Salve lelobh!
lelobh escreveu;
Mesmo passados anos e anos da revolução Fidel se mantém no poder sem fazer a desejada transição. Podemos claramente indentificar um apego quase absurdo ao poder por parte de Fidel, o que atribuo as motivações mais baixas do homem. Novamente o fator humano como determinante.
Até concordaria em partes com vc se não fosse desejo daquela sociedade a permanência dele no poder. Fidel, mesmo não querendo aceitar, tem um carisma reconhecido até por seus inimigos. Se isso pode contribuir para o fim daquele modelo de sociedade, pode até ser, mas acho difícil. Também é motivo para que esses mesmo inimigos ou antipáticos aquele sistema use essa motivação para condenar o tudo que acontece naquela sociedade.
Podem alegar em defesa que se trata de momento impróprio devido aos fatores externos e internos que ameaçam o sistema sendo necessário portanto ainda esse estado.
Nesse ponto faço novamente a colocação. Qualquer mudança em um sistema social para ser válida e duradoura deve vir naturalmente, expressão da vontade da maioria da população(opinião própria). Uma mudança de sistema sob tal condição certamente leva o germe do sucesso, pois conta com o apoio de todos os atores. Nesse sentido não se deve falar em temor externo ou interno. É o que vemos hoje quando a maioria da AL segue pela via da esquerda. É vontade do povo sendo colocada de maneira natural através do voto. Desse modo não existe nenhuma ruptura brusca, não existe mortes ou confrontos, não existe perigo de "golpe" contra as nova vertente política.
Analisando a situação de Cuba vemos algumas possibilidades, mas nenhuma favorável ao sistema.
O que teme Fidel? Dado que se fosse a vontade da maioria da população o sistema comunista nenhum fator externo seria suficiente para colocar em cheque esse desejo. Ao menos não nos dias atuais.
Analisando posso divisar dois caminhos. Primeiro fidel se apega ao poder, o que é natural e instaura uma ditadura, uma ditadura de esquerda. Segundo Fidel sabe que o povo não apoia o sistema e decidi por si escolher o caminho de seu país instaurando também uma ditadura.
lelobh, antes mesmo da revolução cubana terminar os agentes do sistema capitalista estavam engendrando um contra golpe. Mais de 90% dos investimentos naquela ilha eram americanos. Havia, inclusive, na constituinte da legislação cubana, teve que ser acresentada uma emenda que a tornava uma espécie de protetorado, que era a Emenda Platt. Olha alguns absurdos da emenda;
"1. Que o governo de Cuba nuca deverá ingressar em qualquer tratado ou outro pacto estabelecido com qualquer potência estrangeira. (...)
3. que o governo de Cuba permita que os Estados Unidos exerçam o direito de intervir no sentido de preservar a independência cubana, manter a formação de um governo adequado a proteção da vida, da propriedade e liberdade individual. (...)
4. Que todos os decretos dos Estados Unidos em Cuba durante sua ocupação militar seja ratificados e validados (...)
7. Que a fim de auxiliar os Estados Unidos a sutentar a independência cubana (...) o governo de Cuba deverá vender ou alugar terras aos Estados Unidos necessárias para a extração de carvão para linhas férreas ou bases navais em certos locais especificados de acordo com o Presidente dos Estados Unidos. (...)"
(Artigos da Emenda Platt. Morris, R. B., op. cit., p. 181 a 183)
Como se vê, logo após sua independência da Espanha, Cuba se torna uma Repúbica Mediatisada. Ou seja, não era senhora de seu destino. A partir desta data os presidentes eram fantoches da Embaixada Americana em Cuba. Era de lá que se decidiam as coisas que refletiam os interesses americanos. Sucessivos governos corruptos e violentos foram sendo alternados. Mesmo com participação democrática. A ditadura estabelecida pelo sargento Fulgêncio Batista foi caracterizada pela violência e pela repressão. Se auto intitula Coronel e leva a postos chaves do governo seus apadrinhados de baixa patente. Todos recebendo titulações de oficiais. E assim segue a sociedade cubana, com violência, repressão as liberdades e ora com apoio ou indiferença do governo americano que influenciava as decisões também daquele governo. É bom lembrar lelobh que o único país em que o Partico Comunista não esteve a frente da revolulção foi em Cuba. Um grupo de jovens do movimento 26 de Julho. Foi quase no final da revolução que o Partido Comunista de Cuba se juntou aos revolucionários. Antes mesmo, durante o processo eleitoral em que Fulgêncio Batista disputou (é, ele já foi democrático...rs) esse mesmo partido apoio Fulgêncio. Bom, isso é outra história.
