IAE testa motor de propulsão líquida
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Re: IAE testa motor de propulsão líquida
Algum vídeo?
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
Re: IAE testa motor de propulsão líquida
Olá Brasileiro
Vão me mandar outro e-mail com apenas uma linha igual ao outro dizendo: "O motor do VLS-1B se encontra em estudo junto ao parceiro russo".
No outro e-mail tive que escrever um testamento para me mandarem uma linha! Foi "freud"!!!![Laughing :lol:](./images/smilies/icon_lol.gif)
Quanto ao S43/S43TM comparando uma tabela e outra se nota algumas diferenças de configuração, não sei dizer quais mudanças podem ser mais relevantes ao sistema. Vou pesquisar!
[]'s
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Olá Bolovo
Por enquanto o IAE não divulgou nenhum video, vamos aguardar!
[]'s
Vão me mandar outro e-mail com apenas uma linha igual ao outro dizendo: "O motor do VLS-1B se encontra em estudo junto ao parceiro russo".
No outro e-mail tive que escrever um testamento para me mandarem uma linha! Foi "freud"!!!
![Laughing :lol:](./images/smilies/icon_lol.gif)
Quanto ao S43/S43TM comparando uma tabela e outra se nota algumas diferenças de configuração, não sei dizer quais mudanças podem ser mais relevantes ao sistema. Vou pesquisar!
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Olá Bolovo
Por enquanto o IAE não divulgou nenhum video, vamos aguardar!
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"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
Re: IAE testa motor de propulsão líquida
Não disse Bolovo, que era só esperar. Tá ai o video do teste do S43.
http://www.iae.cta.br/videos/flamingo.wmv
Abraço!
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http://www.iae.cta.br/videos/flamingo.wmv
Abraço!
"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
- Skyway
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Re: IAE testa motor de propulsão líquida
Uou!!
Agora é só instalar e mandar pra cima! hehehehehehe
Muito bom!
Agora é só instalar e mandar pra cima! hehehehehehe
Muito bom!
AD ASTRA PER ASPERA
Re: IAE testa motor de propulsão líquida
Leandro,LeandroGCard escreveu:Olá Brisa,brisa escreveu:Sei nao Leandro......teve uma platéia de notaveis assistindo este teste....se fosse assim nao teria dado tanto ibope
Primeiro, considerando o andamento que as autoridades (os tais notáveis) tem dado ao programa espacial brasileiro, tenho sérias desconfianças de que eles não sabem a diferença entre um buscapé e o Saturno V, então o que quer que peque fogo para eles está muito bom, desde que seja no Brasil (até foguete ucraniano).
Além disso, se este é realmente o primeiro motor de combustível líquido a ser disparado no país o evento é memorável de qualquer forma por uma questão histórica, mesmo sendo tecnicamente pouco relevante. Um monte de autoridades recebeu o Marcos Fontes quando ele voltou de sua missão ao espaço, pelo simples fato que que era o primeiro brasileiro a ir até lá, mesmo que ele tenha ido praticamente como turista.
Eu até acho que o governo atual dá muito mais importância ao programa espacial que os anteriores que tivemos desde o fim do regime militar, e o oba-oba que fazem em qualquer ocasião como esta se insere no contexto de prestigiar as atividades nesta área. O problema é que ninguém até agora, nem na equipe técnica envolvida com o programa nem no governo conseguiu definir objetivos claros de médio-longo prazo para o programa espacial, e é por isso que ele não anda. E neste contexto o teste deste pequeno motor acadêmico pouco acrescenta ao quadro, estudos deste tipo (embora apenas teóricos) já são feitos há muito mais tempo que o público em geral imagina, e nem por isso apareceu nenhuma novidade relevante no melancólico programa espacial brasileiro.
Eu pessoalmente tenho uma idéia bem clara do que gostaria que estivesse acontecendo em nosso programa espacial, mas não vejo nada sequer parecido ser nem mesmo comentado pelos envolvidos com ele.
Um grande abraço,
Leandro G. Card
Voce foi cortante, técnico e objetivo. Queria ter um filho assim!
Parabens e faço suas minhas palavras.
