Re: Programa VC-X Avião Presidencial
Enviado: Qui Jul 20, 2017 11:45 am
20/07/2017
Com novo avião, governo reduzirá uso do Aerolula em viagem longa
Igor Gielow De São Paulo
JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO
Na tarde de 6 de julho passado, o presidente Michel Temer embarcou rumo à reunião do G20 na Alemanha.
Deixou o cargo com o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) e tomou assento em um Boeing 767-300ER da FAB, marcando o início da aposentadoria do Airbus presidencial, mais conhecido como Aerolula, em voos internacionais de longo alcance.
O governo decidiu que viagens que demandarem duas ou mais escalas serão feitas com o 767 de maior autonomia, alugado por três anos pela Força Aérea Brasileira em julho de 2016, ao custo de US$ 19,8 milhões (R$ 71 milhões). Isso inclui destinos na Ásia, por exemplo.
A ida à Alemanha necessitaria de uma escala no Airbus ACJ-319, mas Temer estava pressionado pelo tempo: precisava voltar para tourear a crise política que ameaça seu mandato e quis pular a parada de até duas horas. Essa régua, a da conveniência, também será usada daqui em diante, segundo o Planalto.
Prevendo o aumento de demanda, a Folha apurou que o Ministério da Defesa já planeja instalar uma área VIP, com cama e chuveiro, para o serviço presidencial. Hoje, o avião tem poltronas de classe executiva na sua parte posterior, enquanto o Airbus vem com suíte e sala de reuniões.
A eventual conversão repetirá o modelo utilizado até quase o fim do governo Fernando Henrique Cardoso.
Até então, presidentes voavam em aviões usados para transporte militar, com área VIP. Eram os KC-137, versões de Boeings 707 da década de 1960, conhecidas como Sucatões e compradas em 1986 pelo governo José Sarney.
O alto custo operacional e uma série de problemas técnicos encerraram o uso VIP do aparelho em 2000. FHC testou alugar voos comerciais, o que acabava sendo mais caro e menos seguro.
Lula, nadando na popularidade do primeiro mandato, bancou gasto de US$ 56,7 milhões (R$ 167 milhões no câmbio da época, que corrigidos dariam R$ 360 milhões hoje), e comprou uma versão executiva do Airbus-319, operada a partir de janeiro de 2005 pelo GTE (Grupo de Transporte Especial) da FAB.
Foi criticado. O avião ganhou o apelido pejorativo de Aerolula, entre outros mais agressivos. Uma argumentação da escolha segue válida: avião próprio dá segurança e praticidade ímpares.
Além da maior eficiência econômica, a autonomia do avião, superior à dos jurássicos Sucatões e à dos equivalentes da Embraer, era justificativa central: Lula poderia ir a Paris sem escala.
A realidade mostrou-se diferente ao longo do tempo, embora a FAB não divulgue estatísticas precisas do uso. Para atender a todos os requisitos de segurança, como sobra de combustível, viagens intercontinentais demandaram escalas. Uma para a Europa, ao menos duas para destinos mais longíquos.
O alcance do Aerolula dentro das especificações de segurança é de cerca de 8.500 km, no limite para chegar a Paris, embora teoricamente ele possa voar um pouco mais. Viagens europeias costumam ter escala em Cabo Verde (4.500 km de Brasília) ou Portugal (pouco mais de 7.000 km da capital brasileira). O 767 voa mais de 11 mil km sem parar.
"Se era para ficar com um avião menor, deveriam ter usado o produto nacional. Um 767 é muito mais vantajoso para rotas intercontinentais", diz o especialista em aviação Ronaldo Jenkins, diretor de Segurança e Operações de Voo da Associação Brasileira de Empresas Aéreas.
Por ser muito maior, potente e pesado, o 767-300ER consome mais combustível em média (5.000 kg/hora) do que o ACJ (2.800 kg/hora), ressalvando aqui que essa é uma conta superficial de consultorias sobre aviões civis, já que são inúmeros os parâmetros que definem o quanto um avião "bebe" (peso de decolagem, ventos, altitude etc.).
Mas aeronaves gastam mais que o dobro de querosene durante a primeira hora após a decolagem: com duas escalas, são três eventos desses, fora o fato de que a comitiva sempre acaba se hospedando em uma das paradas.
Consultada, a FAB não informou comparativos de custo de operação. No geral, aviões oficiais são mais baratos de usar, pois são isentos de várias taxas e operados por militares –que não têm salários de pilotos e comissários da aviação comercial.
