gabriel219 escreveu: ↑Sex Set 18, 2020 7:33 am
Eu já penso diferente. Não tínhamos parque industrial e perdemos a expertise do desenvolvimento de viaturas, até de armamentos individuais. Devíamos reiniciar como a Marinha e a FAB estão fazendo muito bem, com PROSUB, FCT e Gripen, comprando um produto pronto com todo o ToT necessários e produção nacional da maioria dos componentes, com um parque industrial sendo construído.
Penso igual em tudo, penso que assim como a Imbel deveria ter se modernizado e adquirido licença do ACR da Bushmaster (o da Remington não presta) ou HK416, o EB deveria ter buscado a produção sob licença de algum produto pronto, somente com a nacionalização e algumas mudanças. Poderia ser mesmo a Iveco e o SuperAV, como a Mowag e o Piranha V, entre outros. O mesmo precisa ser feito quanto a Carros de Combate e VBCI's, mas não entendo esse desejo de reinventar a roda, querendo desenvolver tudo e acabar dando no que deu, seja com o Guarani, como o IA2 e como é o MSS 1.2AC.
Até míssil AAe médio alcance o BR quer desenvolver, com tanto míssil de guiagem autônoma por ai!
O EB gastou mais de uma centena de dólares modernizando M113 pra descobrir que o mesmo não serve - e esse dinheiro traria vários Marder 1A3 pra cá, o suficiente pra equipar quatro BIB's, vale salientar - agora esperou chegar quase na unidade 500 pra descobrir que o Guarani é repleto de problemas.
Pra que serve tanto grupo de estudo?
Um dos maiores problemas, e limitações que vejo neste processo todo é que desde 1999, o Ministério da Defesa, que deveria ser o órgão a integrar esforços e planejamento, junto com o orçamento, não o faz, deixando às ffaa's não raro o papel de decidir o que bem entendem a si mesmas. Ele foi implantado como um órgão político, como uma antepara entre os militares e o poder político apenas para que este último se sentisse mais "seguro" imaginando que um civil à frente do comado da defesa daria um ar de poder e controle sobre os militares. Bem, não só não funcionou como hoje temos um militar no MD. Tudo o que muitos dentro da caserna sempre defenderam e ainda defendem, como serem comandados por um civil, que não o presidente, na Defesa fosse uma ofensa a eles. E de fato, muitos oficiais generais nas três forças se sentiram muito ofendidos. Principalmente no EB. E não deixo de dar-lhes certa razão pois até o Jobim, todos os antecessores foram apaninguádos inúteis e meros testas de ferro do Planalto, cujo único objetivo era deixar os assuntos da defesa limitados ao MD, sem chegar onde lhe seria de obrigação, que é o congresso e o palácio do planalto.
Dito isso, atualmente o MD e o EMCFA tentam fazer com que o planejamento das forças seja o máximo possível integrado, embora a imensa maioria dos programas e projetos, lançados em sua maioria no início deste século, continuem a caminhar separados e de costas uns para os outros. E neste aspecto, não há muito o que fazer, dado o status em vários já se encontram.
O Guarani é só apenas mais um desses muitos maus exemplos de fisiologismo entre os militares, que vivem ainda a olhar apenas o próprio umbigo na hora de pensar o futuro de cada força. O trabalho de integração deve ser do EMCFA, mas pelo visto, pouca ou nenhuma influência este órgão possui sobre a gestão das forças e seus projetos.
O CFN chegou a pôr o Guarani na meta de aquisições, salvo engano, seriam mais de uma centena de unidades, considerando a segunda esquadra e o se correspondente anfíbio. Mas o Guarani demorou tanto para sair que o CFN, prático e flexível como lhe é mister, não esperou pagar pra ver e comprou as Piranha III. E está muito satisfeito, obrigado. Por que ninguém no EB pensou lá no começo do projeto em perguntar ao CFN - até acho que perguntaram, mas por mera burocracia, sem qualquer intenção de levar a sério a opinião deles - o que eles entendiam como sendo necessário a uma nova VBTP? Foi considerado um bldo 8x8, mas novamente venceu a mentalidade que pensa as coisas com o fígado por aqui e não com a cabeça. O EB queria um Urutu II enquanto o CFN queria algo realmente novo. Ficou o dito pelo não dito.
Hoje o CFN já pensa em substituir ou complementar os seus Piranha III por novos bldos, enquanto o EB patina tentando consertar erros quiçá absurdos em seu projeto. Que aliás, é sempre dito por aqui, foi mau projetado desde o início, até os italianos falaram sobre os requisitos, mas ninguém quis dar ouvidos. Tinha que ser "bom, nem tão bonito assim e essencialmente barato". Como bem disseste, o barato nos está saindo caro demais até hoje.
Se fosse possível, e eu acredito que seja, a tal versão Mk II do Guarani já poderia vir em 8x8 e resolver os (muitos) problemas de projeto deste veículo, e até oferecer ele ao CFN, que entendo, atendidas as suas necessidades, nos ofereceria um blindado que não deveria nada, pelo menos em tese, ao Piranha III. E isto já seria um excelente (re)começo. Mas infelizmente, fazer o óbvio parece não ser o nosso forte nestas questões.
abs