01/04/2009 - 12h49
Premiê alerta que Israel pode atacar Irã se pressão por desnuclearização falhar
da Folha Online
O novo premiê de Israel, o conservador Binyamin Netanyahu, afirmou pouco antes de sua cerimônia de posse que os Estados Unidos devem pôr um fim à corrida nuclear iraniana e que, se Washington falhar, Jerusalém pode ser forçado a lançar um ataque militar contra as instalações nucleares iranianas.
"A Presidência de Obama tem duas grandes missões: consertar a economia e prevenir que o Irã tenha armas nucleares", disse Netanyahu, citado pelo jornal israelense "The Jerusalem Post".
Netanyahu afirmou antes mesmo de assumir como premiê que a ameaça iraniana seria prioridade de seu governo e destacou várias vezes a desconfiança dos países árabes em relação ao Irã, considerado o principal inimigo de Israel. Segundo o premiê, combater o programa nuclear iraniano é responsabilidade de "toda a civilização ocidental".
Novo premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, toca as pedras do Muro das Lamentações
"Você não quer um culto messiânico apocalíptico controlando bombas atômicas", disse netanyahu, se referindo ao regime teocrático iraniano. "Quando o crente alcança um reino de poder e armas de destruição em massa, então o mundo inteiro deve começar a se preocupar e isso é o que está acontecendo com o Irã."
Netanyahu sugeriu ainda, segundo o "Post", que os possíveis ataques israelenses contra a ameaça iraniana são resultado do povo judeu aprendendo de uma "longa história de disputa contra aqueles que ameaçaram a existência coletiva".
O novo premiê, que assumiu sob discórdia dos palestinos pela falta de uma posição rígida sobre a proposta de um Estado palestino, citou as constantes ameaças do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que chama o povo judeu de sionistas e já ameaçou riscar Israel do mapa.
Ele lembrou ainda uma recente declaração do aiatolá Ali Khamenei, o líder supremo religioso do Irã, de que Israel é um "tumor cancerígeno".
Pressão
Pressionado por avanços nas negociações de paz com os árabes, Netanyahu afirmou ainda que o resto do mundo deve agir contra a ameaça iraniana de maneira séria e citou a iniciativa do presidente Obama de abrir diálogo com Ahmadinejad.
"Como você alcança este objetivo é menos importante do que alcançá-lo", disse Netanyahu, pouco otimista em relação a uma saída diplomática para o Irã.
O premiê prefere apostas nas sanções econômicas a Teerã. "A economia iraniana é muito fraca, o que faz o Irã suscetível a sanções que podem ser feitas de várias formas", disse, sem dar maiores detalhes.
Netanyahu citou como "prova" do comportamento arriscado de Teerã as táticas usadas pelo país na guerra contra o Iraque, nos anos 80. "Eles desperdiçaram um milhão de vidas sem pestanejar. Isso não criou uma ferida horrível na consciência iraniana. Não foi como o Reino Unido, depois da Primeira Guerra Mundial, abraçando o pacifismo por causa da grande tragédia da perda de uma geração. Você não vê nada deste tipo."
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mund ... 4018.shtml