Blindados - AFV
Defesanet 27 Novembro 2006
Exclusivo Defesa @ Net
Viatura Leve de Emprego Geral
Aerotransportável ½ TON 4x4 CHIVUNCK©
Paulo Roberto Bastos Jr.
Alfredo Andre Tassara
Hélio Higuchi
O Desenvolvimento
Em 2003 o Exército apresentou uma série de requisitos para um novo veículo leve de emprego geral. E para tanto, o Centro Tecnológico do Exército (CTEx) mostrou sua proposta, resultando no desenvolvimento de um veículo tubular, com suspensão independente e tração 4x4.
Desta forma, em junho de 2004, um protótipo foi construído no Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento - IPD, aonde o veículo chegou a ser testado. Este projeto foi batizado de Viatura Leve de Emprego Geral Aerotransportável (VLEGA) ½ TON 4x4, vulgarmente chamado de ARANHA.
O ARANHA teve finalidade de ser um veículo conceitual bem como para aprimorar os requisitos lançados pelo Exército. Serviu também como um banco de testes para que o Exército também pudesse avaliar as reais necessidades de seus requisitos.
Este protótipo foi parcialmente desmontado, e hoje o que resta dele, se encontra no Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), no mesmo galpão onde se desenvolve o seu sucessor (Foto 1).
O Brasil e a Argentina decidiram partir para um programa conjunto de um veículo tubular, com características semelhantes ao modelo desenvolvido pelo CTEx. E desta forma, em outubro de 2004 foi anunciado em Buenos Aires o acordo de desenvolvimento em conjunto pelo Brasil e Argentina de um veículo desse tipo.
Importante mencionar que o projeto do CTEx era fruto da união dos requisitos de ambos os países, uma vez que na Argentina também se desenvolvia, desde 1998, um veículo tubular 4x2, tendo a denominação de Vehículo de Exploración Ligero de Asalto (VELA). O projeto argentino já estava visando o desenvolvimento de uma versão 4x4, que acabaria se tornando o GAÚCHO.
O GAÚCHO está sendo desenvolvido pela Dirección de Investigación, Desarrollo y Producción (IPD), argentino, e pelo CTEx brasileiro. O primeiro protótipo foi construído na Argentina e enviado ao Brasil em junho de 2005. Ele foi bastante modificado pelo IPD e agora se encontra em teste juntamente com o segundo protótipo, sendo este produzido totalmente na Argentina e apresentado em 29 de maio de 2006 (Foto 2).
A Evolução
Enquanto o Brasil e a Argentina mantiveram um intercâmbio acerca do projeto conjunto, o Exército Brasileiro deu prioridade em investir também num outro projeto totalmente nacional. Em 2005, quando a primeira versão do veículo, o ARANHA, completava uma série de testes, o CTEx contratou a empresa paulista Columbus Comercial, Importadora e Exportadora LTDA, para criar uma versão melhorada deste veículo.
A Columbus, que já havia desenvolvido o Marruá, um jipe cujo projeto deriva do jipe Engesa EE-12, iniciou, em janeiro de 2005, a construir o novo protótipo dentro das dependências do AGSP, utilizando várias soluções aplicadas no Marruá.
Batizado como CHIVUNCK, começou seus testes de rolagem em 8 de setembro de 2006. Em 02 de outubro de 2006, estivemos em visita ao AGSP e o fotografamos todo cheio de barro após testes, ainda com apenas 104 km rodados. Pudemos constatar na ocasião sua robustez e praticidade. Até a conclusão deste artigo, já foram realizados dois grandes testes de campo (Fotos 3, 4, 5 e 6).
Viatura Leve de Emprego Geral
Aerotransportável ½ TON 4x4 CHIVUNCK
Foto - CTEx
No dia 8 de novembro de 2006, o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) apresentou o CHIVUNCK ao alto-comando do Exército em Brasília. Após a apresentação, o veículo retornou para o AGSP, onde ele continuará sendo testado a ajustado. Tais medidas são tomadas visando o início da avaliação que será realizada pelo Centro de Avaliações do Exército (CAEx), no Campo de Provas de Marambaia, no Rio de Janeiro. Até essa data, o CHIVUNCK ainda não tinha sido enviado para os testes no CAEx.
Características da Viatura
(dados de projeto)
Técnicas
Motor
MWM 4.07 TCA, 132 cv,
4 cilindros, turbo diesel
Transmissão Eaton FS2305, mecânica,
5 marchas a frente e 1 ré
Dimensionais
Largura 2,25 m
Comprimento 4,32 m
Altura (sem o reparo da arma)
1,85 m
Distância entre eixos 2,70 m
Bitola 1,93 m
Peso (Estimado) 1.500 kg
Ângulo de entrada 67 °
Ângulo de saída 45 °
Desempenho
Velocidade máxima 120 km
Velocidade mínima 4 km
Rampa longitudinal 60 °
Rampa lateral 45 °
Transposição de vau
0,50 m
Obstáculo vertical 0,30 m
Capacidade de carga 500 kg
Guarnição 3 homens
Armamento 1 metralhadora MAG 7,62x51 mm
Pode transportar 2 lança-rojões AT-4
ou ALAC - Arma Leve Anticarro
Os dados de desempenho acima foram retirados de um folder divulgado pelo CTEx, entretanto, a viatura superou vários índices de desempenho previstos durante os testes de campo.
