Re: Vice do Paraguai exige devolução de "troféus de guerra"
Enviado: Qui Jan 30, 2014 2:44 pm
Ia dizer isso. Quando se ligarem vem CHUMBO! Mas aqui tem café no bule...
https://defesabrasil.com/forum/
LeandroGCard escreveu:Esta história toda de um Super-Paraguai destruído pela malevolência britânica com o Brasil, a Argentina e o Uruguai como seus verdugos contratados é muito romântica e comovente, mas não tem nenhuma sustentação na realidade. O Paraguai da década de 1860 era um país pequeno, atrasado e sem a menor capacidade de sequer chamar a atenção da Inglaterra, o que dirá incomodá-la a ponto de fazê-la criar uma aliança sul-americana para destruir o potencial rival.
Basta observar a população mencionada no próprio texto que você colocou para ver o absurdo das afirmações que dão conta da "grandeza" do país à época. As estimativas mais otimistas colocam a população de todo o Paraguai em 800 mil pessoas, com outras fontes citando cerca de metade disso. Como tão pouca gente em um país sem recursos e fechado poderia constituir uma ameaça sequer perceptível para a poderosa Inglaterra e suas imensas possessões espalhadas por todo o mundo? Para você ter uma idéia, veja as estimativas de população dos países envolvidos no imbróglio em 1860 (alguns anos antes do início da guerra) e compare-as com as 400 a 800 mil almas que teria o Paraguai no início das hostilidades:
- Brasil: 8,4 milhões
- Inglaterra: 28,5 milhões
- Apenas a grande Londres: 3,2 milhões
- Argentina (em 1870): 1,8 milhões
Acho que já dá para perceber a insignificância do Paraguai à época, não? Diversas afirmações do texto são absurdamente exageradas, em um ufanismo que distorce completamente a realidade da situação de um país com população escassa, sem recursos, praticamente sem comércio exterior e sem nenhuma base para tornar-se a potência industrial e econômica descrita. A sociedade do Paraguai na década de 1860 tinha sim algumas características distintivas, como o fato de ser dominada pelos pequenos proprietários rurais ao invés dos grandes latifundiários do Brasil e da Argentina, e a dificuldade de comércio com o exterior levou sim ao desenvolvimento de um certo nível de auto-suficiência em produtos industriais. Mas estamos falando de substituir mantas de lã por ponchos de algodão, ou talheres de prata por outros de madeira trabalhada. Como já mencionei, sequer havia indústria de calçados suficiente para fornecer botas para os soldados, imagine então siderurgia pesada ou indústrias mecânicas avançadas!
O link abaixo contém uma análise crítica destes trabalhos que apresentavam o Paraguai como uma potência importante no contexto sul americano ou mesmo mundial, sugiro fortemente sua leitura:
http://www.socialismo-o-barbarie.org/hi ... ocidio.htm
É um texto relativamente grande e com linguagem as vezes um tanto rebuscada, mas sem dúvida é bastante esclarecedor sobre a origem destas lendas do Super-Paraguai. Só para ilustrar, eu separei alguns trechos interessantes que dão o tom da crítica:
Dê uma estudada no link e nas diversas referências incluídas nele, e procure visualizar as enormes dificuldades que teria uma nação como o Paraguai da década de 1860 para se encaixar nas descrições que se faz dele como grande potência. Pense nas dificuldades que passou e ainda passa o próprio Brasil para se aproximar das economias mais desenvolvidas, e imagine como poderia ser possível um país com população quase insignificante e praticamente isolado conseguir isso em algumas poucas décadas partindo de uma economia agrária primitiva lá atrás no século XIX.-> Destaque-se a enorme impertinência da proposta de industrialização, mesmo moderada, para país isolado, de mercado minúsculo, população acanhada [uns duzentos mil habitantes, no início do período francista], com meios de transporte limitados e matérias-primas escassas. Um país dominado por rústica agricultura de subsistência que se servia, como principal instrumento de produção, raramente do arado de madeira, utilizando comumente, “a guisa de enxada”, as “omoplatas de vaca ou de cavalo, rijamente atadas a um cabo de pau”!
