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Mensagem
por Clermont » Qua Mar 17, 2010 9:37 am
(E vai ser um certo presidente latino-americano, barbudo, que "contém o vírus da paz, desde a barriga da mãe," que vai dar um jeito nesta bagunça toda? Faz-me rir...)
HUMILHANDO A AMÉRICA.
Por Eric Margolis – 17 de março de 2010.
Após a espantosa humilhação do vice-presidente Joseph Biden pelo governo de direita de Israel, o principal jornal da nação, Há’aretz, citou um velho dito hebreu, “Biden teve de limpar o cuspe da cara e dizer que era somente chuva.”
Antes de chegar em Israel, Biden havia repetido a exigência do presidente Obama de que Israel interrompesse a construção de novas habitações em Jerusalém Oriental, que violam a lei internacional e décadas de resoluções da ONU. Washington e a U.E. tem, repetidamente, pedido que Israel cesse a maoiria da atividade de construção na Margem Ocidental.
Um pouco antes da chegada de Biden, num jantar íntimo oferecido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Israel lançou uma bomba: iria construir 1.600 novas unidades habitacionais em Jerusalém Oriental. Alguns relatos em Israel dizem que milhares mais estão planejadas na Margem Ocidental e em Golan.
Tudo o que o humilhado Biden fez para expressar sua raiva foi chegar uma hora e meia atrasado para o jantar de Bibi.
Que patética e covarde resposta. Biden devia, no mínimo, pegar seu avião e voar para casa. Uma grande potência não pode se permitir ser desmoralizada desta forma.
A humilhação de Biden mostrou a influência sem precedentes que o governo de direita de Israel mantém sobre Washington, transformando em piada o infindával palavrório sobre a “paz” árabe-israelense.
O fiasco Biden, também, desfechou outro golpe físico na vacilante administração Obama.
O insulto de Netanyaho foi tão lancinante que, até mesmo a mulher de frente de Israel na administração, Hillary Clinton, que espera nos bastidores para substituir o caído Obama, foi obrigada a verberar os israelenses. Mas, é claro, todo mundo sabe que foi mero teatro político. Israel pode anunciar um breve retardo na colonização, então, rumar direto para deglutir toda a Margem Ocidental e o Golan.
Como os poderosos decaíram. Em 1956, Israel se conluiou com a Grã-Bretanha e a França para atacar o Egito. Israel ocupou a Península do Sinal. O presidente Dwight Eisenhower ordenou que Israel saísse do Sinai, sem demora ou enfrentasse um corte completo de apoio financeiro e diplomático – ou até mesmo uma resposta militar americana. Israel saiu.
Somando-se a comédia negra, o ministro do interior linha-dura de Israel, desculpou-se por autorizar a colonização ilegal enquanto Biden estava na cidade e prometeu não fazer mais isso – quer dizer, quando Biden estivesse perto de Israel. Enquanto Washington batia os pés em fúria impotente, o primeiro-ministro Netanyahu apresentou a zombeteira desculpa de que o anúncio tinha sido um erro de sincronização.
Este episódio patético mostra que a Direita de Israel tem Washington no bolso.
E por quê não? O lobby israelense obrigou o candidato Obama a prometer que, se eleito, nunca pressionaria Israel para um acordo de paz. O Congrsso ser tornou mais afinado com os interesses de Israel do que o próprio Knesset. Os EUA está se inclinando rumo à guerra com o Irã.
Israel, desdenhou os apelos de Obama para cessar a colonização das ocupadas Margem Ocidental e Jerusalém Oriental, e retirar seus 500 mil colonos, muitos dos quais são americanos e russos.
Netanyahu até mesmo denunciou os principais auxiliares de Obama, David Axelrod e Rahm Emanuel como “judeus que odeiam a si mesmos” por se oporem às políticas expansionistas de Israel como prejudiciais aos interesses estratégicos da América.
A humilhação da administração Obama por Israel está tendo elevada repercussão em Washington. Obstinados republicados pró-Israel estão exultantes com o fracasso de Obama, o mais recente sinal da fraqueza presidencial.
Israel e quase todo mundo em Washington sabe que Obama não se atreverá a desafiar os muitos apoiadores de Israel no Congresso dos Estados Unidos, ou enfurecer o seu poderoso lobby americano, quando sua administração está chafurdando e as eleições de meio de mandato estão no radar político.
O Partido Republicano está, firmemente, nas garras dos fundamentalistas protestantes, que acreditam que um Israel expansionista é parte essencial de sua fé. Muitos republicanos, erroneamente, acreditam que Obama é um árabe.
Os israelenses compreendem que a Casa Branca tem de fingir repreender Israel de forma a manter as boas relações com seus aliados árabes, dar-lhes garantias contra a suposta ameaça iraniana e fazer de conta que autoridade palestina, apoiada pelos americanos, de Mahmoud Abbas tem legitimidade.
A humilhação de Biden foi compartilhada pelo infeliz Abbas, que estava, justamente, sendo empurrado sob pressão americana para ainda mais inúteis negociações “indiretas” com Israel. Ele foi deixado com aparência de confusão, indefeso e, mais do que nunca, percebido como um fantoche americano-israelense. A inútil Liga Árabe bufou e esperneou.
Isto se adequa, perfeitamente, para Netanyahu. Israel está engolindo a Margem Ocidental e Jerusalém Oriental. Sua política é continuar iniciando conversações e as interrompendo, até que não haja mais nada para negociar. O único poder que poderiar parar a campanha colonizadora de Israel, que está desestabilizando o Oriente Médio e provocando a ameaça de guerra com o Irã, Síria e Líbano, são os Estados Unidos.
A autoconfiança de Israel foi exibida pelo assassínio, em Damasco, do líder do Hezbollah Imad Mugniyah e o recente assassinato descarado, em Dubai, da autoridade do Hamas Mahmoud al-Mabhouh. Autoridades israelenses escarneceram deste crime e desafiaram o mundo a fazer algo a respeito.
Israel humilhou o embaixador turco, por causa de uma série de televisão turca que mostrava Israel de forma ruim. Ele tratou uma delegação de legisladores americanos pró-paz como lixo. Tendo, em grande parte, rechaçado as críticas internacionais de sua selvageria em Gaza, e o Relatório Goldstone da ONU, Israel, compreensivelmente, percebe que pode enfrentar qualquer pressão externa.
Israel parece acreditar que Barack Obama poderá ser um presidente de um mandato só. Seus apoiadores americanos nunca confiaram em Obama e temiam que ele pudesse pressionar Israel a fazer concessões aos palestinos.
Enquanto as fortunas eleitorais republicanas sobem, Israel sente que tem carta branca para fazer o que bem entender. O politicamente ferido presidente americano é sacaneado como um fracote pelos republicanos e os direitistas israelenses. O movimento pró-paz de Israel foi esvaziado pelo fracasso da América em pressionar por uma acordo justo.
Realmente, poderíamos nos perguntar por quê Obama deixou acontecer a humilhação de Biden. Esta vergonhosa exibição de covardia política americana era, perfeitamente, previsível, até mesmo, inevitável.
A linha-dura de Israel sabe que uma forma garantida de frustrar qualquer possível paz com os palestinos é continuar anexando Jerusalém Oriental e expelindo a população árabe. Algumas destas atividades, até mesmo, são financiadas por contribuições de “caridade” americanas, livres de impostos.