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Mensagem
por Viking » Qua Set 15, 2021 5:04 pm
Prezados colegas,
O PROSUB esta em andamento e o foi priorizado. Entretanto tenho serias restrições a este programa. Estou divulgando textos que trazem uma visão que acredito se fosse implementada teria trazido maiores ganhos para o Brasil e a MB. E o que aconteceu em 2006 quando o CM era o almirante Guimaraes. Acredito que em função da realidade do Brasil erramos, muitos recursos em uma caríssima cesta de ovos.
Para a nossa releitura, reflexão e crítica.
Vale a pena ler de novo : Submarinos: A Visão da Marinha
Tenho observado, nos últimos meses, uma série de artigos em diversos órgãos da mídia, em matérias veiculadas pela internet, e até em pronunciamentos feitos por parlamentares no Congresso Nacional, todos manifestando preocupações sobre o tema “submarinos”, que podem ser resumidas, basicamente, nos seguintes tópicos:
– por que a Marinha do Brasil (MB) interrompeu o projeto de construção de um submarino movido a propulsão nuclear?
– por que a opção da MB pelo projeto alemão IKL-214, em detrimento de projetos de outras origens?
– por que não partir logo para a construção de um nuclear, ao invés de um convencional?
– por que a MB insiste com o projeto IKL-214, que estaria apresentando sérios problemas na marinha grega?
O tema é cativante, e a MB não se recusa a discuti-lo. Mas, devemos ter cuidado, pois, se por um lado essas dúvidas podem ser normais e até esperadas para aqueles que não estão familiarizados com todas as variáveis envolvidas no problema, por outro, elas podem estar sendo motivadas por opiniões ou até por interesses comerciais contrariados.
Vamos por partes.
A MB não interrompeu nenhum projeto de construção de um submarino movido a propulsão nuclear, até porque esse projeto infelizmente ainda não existe, e nem cogita da hipótese de, ao invés da construção de um convencional, partir para a construção de um nuclear, pelo menos, na próxima década.
O Programa Nuclear da Marinha, que, com enorme sacrifícios, a Força vem executando desde 1979, visa capacitar o País a dominar o ciclo do combustível nuclear – o que já se conseguiu – e desenvolver e construir uma planta nuclear de geração de energia elétrica, inclusive o reator, o que ainda não está pronto. Desenvolvidos e concluídos esses dois projetos e logrado êxito na operação dessa planta nuclear, estarão criadas as condições para que, no futuro, havendo uma decisão de governo para tal, possa ser dado início à elaboração do projeto e a posterior construção de um submarino nuclear de ataque (SNA), que terá de ser antecedido pelo projeto, construção e avaliação de um submarino convencional nacional. Esse foi o caminho percorrido por todos os países que possuem submarinos nucleares nas suas marinhas.
Do início, em 1979, até por volta do princípio da década de 1990, o Programa Nuclear da Marinha contou com o aporte de recursos adicionais ao orçamento da Força, provenientes de outras fontes governamentais, que possibilitaram o domínio do ciclo do combustível, alcançado ao final da década de 1980. A partir daí, o programa passou a ser custeado, praticamente, com recursos apenas do orçamento da MB, que, além de declinante, tem de atender a todas as demais demandas da Força. A solução visualizada para a conclusão desse Programa é a sua transformação em um Programa Nacional, e não apenas da Marinha, garantindo o aporte adicional, regular e continuado dos recursos capazes de fazer face às necessidades de um empreendimento dessa natureza. Na concepção estratégica da MB, a disponibilidade desses meios significaria acrescentar nova dimensão ao nosso Poder Naval, garantindo-lhe invejávelcapacidade de dissuasão e colocando-o à altura das necessidades resultantes da missão constitucional da Força Naval.
Graças à sua virtualmente inesgotável fonte de energia, o SNA pode permanecer submerso por tempo indefinido, limitado, apenas, pelo fator humano, em total independência da atmosfera, o que lhe garante mobilidade, velocidade e absoluta identidade com as profundezas que o abrigam, dificultando sua detecção e transformando-o numa das mais formidáveis plataformas navais jamais construídas.