Non Multa Sed Multum
Re: IAE testa motor de propulsão líquida
Mandar o quê pra cima?Skyway escreveu:Uou!!
Agora é só instalar e mandar pra cima! hehehehehehe
Muito bom!
Essa pedra amorfa?
Tá brincando! há 40 anos atrás já se testou coisa melhor no Brasil. Isso é brincadeira. Queimando o montão de imposto que pago.
Non Multa Sed Multum
- Skyway
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Re: IAE testa motor de propulsão líquida
Isso, então vamos ficar travados no campo aeroespacial para não queimar o rico dinheiro dos impostos...vamos deixar de fazer nossos foguetes pra pagar a outros países MUITO mais do nosso rico dinheirinho dos impostos para lançar nossos satélites. Vamos deixar de ganhar dinheiro com outros países que queiram lançar coisas daqui e evoluir nosso país e quem sabe no futuro pagarmos menos impostos em alguns segmentos com satélites nacionais mais baratos e lançados do nosso país por um foguete nosso.Carioca escreveu:Mandar o quê pra cima?Skyway escreveu:Uou!!
Agora é só instalar e mandar pra cima! hehehehehehe
Muito bom!
Essa pedra amorfa?
Tá brincando! há 40 anos atrás já se testou coisa melhor no Brasil. Isso é brincadeira. Queimando o montão de imposto que pago.
Coé né, parabens sim e sucesso aos engenheiros nos próximos testes e no projeto completo do novo VLS, feito com ajuda de quem entende. Coisa melhor, moderna e com diretrizes tão atuais nunca se testou nesse país na verdade...
Um abraço...
AD ASTRA PER ASPERA
- Valdemort
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Re: IAE testa motor de propulsão líquida
"Eu pessoalmente tenho uma idéia bem clara do que gostaria que estivesse acontecendo em nosso programa espacial, mas não vejo nada sequer parecido ser nem mesmo comentado pelos envolvidos com ele".
Caro Leandro
Porque vc não espoe essas ideias aqui ?
Vc poderia me esplicar qual a vantagem do combustível liquido comparado ao sólido ?
Abcs .
Caro Leandro
Porque vc não espoe essas ideias aqui ?
Vc poderia me esplicar qual a vantagem do combustível liquido comparado ao sólido ?
Abcs .
"O comunismo é a filosofia do fracasso, o credo da ignorância e o evangelho da inveja. Sua virtude inerente é a distribuição equitativa da miséria".
Winston Churchill
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- LeandroGCard
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Re: IAE testa motor de propulsão líquida
OK Valdemort, vamos começar pelo segundo assunto, que vou tentar simplificar ao máximo. No próximo post falarei do que imagino deveria ser feito.Valdemort escreveu:"Eu pessoalmente tenho uma idéia bem clara do que gostaria que estivesse acontecendo em nosso programa espacial, mas não vejo nada sequer parecido ser nem mesmo comentado pelos envolvidos com ele".
Caro Leandro
Porque vc não espoe essas ideias aqui ?
Vc poderia me esplicar qual a vantagem do combustível liquido comparado ao sólido ?
Abcs .
Em princípio, os motores-foguete de combustível sólido e líquido não tem superioridade um sobre o outro, são apenas "diferentes". Estas diferenças é que tornam cada tipo mais adequado para um determinado cenário.
O principal ponto que diferencia os dois tipos de motor é que no caso dos motores de combustívelo sólido o combustível não pode (por motivos óbvios) ser transportado de um lugar para o outro dentro do foguete. Isto implica em que ele é queimado no mesmo lugar onde é armazenado ou seja, dentro do "corpo" do foguete. Assim toda a pressão e o calor produzidos pela sua queima devem ser suportados pela sua parede externa, exigindo uma estrutura bem resistente e consequentemente mais pesada, pois o foguete inteiro é o motor.
Já no caso do combustível líquido a queima ocorre apenas dentro de um volume bastante pequeno nos motores, e o "corpo" do foguete não fica submetido às mesmas pressões e temperaturas, podendo ser uma estrutura bem mais leve. Além disso, as misturas combustível+oxidante líquidas mais utilizadas possuem em geral maior energia e produzem moléculas mais leves após a queima que as sólidas, resultando em uma maior "eficiência propulsiva".