O Aerolula, além de eventuais viagens com uma escala, seguirá sendo usado em distâncias menores. Tem 12 anos e meio de uso e deve voar até atingir os 30. Provavelmente levará Temer para Buenos Aires nesta quinta (20).
http://www.fab.mil.br/notimp#n125000
abs.
arcanjo
Com novo avião, governo reduzirá uso do Aerolula em viagem longa
Igor Gielow De São Paulo
JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO
Na tarde de 6 de julho passado, o presidente Michel Temer embarcou rumo à reunião do G20 na Alemanha.
Deixou o cargo com o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) e tomou assento em um Boeing 767-300ER da FAB, marcando o início da aposentadoria do Airbus presidencial, mais conhecido como Aerolula, em voos internacionais de longo alcance.
O governo decidiu que viagens que demandarem duas ou mais escalas serão feitas com o 767 de maior autonomia, alugado por três anos pela Força Aérea Brasileira em julho de 2016, ao custo de US$ 19,8 milhões (R$ 71 milhões). Isso inclui destinos na Ásia, por exemplo.
A ida à Alemanha necessitaria de uma escala no Airbus ACJ-319, mas Temer estava pressionado pelo tempo: precisava voltar para tourear a crise política que ameaça seu mandato e quis pular a parada de até duas horas. Essa régua, a da conveniência, também será usada daqui em diante, segundo o Planalto.
Prevendo o aumento de demanda, a Folha apurou que o Ministério da Defesa já planeja instalar uma área VIP, com cama e chuveiro, para o serviço presidencial. Hoje, o avião tem poltronas de classe executiva na sua parte posterior, enquanto o Airbus vem com suíte e sala de reuniões.
A eventual conversão repetirá o modelo utilizado até quase o fim do governo Fernando Henrique Cardoso.
Até então, presidentes voavam em aviões usados para transporte militar, com área VIP. Eram os KC-137, versões de Boeings 707 da década de 1960, conhecidas como Sucatões e compradas em 1986 pelo governo José Sarney.
O alto custo operacional e uma série de problemas técnicos encerraram o uso VIP do aparelho em 2000. FHC testou alugar voos comerciais, o que acabava sendo mais caro e menos seguro.
Lula, nadando na popularidade do primeiro mandato, bancou gasto de US$ 56,7 milhões (R$ 167 milhões no câmbio da época, que corrigidos dariam R$ 360 milhões hoje), e comprou uma versão executiva do Airbus-319, operada a partir de janeiro de 2005 pelo GTE (Grupo de Transporte Especial) da FAB.
Foi criticado. O avião ganhou o apelido pejorativo de Aerolula, entre outros mais agressivos. Uma argumentação da escolha segue válida: avião próprio dá segurança e praticidade ímpares.
Além da maior eficiência econômica, a autonomia do avião, superior à dos jurássicos Sucatões e à dos equivalentes da Embraer, era justificativa central: Lula poderia ir a Paris sem escala.
A realidade mostrou-se diferente ao longo do tempo, embora a FAB não divulgue estatísticas precisas do uso. Para atender a todos os requisitos de segurança, como sobra de combustível, viagens intercontinentais demandaram escalas. Uma para a Europa, ao menos duas para destinos mais longíquos.
O alcance do Aerolula dentro das especificações de segurança é de cerca de 8.500 km, no limite para chegar a Paris, embora teoricamente ele possa voar um pouco mais. Viagens europeias costumam ter escala em Cabo Verde (4.500 km de Brasília) ou Portugal (pouco mais de 7.000 km da capital brasileira). O 767 voa mais de 11 mil km sem parar.
"Se era para ficar com um avião menor, deveriam ter usado o produto nacional. Um 767 é muito mais vantajoso para rotas intercontinentais", diz o especialista em aviação Ronaldo Jenkins, diretor de Segurança e Operações de Voo da Associação Brasileira de Empresas Aéreas.
Por ser muito maior, potente e pesado, o 767-300ER consome mais combustível em média (5.000 kg/hora) do que o ACJ (2.800 kg/hora), ressalvando aqui que essa é uma conta superficial de consultorias sobre aviões civis, já que são inúmeros os parâmetros que definem o quanto um avião "bebe" (peso de decolagem, ventos, altitude etc.).
Mas aeronaves gastam mais que o dobro de querosene durante a primeira hora após a decolagem: com duas escalas, são três eventos desses, fora o fato de que a comitiva sempre acaba se hospedando em uma das paradas.
Consultada, a FAB não informou comparativos de custo de operação. No geral, aviões oficiais são mais baratos de usar, pois são isentos de várias taxas e operados por militares –que não têm salários de pilotos e comissários da aviação comercial.
O Aerolula, além de eventuais viagens com uma escala, seguirá sendo usado em distâncias menores. Tem 12 anos e meio de uso e deve voar até atingir os 30. Provavelmente levará Temer para Buenos Aires nesta quinta (20).
http://www.fab.mil.br/notimp#n125000
abs.
arcanjo