Não quero colocar água no chopp de algumas pessoas mas...
Pessoalmente, não creio que o Brasil irá ter 2 Porta-Aviões. Se o tiver, será um de no máximo 35.000T, com um reduzido grupo aéreo, devido a falta de dinheiro para comprar e manter os aviões e helicópteros.
E sabe por quê? Por um motivo muito simples de se entender, mas praticamente impossível de se resolver: O nosso povo não vê a mínima necessidade disso. Pelo contrário, vê investimentos militares como desperdício de dinheiro e apoio a uma atitude beligerante. O brasileiro é pacífico e não gosta de guerras(naturalmente) e vê gastos militares como um incentivo à guerra.
O pessoal vive criticando o governo, que ele é frouxo, que não investe em FA´s, que não está nem aí para a Defesa Nacional e sei lá mais o que. Em grande parte isso é verdade (o governo está se lixando para a nossa defesa) mas é verdade pois o governo, embora possa ser tudo isso, não é burro, e sabe que investimento em armas é igual a perda de popularidade e votos.
Peguemos o A-12. Fizemos um negócio da China. Pagamos apenas US$12 milhões no Nae, uma das maiores pexinchas da história de guerra naval moderna, e compramos um esquadrão de aeronaves A-4KU do Kuait, bem-conservadas, por apenas US$70 milhões. A MB conseguiu um milagre(parabéns a ela) ao reduzir ao extremo os custos para compra desses vetores. Embora insuficientes, são alguma coisa.
E qual foi a resposta da sociedade? Urraram de ódio. O povo achou um gasto inútil, a mídia achou um gasto inútil. Lembro muito bem da VEJA falando em uma de suas matérias, na legenda de uma foto do Foch,
"O Foch: Para que o Brasil precisa de um Porta-Aviões?". Agora voltermos ao assunto deste tópico. O Vinicius falou um dado interessante, de que o Navio(sem o grupo aéreo, mais caro ainda) custaria US$ 1,2 Bilhões. Isso é 100 vezes mais caro que o A-12 foi. Imagine a cara da sociedade, de revolta ou consternação. Quanto custaria o grupamento aéreo? Quanto custaria os armamentos para equipá-lo? Quanto custaria todo o Nae, fora os seus custos de operação?
Resposta: Muito dinheiro. Isso não seria problema se a sociedade vesse que vivemos em um mundo instável e perigoso, onde nem mesmo o Brasil está a salvo. Não seria problema se lembrasse de que 95% de nosso comércio é realizado pelo mar, que mais de 80% de nossas reservas de petróleo estão no mar, ou que a maior parte de nossa população reside em cidades costeiras, onde a defesa aérea proporcionada por um Nae e seu Grupo Tarefa podem defendê-las.
Mas isso passa a ser um problema a partir do momento que ouvirmos a resposta:
"Mas o que é isso? O Presidente fica gastando dinheiro com aqueles militares que não fazem nada, não servem pra nada. Afinal, quem é que vai atacar o Brasil?( )."
O mesmo problema se dará em qualquer outra compra de equipamento militar, principalmente as de vulto, como a sugerida aquisição de Rafales por mais de 2 Bilhões de dólares. Eu ouvi um chiado tremendo das ruas quando compramos recentemente os 12 Mirage2000C/B.
Em suma: O governo se lixa para as FA´s pois o povo se lixa para as FA´s, que destruiram toda a sua popularidade com o Regime Militar.
A culpa é do Governo? Em grande parte sim, mas a maior é a mentalidade quase utópica e, em um mundo em constante conflito, quase suicida, onde uma grande parte do povo sequer vê necessidade do país ter Forças Armadas, me citando como exemplo "algum país do Caribe", que no caso pode ser a Costa Rica, como também pode ser o Haiti.
Resumindo, acho muito difícil que as Forças Armadas tenham verbas decentes nas próximas décadas, em virtude dessa mentalidade. Isso resulta que dificilmente teremos um A-13 realmente totalmemte moderno e com bom grupamento aéreo(muito menos um A-14), bem como dificilmente teremos SAM´s modernos, ou 42 Rafales. Teremos, acredito, um Nae enxuto de no máximo 35.000T, com grupo aéreo reduzido. As outras compras podemos discutir em outros tópicos.
Abraços
César, desanimado