Um outro fator importante é que pelo fato de poder ter o fluxo de oxidante e combustível controlados os motores de combustível líquido geralmente podem ter o empuxo variado de forma livre dentro de uma faixa bastante ampla, ao passo que nos de combustível sólido a variação de empuxo depende da geometria e da composição dados ao grão de propelente quando ele é produzido. Com este tipo de motor não é muito fácil reduzir o empuxo durante a fase inicial do vôo para evitar a resistência excessiva do ar, acelerá-lo novamente após deixar a atmosfera para trás e reduzi-lo de novo no final do vôo para evitar aceleração excessiva quando a massa do foguete diminui devido à queima do combustível. Assim o vôo não pode ser facilmente “otimizado”.
Por estes motivos os foguetes movidos a combustível líquido tendem a ser mais "eficientes" que os de combustível sólido ou seja, para um mesmo peso de lançamento eles podem acelerar uma mesma carga à uma velocidade maior, ou mais carga à mesma velocidade. Assim, os foguetes de combustível líquido, quando utilizados no lançamento de satélites e outras cargas ao espaço, podem ser menores e utilizar um menor número de estágios para cumprir a mesma missão.
Entretanto, por mais paradoxal que isto possa parecer, esta maior eficiência dos motores-foguete de combustível líquido não é a principal causa da escolha de um ou outro tipo de motor para uma determinada aplicação. Na maioria dos casos os fatores que ditam esta escolha são outros.
O que acontece é que em termos conceituais os motores-foguete de combustível sólido são mais simples de projetar e construir, e uma vez prontos podem ficar armazenados por muito tempo em condições de uso com um mínimo de cuidado. Por este motivo eles são muito mais adequados para aplicações militares como mísseis. Mas isto só é verdade até certo ponto. A partir de um determinado tamanho (algumas centenas de quilos) as dificuldades e o cuidado na fabricação dos motores de combustível sólido crescem muito rápido, e exigem uma infra-estrutura de produção bastante específica e complexa. Isto porque é preciso construir um grande “corpo” de foguete como uma peça única, que tem que suportar todos os esforços da combustão, bem como o próprio grão de propelente de grande porte, que não pode ter bolhas, rachaduras ou falhas de nenhum tipo, isso sem falar na tubeira ou tubeiras que não podem ser refrigeradas por um combustível líquido que passe por elas absorvendo o excesso de calor. A tecnologia para isso tudo é complicada, cara, e tem muito pouca aplicação fora a construção dos foguetes.
Já no caso do combustível líquido os motores, tanques de combustível e estrutura podem em princípio ser construídos com componentes e peças produzidos pela indústria em geral (ou no melhor caso por indústrias aeronáuticas), sem que se necessite de instalações e equipamentos dedicados. Cada componente do foguete é relativamente pequeno, e apenas depois de reunidos é que assumem o grande tamanho que estamos acostumados a ver. Por isso todos os primeiros mísseis de grande porte, da V2 alemã aos enormes Titan americano e SS-18 russo, utilizavam combustível líquido. A tecnologia da época simplesmente não permitia o desenvolvimento de mísseis de combustível sólido com a mesma capacidade de lançamento (que teriam que ser pelo menos tão grandes quanto estes foguetes). Apenas na década de sessenta os primeiros mísseis de combustível sólido de maior porte começaram a aparecer (Polaris e Minuteman), e somente na década de oitenta motores de combustível sólido realmente grandes entraram em serviço (O SRB do Space Shuttle e míssil Peacekeeper).
Hoje em dia o que se vê é que para as aplicações militares se utilizam apenas os motores-foguete de combustível sólido, sempre que o país domina a tecnologia (e possui a infra-estrutura) para construir grandes motores deste tipo. Nestes casos não é incomum que o país aproveite a disponibilidade desta infra-estrutura para construir também lançadores de satélites baseados completa ou parcialmente em combustível sólido, como o Shavit israelense, o PSLV indiano e o Ares I que os americanos estão desenvolvendo. Já países que não dominam esta tecnologia ou não querem montar a grande infra-estrutura necessária continuam utilizando basicamente foguetes de combustível líquido tanto em seus mísseis de grande porte quanto em seus lançadores de satélites (Ucrânia, Coréia do Norte, Irã, etc...). Outros como a Rússia e a China ainda mantém uma certa quantidade de mísseis de longo alcance de combustível líquido, enquanto estão instalando mísseis mais modernos de combustível sólido. E utilizam basicamente os de combustível líquido para lançar cargas ao espaço.