Entretanto, para uma unidade de combate, não basta ser uma plataforma capaz de deslocar-se indefinidamente, oculta e em alta velocidade. É necessário que ela disponha de sensores adequados, sistema de navegação inercial e de armamento condizente com suas potencialidades.
É também indispensável, para empregar um SNA, explorando adequadamente todas as suas características, que se disponha de meios de comunicação capazes de permitir o seu controle, no mar, sem obrigá-lo a quebrar a sua notável capacidade de ocultação. Isso implica na existência de pelo menos uma estação transmissora em terra, que opere na faixa de “muito baixa freqüência” (VLF), garantindo que o submarino possa receber mensagens sem se expor. Entretanto, para que ele as possa transmitir, com risco mínimo de ser detectado, é necessário um sistema militar de comunicações por satélite.
Todas as marinhas do mundo que operam submarinos nucleares dispõem desses recursos, todos de elevado custo de obtenção e de manutenção, mas que, infelizmente, ainda não temos.
Em acréscimo, não há, na Marinha ou no País, uma massa crítica de engenheiros plenamente capacitados a projetar um SNA. Para elaborar os respectivos Projeto de Concepção, Projeto Preliminar, Projeto de Contrato e Projeto de Construção (detalhamento para o estaleiro construtor), é necessário um longo aprendizado em projetos de submarinos. A construção de unidades convencionais (propulsão diesel-elétrica), no País, é o caminho que vem sendo trilhado pela MB para qualificar seu quadro de engenheiros navais para, no futuro, alcançar a meta pretendida.
Também, no Brasil, não há um único estaleiro dimensionado para esse empreendimento; teríamos de construir ou adaptar um, para essa finalidade, com custos difíceis de imaginar, mas certamente bem elevados, até porque a escala das “encomendas” será pequena.
A base de submarinos existente, situada na Baía de Guanabara, não possui calado (profundidade local) suficiente para receber um SNA, nem capacidade de expansão para o atendimento de suas necessidades. Será necessário, então, selecionar área litorânea apropriada para se investir na construção de sofisticada base naval, capaz de lhe garantir todo o apoio necessário, ocasião em que, certamente, surgirá a questão ambiental.
Enfim, é preciso compreender que um SNA não pode existir isoladamente, mas como parte de um complexo e dispendioso conjunto; também, para a obtenção de um meio, não se pode considerar apenas seu custo de aquisição, mas, principalmente, o custo de posse, que, no caso de um SNA, com os requisitos de segurança e controle de qualidade requeridos para a manutenção de seus sistemas nucleares, excedem as possibilidades dos orçamentos alocados à Marinha ao longo dos últimos vinte anos. Na verdade, para se ter um SNA – e não poderíamos ficar em apenas um – é preciso não apenas capacitar-se a construí-lo, mas criar, antes, uma fantástica estrutura capaz de abrigá-lo, mantê-lo e apoiá-lo, juntamente com aquela capaz de operá-lo.
Em síntese, o sonho existe, mas devemos ter a perfeita consciência das enormes dificuldades e do longo caminho ainda a percorrer para concretizá-lo. Ademais, isso não pode ser apenas um sonho da Marinha. É necessário uma vontade do Estado Brasileiro, para que o sonho possa, no futuro, transformar-se em realidade.
Deve-se destacar, entretanto, que, ao longo de todo o processo de desenvolvimento do seu Programa Nuclear, cujos projetos integrantes já foram citados, a Marinha jamais deixou de investir na construção e operação de submarinos convencionais, não só por necessitar de meios capazes de cumprir as tarefas do Poder Naval que lhes são inerentes, como por reconhecer seu valor dissuasório. Releva notar que, com o fim da Guerra Fria, a importância estratégica desses meios – diferentemente do apregoado por alguns – só fez crescer, haja vista a evolução sofrida na doutrina naval da maior e mais poderosa marinha do mundo, a dos Estados Unidos da América, que hoje reconhece os submarinos convencionais como uma das principais ameaças que poderá ter de enfrentar em águas litorâneas – as denominadas águas marrons – graças ao seu reduzido “nível de ruídos irradiados” e a sua natural manobrabilidade em águas rasas.