-> O trote-galope nacional-patriótico de R. LO. Núñez acelera-se ainda mais ao descrever o governo de Carlos Antonio López. O Paraguai teria sido o “primeiro país da América do Sul que contou com uma empresa siderúrgica e metalúrgica [...]”.[34] Teria lançado “o primeiro navio construído na América Latina, o Iporã, de 226 toneladas fundidas [sic] em Ybycuí.” Seria sinal de avanço o envio como bolsistas de “grupo de jovens promissores rumo à Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos”.[35] “Dom Carlos deixou um país próspero e independente. [...] O único com estaleiros, indústrias metalúrgicas, têxteis, de armas e munições, telégrafo, frota mercante, marinha de guerra, ferrovias e imprensa gráfica [...].”[36] Um país de “economia quase totalmente planificada”!
- A fundição de ferro de Ybycuí, a mais de 123 quilômetros de Asunción, era sustentada pelo Estado, para fins militares, escapando literalmente da produção capitalista propriamente dita. O Iporã, finalizado em 1856, era barco fluvial, de casco de madeira, de acanhados trinta metros e quatro canhões, de 70 HP, e capacidade de deslocamento de 226 toneladas – que o autor apresenta como fundidas em Ybycuí! Não há qualquer primazia na construção do pequeno barco! Apenas um exemplo: em 1767, no Arsenal Real da Marinha do Rio de Janeiro, entre outras embarcações, construiu-se a nau São Sebastião, deslocando 1.400 toneladas, com 64 canhões! [/i]
- As primeiras ferrovias da América Latina foram inauguradas no Peru e no Chile em 1851; no Brasil, em 1854; na Argentina, em 1857, etc. Todas elas anteriores à paraguaia, que entrou em funcionamento em 1861. Três anos após o fim da guerra, o Império brasileiro tinha mais de mil quilômetros de ferrovias; antes do fim do conflito, o Paraguai jamais ultrapassou os oitenta quilômetros!
- O punhado de bolsistas enviado ao exterior assinalava não avanço, mas desenvolvimento muito limitado do ensino superior no Paraguai, que contou apenas com o Seminário de San Carlos, para formar clérigos, fechado pelo doutor Francia, pela sua enorme inutilidade.[38] Handicap negativo devido em boa parte às limitadas exigências culturais de sociedade essencialmente camponesa. A Universidad de Córdoba, onde estudou Francia, foi fundada em 1621! Em 1808, o Brasil escravista começou a ter faculdades de Medicina, Engenharia, Direito, Farmácia. Já na Colônia, possuía Escola Militar.
Depois faça uma comparação desapaixonada entre as descrições do Super-Paraguai feitas por estes autores que querem apresentar a Guerra do Paraguai como uma grande conspiração inglesa, e os relatos das mais variadas fontes que descrevem um país atrasado, limitado e tratado como propriedade particular pela família López. E veja qual dos dois tipos de relato tem maiores possibilidades de corresponder aos fatos.
Um grande abraço,
Leandro G. Card
Ruivo assim?Túlio escreveu:PS.: deve ser tudo ruivo de olho verde lá...
Não é o Chuck Norris nessa foto?Marechal-do-ar escreveu:Ruivo assim?Túlio escreveu:PS.: deve ser tudo ruivo de olho verde lá...
Só não achei com olhos verdes.
Falando em racismo, dizem que os neandertais eram loiros e que alguns europeus herdarem esse e mais 2% dos genes neandertais nos cruzamentos inter-raciais.
Todavia olvidaste los "Recuerdos de Ypacarai"...FCarvalho escreveu:Porque vocês perdem o seu tempo discutindo frivolidades com o vizinho?
Eles já não tem muito o que falar, e menos ainda o que fazer, e ainda ficam dando motivos para uma peleja 'internética'. Isso ainda acaba indo longe... ou seja, a lugar nenhum.
Deixem eles serem felizes pensando com os próprios botões da blusa velha...
Daqui a pouco eles vem pedir uns trocados aqui, de novo, para mais uma dose de pinga.
Aí é só deixar a 'marvada' produzir os seus efeitos.
Sem mais problemas.
abs.
Quando ele me chamou de macaco, eu fiquei sem reação... É incomum, é estranho, ainda mais vindo de um paraguaio...Túlio escreveu:E agora nos chamando de MACACOS! Quando eu começava a pensar que já tinha visto tudo que é bizarrice, daí me aparece CUCARACHA RACISTA, assim fica sodas...
PS.: deve ser tudo ruivo de olho verde lá...