Portanto, a escolha de um determinado tipo de propulsor (sólido ou líquido) para impulsionar um foguete lançador de satélites é hoje mais uma questão política do que técnica. O que se deseja, montar e manter a infra-estrutura e a tecnologia necessárias para a construção de mísseis de longo alcance modernos e eficazes? Neste caso lançadores com combustível sólido são a melhor opção, pois se poderá utilizar um só desenvolvimento para ambas as funções. Ou então o que se deseja é a máxima eficiência e segurança no lançamento, com o menor custo total? Neste caso o combustível líquido (principalmente as misturas baseadas em oxigênio líquido, que são baratas, seguras e potentes) no meu ver são a melhor solução.
Um grande abraço,
Leandro G. Card
Editado pela última vez por LeandroGCard em Seg Nov 17, 2008 5:42 pm, em um total de 1 vez.
- LeandroGCard
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Re: IAE testa motor de propulsão líquida
Vamos agora ao primeiro ponto, o que eu pessoalmente acho que devemos fazer com o programa espacial brasileiro.Valdemort escreveu:"Eu pessoalmente tenho uma idéia bem clara do que gostaria que estivesse acontecendo em nosso programa espacial, mas não vejo nada sequer parecido ser nem mesmo comentado pelos envolvidos com ele".
Caro Leandro
Porque vc não espoe essas ideias aqui ?
Vc poderia me esplicar qual a vantagem do combustível liquido comparado ao sólido ?
Abcs .
Antes de mais nada, acredito que deve-se pensar em porquê afinal o Brasil deve ter um programa de desenvolvimento de foguetes. O simples fato de ele já existir um há muito tempo não é justificativa, o programa precisa ter uma razão para continuar que possa ser apresentada às autoridades a ao público em geral. O simples fato de que já existe e ninguém tem coragem de encerrá-lo não é justificativa suficiente para manter os gastos com ele. E a parte exclusivamente “espacial” do programa também não é bastante, hoje em dia pode-se ter um programa espacial desenvolvendo-se apenas os satélites e outras cargas úteis, e comprando-se os lançamentos, pois embora isto também fique caro desenvolver os próprios lançadores fica mais caro ainda.
Na minha opinião não devemos inventar a roda, as justificativas principais para a manutenção de um programa de desenvolvimento de foguetes devem ser as mesmas que foram adotadas por todas as outras nações que assim o fizeram: Desenvolver a capacidade militar do país e mostrar sua competência técnica, provando sua relevância perante as demais nações do planeta. Pois se não queremos mais ser confundidos com uma Bolívia ou considerados apenas tão importantes quanto uma África do Sul ou uma Argélia, precisamos mostrar ao mundo que a nação brasileira é capaz de realizações que estas nações não conseguem. E uma das mais convincentes demonstrações neste sentido é a capacidade de desenvolver e lançar satélites utilizando seus próprios foguetes.
No aspecto militar, foguetes realmente grandes são apenas necessários se a intenção for montar uma força de dissuasão nuclear, o que hoje é proibido pela nossa constituição e por tratados internacionais. Mas a situação do mundo está mudando rapidamente, e não temos como saber qual será a situação futura. Não acho que devemos começar agora a produzir bombas nucleares, mas devemos demonstrar estar o mais próximos possível da capacidade não só de fazê-lo, mas também de lançar estas bombas com eficiência em curto espaço de tempo se isto um dia se mostrar necessário. Para isso precisamos ter a tecnologia e a infra-estrutura para a construção de mísseis modernos de grande alcance o que, aliás, foi o objetivo inicial do programa espacial brasileiro, e que deveria ser retomado já que seu abandono não resultou na facilitação do acesso à tecnologia como se imaginava.
