecidos para dar destino à inundação global de dólares. A América tornou-se uma caloteira – e na verdade, um caloteiro militarmente agressivo pois procura manter-se como a potência única que chegou a ser através de meios económicos. O problema é como restringir o seu comportamento. Yu Yongding, um antigo conselheiro do banco central chinês agora na Academia de Ciências de China, sugeriu que o secretário do Tesouro Tim Geithner fosse avisado de que os Estados Unidos deveriam "salvar-se" antes e acima de tudo pela redução do seu orçamento militar. "O imposto sobre o rendimento dos EUA provavelmente não aumentará no curto prazo devido ao baixo crescimento económico, a despesas inflexíveis e ao custo de 'combater duas guerras' ". [6]
Actualmente são as poupanças estrangeiras, não as dos americanos, que estão a financiar o défice orçamental dos EUA através da compra da maior parte dos títulos do Tesouro. O efeito é tributação sem representação para os eleitores estrangeiros pois não podem dizer ao governo dos EUA como utilizar as suas poupanças forçadas. Portanto é necessário aos diplomatas financeiros que ampliem o âmbito das suas decisões políticas para além do sector do mercado privado. As taxas de câmbio são determinadas por muito factores além de "cartões de crédito detidos pelos consumidores", o eufemismo habitual que os media dos EUA mencionam para o défice da balança de pagamentos. Desde o século XIII, a guerra tem sido um factor dominante na balança de pagamentos dos principais países – e das suas dívidas nacionais. O financiamento de governos através de títulos faz-se sobretudo para dívidas de guerra, pois em tempos de paz normais os orçamentos tendem a ser equilibrados. Isto liga o orçamento de guerra directamente à balança de pagamentos e às taxas de câmbio.
Os países estrangeiros vêem-se presos a títulos de dívida impagáveis – sob condições em que, se se movimentassem para travar o almoço gratuito dos EUA, o dólar mergulharia e os seus haveres em dólares cairiam de valor em relação às suas próprias divisas internas e outras divisas. Se a divisa da China se elevasse em 10% contra o dólar, o seu banco central mostrará o equivalente a uma perda de US$200 milhões nos seus haveres de US$2 milhões de milhões quando denominados em yuan. Isto explica porque, quando agências de classificação de títulos falam acerca da perda da classificação AAA para os títulos do Tesouro dos EUA, elas não querem dizer que o governo não possa simplesmente imprimir os dólares de papel para "tornar bons" estes títulos. Querem dizer que os dólares depreciarão no valor internacional. E isso é exactamente o que está agora a verificar-se. Quando o sr. Geithner fez uma cara séria e disse numa sessão na Universidade de Pequim, no princípio de Junho, que acreditava num "dólar forte" e que os investimentos da China nos EUA portanto era seguros e saudáveis, a reacção foram risadas sarcásticas. [7]
A previsão de uma elevação da taxa de câmbio da China dá um incentivo a especuladores para procurarem tomar emprestado em dólares a fim de comprar renminbi e beneficiarem da valorização. Para a China, o problema é que este influxo especulativo tornar-se-ia uma profecia auto-cumprida ao forçar a alta da sua divisa. Assim o problema das reservas internacionais está inerentemente ligado ao dos controles de capitais. Por que a China deveria ver as suas companhias mais lucrativas vendidas por US dólares criados livremente, os quais o banco central deve utilizar para comprar títulos do Tesouro dos EUA de baixo rendimento ou perder ainda mais dinheiro na Wall Street?
Para evitar este dilema é necessário inverter a filosofia dos mercados de capital abertos que o mundo tem adoptado desde Bretton Woods em 1944. Por ocasião da visita do sr. Geithner à China, "Zhou Xiaochuan, ministro do Banco Popular da China, o banco central do país, disse enfaticamente que esta era a primeira vez desde as conversações semestrais principiadas em 2006 que a China precisava aprender tanto com os erros americanos como com os seus êxitos" no que concerne à desregulamentação de mercados de capital e desmantelamento de controles. [8]
Uma era está portanto a chegar ao fim. Face ao contínuo super gasto dos EUA, a desdolarização ameaça forçar países a retornarem à espécie de taxas de câmbio duais que eram comuns entre a I e a II Guerras Mundiais: uma taxa de câmbio para o comércio de mercadorias e outra para movimentos de capital e investimentos, pelo menos das economias da área do dólar.
Mesmo sem controles de capital, os países que se reúnem em Yekaterinburg estão a dar passos para evitar serem os receptores relutantes de ainda mais dólares. Ao verem que a hegemonia global dos EUA não pode continuar sem os gastos de poder que eles próprios fornecem, os governos estão a tentar acelerar o que Chalmers Johnson denominou de "as aflições do império" no seu livro com o mesmo nome ("The Sorrows of Empire"). Se a China, a Rússia e seus aliados não alinhados prosseguirem o seu caminho, os Estados Unidos já não viverão mais das poupanças dos outros (na forma dos seus próprios dólares reciclados) nem terão o dinheiro para as suas despesas e aventuras militares ilimitadas.
Responsáveis americanos quiseram comparecer como observadores à reunião de Yekaterinburg. Disseram-lhes Não. É uma palavra que os americanos ouvirão muito no futuro.
Notas
1. Andrew Scheineson, "The Shanghai Cooperation Organization", Council on Foreign Relations, Updated: March 24, 2009: "While some experts say the organization has emerged as a powerful anti-U.S. bulwark in Central Asia, others believe frictions between its two largest members, Russia and China, effectively preclude a strong, unified SCO."
2. Kremlin.ru, June 5, 2009, in Johnson's Russia List , June 8, 2009, #8.
3. Jamil Anderlini e Javier Blas, "China reveals big rise in gold reserves," Financial Times, April 24, 2009. Ver também "Chinese political advisors propose making yuan an int'l currency." Beijing, March 7, 2009 (Xinhua). "The key to financial reform is to make the yuan an international currency, said [Peter Kwong Ching] Woo [chairman of the Hong Kong-based Wharf (Holdings) Limited] in a speech to the Second Session of the 11th National Committee of the Chinese People's Political Consultative Conference (CPPCC), the country's top political advisory body. That means using the Chinese currency to settle international trade payments …"
4. Shai Oster, "Malaysia, China Consider Ending Trade in Dollars," Wall Street Journal, June 4, 2009.
5. Jonathan Wheatley, "Brazil and China in plan to axe dollar," Financial Times, May 19, 2009.
6. "Another Dollar Crisis inevitable unless U.S. starts Saving - China central bank adviser. Global Crisis 'Inevitable' Unless U.S. Starts Saving, Yu Says," Bloomberg News, June 1, 2009. http://www.bloomberg.com/apps/news?pid= ... refer=asia
7. Kathrin Hille, "Lesson in friendship draws blushes," Financial Times, June 2, 2009.
8. Steven R. Weisman, "U.S. Tells China Subprime Woes Are No Reason to Keep Markets Closed," The New York Times, June 18, 2008.
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© Copyright Michael Hudson, Global Research, 2009
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