Após a queda do governo de Fulgêncio Batista, algumas contra medidas revolucionárias começaram a ser arquitetadas e praticadas para asfixiar o novo governo. Vc deve estar se perguntando, mas como o governo americano chegou ao ponto de permitir isso (a queda de um governo so seu auspício), já que monitorava a situação cubana. Simples, eles acreditavam que seria mais um caudilho no governo. Fidel era filho de latifundiários. Acreditavam que seria apenas uma alternância no poder e que as coisas continuariam as mesmas, já que os vanguardistas do movimento não tinham história política junto a esquerda cubana. O distanciamento dos interesses americanos era natural, pois os interesses americanos além de tirar a saberania daquele povo, desprezava toda e qualquer emanciapação econômica e política daquela ilha. Mal a revolulção tinha terminado, quasse todo o corpo técnico e executivo haviam deixado a ilha seguindo a orientação da embaixada americana. Cuba chegou a ter apenas 60 médicos naquela ilha para uma população de 8.000.000 habitantes. Nesse período, não se falava em URSS. Era questão de sobrevivência garantir o que foi conquistado.
Com o passar do tempo a CIA começou a provocar e a estimular atentados na ilha. Para de fato causar o terror na população. Pontes, ferrovias, estradas, usinas termoélitricas etc. A população já acompanhava tudo isso, pois as liberdades foram retomadas e a conscientização se deu, e muito, durante os julgamentos públicos dos torturadores e assassinos do regime de Fulgêncio Batista. A elite americana e cubana que presenciaram isso ficaram chocados. Ironicamente só não ficaram nos anos em que haviam mortes e torturas no governo anterior. Sabiam, mas não era de interesses deles mexer com algo que poderia alterar seu
way of life na ilha. Quando o governo americano tentou derrubar o novo governo cubano com o episódio da Bahia dos Porcos, a própria população corria para pegar em armas. Os contra revolucionários quando pêgos não entendiam pq o povo rechaçavam-os, pois os mesmos estavam ali para "libertar" o povo do governo revolucionário. Não havia armas para todos. E nem Forças Armadas, pois um dos primeiros atos do novo governo foi extinguir as forças armadas. Acredito que foi aí que o governo americano viu que tinha perdido o controle da ilha.
Um pouco de história ajuda a contextualizar o que se acontece em Cuba atualmente. Sua afirmação está correta lelobh. O povo deve decidir. O povo deve escolher. Em toda e qualquer ditadura sempre houve pessoas querendo fazer mudanças. Ditadura é algo imposto de cima para baixo. De uma minoria que se locupetra do que é da maioria. Seja dinheiro, seja de liberdade. As mudanças devem benveficiar a maioria lelobh. Numa sociedade capitalista isso nunca irá acontecer. Pode até parecer aos nossos olhos. Mas não é assim. Garantir direitos individuais, mas que deterioram direitos coletivos não é correto. Não é lógico, isso é só retórica. Se o coletivo é o maior beneficiado não há pq abrir mão de instrumentos que mantenha essa estrutura. Particularmente entenderia que as eleições para presidente em Cuba deveria ser direta. Mas os membros da Assembléia Nacional decidiram assim. Eles são escolhidos por forma direta. A maioria decide. E é isso que desde 1959 o povo de Cuba responde ao mundo o que quer e o que não quer em relação a sua vida e ao seu modo de viver. Mesmo que com sacrifícios, com a maior potência do planeta atacando seu direito de decidir e viver em seu próprio país.
lelobh escreeveu;
Marx teve boas idéia e sou a favor de várias, mas o comunismo é inviável nos dias atuais ao meu ver.
Normal lelobh, sua opinião eu respeito. Mas gostaria de dizer o que Marx escreveu o que muita gente define como marxismo, não é um modelo a ser seguido, mas um instrumento de análise da realidade política e econômica de qualquer sociedade. É através dele que percebemos o que, de fato, vem acontecendo com nossa sociedade.
Victor escreveu;
Qual a relação entre os CDRs e as eleições? Parece-me um contra-senso, já que os CDRs são por natureza uma instituição anti-democrática.
Tem tudo a ver. No nosso processo eleitoral brasileiro, por exemplo, apenas os filiados dos partidos fazem a escolha, de dentro do partido, de quem vai sair candidato ou não. Em Cuba qualquer um pode matar no ninho alguma candidatura
non grata. Ou ainda fazer valer uma candidatura representativa dos interesses daquele CDR. E CDR tem no campo e em todos os bairros das cidades cubanas. Se o cara não tiver competência para convencer amigos, vizinhos e parentes que vivem perto dele, o q esse cara vai querer fazer num cargo político? É o famoso voto distrital funcionando por lá. Mas que não acontece aqui. Apesar de ter críticas ao modelo integral que estão querendo implementar aqui.
Saudações novamente.