Temos também que considerar que um grande investimento (e sacrifício) já foi feito para adquirirmos um certo domínio da tecnologia de foguetes de grande porte, e este investimento pode e deve ser aproveitado nos futuros desenvolvimentos.
Levando tudo isso em consideração, os passos que e eu visualizo para o programa de foguetes são os seguintes:
1- Lançar o mais rapidamente possível uma carga em órbita, com um foguete totalmente nacional: É fundamental mostrar para as autoridades e o público em geral que o Brasil pode fazer isso, para angariar apoio às atividades espaciais nacionais. Hoje o programa está desacreditado, e até que algum lançamento de sucesso seja obtido a simples menção ao programa espacial despertará mais sentimentos de desconfiança e até de vergonha do que de orgulho nacional. Enquanto isso não for mudado não haverá apoio ao programa. No entanto, a carga a ser lançada é o que menos importa, praticamente ninguém no país (e muito pouca gente no resto do mundo) pode avaliar este tipo de coisa. E já que as verbas são pequenas (e diminuirão ainda mais com a crise econômica) deve-se focar no caminho mais barato e rápido: Terminar o desenvolvimento do VLM, e prepará-lo para lançamento a partir de uma base simplificada que possa ser construída rapidamente, se possível a base do Sonda IV no CLBI, devidamente reformada se necessário. Ao invés de montar um novo VLS com seus 5 motores S-43 no primeiro e segundo estágios, mais 1 S-40 e 1 S-44, e com toda sua complexidade, deveriam estar sendo preparados para vôo três ou quatro VLM, que utilizam apenas 1 motor S-43, 1 S-40, 1 S-44 e 1 S-33, sendo que somente este último motor (o menor e mais simples de todos) ainda falta desenvolver. Estes foguetes deveriam ter um cronograma de lançamento o mais curto possível, com apenas umas poucas semanas de tempo entre cada lançamento. Os primeiros poderiam subir apenas com uma carga de telemetria para avaliar os parâmetros do vôo, e apenas o último poderia levar algum satélite experimental simples. A idéia é ter disponíveis novos foguetes para lançamento se o primeiro ou o segundo falharem por algum motivo.
2- Iniciar o desenvolvimento de um motor de combustível sólido maior, com um diâmetro de 1,7 ou 1,8m, aproveitando o que fosse possível da tecnologia e da infra-estrutura já existentes para o VLS (a capacidade de projeto, a usina de produção de combustível, etc...). Este motor teria como objetivo substituir o “cacho “ de motores do primeiro estágio do VLS, bem como dar origem à um outro foguete maior (pelo uso de um segundo estágio do mesmo diâmetro), da categoria do Vega europeu ou do Mu-3 japonês. E em caso de necessidade futura este motor poderia ser a base de um míssil da categoria do Minuteman, ou ainda dar origem a um SLBM. Nada disso é possível com os pequenos motores de 1m de diâmetro do VLS.
Para a consecução deste motor algumas tecnologias provavelmente precisariam ser desenvolvidas, como o grão propelente segmentado e o estojo constituído de múltiplos anéis soldados ou ligados de alguma outra forma. Estas tecnologias já deveriam estar em desenvolvimento, com o objetivo de diminuir os custos da infra-estrutura necessária para a produção deste motor maior e torná-lo competitivo no mercado de lançadores de pequeno/médio porte. Enquanto este motor não ficasse pronto o VLS poderia ser lançado algumas vezes, mas ele não seria mais o único e exclusivo objetivo do programa espacial brasileiro.