Se o submarino convencional fosse tão inútil, como alguns pensam, a Marinha dos Estados Unidos não teria passado a patrocinar, a partir de 2001, um programa denominado “Diesel-Electric Submarines Initiative”, destinado a preparar a esquadra americana para enfrentar submarinos convencionais. Também, não teria, no mesmo programa, arrendado um submarino convencional da Real Marinha da Suécia, o “Gotland”, para ajudá-la naquela preparação.
Razões para tanta preocupação parecem sobrar, de fato, aos americanos, haja vista o incidente naval ocorrido no dia 26 de outubro de 2006, quando um submarino convencional chinês, classe “Song”, emergiu ao lado do porta-aviões USS “Kitty Hawk”, que navegava próximo a Okinawa, acompanhado de escolta, que, além das unidades de superfície, normalmente, inclui um ou dois submarinos nucleares de ataque classe “Los Angeles”. A propósito, com bastante embaraço, o Pentágono reconheceu que o submarino chinês não havia sido detectado pela força naval.
E não precisaríamos ir tão distante para buscar exemplos. Os nossos atuais submarinos da classe “Tupi”, em diversos exercícios realizados, inclusive com marinhas da Organização do Tratado do Atlântico Norte, mostraram-se bastante eficazes.
Em face dos fatos apresentados, a Marinha reitera sua determinação de continuar a construir submarinos convencionais, no País, de modo a, por um lado, evitar a perda de capacitação tão duramente adquirida, mantendo a meta de qualificar os nossos engenheiros e, por outro, assegurar a renovação e posse de meios que, na atualidade,
ainda se constituem em uma poderosa arma, a despeito da discordância de alguns.
A opção da Marinha, no momento, é a construção de um submarino convencional de origem alemã, do tipo IKL-214, no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), e a modernização dos nossos atuais cinco submarinos, também no nosso Arsenal. Todos os nossos submarinos atuais são de projeto alemão, sendo que o primeiro foi construído na Alemanha, e os demais no AMRJ.
O IKL-214 é um submarino convencional moderno, bastante semelhante aos IKL-212, em uso nas marinhas da Alemanha e da Itália.
Essa opção baseia-se, basicamente, além do fato da Marinha estar satisfeita com o desempenho dos seus atuais submarinos, nas indiscutíveis vantagens decorrentes da manutenção de uma linha logística já existente, tanto na parte relativa ao material (construção e manutenção), como na concernente à formação do nosso pessoal.
A escolha de um outro submarino, além da drástica alteração na linha logística, faria com que a nossa Força de Submarinos passasse a conviver e operar com dois tipos diferentes de meios, experiência pela qual ela já passou, e que não foi boa.
Quanto aos possíveis problemas que estariam ocorrendo com o submarino IKL-214 adquirido pela marinha grega, a MB está acompanhando o assunto com atenção, mas sem se deixar influenciar pelo noticiário da mídia, ou por ações de lobistas. Sabemos que problemas técnicos podem ocorrer quando se constrói qualquer meio. Para isso existem as “provas de mar”. Por exemplo, um submarino da classe “Scorpène” construído na França para uma outra marinha, também apresentou problemas nas suas provas de mar, problemas esses que foram diagnosticados e corrigidos, como é normal. A esse respeito, tranqüiliza-nos, de certa forma, a longa e histórica tradição de qualidade dos estaleiros alemães, no que se refere à construção de submarinos para diversas marinhas do mundo, inclusive a nossa, e informações que recebemos tanto do estaleiro alemão, como da Marinha da Grécia, de que os problemas materiais detectados não foram sérios e estão sendo corrigidos. Mas o assunto continua em avaliação. Persistindo qualquer dúvida sobre a qualidade do projeto IKL-214, poderíamos, por exemplo, substituí-lo por mais um da classe “Tikuna”.
Evidentemente, o sonho de poder um dia contar com alguns SNA no inventário dos meios navais brasileiros permanece. Entretanto, o Comandante da Marinha e o Almirantado, que o assessora, somente podem tomar decisões com base na fria realidade dos fatos. Em meio a um cenário de absoluta escassez
orçamentária, devem identificar, entre as opções possíveis, a que melhor atende aos interesses do País e os da sua Força, e apenas esses.
ROBERTO DE GUIMARÃES CARVALHO
Almirante-de-Esquadra
Comandante da Marinha
BONO Nº 806 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2006
Disputa na Marinha: Nuclear x Convencional
Almirante Roberto de Guimarães Carvalho,
Comandante da Marinha:
A Marinha do Brasil e a questão dos submarinos
(Resposta a entrevista do Almirante Othon
Comandante da Marinha defende política de aquisição de submarinos convencionais, diante das dificuldades de verba para concluir o submarino nuclear brasileiro
Publicamos hoje texto enviado pelo Comandante da Marinha, almirante Roberto de Guimarães Carvalho, a respeito da entrevista que nos concedeu o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva (HP, 22/11/2006), sobre a questão do submarino nuclear brasileiro. Na entrevista mencionada, o almirante Othon, que chefiou o programa nuclear da Marinha, com a conquista da tecnologia para o enriquecimento do urânio, defendia a conclusão do submarino nuclear, já em adiantada fase de construção – tanto o reator nuclear quanto o protótipo do submarino já foram realizados, faltando a criação de laboratórios que permitam testar o reator em condições operacionais. Para o almirante Othon, a política de investir em submarinos convencionais não é a mais apropriada aos interesses da defesa do país. Nas condições tecnológicas da guerra atual, somente submarinos nucleares poderiam garantir a defesa diante de inimigos do país que já possuem, há muito, belonaves desse tipo. Daí a sua formulação de que a construção do submarino nuclear é um “gesto de independência”.
Em seu texto, o Comandante da Marinha ressalta que “a Marinha tem, permanentemente, pleiteado recursos junto ao Governo Federal, a fim de possibilitar darmos o curso normal ao Programa Nuclear da Marinha. Apesar do insucesso dessas tentativas, pelo menos até agora, é importante realçar que o Programa Nuclear da Marinha permitiu ao Brasil dominar a tecnologia de enriquecimento de urânio, conhecimento este restrito a apenas oito países”. Na ausência desses recursos, o Comandante da Marinha defende a política de aquisição – e possível construção no Brasil - de submarinos convencionais. “Como o próprio senhor Othon afirma, só tem submarino convencional quem não pode ter o nuclear”, diz o almirante Carvalho, e conclui: “infelizmente, nós estamos neste caso, pelo menos, ainda por um bom tempo, haja vista a situação orçamentária da Marinha nos últimos anos”.
Trata-se de um debate decisivo para o nosso país. Trata-se da defesa de nossa soberania, de nossa independência. Por isso mesmo, é altamente importante que os brasileiros, habitantes de um país com uma imensa fronteira marítima, tenham consciência precisa da questão, para que concentremos nossos recursos e nossos esforços na melhor e mais eficaz solução.
Almirante Roberto de Guimarães Carvalho *
Em relação à entrevista concedida pelo senhor Othon Luiz Pinheiro da Silva a esse conceituado veículo de comunicações, publicada na edição no dia 22 de novembro, cujo teor versa, basicamente, sobre a obtenção de submarinos convencionais ou nucleares, na qual, fazendo questão de dizer que falou como cidadão e não como Vice-Almirante da Reserva - daí eu ter me referido a ele como senhor, tece comentários, sem ter conhecimento completo do quadro conjuntural, sobre decisões da Alta Administração Naval, tanto de passado recente, como da atual, cabe a mim, como Comandante da Marinha, esclarecer aos leitores os seguintes aspectos:
a) a possível construção de um submarino convencional no nosso arsenal não é, na opinião da Marinha, um retrocesso. Pelo contrário, é a continuação do progresso, pois possibilitará manter a qualificação dos nossos engenheiros, técnicos e operários, conquistada com muito esforço, e que não podemos perder;
b) a Marinha tem perfeita ciência das diferenças existentes entre as capacidades operativas de submarinos convencionais e nucleares. Como o próprio senhor Othon afirma, só tem submarino convencional quem não pode ter o nuclear e, infelizmente, nós estamos neste caso, pelo menos, ainda por um bom tempo, haja vista a situação orçamentária da Marinha nos últimos anos. A Marinha sonha com o submarino nuclear, mas isso não basta. É preciso que, além do nosso sonho, haja uma vontade nacional, traduzida em recursos, de forma a transformar o sonho em realidade. Enquanto isso não ocorre, resta-nos a opção dos submarinos convencionais, que, apesar de terem sido comparados a “focas” ou “jacarés”, são plataformas navais eficazes, tanto o é, que, a principal e mais poderosa marinha do mundo os considera como uma das principais ameaças que poderá ter de enfrentar;
