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Enviado: Seg Dez 18, 2006 9:07 pm
por Arthur
Continuando o post anterior.....
JOSE CARNEIRO escreveu:
Portanto, essa que não fossem as barreiras que o governo impõe no mercado de trabalho (como salário mínimo, férias, FGTS) não haveria desemprego é balela.


Em que momento afirmei isso? Favor recortar o post que contém tal afirmação.


Não falei que você disse isso. Isso é, na minha opinião, uma meia-verdade divulgada especialemnet pela imprensa.

Esta é uma pequena parte da literatura com a qual formo minha base teórica. Não encontro suporte para algumas de suas propostas, poderia me recomendar textos específicos? Poste as referências ou envie para o meu e.mail: jose.oliveira@ipea.gov.br. Obrigado.


Vou tentar responder o resto de suas colocações de uma vez só. Se ficar faltando alguma coisa me avisa que eu tento responder depois.

Começando, meu argumento sobre distribuição se baseia em Kaldor (1956) e em outros textos do próprio autor datados de 1957 e 1970, bem como em textos posteriores como Dixon e Thirwall (1975), outros do Thirwall, etc. Mas como referência geral indicaria o livro do McCombie e Thirwall, Economic Growth and the Balance-of-Payments Constraint (1994). Se você quiser referências detalhadas me escreve uma MP que eu tento te mandar. Se eu tiver mando inclusive o texto em pdf.

O argumento é o seguinte:

A economia tem dois setores, indústria e agricultura. O primeiro opera com retornos crescentes à escala e o segundo com retornos decrescentes. A medida que a economia cresce transfere-se mão-de-obra da agricultura para a indústria. Como a produtividade da indústria é maior do que da agricultura tal transferência aumenta a produtividade da economia como um todo e faz a economia crescer mais, desencadeando novas transferências intersetoriais de mão-de-obra e mais crescimento. É a chamada causação circular cumulativa, presente em Kaldor, Myrdal, dentre outros.

O crescimento nessa economia é liderado pela demanda, i.e., maiores níveis de demanda agregada que desencadeiam ou ampliam o processo de transferência de mão-de-obra. Para Kaldor, o principal componente da demanda em uma economia dual desse tipo seria a demanda interna por produtos industriais.

Dessa forma, se assumirmos que existem duas classes de rendas na economia, lucros e salários, e sendo a propensão marginal a consumir dos salários superior à dos lucros, tem-se que uma mudança da dist. funcional da renda em direção aos salários ampliaria o consumo interno e, consequentemente, desencadearia transferência intersetorial de mão-de-obra, maior produtividade, maior renda, etc. Tal mecanismo pára de existir quando cessa a transferência intersetorial de mão-de-obra. Nesse caso, o principal componente da demanda torna-se a demanda por exportações e o crescimento assume forma profit-led.

Tal dualidade campo-cidade pode parecer não ter mais sentido hoje em dia, mas se a redefinirmos em termos de uma dualidade entre setor formal e informal como o faz Dutt (2003) tem-se algo mais razoável.

Empiricamente, Barbosa-Filho e Taylor provam em artigo recente que o crescimento americano é liderado pelos lucros. Um colega meu de serviço queria testar a hipótese para o Brasil, mas só há dados que permitem fazer a dist. funcional da renda a partir de 1989 e em base anual, o que impossibilita rodar um VAR. Mas ele testou a hipótese para a Turquia e para a Grã-Bretanha e o resultado é o predito pelo Kaldor, i.e., o crescimento é wage-led na Turquia e profit-led na Grã-Bretanha. Vou ver se consigo a monografia dele.

Acho que tal argumento também cabe em um modelo a là Keynes (1937). Primeiro, supondo que o investimento determina o crescimento (Rodrik, 1999, diz que esse é o único claro canal existente entre crescimento e qualquer outra variável). Keynes afirma, na Teoria Geral, que o investimento será de um tamanho que iguale a Eficiência Marginal do Capital (EMgK) e os juros. A EMgK é basicamente a relação entre o fluxo de renda esperado de um bem de capital e seu preço. Se voltarmos a situação em que a propensão marginal a consumir dos salários supera a dos lucros temos que um distribuição de renda em favor dos salários aumenta o fluxo de renda esperado de determinado bem de capital (por exemplo, uma máquina de costura usada para fazer roupas tem sua rentabilidade aumentada se cresce a demanda por roupas). Tal aumento amplia, portanto, a EMgK e faz com que o investimento cresça e, logo, a economia cresce mais.