3- Acelerar o domínio da tecnologia de propulsores de combustível líquido, através inicialmente da aquisição de um projeto pronto, de preferência que utilizasse oxigênio líquido e querosene como combustível. Não é absolutamente necessário um desenvolvimento totalmente local, o projeto de um motor assim pode com certeza ser comprado da Rússia (e possivelmente também da China, da Europa e até dos EUA, embora neste caso eu duvide muito da aprovação do governo daquele país). Os engenheiros do IAE envolvidos com o programa de foguetes deveriam cuidar em uma primeira fase da produção dos motores no Brasil e do projeto e construção do foguete em si, ao invés de ficar estudando modelos acadêmicos de pequeno porte. O objetivo inicial seria um foguete com a capacidade equivalente ao do Cyclone ucraniano que se planeja lançar de Alcântara, mas se os engenheiros forem espertos fariam um projeto modular como o previsto para o finado programa “Cruzeiro do Sul”. Isto nos daria a completa independência no que tange aos lançamentos espaciais, além de permitir a disputa do mercado de lançamentos comerciais. E no futuro (não agora) os engenheiros brasileiros poderiam trabalhar com calma no aperfeiçoamento deste motor e no desenvolvimento de outros, para o aperfeiçoamento constante dos foguetes nacionais, talvez utilizando combustíveis mais avançados (metano ou oxigênio líquidos).
Esta, de forma bem resumida, é a minha visão. Mas parece que é só minha e não espero ver nada disso sendo feito no Brasil nem agora e nem nunca, infelizmente.
Um grande abraço,
Leandro G. Card
Editado pela última vez por LeandroGCard em Seg Nov 17, 2008 5:51 pm, em um total de 1 vez.
Re: IAE testa motor de propulsão líquida
Eu tambem acho que devemos investir e que não devemos usar foguetes de outros paises. O que eu reclamo é de jogarem dinheiro fora com algo que já se fez no Brasil há 40 anos. Parece que a questão é pior do que se possa supor: Falta Gerenciamento de Projetos. Tudo indica que deixam a pesquisa na mão de pesquisadores, de cientistas que só olham seu proprio umbigo. Ficam re-experimentando coisas que já foram experimentadas no passado. Das duas uma: Ou fazem pesquisa por fazer, numa loucura de pesquisa pura que não se aplica às instituições envolvidas (ou que não se deveria aplicar), ou não possuem bancos de dados.Skyway escreveu: Isso, então vamos ficar travados no campo aeroespacial para não queimar o rico dinheiro dos impostos...vamos deixar de fazer nossos foguetes pra pagar a outros países MUITO mais do nosso rico dinheirinho dos impostos para lançar nossos satélites. Vamos deixar de ganhar dinheiro com outros países que queiram lançar coisas daqui e evoluir nosso país e quem sabe no futuro pagarmos menos impostos em alguns segmentos com satélites nacionais mais baratos e lançados do nosso país por um foguete nosso.
Coé né, parabens sim e sucesso aos engenheiros nos próximos testes e no projeto completo do novo VLS, feito com ajuda de quem entende. Coisa melhor, moderna e com diretrizes tão atuais nunca se testou nesse país na verdade...
Um abraço...
Voce me desculpe se não fui mais claro antes.
É mais ou menos o caso da explosão do VLS, incúria administrativa. Procedimento de risco, que as doutrinas dos principais paises determina que não pode haver mais de 3 pessoas na torre, e deixam mais de 20 cérebros lá dentro...imagino que cuidando da fiação solta!
Non Multa Sed Multum
Re: IAE testa motor de propulsão líquida
É isso aí Leandro. O que falta é meta e gerenciamento de projeto. O dinheiro está entregue na mão de acadêmicos que ficam se masturbando ao redor de seus focos de interesse. A cada vez que fazem experiências com foguetinhos, lembro-me do projeto Manhattan. Colocaram um gerente de projetos e pimba! os cientistas passaram a ter que cumprir metas claras, resultados em prazos definidos. E o Enola decolou no ETD....LeandroGCard escreveu: Vamos agora ao primeiro ponto, o que eu pessoalmente acho que devemos fazer com o programa espacial brasileiro.
Antes de mais nada, acredito que deve-se pensar em porquê afinal o Brasil deve ter um programa de desenvolvimento de foguetes. O simples fato de ele já existir um há muito tempo não é justificativa, o programa precisa ter uma razão para continuar que possa ser apresentada às autoridades a ao público em geral. O simples fato de que já existe e ninguém tem coragem de encerrá-lo não é justificativa suficiente para manter os gastos com ele.