O Estranho Nome
O Nome "CHIVUNCK" foi dado pelo General Ubiratan Athayde Marcondes, na época era vice-chefe do CTEx (Foto 8).
Significa no jargão do Exército Brasileiro um brado de guerra muito utilizado por várias unidades. Usada principalmente pelas Brigadas de Pára-quedistas, tal brado seria a busca de superação de seus limites para continuar lutando num momento em que suas forças já estivessem exauridas.
Na Língua Alemã podemos encontrar o vocábulo "Schwung", que significa embalo, euforia, impulso. Pela semelhança, poderia ela ter sido a origem da expressão brasileira CHIVUNCK.
Projetos Semelhantes no Continente
Somos obrigados a notar o renovado interesse de vários exércitos por este tipo de veículo, principalmente na América Latina. Talvez essa idealização seja em virtude do fato de ser um veículo de projeto e construção relativamente simples, quando comparados com outros tipos de veículos. Isto poderá proporcionar um know-how párea outros projetos mais avançados. No nosso continente temos vários desenvolvimentos de projetos de veículos tubulares, principalmente leves, do tipo "Buggy", com tração 4x2. Os principais são:
APEREÁ (Uruguai): O Vehículo de Exploración Liviano APEREÁ (Preá) é um veículo tubular 4x2 desenvolvido pelo Servicio de Material y Armamento - S.M.A. uruguaio e cujo primeiro protótipo foi apresentado em 16 de dezembro de 2005. É classificado como um veículo rápido de cavalaria para reconhecimento e operações especiais. Está equipado com uma metralhadora MAG 7,62x51 mm e um lança-granadas CIS-40 AGL de 40x53 mm (Foto 9);
CONDOR (Brasil): O Veículo de Assalto Rápido CONDOR é um veículo tubular 4x2 que foi desenvolvido e construído no Brasil pela Brigada Pára-quedista, com o apoio do IPD, para atender a requisitos próprios da unidade. Era equipado com um motor VW 1600 e podiam ser armados com metralhadoras MAG 7,62x51 mm e/ou Browning 12,7x99 mm e podia transportar lança-rojões AT-4. Cerca de 4 foram construídos (Foto 10)
KOYAK II (Bolívia): O Vehículo Táctico de Asalto KOYAK II veículo tubular 4x2 desenvolvido pelo Ejército de Bolivia devido à carência de meios móveis utilitários. O projeto iniciou-se em 1995 com o KOYAK I, que foi desenvolvido utilizando-se o motor e diversos componentes de um VW Brasília 1600cc brasileiro e após uma série de testes este modelo foi vendido para obterem-se recursos para a continuidade do projeto. A versão definitiva deste veículo esta equipado com um motor Toyota Twin Cam de 1600 CC e, de acordo com os últimos informes, terminou a fase de testes e já se encontra em produção no Batallón Logístico en Cochabamba e em operação em diversas configurações diferentes. (Foto 11);
LOBO (Peru): O Vehículo de Ataque Todo Terreno LOBO esta sendo desenvolvido pela empresa peruana Diseños Casanave S.A. visando atender as necessidades e os requisitos solicitados pelo Ejército del Peru, de acordo com o Projeto DIEDE 2005. Trata-se de um veículo tubular, equipado com um motor WV 1600 ou 2000cc, refrigerado a ar. O objetivo deste veículo seria dotar o exército peruano com um veículo ágil, barato, simples, mas pesadamente armado, para cumprir uma ampla gama de missões. Já foram construídos pelo menos 4 protótipos, que se diferenciam pela sua motorização e armamento que portam, que vai desde metralhadoras 7,62x51 mm e 12,7x99 mm (.50) a mísseis MALYUTKA M2/HJ73, podendo futuramente receber mísseis KORNET E, KONKURS ou METIS. Também pode transportar lança-rojões RPG-7V, RPG-29 ou AT-4 (Foto 12).
O Futuro do Gaúcho
Não é certo o destino do projeto Gaúcho ou do próprio Chivunck dentro do Exército Brasileiro.
Na área diplomática e legislativo, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN), da Câmara Federal, aprovou em 22 de Novembro, a Mensagem 183/06 do Poder Executivo, que ratifica ajuste complementar ao Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica entre o Brasil e a Argentina, na área de tecnologia militar, celebrado em Puerto Iguazu em 30 de novembro de 2005.
Para texto acesse Acordo de Cooperação Militar
http://www.defesanet.com.br/zz/afv_chivunck.htm