Você pode perguntar se o preço do bem de capital não cresce, uma vez que aumenta a participação dos salários na renda. Pode ser que sim. Mas se você acredita em Lei de Verdoorn, i.e., em retornos crescentes à escala, tem-se que uma maior demanda por um bem significa maior produação e maior produção leva a maior produtividade o que pode levar a menores preços ou a bens de caital mais eficientes. Nesse sentido, a Lei de Verdoorn reduziria o crescimento dos custos de produção devido ao aumento dos salários e faria com que maiores salários impactassem positivamente no crescimento.

Obviamente, meu argumento tem muitas limitações. Não há restrição de crédito, não há inovação, não há restrição externa, etc. Mas de qualquer forma foi uma tentativa de resposta.

Abs

Arthur

Enviado: Seg Dez 18, 2006 9:09 pm
por JOSE CARNEIRO
PS: Quanto a minha origem, não sou do Cedeplar (até porque esse é um centro de pós-graduação e eu faço graduação). Mas trabalho no mesmo prédio, tenho aulas com professores do centro e minha tutora e meu orientador da pesquisa são filiados ao Cedeplar.


Qual sua área de pesquisa?

Eu realmente queria ver o material sobre contribuição patronal sobre o VA. Teria como me enviar?

Pretende fazer ANPEC? Se o que vi é boa proxy,vc terá um ótimo desempenho! Como gosta de "briga" :D , irá adorar a academia. :twisted: :twisted:

A irritação com seu post foi por achar que vc já era acadêmico. Sou professor da Universidade de Brasília e já vi vários de meus colegas "tirarem" alunos (vc já deve ter tido professores assim), assim como, mestrandos ou doutorandos “tirarem” graduandos por perguntas "estúpidas" e isso é algo que realmente me tira do sério. Bom, por ética, não posso falar muito do que já vi (a maioria fora da UnB, só estou lá a 6 meses), mas qualquer um que já passou por uma graduação entende. :cry:

Sobre Monetaristas e Keynesianos, tenho fé que fará ANPEC, irá para a EPGE-FGV ou PUC-RJ para o mestrado (sabes do pau da nota da CAPES né?), lá será “catequizado” e então um PhD em Chicago resolverá o problema e vc sairá do lado escuro da força. Ahahahahaha
:D :D :D :D :D

Enviado: Seg Dez 18, 2006 9:30 pm
por Arthur
JOSE CARNEIRO escreveu:
PS: Quanto a minha origem, não sou do Cedeplar (até porque esse é um centro de pós-graduação e eu faço graduação). Mas trabalho no mesmo prédio, tenho aulas com professores do centro e minha tutora e meu orientador da pesquisa são filiados ao Cedeplar.


Qual sua área de pesquisa?

Eu realmente queria ver o material sobre contribuição patronal sobre o VA. Teria como me enviar?

Pretende fazer ANPEC? Se o que vi é boa proxy,vc terá um ótimo desempenho! Como gosta de "briga" :D , irá adorar a academia. :twisted: :twisted:

A irritação com seu post foi por achar que vc já era acadêmico. Sou professor da Universidade de Brasília e já vi vários de meus colegas "tirarem" alunos (vc já deve ter tido professores assim), assim como, mestrandos ou doutorandos “tirarem” graduandos por perguntas "estúpidas" e isso é algo que realmente me tira do sério. Bom, por ética, não posso falar muito do que já vi (a maioria fora da UnB, só estou lá a 6 meses), mas qualquer um que já passou por uma graduação entende. :cry:

Sobre Monetaristas e Keynesianos, tenho fé que fará ANPEC, irá para a EPGE-FGV ou PUC-RJ para o mestrado (sabes do pau da nota da CAPES né?), lá será “catequizado” e então um PhD em Chicago resolverá o problema e vc sairá do lado escuro da força. Ahahahahaha
:D :D :D :D :D