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Na minha opinião não devemos inventar a roda, as justificativas principais para a manutenção de um programa de desenvolvimento de foguetes devem ser as mesmas que foram adotadas por todas as outras nações que assim o fizeram: Desenvolver a capacidade militar do país e mostrar sua competência técnica, provando sua relevância perante as demais nações do planeta. Pois se não queremos mais ser confundidos com uma Bolívia ou considerados apenas tão importantes quanto uma África do Sul ou uma Argélia, precisamos mostrar ao mundo que a nação brasileira é capaz de realizações que estas nações não conseguem. E uma das mais convincentes demonstrações neste sentido é a capacidade de desenvolver e lançar satélites utilizando seus próprios foguetes.
No aspecto militar, foguetes realmente grandes são apenas necessários se a intenção for montar uma força de dissuasão nuclear, o que hoje é proibido pela nossa constituição e por tratados internacionais. Mas a situação do mundo está mudando rapidamente, e não temos como saber qual será a situação futura.
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Para isso precisamos ter a tecnologia e a infra-estrutura para a construção de mísseis modernos de grande alcance o que, aliás, foi o objetivo inicial do programa espacial brasileiro, e que deveria ser retomado já que seu abandono não resultou na facilitação do acesso à tecnologia como se imaginava.
Temos também que considerar que um grande investimento (e sacrifício) já foi feito para adquirirmos um certo domínio da tecnologia de foguetes de grande porte, e este investimento pode e deve ser aproveitado nos futuros desenvolvimentos.
Levando tudo isso em consideração, os passos que e eu visualizo para o programa de foguetes são os seguintes:
1- Lançar o mais rapidamente possível uma carga em órbita, com um foguete totalmente nacional: É fundamental mostrar para as autoridades e o público em geral que o Brasil pode fazer isso, para angariar apoio às atividades espaciais nacionais.
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E já que as verbas são pequenas (e diminuirão ainda mais com a crise econômica) deve-se focar no caminho mais barato e rápido: Terminar o desenvolvimento do VLM, e prepará-lo para lançamento a partir de uma base simplificada que possa ser construída rapidamente, se possível a base do Sonda IV no CLBI, devidamente reformada se necessário.
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2- Iniciar o desenvolvimento de um motor de combustível sólido maior, com um diâmetro de 1,7 ou 1,8m, aproveitando o que fosse possível da tecnologia e da infra-estrutura já existentes para o VLS (a capacidade de projeto, a usina de produção de combustível, etc...). ...............................
Para o desenvolvimento deste motor algumas tecnologias provavelmente precisariam ser desenvolvidas, ..............................
3- Acelerar o domínio da tecnologia de propulsores de combustível líquido, através inicialmente da aquisição de um projeto pronto, de preferência que utilizasse oxigênio líquido e querosene como combustível.
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se os engenheiros forem espertos fariam um projeto modular como o previsto para o finado programa “Cruzeiro do Sul”. Isto nos daria a completa independência no que tange aos lançamentos espaciais, além de permitir a disputa do mercado de lançamentos comerciais.
Esta, de forma bem resumida, é a minha visão. Mas parece que é só minha e não espero ver nada disso sendo feito no Brasil nem agora e nem nunca, infelizmente.
Um grande abraço,
Leandro G. Card
Do jeito que está hoje é desperdício do suado dinheirinho dos impostos. Se adotarem metas e regras de gestão de projetos, aí valerá a pena ver nossa grana ser usada.
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Re: IAE testa motor de propulsão líquida
Me desculpe mas não concordo. O novo motor do VLS não teve nada melhor testado a mais de 40 anos... É um motor redesenhado para atender a normas de segurança mais rígidas impostas após a tragédia ocorrida na base. Normas e modificações essas que forma criadas com ajuda de fora de quem tem muito mais experiência nesse ramo de fabrico e operação de foguetes.Carioca escreveu:Eu tambem acho que devemos investir e que não devemos usar foguetes de outros paises. O que eu reclamo é de jogarem dinheiro fora com algo que já se fez no Brasil há 40 anos. Parece que a questão é pior do que se possa supor: Falta Gerenciamento de Projetos. Tudo indica que deixam a pesquisa na mão de pesquisadores, de cientistas que só olham seu proprio umbigo. Ficam re-experimentando coisas que já foram experimentadas no passado. Das duas uma: Ou fazem pesquisa por fazer, numa loucura de pesquisa pura que não se aplica às instituições envolvidas (ou que não se deveria aplicar), ou não possuem bancos de dados.Skyway escreveu: Isso, então vamos ficar travados no campo aeroespacial para não queimar o rico dinheiro dos impostos...vamos deixar de fazer nossos foguetes pra pagar a outros países MUITO mais do nosso rico dinheirinho dos impostos para lançar nossos satélites. Vamos deixar de ganhar dinheiro com outros países que queiram lançar coisas daqui e evoluir nosso país e quem sabe no futuro pagarmos menos impostos em alguns segmentos com satélites nacionais mais baratos e lançados do nosso país por um foguete nosso.
Coé né, parabens sim e sucesso aos engenheiros nos próximos testes e no projeto completo do novo VLS, feito com ajuda de quem entende. Coisa melhor, moderna e com diretrizes tão atuais nunca se testou nesse país na verdade...
Um abraço...
Voce me desculpe se não fui mais claro antes.
É mais ou menos o caso da explosão do VLS, incúria administrativa. Procedimento de risco, que as doutrinas dos principais paises determina que não pode haver mais de 3 pessoas na torre, e deixam mais de 20 cérebros lá dentro...imagino que cuidando da fiação solta!
Um motor redesenhado necessita de um novo teste, não é jogar dinheiro fora, é na verdade economizar, pois qualquer prevenção de acidentes e investimentos em segurança economizam no futuro.
Erros da época foram consertados e normas de segurança internacionais e modernas foram implementadas. Se há algumas falhas ainda, isso só vamos saber se ocorrer outro acidente, como tudo no mundo desde o início da história da humanidade onde se resolve uma falha grave após ela aparecer.
Um abraço.
AD ASTRA PER ASPERA
Re: IAE testa motor de propulsão líquida
Caro Carioca
Com todo respeiro a sua opinião, vejo sua justificativa para "não gastar o rico dinheirinho dos impostos", ou em uma pessoal e livre interpretação de suas palavras, interromper o programa do VLS, como sendo muito vaga.
O argumento de que o teste do novo (reprojetado) motor S-43 do VLS é errado pois é uma tecnologia de 40 anos é, a meu ver, muito inconsistente. Veja bem, há 40 anos testamos o foguete (esse sim muito pequeno) Sonda 1 e de lá para cá muita coisa já mudou. É como dizer que não se deve investir mais na tecnologia de comunicação via telefone pois essa é uma tecnologia de quase 150 anos! A "base" da tecnologia é a mesma, mas a tecnologia em si, evolui. É o que ocorre com a tecnologia de motores solidos do Brasil que já mudou muito nesse 40 anos, porém sua "base" ainda é aquela que deu origem ao "foguetinho" Sonda 1.
Por enquanto é isso...
[]'s.
Com todo respeiro a sua opinião, vejo sua justificativa para "não gastar o rico dinheirinho dos impostos", ou em uma pessoal e livre interpretação de suas palavras, interromper o programa do VLS, como sendo muito vaga.
O argumento de que o teste do novo (reprojetado) motor S-43 do VLS é errado pois é uma tecnologia de 40 anos é, a meu ver, muito inconsistente. Veja bem, há 40 anos testamos o foguete (esse sim muito pequeno) Sonda 1 e de lá para cá muita coisa já mudou. É como dizer que não se deve investir mais na tecnologia de comunicação via telefone pois essa é uma tecnologia de quase 150 anos! A "base" da tecnologia é a mesma, mas a tecnologia em si, evolui. É o que ocorre com a tecnologia de motores solidos do Brasil que já mudou muito nesse 40 anos, porém sua "base" ainda é aquela que deu origem ao "foguetinho" Sonda 1.
Por enquanto é isso...
![Wink :wink:](./images/smilies/icon_wink.gif)
[]'s.
"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
- Luiz Bastos
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Re: IAE testa motor de propulsão líquida
Senhores.
Estão de parabéns. Discussão de altíssimo nível e com argumentações fantásticas.
Estão de parabéns. Discussão de altíssimo nível e com argumentações fantásticas.