c) o submarino que a Marinha pretende construir não é o da classe daqueles que foram construídos na Argentina na década de 70. É um submarino convencional moderno, da mesma origem dos nossos atuais cinco submarinos, que serão modernizados, mantendo-se, assim, a padronização. Adquirir um submarino de uma outra origem, com tecnologia diferente daquela com a qual estamos habituados a trabalhar, seria passar por uma experiência que a nossa Força de Submarinos já passou, e que não foi boa, qual seja, a de conviver com submarinos de origens diversas. Em acréscimo, não há registro conhecido, de que um país detentor da tecnologia nuclear, para fins de propulsão naval, bem como de projetos de plataformas onde possam ser instalados os equipamentos e sistemas necessários, tenha transferido esses conhecimentos sensíveis a outro. Assim, considero, no mínimo, arriscada a presunção de que isso aconteceria conosco, caso a opção fosse por um submarino de outra origem;
d) no que se refere às considerações feitas citando nominalmente o Almirante-de-Esquadra Ivan da Silveira Serpa, eminente, respeitado e honrado Chefe Naval e ex-Ministro da Marinha, as mesmas distorcem os fatos e não correspondem à realidade. A bem da verdade, é mister mencionar que o Almirantado, então presidido pelo Almirante Serpa, ao decidir pela diminuição dos recursos destinados ao Programa Nuclear da Marinha, o fez motivado pela redução do orçamento da Força, pelo decrescente aporte de recursos da antiga Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), parceira no projeto, e por problemas de gestão na condução do Programa. Aliás, na oportunidade, por determinação do próprio Almirante Serpa, foi criada uma Comissão de Almirantes e Oficiais capacitados, com a tarefa de proceder um criterioso redimensionamento do referido Programa, adequando-o à realidade e às normas orçamentárias da Marinha;
e) quanto à aquisição em 1995, das quatro fragatas na Inglaterra, os navios, apesar de usados, estavam em excelentes condições materiais e operativas, três dos quais ainda integram e constituem importante parcela do poder combatente da nossa Esquadra. Os recursos utilizados, por meio de crédito especial, não integravam o Orçamento da Marinha e, portanto, não concorreram com os aplicados no Programa Nuclear. Em acréscimo, esses navios foram adquiridos para substituírem contratorpedeiros já bem antigos, de origem norte-americana, que foram retirados do serviço ativo. É claro que a Marinha precisa de submarinos, mas, embora alguns possam não concordar, também precisa de navios;
f) é imperativo enfatizar que, durante o meu período de Comando e daqueles que me antecederam, a Marinha tem, permanentemente, pleiteado recursos junto ao Governo Federal, a fim de possibilitar darmos o curso normal ao Programa Nuclear da Marinha. Apesar do insucesso dessas tentativas, pelo menos até agora, é importante realçar que o Programa Nuclear da Marinha permitiu ao Brasil dominar a tecnologia de enriquecimento de urânio, conhecimento este restrito a apenas oito países; e
g) em relação aos comentários pessoais sobre o atual Chefe do Estado-Maior da Armada, considero-o um oficial empreendedor, reconhecidamente inteligente e capaz, e cujo prestimoso assessoramento nos assuntos relevantes da Marinha tem sido de extrema valia para as decisões de alto nível que meu cargo requer.
Em relação ao todo da matéria jornalística, acredito que o senhor Othon tem todo o direito de expor as suas opiniões pessoais sobre um tema tão importante, mas deveria tê-lo feito considerando todas as variáveis envolvidas nesse complexo problema, e não apenas parte delas. Poderia, ainda, ter sido um pouco mais cortês nas suas colocações, dentro da fidalguia característica dos homens do mar.
*Comandante da Marinha