Caro José Carneiro,

Essa de contribuição patronal não é idéia minha nem li nada acadêmico disso não. Isso é uma idéia do Roberto Mangabeira Unger (aquele filósofo professor em Harvard) que propõe retirar todos as contribuições que incidem sobre os salários e transformar em tributos. Já vi até alguém do governo falar disso. Mas acho mais realista falar apenas em tirar a contribuição patronal do custo de contratar. A idéia é o seguinte. Hoje se você contrata alguém por R$ 1.000 paga R$ 200 de contribuição patronal. Tal contribuição sumiria e tornaria-se um imposto a incidir sobre o faturamento ou valor agregado. Diz-se que tal medida diminuiria o custo de contratar e facilitaria a formalização. Mas é só isso que sei.

Quanto a pesquisa, mexo com crescimento econômico e comércio internacional. Minha perspectiva é kaldoriana/pós-keynesiana. Mas dou uma passada geral em teorias de crescimento neoclássicas na monografia da minha pesquisa. Mas acho que por influencia do Cedeplar tenho um affair com questões de desenvolvimento regionalmente desigual.

Quanto à ANPEC agradeço a confiança. Mas só daqui a dois anos......
Se eu vou me catequisar não sei. Gosto do Cedeplar, é um lugar razoavelmente diverso, gosto da USP, não tenho nada contra a PUC-Rio, mas EPGE e UNICAMP são extremistas demais p mim. Que quebra pau por causa da nota da CAPES é esse? É porque a EPGE ficou com 7 e a PUC 6? Mas a PUC acabou perdendo muita gente nos últimos tempos, então para eles é difícil ter um sete. Agora que a nova classificação de periódicos da CAPES inclui várias publicações 'heterodoxas' como A, a situação da PUC fica pior ainda. Pelo que eu sei a USP vai virar sete e a PUC vai continuar com seis (idem para o Cedeplar). Vamos ver.....

Abs

Arthur

Enviado: Seg Dez 18, 2006 9:39 pm
por JOSE CARNEIRO
economia tem dois setores, indústria e agricultura. O primeiro opera com retornos crescentes à escala e o segundo com retornos decrescentes. A medida que a economia cresce transfere-se mão-de-obra da agricultura para a indústria.


Quando trabalhei a relação indústria x agricultura, fiquei com o Dixit-Stiglitz, mas a intenção era compreender mobilidade regional da mão-de-obra e a aglomeração urbana. Vi um outro modelo interessante, mas que tratava de incentivo à fuga de cérebros, mas fiquei pouco tempo no projeto, agora me foge o nome do ‘Papa” da área, mas ele usava uns modelos de aglomeração interessantes.

Tal dualidade campo-cidade pode parecer não ter mais sentido hoje em dia


Mas em Economia Espacial ainda se trabalha bastante com ela. O povo chama de centro-periferia (o nome é parecido, mas os modelos são melhores que os da Cepal). :twisted:

Um colega meu de serviço queria testar a hipótese para o Brasil, mas só há dados que permitem fazer a dist. funcional da renda a partir de 1989 e em base anual, o que impossibilita rodar um VAR.

Se conseguir envie para o meu e.mail.


se assumirmos que existem duas classes de rendas na economia, lucros e salários, e sendo a propensão marginal a consumir dos salários superior à dos lucros

Vou ler Kaldor, acho que vi algo sobre ele na graduação, mas só lembro direito do nome. Meu espírito implica com essa proposição!!! :D :twisted: :evil:
Uma última pergunta, menor propensão marginal a consumir implica em maior propensão a poupar. Com isso beneficiar salários não implica em favorecer crescimento de curto-prazo em detrimento do longo-prazo (beneficia quem gera menos poupança, logo menos invetimento)? (Tudo bem, "no longo prazo estaremos todos mortos", mas queria ver a exiplicação. Pode ser no e.mail.

Me manda as referências completas por e.mail.

Se precisar de dados, que esteja com dificuldades de obter, para seus trabalhos me mande um e.mail, o IPEA é o berço sagrado dos dados (se é que isso existe no Brasil). :(

É porque a EPGE ficou com 7 e a PUC 6?


