Re: TÓPICO OFICIAL DO FX-2
Enviado: Sáb Ago 20, 2011 11:48 pm
Esse assunto é bastante instigante e a resposta para essa pergunta vaid epender de muitas variáveis como as incertezas econômicas mundiais que estão aí (aliás, vários analistas estão dizendo que EUA e alguns países da Europa vão demorar cerca de 10 anos para se levantar novamente.Túlio escreveu:
Bueno, vamos tentar recomeçar. Inicio esclarecendo que estou expondo apenas um ponto de vista PESSOAL, baseado no que tenho lido e debatido aqui mesmo no DB. A intenção é promover um debate sadio, civilizado e logicamente embasado. Não intento 'vender' idéia alguma e sim DISCUTIR algumas que tenho. Vou tentar dividir por assuntos para facilitar:
1 - SOBRE OS CAÇAS DO FX-2
Devo dizer que já fazem anos que só considero seriamente DOIS dos contendores, dadas as muitas notícias que circularam entre nós sobre a disposição da Marinha do Brasil em acompanhar a escolha da Força Aérea Brasileira DESDE QUE A DITA AERONAVE PUDESSE OPERAR EM SEU(S) FUTURO(S) NAE(S): o Dassault Rafale e o Boeing F-18 Super Hornet. Claro está que tive minhas 'paixonites' por todos os integrantes da lista inicial à disposição da COPAC (exceção feita - algo injusta, talvez - ao Typhoon) mas me fixei na posição da MB e passei a levar a sério apenas os dois citados.
Mesmo assim, o PAK FA é, em MINHA concepção, o primeiro 5G de verdade a voar. PESSOALMENTE, creio que ianques e Russos enveredaram por caminhos diversos na concepção do que seria um 5G: estes apostaram no DESEMPENHO, aqueles na FURTIVIDADE. Claro que os demais fatores foram considerados por ambos mas destaquei o que EU JULGO ter sido a prioridade de cada um. Hoje vê-se Raptor vazio com hora de voo mais cara do que a de um 747 carregado e com disponibilidade abaixo da crítica; vê-se também F-35 cada vez mais enrolado em prazos e custos sempre crescentes, enquanto as encomendas preliminares vão diminuindo sem parar, o que contribui para aumentar ainda mais os custos e a insegurança de futuros (ou nem tanto) operadores. Então, A MEU VER, os Russos acertaram o caminho, ficando os ianques com caças caríssimos e de muito baixa disponibilidade. E isso considerando que o Programa JSF ainda consiga chegar a algum porto antes de afundar pelo caminho...
Assim, não nego que minha primeira escolha seria naturalmente pelo PAK FA. A julgar pelo que se tem visto, o MiG-29 tem sua versão NAVAL; o Su-27 idem; é de se imaginar que o PAK FA siga a tradição, não? EU penso que sim!
Mas há um porém: atendo-me sempre ao que temos lido aqui, a MB insiste no uso de catapultas, ou seja, caças que operem CATOBAR. Os caças Russos tradicionalmente, até por seu absurdo SEP, decolam no modo Ski Jump, ou seja, STOBAR. Assim, voltamos à escolha anterior por um dos dois caças 4G, abrindo mão do 5G. Ou isso ou a MB abre mão de suas caras e complexas catapultas a vapor, o que acho - EU ACHO - meio difícil.
Assim, debrucemo-nos sobre os dois vetores 4G que restaram:
FRANÇA - RAFALE: apresenta um caça relativamente novo, de amplo espaço e potencial de crescimento/aperfeiçoamento. Até pouco tempo atrás, em sua primeira estréia em operações de guerra foi apodado aqui mesmo neste tópico de 'ceguinho', que tinha de usar a 'bengalinha' Mirage 2000 para detectar/atingir algum alvo. O avião evoluiu, integrou/incorporou sistemas e sensores e hoje já não se lê mais esse tipo de baboseira a respeito. De outra banda, fala-se de um possível altíssimo custo de aquisição/operação/manutenção, o que A MEU VER já apresenta alguma credibilidade, dada a pequena quantidade produzida até hoje. Menor a escala, maiores os custos...
Mas e para a FAB e MB, isso é necessariamente um fator impeditivo? Ça depénd...
EUA - SUPER HORNET: apresenta uma nova evolução de um projeto já bastante antigo, de amplo espaço mas pouco potencial de crescimento. Suas versões anteriores apresentam extensa ficha de combate, com ótimo desempenho. Seus maiores detratores são os ex-pilotos de Tomcat e, NO MEU ENTENDER, eles têm sua razão, acostumados que eram a voar um supercaça que, em sua arena, foi praticamente imbatível diante dos inimigos que encontrou. Fora dela, como se viu na Guerra Irã-Iraque, não manteve a impecável reputação. Os custos do Super Hornet devem ser compreensivelmente mais baixos, eis que divididos por umas cinco ou seis vezes a quantidade de Rafales em operação. Ademais, dado seu extensivo uso na incessante máquina de guerra dos EUA, o consumo de peças e partes deve ser bem alto e a escala reduz custos...
Mas e para a FAB e MB, isso é necessariamente um fator atrativo? It depends...
CONCLUSÃO
É mais complicado do que parece. Abrimos mão de um 5G e abraçamos um 4G: 36 míseras unidades, com a promessa de mais para substituir F-5 recém modernizados e AMX em início de modernização e que provavelmente vão estar voando lá por 2025, quando finalmente novas aeronaves deverão ser recebidas para substitui-los. Talvez uma dúzia ou duas adicionais antes disso, pois talvez a MB consiga lançar seu primeiro NAe moderno antes de 2025. Talvez...
A primeira pergunta que faço: o que a Boeing e a Dassault vão ficar fazendo até 2025? Talvez recebam novas encomendas que justifiquem a manutenção da linha de montagem aberta, talvez não. Mas a questão não se prende realmente a este fator. Eles vão deixar Russos e Chineses e Indianos tomarem a dianteira e terem só eles caças 5G, enquanto investem em novos blocks e tranches de seus 4G? Ou seguirão em direção a seus próprios 5G, a Boeing possivelmente sozinha, a Dassault junto com outras da Europa num verdadeiro 5G Pan-Europeu? E nesse caso, terão vontade/recursos para alocar em produtos que caminham para a substituição?
E como a FAB faria sua escolha? Apostar na 'tchurma da graxa' e sua suposta paixão pela fiabilidade/simplicidade logística dos EUA ou nos pilotos, supostamente embeiçados pela demoníaca manobrabilidade e sofisticação de sistemas do Rafale?
Mais: num cenário ideal, imaginando-se que a Índia encomende 126 Rafales e nós os nossos minguados 36 já se chegaria perto da escala de produção do Super Hornet, o que possivelmente - A MEU VER - reduziria os supostamente altos custos do caça Francês. Mas EU PENSO que iríamos precisar de mais ali por 2025 (para substituir uma frota de mais de cem F-5 e AMX finalmente aposentados), seja Rafale, seja Super Hornet, e top line, claro.
Fica então a questão final: HAVERÁ 4G TOP LINE EM 2025?
Obrigado pela atenção.
Desconsiderando uma forte depressão nessas economias:
1.Europa Ocidental até 2030 não terá um caca Stealth tripulado e eles estão atrazados em matéria de UCAV.
2.Não há dúvidas que o F35, pelo menos as versões A e C, estarão desenvolvidas e operando. Caso tenham mesmo um custo de operacão na casa dos USD40 mil como se estão estimando por aí, não será problema para EUA e demais operadores do Typhoon, pois este tem um custo de operacão de 24 mil Euros. Mas vale ressaltar que há o fato de que o Lightning seguramente passará dos milhares e o preco de operacão em vista disso tende a cair.
3.É possivel que, em vista do relevante custo de operacão e aquiscão do F35 , paises do nosso subcontinente tenderão a atrasar a encomenda.
4.Não podemos esquecer que a FAB trabalha com cenários, não é engessada. Mesmo adquirindo um caca da nossa Short List, é provável que, caso um operador sul-americano adquira um caca de 5G, ela passe a ter um. Aliás, não podemos esquecer que a Forca, em abril de 2008, quando abriu o processo FX2, ela havia solicitado o RFI para o F35.
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5.Voltamos então ao cenário mundial: vemos projetos de cacas de 5G por aí. Num um fighter, a furtividade está mais calcada no desenvolvimento de engenharia de materiais e sistemas do que no design em si. Aliás, o proprio B2 e o antigo F117 que não é um caca, usa também do cancelamento ativo como meio de ajuda no campo furtivo. (mas o cancelamento ativo nào faz tudo, senão nem precisava de outros meios. A furtividade é bastante complexa e depende de vários fatores, inclusive externos a própria aeronave. É muito difícil se saber o quanto que um caca é furtivo, diferentemente de outros desempenhos de uma aeronave que pode-se aferir e podem divulgar.
6.Quanto mais problemas que aparecem, quanto mais frescura sabemos que as aeronaves Stealth tem , mais se mostram importantes, pois os países continuam a desenvolvê-las. A justificativa que eu vejo é a seguinte: elas são caras, são problemáticas, mas valem por 4 ou 5 cacas de 4,5G. É difícil haver uma outra justificativa muito diferente dessa.
7. Nós precisamos de cacas para ontem, cacas de 5G ainda estão em desenvolvimento e aqueles que estão prontos ou praticamente desenvolvidos (F22 e F35) são problemáticos, precisam ser bem equacionados esses problemas. Não precisamos iniciar um processo de aquusicão para agora de um 5G.
8. UCAVs vão continuar seu desenvolvimento, possivelmente substituindo a mesma altura um piloto de combate. Mas nos próximas 10 anos não ocorerrá e há probabilidade de até 15 (2025) não estejam operacionais, por mais que um fabricante negue isso. E se ocorrer antes, as prioridades mudam no sentido de se obter um. Mas mesmo que chegassem ao mercado mais cedo, as incertezas quanto a um caca de 5G que há (suns por desenvolvimento imaturo, outros por possuirem pouca expertise no campo Stealth e outros que possuem expertise estão com problemas nas suas aeronaves), acho que não devem fazer com que a FAB passe agora a cogitar um 5G.
9.Quando forem um pouco mais comum a presenca de aeronaves stealth (2025, 2030) acredito que os cacas de 4,5G possam desempenhar ainda funcões importantes: a USAF já tem táticas para uso combinado de cacas stealth com cacas de versões anteriores: os de 5G vão mais a frente, indetectáveis, distribuindo os dados para os de 4,5G que estão mais atrás. Ademais ainda haverá opertunidades de emprego dos não stealth, usando as táticas de NBA, NCW, pods EW, principalmente lanados em missões defensivas.
10.Disso tudo me faz ter uma firme conviccão que podemos sim adquirir nessa década cacas de 4,5G. Mas vale ressaltar que não devemos mobiliar a FAB com quantidades expressivas dessa aeronave da Short List. Pode ser um pouco mais de 36 (talvez uns 54) para a FAB e para formar um esquadrão na MB. E partir para aquisicão um 5G para chegar nas Forcas em meados da próxima década.
Obs: Túlio, Super Hornet tem um bom potencial de crescimento. No desenvolvimento dele, foi-se pensado nisso, seja em termos de espaco, seja em termos de modularidade, seja em termos de reserva de energia.