A ''tecnicalidade" da avaliação sempre cai por água abaixo quando ela começa para valer (têm professor que é qualificado como docente e que tá afastado a anos - aui em BSB tinha um afastado a 7 anos, professor que tá no centro e dão um jeito para não qualificar). A cerca de 3 anos, quando houve a última nota (analisava os três anos anteriores) houve uma pré-avaliação que estipulou notas máximas para os centro, a PUC tava com 7 e a FGV com 6, na hora do vamos ver a FVG deu um jeito e inverteu as coisas. Eu tinha ouvido umas histórias sobre isso, então um cara aí do Cedeplar que agora está no Centro da Pobreza do PNUD _ acho que chamam ele de Gaucho - contou a briga. Meu lado ruim e que vai direto pro inferno, gostou foi do 5, 5 e 4 da UNICAMP. :twisted: :twisted: (brincadeira, mas vc sacou né?)

É melhor encerrarmos a confersa off-topic, espero os e.mails.

Abraços

Enviado: Qua Dez 20, 2006 4:49 pm
por trabuco
By Talharim:

Quirguistão : Crescimento de 8% ao ano.
Zambia : Crescimento de 3% ao ano.


E o Brasil.... :roll:

Enviado: Qua Dez 20, 2006 9:05 pm
por Patton
Fora dos EUA, eu acredito que as Forcas Armadas do Brasil sao as mais poderosas desse lado do mundo. Canada deve sentir mais vergonha do que Brasil a respeito de suas FAs.

Enviado: Qui Dez 21, 2006 12:50 am
por nemesis
:roll: então tah ne..... valeu a força!!!!

Enviado: Qui Dez 28, 2006 2:34 pm
por edson_spbr
Patton escreveu:Fora dos EUA, eu acredito que as Forcas Armadas do Brasil sao as mais poderosas desse lado do mundo. Canada deve sentir mais vergonha do que Brasil a respeito de suas FAs.


Mas Canadá não está protegida pelos Tio SAM???
Então não precisam se preoculpar.

Enviado: Qui Dez 28, 2006 5:28 pm
por FinkenHeinle
Particularmente, acho as Forças Canadenses bastante coesas... Em termos de organização, estão muito à nossa frente...

Enviado: Qui Dez 28, 2006 10:03 pm
por guarisapo
Patton escreveu:Fora dos EUA, eu acredito que as Forcas Armadas do Brasil sao as mais poderosas desse lado do mundo. Canada deve sentir mais vergonha do que Brasil a respeito de suas FAs.


[003] [003] [003]

Imagem
http://www.rcaf.com/aircraft/fighters/hornet/index.php?name=hornet

Note: Current operational aircraft strength is 60 aircraft with the additional 60 aircraft undergoing upgrading and rotation.


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http://www.rcaf.com/aircraft/fighters/jsf/index.php?name=F-35%20JSF

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http://www.rcaf.com/aircraft/transports/polaris/index.php?name=Polaris

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Enviado: Qui Dez 28, 2006 10:10 pm
por AlbertoRJ
Acho que alguém ficou com ciúme....

"Mas que todo mundo vê
Que é ciúme, ciúme de você
Ciúme de você, ciúme de você"


[]'s

Enviado: Sex Dez 29, 2006 12:10 am
por pafuncio
guarisapo escreveu:Imagem


a) Que avião é esse ?

b) A síndrome do pau pequeno ataca novamente ... [018] [018] [018]

Enviado: Sex Dez 29, 2006 12:34 am
por FinkenHeinle
Síndrome do pau pequeno devem ter o pessoal que quer zoar o Guarisapo pelo último post...

É claro como água que as Forças Canadenses são INCRIVELMENTE mais capazes que as FFAA brasileiras, o Guarisapo pode ter sido ácido demais ao comentar isso, mas ele está coberto de razão pessoal...

Enviado: Sex Dez 29, 2006 12:36 am
por AlbertoRJ
Acho que a síndrome é de quem olha para baixo :)

Enviado: Sex Dez 29, 2006 12:47 am
por guarisapo
disculpen por responder ya que me habia comprometido a postear solamente fotos...pero quiero aclarar el por que lo hize:

Fue para evidenciar lo estupido e ignorante de vuestros comentarios (exceptuando a Finkenheile)...como acaba de quedar en evidencia por las respuestas que han dado al post de las fotos de la RCAF.

Saludos y feliz año :lol: